“MARCHAR SEPARADAMENTE, LUTAR JUNTOS”: Trotsky e o enfrentamento ao fascismo[1]

“MARCH SEPARATELY, STRUGGLE TOGETHER”: Trotsky and the fight against fascism

 

Marcelo Cadore*

 


 DOI: https://doi.org/10.46906/caos.n27.58984.p176-185

 

 

TROTSKY, Leon. Como esmagar o fascismo. São Paulo: Autonomia Literária, 2018. E-book.

 

Leon Trotsky foi um intelectual e revolucionário russo, líder do Exército Vermelho, chefe do Comissariado de Relações Exteriores da URSS[2] e, posteriormente, chefe do Comissariado de Guerra da URSS, esses dois últimos cargos ocupados durante o período em que Lênin esteve à frente do Estado Soviético. Com a ascensão de Stálin ao poder, seu principal opositor político entre os comunistas, Trotsky foi obrigado a buscar exílio primeiro na Turquia, depois na França, Noruega e, por fim, no México. Possui uma extensa produção teórica, da qual se destacam as obras A revolução permanente; Diário do exílio; A revolução desfigurada; Stálin; História da Revolução Russa; e Stálin, o grande organizador de derrotas.

Como esmagar o fascismo, publicado em 2018 pela editora Autonomia Literária, é um compilado de textos escritos por Trotsky entre 1930 e 1933, traduzidos por Aldo Cordeiro Sauda e Mário Pedrosa, organizados pelo historiador Henrique Carneiro, que também assina o prefácio do livro. A obra em questão analisa a situação da Alemanha pré-nazista/nazista e como o fascismo conseguiu se instituir como poder político respaldado socialmente naquele país.

A publicação dessa obra, escrita por um grande intelectual do marxismo há mais de 80 anos, justifica-se pela ascensão do que Henrique Carneiro denomina  “neofascismos”, ou seja, novas tendências políticas de extrema-direita que guardam semelhanças com o nazifascismo clássico do período entre guerras mundiais. Alguns artigos selecionados por Carneiro, especificamente os de autoria de Chris Harman[3] e O que é o nazismo de Trotsky, ainda não haviam sido traduzidos para o português, o que privava uma considerável parcela de pesquisadores e pesquisadoras de usufruírem de material tão rico em forma e conteúdo, tornando o livro assim uma ferramenta de grande qualidade para compreensão do contexto político e social atual.

A coletânea, baseada em textos do livro Fascism, Stalinism and the United Front, publicado em Londres nos anos 1980 pela editora Bookmarks, inicia com uma breve introdução redigida pelo organizador da obra. Na sequência, há uma correspondência do teórico russo, na qual ele explana sobre O que é o fascismo. Logo em seguida, encontram-se 4 capítulos que somam 9 artigos, destes, 4 lavrados por Harman, com tradução inédita de Aldo Cordeiro Sauda e 5 escritos por Leon Trotsky, 4 deles traduzidos anteriormente por Mario Pedrosa e um por Aldo Cordeiro Sauda. O capítulo 1 reúne os textos intitulados: O fracasso da vanguarda proletária e o peso da pequena burguesia 1930 – Conjuntura (Harman) e O giro da Internacional e a situação alemã (Trotsky); no capítulo 2, encontramos as redações: Hitler, um milico insignificante? 1931 – Conjuntura (Harman), Alemanha: chave da situação internacional (Trotsky) e E agora? A revolução alemã e a burocracia (Trotsky); já o capítulo 3 traz os artigos: Ruas sitiadas por milícias, sucesso eleitoral nazista e a morte da social-democracia 1932 – Conjuntura (Harman) e O único caminho (Trotsky); o capítulo 4 é composto pelos textos: A ascensão do nazismo sob uma esquerda desorganizada e uma burguesia unida 1933 – Conjuntura (Harman) e O que é o Nazismo (Trotsky); por fim, um glossário, notas da edição e um pequena apresentação biográfica de Trotsky.

Nota-se que, ao início de cada capítulo, Carneiro insere um texto de Harman, no qual é feita uma contextualização da conjuntura histórica, o que ajuda o leitor a ter um cenário mais detalhado sobre qual realidade objetiva Trotsky estava analisando em seus escritos.

