BATUKA: introdução aos Fat Studies[1]
BATUKA: a Fat Studies primer
Cat Pausé *
https://doi.org/10.46906/caos.n28.62125.p65-94
Resumo
Este artigo apresenta uma visão geral das características marcantes de quatro tipos de estudos sobre a gordura e o corpo gordo, permitindo ao leitor reconhecer as áreas em que se sobrepõem e em que diferem. Seu objetivo é explorar a história dos estudos sobre a gordura, a obesidade e o corpo gordo como disciplina acadêmica, considerando os desafios e as oportunidades que esse campo enfrenta e apontar que o campo dos Fat Studies é atualmente o espaço mais apropriado para o estudo corpo gordo.
Palavras-chave: fat studies; estudo do corpo gordo; gordofobia; obesidade.
Abstract
This article presents an overview of the hallmark characteristics of four kinds of scholarship on and about fat and fatness, allowing the reader to recognise the areas in which they overlap and in which they differ. It explores the history of Fat Studies as an academic discipline and considers the challenges and opportunities going forward. It concludes with a demonstration that the field of Fat Studies scholarship is that most appropriate for the study of the fat body.
Keywords: fat studies; study of the fat body; fatphobia; obesity.
Introdução
Nos últimos cem anos, pesquisadores têm voltado sua atenção para o corpo gordo como um local de pesquisa. A maioria desses estudiosos entende a gordura como um desvio, uma doença a ser curada. Sua pesquisa está estruturada em torno daquilo que consideram um dos problemas mais urgentes do século XXI: a “epidemia de obesidade”. Esses pesquisadores clássicos da obesidade patologizam a gordura e prestam pouca atenção às experiências vividas ou às vozes de pessoas gordas reais. No entanto, recentemente surgiu um novo grupo de estudiosos que fazem perguntas críticas sobre essa coisa chamada obesidade e a ciência que a cerca, inaugurando um novo olhar sobre o tema. Considerados estudiosos críticos da obesidade, essas autoras e autores têm questionado as abordagens e estruturas ontológicas, epistemológicas e metodológicas dos estudos tradicionais da obesidade, promovendo transformações nesse campo. Para além desses dois grupos, há ainda os estudiosos do peso que, embora analisem a obesidade destacando o estigma e a discriminação vividos por pessoas gordas, o fazem com uma compaixão conservadora, criticando o estigma dos corpos gordos que, em grande parte, seu próprio trabalho está reproduzindo.
Fora desse campo, mas analisando o mesmo objeto, qual seja o corpo gordo, estão os Fat Studies. Nessa linha, pesquisadoras e pesquisadores têm como foco o corpo gordo e as experiências vividas por pessoas gordas, muitos atuando como acadêmicos ativistas e trabalhando para garantir os direitos civis das pessoas gordas. Isso, por sua vez, leva muitos estudiosos a questionar a validade do trabalho produzido por autores alinhados aos Fat Studies. No entanto, se o ativismo invalida o trabalho dos autores dos Fat Studies, também deveria fazer o mesmo com os estudiosos da obesidade, já que eles também procuram mudar o mundo por meio de suas pesquisas, eliminando pessoas gordas.
Em meio a esse processo, este artigo apresenta uma visão geral das características marcantes desses quatro tipos de pesquisa, permitindo ao leitor reconhecer as áreas em que se sobrepõem e nas quais diferem. Ele explora a história dos Fat Studies como uma disciplina acadêmica, e considera as ameaças e oportunidades que essa abordagem enfrentou e enfrentará daqui por diante, demonstrando porque os Fat Studies são a perspectiva mais apropriada para estudar corpos gordos e a experiência das pessoas gordas.
