ANTROPOFAGIA: SAGRADO, CRIME OU PECADO?

Autores

  • Tatiane Ribeiro de Lima

Resumo

Nosso trabalho tem por objetivo analisar a antropofagia enquanto ritual sagrado para diferentes culturas indígenas do Brasil, bem como, as formas de preconceitos que a antropofagia sofre devido a interpretações inadequadas que alguns historiadores e antropólogos propuseram no decorre do nosso processo histórico, desconsiderando a dimensão religiosa da antropofagia praticada nas tribos indígenas. Por esses motivos, trataremos a antropofagia na nossa pesquisa sempre enquanto ritual sagrado, pertencente ao campo das manifestações religiosas. Existindo apenas uma exceção no caso específico de antropofagia, o caso da Cruz da Menina de Pombal-PB. Para tanto, utilizaremos como metodologia, pesquisa qualitativa descritiva, para que possamos melhor sustentar a nossa argumentação. Serão utilizadas como base de sustentação teórica as obras de Alberto Mussa, José Américo de Almeida, Carlos Fausto, Jean Louis Flandrin, Mircea Eliade, Frank Lestringande entre outros. Pretendemos expor conceitos de antropofagia e demonstrar que ela é um ritual sagrado e que devemos trata-la como tal. Para tanto, discutiremos o ato antropofágico dentro e fora do ritual religioso. Fora do contexto religioso enfocaremos o caso antropofágico que deu origem a fé popular na Cruz da Menina de Pombal, nesse caso pode-se observar a antropofagia praticada apenas como um ato fisiológico motivada por uma fome incontrolável, como uma forma extintiva de sobrevivência como um critério de seleção natural onde o mais forte sobrevive. E foi a partir de um ato não religioso que surgiu em Pombal, cidade localizada no alto sertão da Paraíba a fé em uma santa popular, vitima fatal da mais pavorosa e cruel seca já vista e registrada na história da Paraíba. Em 1877 Maria, uma menina de cinco anos de idade brincava com outras crianças na frente do mercado municipal, quando Dyonisia atraiu a menina para a sua casa, matou, esquartejou, cozinhou e comeu, enterrando apenas suas mãos e seus pés. Esse caso de antropofagia não ritual foi socialmente tratado como crime. Dyonisia foi julgada, condena e presa para pagar o seu crime. Mais o que mais impressiona nesse caso é a direção que ele toma após a prisão de Dyonisia, quando a seca e fome ainda castigava o povo. Conta a histórias, que algumas pessoas se reunirão e saíram em procissão, rezando e pedindo que Deus mandasse chuva, para acabar com o sofrimento do povo, ao chegarem à cruz que marca o local onde estavam enterrados as mãos e os pés da menina, todos se puseram a rezar e pedir a intercessão da menina, repentinamente começou a chover, desde então a Cruz da Menina de Pombal passou a ter um caráter sagrado para a população local. Assim, mesmo sendo praticada fora do ritual sagrado a antropofagia encontra uma forma de voltar á sacralidade. Desta forma podemos compreender que a antropofagia enquanto herança cultural está sempre conectada com o imaginário religioso dentro da sociedade brasileira. Palavras Chave: Antropofagia. Ritual Sagrado. Menina de Pombal

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Publicado

2013-07-26

Edição

Seção

Dissertações e Teses