O autor, num primeiro momento, tenciona demonstrar algumas especificidades do fascismo que não estão presentes em outras formas de governos ditatoriais. Utilizando o exemplo de Primo Rivera na Espanha e de Benito Mussolini na Itália, Trotsky aponta como o primeiro chega ao poder sem a resistência do establishment estatal, ou seja, a burocracia, as forças armadas e os políticos tradicionais, implantando uma ditadura. Já Mussolini toma o poder por meio da mobilização das massas, constituindo milícias fascistas, fortemente amparado pela pequena burguesia, essa última considerada a “base genuína” (TROTSKY, 2018, p. 13) do fascismo para o teórico russo, mas também com capacidade de se expandir nos setores do operariado, até porque era comum o uso de recursos retóricos dos socialistas pelos fascistas. O cuidado em fazer essa distinção é de grande valor à elaboração da tática correta para o enfrentamento realizado pela classe trabalhadora organizada.

Logo em seguida, Trotsky começa a explorar alguns pontos da conjuntura que agravaram a situação política e social da Alemanha no entreguerras. Sua tese sustenta que o Tratado de Versalhes era muito severo e impedia a restituição da mínima normalidade no país arrasado na Primeira Grande Guerra. Os termos impostos à República de Weimar previam fortes restrições militares, indenização pelos prejuízos causados durante a guerra aos países da Tríplice Entente (Reino Unido, França e Império Russo), a perda de uma parte de seu território e de todas as colônias no continente africano. Também foi obrigada a renunciar aos seus navios de carga e a entregar suas principais minas de carvão. Bens particulares e recursos financeiros de alemães em outros países foram confiscados.

As forças políticas alemãs eram incapazes de gerir tamanha crise econômica, política e social, o que gerava insatisfações tanto nos setores da burguesia como nos setores obreiros. Entre esses dois estavam os pequenos burgueses, que cada vez mais se afastavam dos partidos tradicionais, e aderiam aos ideais políticos de tendências fascistas.

Nesse cenário, o autor privilegia a análise sobre a atuação dos partidos alemães, primordialmente o SPD[4],  que representava a Social-Democracia, e o KPD[5],  o Partido Comunista, e sua relação com as classes sociais. O SPD era composto por membros que tinham desde origem operária, passando pela pequena burguesia, até integrantes burgueses. Seu caráter era reformista e via na atividade parlamentar a principal tática de luta pelo poder. Já o KPD entendia a necessidade de um processo de ruptura radical com as formas de organização capitalistas, sendo profundamente dominado pela influência stalinista que predominava dentro da III Internacional.

Partindo do pressuposto da teoria dos períodos de desenvolvimento do capitalismo, Stálin e Bukharin recuam da ideia de formar uma frente única de enfrentamento ao fascismo na Alemanha. Alegando que a conjuntura que enfrentavam à época não era mais a do “segundo período”, em que o capitalismo se apresenta como um regime de estabilidade temporária, e sim do “terceiro período”, no qual a ordem capitalista enfrenta o exacerbamento de suas contradições internas (TROTSKY, 2018, p. 19-21). Essa tese é prontamente assimilada por Ernst Thälmann, então líder do KPD.

Essa imposição de táticas oriundas de Moscou era viabilizada pela predominância da burocracia stalinista que, segundo Trotsky, obstava uma análise dialética da dinâmica imposta pela correlação de forças presente no interior da luta de classes, nesse caso específico da Alemanha, já que transformava o partido em um meio administrativo e não em uma ferramenta política. Assim, o KPD passa a adotar uma postura não de aliança tática e temporária com o SPD, mas sim de enfrentamento direto, acusando os sociais-democratas de “sociais-fascistas” (TROTSKY, 2018). Para o KPD, fiel às orientações stalinistas, social-democracia e fascismo não se diferenciavam pois representavam duas formas de dominação da burguesia sobre a classe trabalhadora.

Trotsky recorreu, por diversas vezes[6],  à tese que defende a criação de uma frente única para o enfrentamento direto da crescente ameaça fascista na Alemanha porque compreendia, de forma assertiva, que apesar da social-democracia e do fascismo de fato serem formas de dominação burguesa sobre as demais classes, também possuem distinções de operacionalidade importantes.

O autor demonstra que a social-democracia — por meio do parlamento, do pluripartidarismo, dos ritos da democracia abstrata, da mínima garantia das liberdades de organização e dos direitos individuais — é capaz de tolerar e conviver, mesmo que isso inclua perseguições sistemáticas a líderes e partidos, com as organizações operárias de caráter transformador ou revolucionário. Contudo, sem romper com a dominação de classe da burguesia e nem com o Estado burguês. Já o fascismo se apoia não na convivência ou tolerância parcial, mas sim orienta-se pela destruição total e impossibilidade de reorganização de espaços políticos com caráter operário e revolucionário. Para tanto, converte o Estado em uma ferramenta implacável na luta contrarrevolucionária, mobilizando forças repressivas instituídas e milícias paramilitares para o combate de toda forma de oposição, inclusive de setores que em algum momento foram aliados do regime.