Pesquisas da obesidade
A categoria de pesquisa da obesidade abrange uma variedade de trabalhos. No fundo, porém, pode-se argumentar que qualquer abordagem que busque entender a obesidade a fim de prevenir, tratar ou curar a obesidade é uma pesquisa da obesidade. Essa abordagem também inclui trabalhos que procuram explicar o fardo da obesidade, podendo variar desde pesquisas médicas, que buscam destacar uma relação entre obesidade e condições crônicas de saúde, passando por pesquisas sobre empregabilidade, que buscam ilustrar os impactos negativos da obesidade no emprego, chegando às pesquisas psicológicas que buscam prever quais os fatores que levam à obesidade. Todas elas patologizam a gordura e a posicionam como um problema. Essa é a característica definidora das pesquisas da obesidade. A maior parte do que as pessoas acreditam sobre a gordura deriva de pesquisas sobre a obesidade. A obesidade não é saudável (GLOBAL BURDEN OF DISEASE 2015 OBESITY COLLABORATORS, 2017). A obesidade contribui para o aquecimento global (AN; JI; ZHANG, 2018). A obesidade é um grande fardo de altos custos para a sociedade (TREMMEL; GERDTHAM; NILSSON; SAHA, 2017). A obesidade leva à morte precoce (AUNE; SEN; PRASAD; NORAT; JANSZKY; TONSTAD; VATTEN, 2016). O último refrão, que a obesidade é mortal, é um foco muito comum nas pesquisas sobre obesidade.
Por exemplo, em 1999, Allison, Fontaine, Manson, Stevens e VanItallie publicaram um artigo no Journal of the American Medical Association, no qual relatam que a obesidade causa entre 280.000 e 325.000 mortes por ano nos Estados Unidos. Eles começam perguntando: "Das pessoas que estavam vivas no início de 1991, quantas a menos teriam morrido até o final daquele ano se todas as pessoas obesas vivas no início do ano não fossem obesas" (ALLISON, FONTAINE, MANSON, STEVENS; VANITALLIE, 1999, p. 1530). Usando dados de seis grandes estudos de coorte prospectivos disponíveis publicamente, os autores determinaram uma razão de risco para pessoas com sobrepeso e obesas. Aplicando essa razão de risco às estimativas de tamanho da população e distribuição populacional de IMC, os autores chegaram à sua estimativa de mortes atribuíveis à obesidade entre 280 e 325mil pessoas, sugerindo ainda que essas são estimativas conservadoras.
Um relatório especial publicado em 2005 no New England Journal of Medicine afirmou que a obesidade seria responsável pela redução da expectativa de vida (OLSHANSKY et al, 2005). Executando uma série de probabilidades, os autores concluíram que a obesidade resultaria em uma redução de um terço a três quartos de um ano da expectativa de vida das pessoas, apontando também que esses dados ainda estão subestimados. Eles sugerem que, sem intervenções significativas para reduzir as taxas de obesidade, “os jovens de hoje podem, em média, viver menos saudáveis e, possivelmente, até mesmo terem vidas mais curtas do que seus pais” (OLSHANSKY et al, 2005, p. 1143).
Estudos críticos da obesidade
Em resposta direta à pesquisa com foco na obesidade, estão os estudos críticos da obesidade. Os pesquisadores desse campo questionam a maneira como os estudiosos da obesidade usam a epistemologia, a ontologia e as ferramentas metodológicas para estudar e moldar o discurso sobre a obesidade. A perspectiva crítica foca sua atenção na revisão das evidências que sustentam o trabalho dos pesquisadores da obesidade, e expõe suas falhas, erros e suposições. A marca dos estudos críticos da obesidade inclui o compromisso com a análise baseada em evidências, em dados, e rejeita abordagens do tipo “todo mundo sabe” para entender a gordura. Uma maneira segura de desencadear uma resposta de um estudioso crítico da obesidade é fazer uma afirmação como: “As crianças estão gordas hoje porque são menos ativas fisicamente do que eram há cinquenta anos”. Um estudioso crítico da obesidade identificaria a suposição presente (que atividade física e gordura têm uma relação causal) e pediria os dados sobre atividade física em crianças de cinquenta anos atrás.
