CAOS– Revista Eletrônica de Ciências Sociais. João Pessoa, v. 2, n. 25, p. 6-9, jul./dez. 2020

EDITORIAL
 

 

 

 


DOI: https://doi.org/10.46906/caos.n25.56556.p6-9

 

Em meio ao “caos”, nasce o número 25 desta revista! Em um cenário de descontrole político (desgoverno) no Brasil, vivemos o aumento dos casos de infecção pela Covid-19, e sua segunda onda se espalhando pelo mundo. O distanciamento social beirando a inexistência, forçando a reabertura do comércio, e levando-nos ao “novo normal”, alimentado, inexoravelmente, pela expectativa da chegada da milagrosa vacina. Paralelamente, as queimadas assolam o Centro-Oeste, e o presidente continua negando que haja desmatamento no Brasil. Os grupos minoritários permanecem sob ataques constantes; professores, pesquisadores, alunos e sociedade em geral vendo a educação ser vilipendiada. Reitores são nomeados sem a legitimação da comunidade acadêmica.  Em meio a tudo isso, os autores, pareceristas, revisores, colaboradores, comissão e conselho editoriais e os editores doaram-se para que este trabalho pudesse ser realizado. Cada um com sua contribuição, seu ritmo/tempo, sensibilidade, comprometimento e emoção. Emoção! Essa palavra define bem o que sentimos aos vermos o resultado de um trabalho árduo, depois de os textos circularem, de idas e vindas, de correções a agradecimentos, e, finalmente, mostrar-se o resultado, fruto da coletividade, “carregado de significado e significações” num processo de “dar, receber e retribuir” como diz Marcel Mauss no seu Ensaio sobre a dávida.

Neste número, inspirados pelas recomendações das boas práticas editoriais, gostaríamos de compartilhar um pouco do processo editorial da revista com os leitores.  Quando nos chega um manuscrito, o primeiro passo é submetê-lo à avaliação dos editores (desk review). Nessa etapa, verifica-se se o texto está de acordo com as normas da revista, se o tema é relevante, se está coerente e coeso, se segue as orientações da ABNT. Em seguida, é feita a verificação de similaridade, a partir do programa Plagius Detector. Como resultado, o manuscrito pode ser rejeitado (desk-reject) ou prosseguir para a etapa seguinte. No segundo caso, envia-se aos autores a solicitação de ajustes/modificações juntamente com o relatório de verificação de similaridade, com o prazo de retorno definido. Considera-se essa fase finalizada quando o(a) autor(a) devolve o manuscrito ajustado satisfatoriamente.

Da nova versão do manuscrito, retiram-se todas as marcas de identificação dos autores (explícitas e implícitas), e inicia-se o trabalho de revisão por pares (peer review), no qual serão escolhidos dois pareceristas para avaliar o manuscrito pelo sistema duplo-cego (double blind). Ao receber os pareceres dos revisores, os editores os avaliam, encaminhando, em seguida, aos autores, as sugestões/avaliações dos pareceristas, com prazo de retorno definido. Aos autores, cabe acatar ou rejeitar as solicitações, sendo que devem elaborar uma carta aos pareceristas justificando/argumento/explicando o que foi aceito e/ou rejeitado. Eles nos enviam a nova versão do manuscrito juntamente com a carta aos pareceristas. Cabe aos editores realizar o cotejamento das duas versões (a submetida e a modificada); uma vez atendidas as solicitações, o trabalho é enviado novamente aos pareceristas juntamente com a carta, desde que eles tenham solicitado no parecer que o manuscrito lhe fosse enviado após as alterações. Havendo necessidade, os pareceristas podem solicitar novos ajustes como também uma nova rodada de avaliação. Após “idas e vindas”, com a aprovação dos pareceristas, os editores decidem se o manuscrito será aceito. Uma vez aceito, ele seguirá para a edição de texto, e o(a) autor(a) será notificado(a). Na edição, os editores e colaboradores fazem as revisões/correções ortográficas, gramatical, ABNT, revisão dos resumos em língua estrangeira etc. O próximo passo é a diagramação, na qual os manuscritos serão parametrizados em consonância com o modelo de publicação da revista.   

Após essa breve descrição, é relevante falarmos sobre o fluxo editorial que gerou este número. Recebemos seis manuscritos (cinco artigos e uma resenha) com temas diversos: feminismo, religiosidade e cultura afro-brasileira, a institucionalização da antropologia, entre outros. Desse total, dois foram rejeitados. Para o dossiê, tivemos sete manuscritos (artigos) submetidos, tendo como foco matriz a juventude ou a participação da juventude nas esferas política, econômica, educacional, social e cultural. Dos sete manuscritos submetidos para o dossiê, dois foram rejeitados na fase de desk review por falta de resposta dos autores.