Trotsky traça um intenso diálogo com a obra Esquerdismo: a doença infantil do comunismo, de Lênin (2014), para justificar sua tese de criação da frente única. Baseando-se nas teorias leninistas, o antigo líder do Exército Vermelho explana sobre a urgência do uso da dialética para compreender a dinâmica da luta de classes num momento em que é imperioso agrupar forças progressistas para conter o avanço do fascismo, deixando de lado vaidades políticas e radicalismos desagregadores, pois se de fato todos tinham interesse em destruir os extremistas de direita, essa seria a hora de submeter esses círculos esquerdistas à prova da ação.

Naquele contexto de iminente ruptura da ordem na Alemanha pré-Hitler, a inépcia do KPD, motivada pela equivocada leitura da conjuntura por parte da III Internacional stalinista, e a fragilidade tática do SPD, abriram espaço paro o fascismo ganhar terreno entre a pequena burguesia e a classe trabalhadora, segundo o autor.

A compreensão do momento delicado que atravessava a Alemanha e da importância que essa situação representava para a luta das classes operárias revolucionárias em nível internacional, subsidiava os argumentos de Trotsky em nome de uma frente única de resistência ao fascismo, como uma tática de enfrentamento pela via do “mal menor” (TROTSKY, 2018, p. 209). Mas, para o autor, o momento também representava uma janela de oportunidades para o KPD buscar maior capilaridade na sociedade alemã, haja vista que o momento era de crise na hegemonia liberal.

Contrariando a tese do “socialismo em um só país” (LINDOSO, 2015), Trotsky argumenta que a economia germânica está integrada à economia global, não sendo assim uma “economia alemã pura” (TROTSKY, 2018, p. 215), circunscrita dentro de suas fronteiras, e portanto a saída para a crise que a classe trabalhadora do país atravessava, necessariamente tinha que ser internacionalista, caso contrário, estariam condenados a viver em um regime dominado por uma “burocracia nacional-oportunista” (TROTSKY, 2018, p. 217). Nota-se uma relação muito nítida com outra obra amplamente difundida do autor, A Revolução permanente, na qual ele defende que os problemas da classe trabalhadora são de escala internacional, logo as soluções também precisam ser internacionalistas (TROTSKY, 2007).

Para Trotsky, ao se estabelecer uma frente única contra o fascismo, o KPD ganharia mais espaço para efetuar um trabalho de conscientização, organização e convencimento de setores sociais que momentaneamente estavam afastados do partido. O foco principal, obviamente, era a classe trabalhadora, até porque no entendimento marxista essa é a única classe genuinamente revolucionária. Essa tática, no entanto, também visava atingir a pequena burguesia, que se fosse convencida em se aliar aos operários, além de reforçar as trincheiras revolucionárias, desfalcaria severamente a principal base social do fascismo.

A obra em questão mostra ainda que no final da década de 1920, sob a égide do SPD, começou a se formar a chamada “Frente de ferro” (TROTSKY, 2018, p. 68-69), composta por sindicatos, clubes esportivos, de recreação e o reichsbanner, uma organização que abarcava o SPD, o Partido Central Alemão e o Partido Democrata Alemão. Essa frente de ferro seria responsável por fazer a defesa da República e evitar o mal maior, a saber, a ascensão do fascismo ao poder. Não possuía caráter revolucionário, e seguindo as orientações do SPD, só empregaria força defensivamente, em caso de ação das cada vez mais numerosas milícias fascistas SS e SA. Sua mais destacada força militar era a polícia prussiana que estava sob comando de um governador social-democrata.

Entretanto, em maio de 1932, o governador social-democrata da Prússia foi deposto, e o chefe de sua polícia foi preso sem qualquer resistência por parte da frente de ferro, pois seus líderes não tiveram reação alguma. Esse fato exemplifica o que a tese de Trotsky alertava, que a falta de ação dos líderes do operariado alemão, representados nesse caso pelo SPD, somado às suas desorientações táticas em meio à conturbada conjuntura alemã abriam espaço para a consolidação do fascismo no poder.

