VIVÊNCIAS DE MULHERES BRASILEIRAS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE MATERNA

Autores

  • Joana Bessa Topa UNIDEP/ISMAI- Instituto Universitário da Maia CIEG/ISCSP-ULisboa- Centro Interdisciplinar de Estudos de Género http://orcid.org/0000-0003-0663-973X
  • Conceição Nogueira FPCEUP- faculdade de psicologia e de ciências da educação da Universidade do Porto http://orcid.org/0000-0002-9152-754X
  • Sofia Neves UNIDEP/ISMAI- Instituto Universitário da Maia CIEG/ISCSP-ULisboa- Centro Interdisciplinar de Estudos de Género

Palavras-chave:

Imigrantes Brasileiras. Serviços de Saúde Materno-Infantis. Vivências. Direitos.

Resumo

O número de mulheres a viver a maternidade em contexto multicultural e migratório é, atualmente, uma realidade com uma expressão reconhecida. Todavia, o conhecimento em torno da qualidade e da eficácia do acesso das imigrantes aos cuidados de saúde, é ainda diminuto em Portugal (Fonseca et al., 2007). Situado em pressupostos teóricos e epistemológicos críticos oferecidos pelo construcionismo social, o presente estudo, de natureza qualitativa, pretendeu analisar e caracterizar, através de entrevistas semiestruturadas, os discursos, perceções e vivências de dez mulheres brasileiras que estavam grávidas e/ou foram mães em Portugal acerca dos cuidados de saúde materno-infantis recebidos no país. Como método de análise recorremos à análise temática (Braun e Clarke, 2006) sendo esta complexificada com uma análise em profundidade auxiliada pela análise crítica do discurso (Willig, 2003, 2008). Os resultados mostram que, apesar de gratuitos, os padrões de procura de serviços de saúde para vigilância de gravidez são tardios. Para isso contribuem as experiências vivenciadas nos diversos contextos sociais (e.g., discriminação) bem como os múltiplos e diferenciados obstáculos que encontram (e.g., económicos, burocráticas) quando acedem ou tentam aceder aos serviços. Embora a maioria faça uma apreciação positiva dos cuidados recebidos, algumas queixam-se da interpretabilidade da lei e sua usurpação por parte de quem as recebe nos serviços, bem como alertam para a insensibilidade demonstrada pelas/os profissionais face à diversidade cultural e a constante discriminação preconizada. Face às dificuldades sentidas e aos discursos com os quais vão contactando, estas mulheres vão alimentando uma noção de si como pessoas com menos direitos, o que as leva conformarem-se com as práticas ocidentais de cuidado e a silenciar-se face às práticas discriminatórias a que são sujeitas. As estratégias individuais utilizadas parecem não constituir qualquer tipo de ameaça ao grupo hegemónico, contribuindo para a manutenção do status quo e da desigualdade (Topa et al., 2013).

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Biografia do Autor

Joana Bessa Topa, UNIDEP/ISMAI- Instituto Universitário da Maia CIEG/ISCSP-ULisboa- Centro Interdisciplinar de Estudos de Género

Joana Topa é doutorada em Psicologia Social e especializada em Intervenção Social. Desde 2011 desempenha funções como Assistente Convidada no Departamento de Ciências Sociais e do Comportamento no Instituto Universitário da Maia – ISMAI (Portugal). Lecciona diferentes unidades curriculares ao nível do 1º ciclo do curso de Psicologia (Psicologia Social) e Criminologia (Avaliação Psicológica e Forense, Intervenção Psicológica em Vítimas e Ofensores e Programas de Prevenção de Delinquência). É membro integrado do Centro Interdisciplinar de Estudos de Género do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP-UL). A sua tese de doutoramento, orientada por Conceição Nogueira (Universidade do Minho) e Sofia Neves (ISMAI) intitula-se Cuidados de saúde materno-infantis à população imigrante residente em Portugal [Maternal and child health care for immigrant population residing in Portugal (2013)]. Como investigadora, tem colaborado em vários projetos de investigação em psicologia (ex. Género, Violências e Bem Estar no ISMAI/UNIDEP; Violências no namoro no UNIDEP/CINEICC – ISMAI, Sonhos Traficados: as rotas da violência e da imigração feminina na UNIDEP – ISMAI). Os seus interesses atuais focam-se nos Estudos de Género, Psicologia Feminista Crítica, Migrações, Criminologia, Vitimologia e Direitos Humanos. Tem publicações em revistas internacionais como Psico, Saúde e Sociedade e capítulos em livros editados como Vida de mulher: gênero, sexualidade e etnia, Violências na Contemporaneidade no Brasil e em Portugal.

Conceição Nogueira, FPCEUP- faculdade de psicologia e de ciências da educação da Universidade do Porto

É professora associada com agregação da faculdade de psicologia e de ciências da educação da universidade do porto, doutorada em Psicologia Social pela Universidade do Minho é autora de vários livros publicados em língua portuguesa (Portugal e Brasil) e de inúmeras publicações em revistas (nacionais e internacionais) capítulos de livros e actas de Congressos sobre a temática dos Estudos de Género e Feminismo. Foi coordenadora de vários projetos de investigação no domínio apoiados pela fundação para a ciência e tecnologia.

Sofia Neves, UNIDEP/ISMAI- Instituto Universitário da Maia CIEG/ISCSP-ULisboa- Centro Interdisciplinar de Estudos de Género

é licenciada em Psicologia pela Universidade do Minho (1999) e doutorada em Psicologia Social pela mesma universidade (2005). É atualmente docente e investigadora no Instituto Superior da Maia (ISMAI). É membro integrado do Centro Interdisciplinar de Estudos de Género do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP-UL).Tem desenvolvido investigação no domínio dos Estudos de Género, da Psicologia Feminista Crítica, da Vitimologia/Psicologia Forense e das Migrações.

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Publicado

2016-09-30

Como Citar

TOPA, J. B.; NOGUEIRA, C.; NEVES, S. VIVÊNCIAS DE MULHERES BRASILEIRAS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE MATERNA. Gênero & Direito, [S. l.], v. 5, n. 2, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/article/view/28481. Acesso em: 21 dez. 2024.

Edição

Seção

Migração, Mobilidade & Direitos Humanos