Um texto-chave neste campo é o trabalho de Gard e Wright (2005), The obesity epidemic: science, morality, and ideology. Nesse livro, Gard e Wright trabalham para “examinar as maneiras pelas quais ideias e crenças preconcebidas moldaram o que as pessoas dizem sobre a ‘epidemia de obesidade’” (GARD; WRIGHT, 2005, p. 3). Os autores trabalham com as falhas e suposições enganosas que acreditam ser endêmicas na pesquisa da obesidade, e apresentam uma teoria sobre porque o público em geral abraçou de bom grado a ideia de uma epidemia de obesidade. Eles concluem sugerindo que os interessados em peso e saúde têm duas opções possíveis: "'superar' o peso corporal por completo" ou, no mínimo, superar a ideia do corpo como uma máquina (GARD, WRIGHT, 2005, p. 190).
Outro exemplo desse trabalho pode ser encontrado no artigo de Campos, Saguy, Ernsberger, Oliver e Gaesser (2006), publicado no International Journal of Epidemiology. Nele — A epidemiologia do sobrepeso e da obesidade: crise de saúde pública ou pânico moral? —, os autores afirmam que “na nossa opinião, os dados científicos disponíveis não apoiam alegações alarmistas sobre obesidade nem justificam o desvio de recursos escassos de questões de saúde pública muito mais urgentes” (CAMPOS et al, 2006, p. 55). Eles constroem esse argumento questionando os dados disponíveis para apoiar a ideia de que ser gordo é um dos principais contribuintes para a mortalidade e morbidade, que a perda de peso significativa e permanente é possível e que a situação atual deve ser classificada como uma epidemia. Os autores se baseiam em evidências para ilustrar lacunas na linguagem frequentemente hiperbólica da pesquisa sobre obesidade, e destacam quando as suposições são tomadas como senso comum, em vez de baseadas em evidências. Os autores concluem:
Dadas as evidências científicas limitadas para qualquer uma dessas alegações, sugerimos que a retórica atual sobre uma crise de saúde impulsionada pela obesidade está sendo impulsionada mais por fatores culturais e políticos do que por qualquer ameaça que o aumento do peso corporal possa representar para a saúde pública. (CAMPOS, 2006, p. 55).
Estudiosos críticos da obesidade apontariam para as conclusões nos trabalhos de Allison e colaboradores (1999) e Olshansky e colaboradores (2005) como ilustrações da falta de robustez frequentemente presente na pesquisa sobre obesidade. Os primeiros autores observam no final: “nossos cálculos assumem que todo o excesso de mortalidade (controlando por idade, sexo e tabagismo) em pessoas obesas é devido à obesidade” (ALLISON, FONTAINE, MANSON, STEVENS; VANITALLIE, 1999, p. 1536). Claro, isso significa que eles chegaram à sua taxa de risco ao considerar que todas as mortes de pessoas com sobrepeso e obesas, independentemente do motivo, são atribuídas à obesidade.
Da mesma forma, a conclusão de Olshansky e colaboradores (2005) demonstra também as ameaças à validade do trabalho deles. No final do artigo, os autores observam: “É importante enfatizar que nossas conclusões sobre o futuro são baseadas em nosso julgamento coletivo” (OLSHANSKY; PASSARO; HERSHOW; LAYDEN; BRUCE; BRODY; HAYFLICK; BUTLER; ALLISON; LUDWIG, 2005, p. 1143). Estudiosos críticos da obesidade sugerem que as conclusões e estimativas científicas não devem ser baseadas em julgamento coletivo, mas em evidências.
Ciência do peso
Já os pesquisadores da ciência do peso, que estudam pesos corporais mais elevados, procuram compreender a relação entre o peso e outros fatores, como aceitação social, saúde fisiológica e envolvimento ao longo da vida. Esses estudiosos não aceitam a gordura como um aspecto natural da diversidade humana, e muitos procuram resolver o “problema da gordura”. A ciência do peso se tornou um campo de estudo mais visível na medida em que os conceitos de fat shaming e fat bias se tornaram mais evidenciados. Uma Conferência anual do Weight Stigma[2] oferece uma oportunidade para os interessados na ciência do peso compartilharem trabalho e networking. Ao examinar os programas de conferências anteriores, parece que a conferência em si, geralmente tem três fluxos principais: um fluxo médico, um fluxo de saúde pública e um fluxo de ativismo.