O KPD ainda tentou promover uma greve geral, ansiada por parte da classe trabalhadora, porém sua baixa inserção nas fábricas e sua debilidade tática e moral perante o proletariado dificultaram a sua organização. Trotsky ainda aponta que os comunistas tentavam resistir nas ruas, enfrentando as milícias paramilitares do nazismo, mas sua inferioridade numérica dificultava um êxito maior.

Na parte final do livro, o autor busca uma distinção entre o bonapartismo e o fascismo, refletindo como a dialética no embate entre as classes sociais corroboram para essas formas de governo.

Para Trotsky, o bonapartismo ocorre quando há uma elevada tensão na luta entre explorados e exploradores, estabelecendo a partir daí as condições para a dominação da burocracia, da polícia e dos militares. É um governo que aparentemente se torna independente da sociedade, mas, concretamente, segue servindo aos interesses da classe dominante, e só consegue atingir a estabilidade se encerrar a época revolucionária que permitiu sua instituição.

Já no fascismo, o governo apoia-se também na burocracia, polícia e forças armadas para assegurar os interesses da classe dominante, porém conta ainda com o apoio das milícias paramilitares organizadas, compostas principalmente por membros da pequena burguesia. Isso faz com que o conflito gerado para dirimir a situação revolucionária seja mais longevo e com traços de uma guerra civil (TROTSKY, 2018, p. 218-224).

A burguesia se relaciona com o proletariado pela pequena burguesia, daí a posição delicada que essa última ocupa. Para melhor entendimento dessa situação, o autor distingue três momentos históricos: a etapa do jacobinismo, com o desabrochar do desenvolvimento capitalista, quando a burguesia precisava dos métodos revolucionários para atingir seus objetivos; a etapa da democracia reformista, com o amadurecimento do regime capitalista, quando a burguesia empresta formas democráticas, ordenadas, pacíficas e conservadoras à sua dominação; e a etapa do fascismo, com a decadência do capitalismo, quando a classe burguesa é obrigada a usar métodos violentos, como a guerra civil, contra o proletariado para salvaguardar seu direito de exploração (TROTSKY, 2018, p. 225-230).

Urge ressaltar que esse livro realiza uma minuciosa análise da atuação, seja pelas ações ou omissões, dos partidos de esquerda da Alemanha e da III Internacional Comunista, porém não traz muitos registros ou reflexões sobre as movimentações realizadas por parte dos fascistas para galgar seus espaços até a chegada ao poder. Sua contribuição para o contexto contemporâneo é válida e nos revela um campo de estudos que precisa de atenção especial, a saber, a tática desenvolvida pelos partidos de esquerda para tentar barrar o avanço do bolsonarismo[7] no Brasil.

Para evitar interpretações equivocadas, é de bom senso fazer uma rápida, porém necessária, distinção entre Frente Única, Frente Popular e Frente Nacional. A política de frente única, defendida por Lenin e Trotsky, foi adotada pelos bolcheviques russos antes da Revolução Soviética. Nos debates do terceiro (1921) e quarto (1922) congressos do Komintern, passou a ter uma expressão programática. Sob o mote de “ir às massas”, objetivava permitir que o operariado se unisse na luta contra o inimigo de classe comum, mesmo estando divididos em organizações reformistas e revolucionárias. De forma concomitante, a unidade na luta permitiria ao partido revolucionário acessar as bases de outras organizações operárias. As derrotas das revoluções húngara (1919), italiana (1920) e, notadamente da revolução alemã (1919/1921) impulsionaram a adoção dessa tática pelos comunistas, com vistas em superar toda forma de sectarismo e putschismo aventureiro no interior das organizações revolucionárias, o que efetivamente não se concretizou (SENA JR, 2007).Por outro lado, a tese da Frente Popular surgiu em 1935 no VII Congresso do Komintern, já dominado pelo estalinismo, sendo desenvolvida pelo comunista búlgaro Jorge Dimitrov, com forte preocupação em ser uma alternativa antifascista. Devido ao fracasso das interpretações sectaristas e do social-fascismo, resultando em acachapantes derrotas nas lutas empreendidas contra ascensão do nazifascismo, os dirigentes comunistas optaram  por uma tática que permitisse a construção de amplas coalizões com setores da pequena burguesia, campesinato e mesmo da burguesia com viés “progressista”, que também não foi exitosa. A política de frente popular também foi empregada nos países periféricos do capitalismo nas lutas de libertação nacional, frente ao imperialismo. Nesses casos, ela é convertida em Frente Nacional e abarca até estratos da burguesia e “conservadores patriotas” que não se identificam com o nazifascismo. Essa formulação da frente nacional não chegou a ganhar contornos definidos de uma tática no interior do komintern (SENA JR, 2007).

