EDITORIAL

DOI: https://doi.org/10.46906/caos.n27.61682.p6-7

 

E

ntregamos ao público mais um número da Caos. Ele traz o dossiê  Albinismo em perspectivas interdisciplinares: rompendo silêncios e alcançando potências. Uma coletânea escrita a partir de perspectivas daqueles e daquelas que sentem o que é ter pouca ou nenhuma melanina no corpo. Neste dossiê, o êmico e o ético se cruzam para produzir problematizações que articulam ideais e conceitos com o propósito de tornar visível o “invisível”. Os textos apresentados estão a serviço dos ideais, mas também do conceito, e a primeira tarefa que trazem é a denúncia, momento inicial da busca pela plenitude  — da cidadania, da humanidade, da “albinidade”.

O dossiê está composto por oito peças — além da apresentação —, distribuídas em artigos, ensaio visual e entrevista. O seu organizador, que também é editor assistente da Caos, sendo o único não albino do conjunto, Adailton Aragão, encarregou-se da tarefa de fazer a introdução ao tema e apresentar os textos.

             Diferente dos números anteriores, este não traz artigos livres, o que não se deu por falta de submissões, ao contrário, tivemos um número razoável de manuscritos submetidos, da mesma forma que o número de rejeições: dez deles foram rejeitados por não se adequarem às normas da revista ou por apresentarem problemas com a verificação de similaridade. Entre eles, dois foram rejeitados após a avaliação por pares. Outros seguem ainda no processo de avaliação. Rejeitou-se ainda duas resenhas (uma do dossiê e outra do fluxo contínuo) e um artigo do dossiê. Além disso, a proposta inicial do dossiê incluía uma entrevista com o musicista Hermeto Pascoal, pessoa albina mundialmente conhecida, mas que não se pôde concretizar, esperamos incluí-la no próximo número.

Na seção Prêmio Florestan Fernandes, apresentamos o artigo: Individualismo moderno e sofrimento psíquico: uma análise da comunidade virtual dos neuróticos anônimos, cuja autora, Idayane Gonçalves Soares foi a vencedora da edição 2019 do referido prêmio, concurso que escolhe anualmente as melhores monografias do Curso de Ciência Sociais. O artigo é derivado da monografia de mesmo título — orientada pelo saudoso professor Mauro Koury, que nos deixou em agosto deste ano, vitimado pela covid-19. A autora  aborda uma questão atual e pertinente para as ciências sociais. Explora a relação entre o individualismo — um dos berçários de conceitos para ciências sociais — e o sofrimento psíquico —, uma presença cada vez mais recorrente nos quadros nosológicos das sociedades contemporâneas. Utilizando-se de netnografia, explora qualitativamente o conteúdo de um grupo virtual que reúne “neuróticos anônimos”. O principal resultado a que chega revela que a existência — pelo menos para os envolvidos — de uma nova orientação individualista (relacionada ao modo de vida urbano, incrementado pela expansão do capitalismo) tem íntima relação com o sofrimento psíquico dos indivíduos que frequentam o grupo.

Fechando o número, apresentamos a resenha — “Marchar separadamente, lutar juntos”: Trotsky e o enfrentamento ao fascismo  —  de Marcelo Cadore, feita sobre o livro Como esmagar o fascismo, uma coletânea de textos escritos por Leon Trotsky no início da década de 1930, e publicado em português no ano de 2018 pela editora Autonomia Literária.

O que entregamos ao público envolveu o trabalho de onze colaboradores (autores e autoras — sem contar os que tiveram seus trabalhos rejeitados, a quem também direcionamos os agradecimentos), dezessete pareceristas, da professora Aina Guimarães (responsável pela capa e avaliação do ensaio visual), dos editores, do professor Terry Mulhall (revisor de inglês) e de Jonas de Sene Pinto (artista e designer gráfico responsável pela produção da capa). Atribuímos o mérito da publicação ao trabalho dessa equipe, a quem agradecemos enfaticamente.

Quanto ao processo editorial, reproduzimos os procedimentos dos números anteriores: triagem com verificação de similaridade (desk review) , avaliação por pares (peer review), sistema duplo cego (double blind) e validação pela autoria.

Por fim, queremos dedicar este número à memória do professor Mauro Koury.

 

 Boa leitura.

             Os editores.

 

DOI: https://doi.org/10.46906/caos.n27.61682.p6-7

 

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