Grande parte das pesquisas nessa disciplina vem do UCONN Rudd Center for Food Policy & Obesity (RCFPO). O RCFPO define sua missão voltada para descobrir e promover “soluções para a obesidade infantil, dieta pobre e preconceito de peso por meio de pesquisas e políticas” (“O que fazemos”).[3] A ex-diretora Kelly Brownell e a atual vice-diretora Rebecca Puhl são bem conhecidas por seu trabalho sobre preconceito de peso e estigma (PEARL; PUHL, 2018; PUHL; BROWNELL, 2001, PUHL; BROWNELL; DEPIERRE, 2014, PUHL; HEUER, 2009). As publicações da professora Puhl e de sua equipe sobre preconceito de peso, estigma e discriminação são usadas por estudiosos da ciência da obesidade, ciência crítica da obesidade, ciência do peso e Fat Studies. Esses estudiosos da ciência do peso parecem acreditar que podem prevenir e se preparar para a guerra. Seu trabalho visa resolver o problema da obesidade e reduzir o estigma associado a ser gordo. Eles não conseguem reconhecer que o estigma da gordura é reforçado quando propõe que a gordura é um problema a ser evitado e/ou resolvido.
Bacon e Aphramor (2011) publicaram o artigo de revisão, Weight science: evaluating the evidence for a paradigm shift, ilustrando como a ciência do peso e os estudos críticos da obesidade costumam se sobrepor. Nesta revisão publicada no Nutrition Journal, Bacon e Aphramor examinam as evidências que não apoiam os princípios-chave da pesquisa da obesidade (como a gordura apresentando um risco significativo de morte, que a perda de peso melhora a saúde e que a perda de peso permanente é possível); eles concluem pedindo uma mudança no paradigma que cerca a ciência do peso. Suas críticas às conclusões estabelecidas na pesquisa sobre obesidade e à escassez de evidências que apoiam essas suposições ecoam muito do trabalho realizado por estudiosos críticos da obesidade. Bacon e Aphramor, entretanto, têm um objetivo adicional relacionado à justiça social. Eles buscam promover um paradigma em torno do peso e da saúde que abrace a aceitação do corpo, apoiando a agência de indivíduos que buscam saúde, e que qualquer pessoa, independentemente do tamanho do seu corpo, possa buscar a saúde. Nesse enfoque de justiça social, Bacon e Aphramor ecoam grande parte do trabalho feito por pesquisadores dos Fat Studies, como veremos a seguir.
Fat Studies
Fat Studies é um campo de estudo pós-disciplinar que se centra no corpo gordo e nas experiências vividas por pessoas gordas. “O campo dos Fat Studies pode oferecer uma nova lente reveladora sobre a questão humana central da corporificação, uma abordagem teórica que terá efeitos políticos e sociais diretos” (WANN, 2009, p. xxi). Os estudiosos dos Fat Studies identificam e discutem os discursos convencionais e alternativos sobre a gordura, analisam o tamanho como uma questão de justiça social na interseção da opressão, e avaliam criticamente a opressão do tamanho conforme ela se manifesta em várias instituições sociais (medicina, mídia, educação etc.). Na edição inaugural da Revista Fat Studies, a editora-geral, Esther Rothblum (2012), define os Fat Studies como
um campo de estudos que examina criticamente as atitudes da sociedade sobre o peso corporal e a aparência, e que defende a igualdade para todas as pessoas com relação ao tamanho do corpo [...]. Os estudiosos dos fat studies perguntam por que oprimimos as pessoas que são gordas e quem se beneficia com sua opressão. (ROTHBLUM, 2012, p. 3).