Por que se rejeitam os manuscritos? São vários fatores, que vão desde a não adequação às normas da revista, passando pela qualidade da escrita, a consistência dos argumentos, não realização das solicitações (dos editores e/ou dos pareceristas), chegando ao não cumprimento dos prazos. Às vezes, por não concordar com as recomendações dos pareceristas ou por não ter tempo para efetuar as correções, o próprio autor solicita que o artigo seja retirado do fluxo editorial. O processo é demorado e demanda o acompanhamento contínuo dos editores. Fazemos a ponte entre autores e pareceristas, procurando nutrir o manuscrito desde o estado embrionário até o seu amadurecimento, e por fim, a publicação.

No gerenciamento do processo, dependemos da disponibilidade e comprometimento dos envolvidos para a realização das tarefas e cumprimento dos prazos. Alguns se antecipam, outros se atrasam, e alguns, simplesmente silenciam. Vale destacar que poucos são os manuscritos que seguem as “orientações aos autores” — descritas no nosso site —, o que faz aumentar o trabalho dos editores na fase de desk review. Um dos problemas mais destacados são os erros de referenciação das fontes. A edição de uma revista é um trabalho árduo, contínuo, minucioso, porém compensado com o resultado. É gratificante, ao final, oferecer ao público o “corpo” pronto e acabado.

É uma gratificação que, infelizmente, não se torna plena em um contexto no qual o novo sistema de avaliação dos periódicos da Capes acentua a lógica pragmática, meritocrática e produtivista, o que leva à “desqualificação” dos periódicos das ciências humanas. Porém, mesmo diante dessa questionável classificação, as revistas científicas (especialmente as de pequena envergadura) precisam continuar publicando, produzindo e cumprindo seu papel de informar e formar.

Embora a Caos seja uma revista modesta, sem ter ainda uma classificação Qualis, a equipe editorial tem se empenhado bastante para que se ofereça aos leitores e colaboradores um trabalho de qualidade. Com esse intuito, temos participado de palestras e minicursos (webinários) oferecidos pela ABEC (Associação Brasileira de Editores Científicos), da qual somos associados. Também fazemos parte do grupo do WhatsApp: Periódicos UFPB, cujo objetivo é compartilhar e debater informações sobre temas conexos ao trabalho desenvolvido pelos editores e equipes. Essa formação continuada dos editores tem como propósito buscar aprender e implementar boas práticas editoriais, sobretudo, em se tratando da ciência aberta, uma meta a ser desenvolvida na Caos.

Neste número, trazemos o dossiê Juventude, participação política e educação organizado pelos professores Geovânia da Silva Toscano e Ivan Fontes Barbosa. Contém cinco artigos, derivados de trabalhos de conclusão de curso dos autores. Os organizadores incumbem-se de apresentá-los no texto que abre o dossiê. A proposta original dos organizadores incluía ainda uma entrevista com o professor Milton Lahuerta, dois ensaios visuais sobre o movimento estudantil de ocupação das universidades e institutos federais, uma resenha do livro Contingências da violência em um território estigmatizado e um texto de avaliação da lei 6888/80 — regulamenta a profissão do sociólogo —, mas que por motivos relacionados ao contexto conturbado que temos vivido, não puderam ser apresentados no prazo. Esperamos que venham a compor o fluxo do próximo número.

Além dos artigos do dossiê, trazemos mais três artigos livres e uma resenha.

O primeiro artigo, escrito por Alícia Gonçalves, debruça-se “sobre a emergência da antropologia como um campo específico do saber institucionalizado na Europa e Estados Unidos”.  O segundo artigo, de autoria de Anderson Santos Cordeiro, procura “mostrar a importância da obra de Edison Carneiro, intelectual baiano e negro, que ao longo de sua vida debruçou-se sobre os estudos culturais e afro-brasileiros, principalmente no tocante às religiões de matrizes africanas”. O artigo de Denise Firmo “procura investigar incidências da ressignificação do feminino enquanto signo/impressão em criações de imaginários forjados sob óticas de sujeitos femininos” a partir da leitura de dois filmes do cinema nacional.

Fechando o número, temos a resenha que Maria Clara Lima de Menezes faz do livro de Jessé Souza, A elite do atraso: da escravidão à Lava-Jato, publicado em 2017.

Por último, queremos manifestar agradecimentos a quem colaborou para que este número ganhasse vida: autores, revisores, organizadores de dossiê, equipe editorial etc. Agradecimentos especiais se dirigem a Aina Azevedo por ter se ocupado com o projeto de capa e identidade visual da revista; a Terry Mulhall pela revisão do inglês, e a Adailton Aragão por ter se juntado à equipe como editor assistente. Seja bem-vindo.

 

Boa leitura.

Os editores.

DOI: https://doi.org/10.46906/caos.n25.56556.p6-9