Portanto a frente popular reunia organizações de distintas classes sociais, sendo policlassista, diferente da frente única, que Trotsky referencia na obra resenhada, que se propõe a aglutinar apenas setores da classe trabalhadora, com latente caráter classista e obrigatório protagonismo e hegemonia dos trabalhadores e de suas organizações.

Dessarte, a leitura atenta de Como esmagar o fascismo encontra elementos presentes que ajudam na compreensão de como o chamado bolsonarismo, uma possível versão brasileira do neofascismo contemporâneo apontado por Carneiro[8], avança a passos largos em seu projeto de destruição da ordem democrática, das organizações populares e de esquerda, obrigando os diversos setores da oposição a traçar táticas para garantir condições mínimas de existência.

Para concluir, a frente única — aliança entre comunistas, socialistas e sociais-democratas — surge no debate atual como instrumento político de organização para barrar os retrocessos que por ora vivenciamos, apresentando-se para os que em sua causa advogam como uma alternativa viável a curto prazo. Por certo, a obra referida traz um alerta para os comunistas e socialistas terem o cuidado, caso venha a se constituir tal frente única contra o bolsonarismo, de não servir apenas de massa de manobra, procurando assumir um quadro de protagonismo na elaboração de novos projetos para superação da grave crise na qual estamos profundamente imersos, sob pena de ser julgada por sua base social e assistir a seu espaço e influência serem ainda mais reduzidos.

Referências

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TROTSKY, Leon. Como esmagar o fascismo. São Paulo: Autonomia Literária, 2018. E-book.

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Recebido em: 07/04/2021.

Aceito em: 07/09/2021.

 

 DOI: https://doi.org/10.46906/caos.n27.58984.p176-185

 

 

 



[1] Esta resenha é resultado de leituras e debates ocorridos na disciplina Democracia no Brasil Contemporâneo do Curso de Ciências Sociais da UFPB no período , ministrada pelo professor Dr. José Henrique Artigas de Godoy.

* Aluno do curso de Licenciatura em Ciências Sociais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)/Brasil. Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa em Pensamento Social e Político – ARIADNE. E-mail: marcelocadorecs@gmail.com.

[2] União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

[3] O britânico Chris Harman é jornalista e teórico marxista, autor de How Marxism Works, lançado pela Bookmarks Publications de Londres, em maio de 1979.

[4] Sozialdemokratische Partei Deutschlands.

[5] Kommunistische Partei Deutschlands.

[6]  (Cf. TROTSKY, 2018, p. 42-43, 50, 89-90, 96, 99-101, 108-114, 125-133, 138-139, 181, 185-186, 195-199, 205-206, 236, 244, 258). No total, o termo “frente única” aparece 121 vezes no documento.

[7] Segundo Aliaga (2020), “o Bolsonarismo, diferente da personalidade individual de Jair Bolsonaro, pode ser entendido tanto como uma forma de gestão do poder e como um movimento reacionário de massas, incitado pela propagação das fake news, que emerge em função de uma crise política, econômica, social e ideológica, cujas origens podem ser identificadas em 2013” (ALIAGA, 2020, p. 71).

[8] Sobre o tema do bolsonarismo como “neofascismo” há um amplo debate no campo das ciências sociais no Brasil. Carneiro, na introdução da obra aqui resenhada, escreve:

“Se é apenas o velho conservadorismo de uma burguesia escravista que retoma ascendência sobre o povo por meio de candidatos populistas militares que defendem o autoritarismo ou se há o surgimento de uma nova formação política de tipo fascista explícito ainda é uma questão em aberto”. Uma série de autores e autoras vem buscando categorizar, ou mesmo conceituar, o fenômeno político e social que no momento se apresenta no Brasil, cada qual com sua denominação e sistematização. Como por exemplo, Virgínia Fontes (2019) chama de protofascismo; Armando Boito  Jr (2020) denomina como neofascismo; Michael Löwy (2020) também nomeia como neofascismo; Bernardo Ricupero (2019), Luciana Aliaga (2020) e Daniel Aarão Reis (2020) classificam como bolsonarismo; Anita Prestes (2021) fala em bolsonarismo como ameaça fascista; Esther Solano (2019) aborda a bolsonarização.

 

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