Uma característica única dos Fat Studies é que se baseiam na crença na libertação do corpo gordo. No final do compêndio sobre Fat Studies (SOLOVAY; ROTHBLUM, 2009), os editores publicaram o Manifesto de libertação gorda na íntegra. Este manifesto foi escrito por Judy Freespirit e Aldebaran em 1973 como parte de seu trabalho com o Fat Underground. Os Fat Studies buscam apoiar o ativismo dos gordos, a luta para que eles tenham os mesmos direitos e dignidade que os não-gordos. Na introdução do compêndio dos Fat Studies citado, Solovay e Rothblum destacam pontos acadêmicos importantes nos primeiros estudos da gordura, bem como pontos iniciais do ativismo. Ao incluir a emergência do ativismo americano como abertura do capítulo, eles reconhecem a importância do ativismo gordo para o campo dos Fat Studies e para a produção de conhecimento, práticas e ética sobre a gordura. Wann (2009, p. x) argumenta que o campo dos Fat Studies “oferece um corolário crucial para a comunidade do orgulho gordo e do ativismo pelos direitos civis a ser gordo/a.” A inclusão e o reconhecimento do trabalho acadêmico e ativista no espaço dos Fat Studies é um dos pontos fortes dessa disciplina.
Muito antes de haver um campo de Fat Studies, ativistas gordos/as estavam escrevendo livros sobre suas experiências e a necessidade de libertação do corpo gordo (BOVEY, 1994; ERDMAN, 1996; FRASER, 1997; GARRISON; LEVITSKY, 1993; GOODMAN, 1995; LOUDERBACK, 1970; MILLMAN, 1980; SCHOENFELDER; WIESER, 1983; THONE, 1997; WILEY, 1994). O mais antigo deles é o Fat power de Lewwllyn Louderback (1970). A publicação do artigo de Louderback — More people should be Fat — no Saturday Evening Post, em 1967, foi uma das precursoras da criação da National Association to Advance Fat Americans (agora conhecida como National Association to Advance Fat Acceptance – NAAFA). Contudo a publicação mais conhecida é provavelmente Fat!So? de Marilyn Wann, publicado em 1998 pela editora Ten Speed, que é uma das editoras que provou ser relativamente favorável à publicação de trabalhos sobre corpos gordos. Outras editoras simpáticas à causa incluem Pearlsong Press e Demeter Press.
Além disso, os pesquisadores estavam explorando o estigma da gordura (BROWN; ROTHBLUM, 1989; DEJONG, 1980; HARRIS; HARRIS; BOCHNER, 1982; LARKIN; PINES, 1967; ROTHBLUM; MILLER; GARBUTT, 1988; TIGGEMANN; ROTHBLUM, 1988), a construção social da gordura e da saúde (SOBAL; MAURER, 1999a, 1999b), a opressão legal de pessoas gordas (SOLOVAY, 2000), a história da gordura (SCHWARTZ, 1986; STEARNS, 1997) e a identidade das pessoas gordas (BRAZIEL; LEBESCO, 2001; COOPER, 1998). Muitos outros estavam fazendo um trabalho que criticava o paradigma da epidemia da obesidade e rompia com as suposições do senso comum sobre pessoas gordas. Cooper (2010) tenta “mapear o campo” dos Fat Studies conforme apontou em seu artigo, Fat Studies: mapping the field. Não estamos tentando refazer esses trabalhos aqui, mas gostaríamos de agradecer a muitos dos textos que contribuíram para o avanço dos Fat Studies.
Importantes trabalhos teóricos e empíricos foram realizados por LeBesco (2004), Kirkland (2008), Farrell (2011), Boero (2012), Kwan e Graves (2013), Gailey (2014), Whitesel (2014), Harjunen (2016), Kyrölä (2016), Murray (2008), Saguy (2014) e Cooper (2016). Levy-Navarro (2010) e Strings (2019) publicaram livros que expandem as pesquisas na área para além da estrutura ocidental e tradicionalmente branca — ver também o livro recém-lançado de Luna, George, Lee e Solovay, (2020).
Os textos editados têm fornecido oportunidades para acadêmicos da área organizarem material em torno de tópicos específicos, como educação e pedagogia (CAMERON; RUSSELL, 2016), sexo (HESTER; WALTERS, 2015), maternidade (VERSEGHY; ABEL, 2018) e corporeidade gorda queer (PAUSÉ; WYKES; MURRAY, 2014). Os trabalhos de Fat Studies de Tomrley e Naylor (2009), no Reino Unido, foram produzidos em um seminário de um dia em York e publicados pelos editores; de forma semelhante, Friedman, Rice e Rinaldi (2019) reuniram os contribuintes do Thickening Fat para um simpósio de dois dias na Ryerson University em 2018. Também é relevante lembrar do compêndio sobre Fat Studies, publicado em 2009 por Rothblum e Solovay, que há muito é considerado um dos textos formativos da disciplina.
E muitos pesquisadores de Fat Studies e ativistas têm acesso a material disponível de acadêmicos cujo trabalho está fora de nosso campo, mas nos ajudam a contribuir, com argumentos relevantes para a libertação do corpo gordo (por exemplo, Bacon, 2008; Campos, 2004; Gaesser, 2013; Gard, 2010; Gard; Wright, 2005; Oliver, 2006). Além disso, o material encontrado nas publicações dos Fat Studies sempre incluiu trabalhos de fora da academia. Contribuições importantes podem ser encontradas em blogs, podcasts, documentários e muito mais.
Há muito que os ensaios são usados para explorar a gordura, os corpos gordos e a vida de pessoas gordas (CHASTAIN, 2014; SCHOENFIELDER; WISER, 1983; WILEY, 1994). O livro de Schoenfielder e Wiser (1983) — Shadows on a Tightrope: writings by women on fat oppression — é uma das primeiras coleções de escritos de mulheres gordas; inclui artigos, narrativas e poemas. Também inclui material que foi distribuído pela Fat Liberation Publications na década de 1970. Poesia (DONALD, 1986; NICOLS, 1984; ZELLMAN, 2009) e ficção, incluindo contos (HOLT; LEIB, 2012; JARRELL; SUKRUNGRUANG, 2003; KOPPELMAN, 2003; THOMPSON, 2019), têm sido outro veículo para material que questiona a construção social da gordura e imagina uma série de encarnações da gordura. Thompson (2019), por exemplo, imagina um mundo futuro em que pessoas gordas continuam sendo oprimidas por meio de novas tecnologias e regulamentações; no entanto, as histórias terminam com esperança quando encontramos um personagem que resgata pessoas gordas desse mundo futuro e as leva para outro lugar, um lugar onde sejam libertadas. Julie Murphy (2017, 2019) publicou vários livros para jovens adultos apresentando um protagonista gordo, e recentemente escreveu uma história — Faith — de origem para a super-heroína gorda, (MURPHY, 2020). E o romance Dietland de Sarai Walker (2015) foi transformado em uma série de televisão. Outra série de televisão positiva inclui uma adaptação do livro Dumplin, de Murphy (2017), lançado pela Netflix (plataforma de streaming), além de uma adaptação de Shrill, de Lindy West (2017), para uma série de TV no Hulu (plataforma de streaming).
Livros de autoajuda e empoderamento de não-ficção, frequentemente buscam ajudar os indivíduos a mitigar os impactos pessoais da opressão da gordura, ao mesmo tempo que oferecem críticas e comentários sobre as manifestações sociais e sistêmicas da fobia. Livros de autoajuda de ativistas gordos variam de histórias pessoais com lições (BAKER, J., 2015, 2018; HAGEN, 2019; SHANKER, 2004; WEST, 2017) a textos mais instrutivos (BLANK, 2011, 2012; FRATER, 2005; HARDING; KIRBY, 2009; KINZEL, 2012; LYONS; BURGARD, 1990; TAYLOR, 2018; WANN, 1998), muito embora sejam águas difíceis de navegar. O gênero literário de memórias tem sido um veículo poderoso para histórias gordas — como os livros de Cameron Manheim (2000) e de Pattie Thomas (2005) —, e que está passando por um ressurgimento particular, com vários títulos lançados recentemente (BYER, 2020; COTTOM, 2019; COX, 2020; DARK, 2019; GAY, 2018; LAYMON, 2019; YEBOAH, 2020). Por décadas, ativistas e acadêmicos gordos têm procurado tornar visíveis as experiências e barreiras da vida gorda.
O lugar do ativista gordo tem sido o daquele que promove a libertação gorda através do corpo individual. Os pesquisadores dos Fat Studies se engajam em uma busca semelhante pela libertação, concentrando-se mais em locais e domínios da academia, como as conferências. Wann (2009) localiza o início dos Fat Studies como campo em uma conferência que aconteceu em 2004, na Universidade de Columbia em Nova Iorque. A conferência, Fat Attitudes: An examination of an American subculture and the representation of the female body, foi organizada pelo Columbia University Teachers College. Uma exposição de arte que acontecia simultaneamente, Fat attitudes: A celebration of large women, vinculou o ativismo gordo diretamente aos Fat Studies. Alguns anos depois, o Smith College sediou a conferência: Fat and the academy. Solovay e Rothblum (2009) sugerem o ano de 2006 como um ponto de inflexão para a disciplina emergente, já que três eventos nacionais reuniram acadêmicos e ativistas para promover o estudo da obesidade. Primeiro, a conferência do Smith College. Em seguida, um grupo de trabalho dedicado aos Fat Studies na conferência American Culture Association/Popular Culture Association (que continua até hoje). E, finalmente, uma conferência realizada pela Association for Size Diversity and Health.
O Centro de Pesquisa em Artes, Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Cambridge (CRASSH) hospedou a conferência Bodies of evidence: Fat across disciplines, em 2007. Não foi uma conferência dos Fat Studies como evidenciado na própria descrição do evento e pelo fato de que muitos dos presentes fortaleciam o viés antigordura por defenderem que ser gordo não era saudável (SÖDERQVIST, 2007; TOMRLEY, 2009). Importante mencionar que a conferência foi apoiada pela Big Pharma (especificamente, GlaxoSmithKline) (COOPER, 2009b). Porém muitos dos artigos apresentados eram críticos da patologização da gordura, como o trabalho da Dra. Petra Jonvallen — Obesity in the belly of Big Pharma: One example of how body fat is turned into a medical problem —, tendo a conferência sido encerrada com a apresentação de Katie LeBesco, que deu uma palestra poderosa em que conectou ativismo, política e poder (TOMRLEY, 2009).
Fat Studies UK foi organizada por Corinna Tomrley e Ann Naylor na University de York em 2008. Esse seminário de um dia reuniu pensadores-chave em Fat Studies no Reino Unido, incluindo Charlotte Cooper, Lee Monaghan e Lucy Aphramor. De acordo com o programa, os “objetivos do dia [eram] discutir a disciplina de fat studies no contexto do Reino Unido; reconhecer a importância do ativismo gordo e da política para explorar as ligações entre ativismo e pesquisa; e para reunir pesquisadores, ativistas e defensores da aceitação de tamanhos no Reino Unido” (TOMRLEY; NAYLOR, 2009, p. 117). O trabalho apresentado no seminário foi posteriormente publicado em uma coleção editada pelos autores citados, sob o título Fat Studies UK.
Em 2010, Samantha Murray organizou Fat Studies: A critical dialogue na Macquarie University em Sydney, Austrália. Diz a organizadora: “Este evento de dois dias colocará os Fat studies da Australásia em diálogo com os estudos críticos sobre gordura de todo o mundo, reunindo acadêmicos de um amplo espectro de origens disciplinares, bem como ativistas, profissionais de saúde, artistas” (MURRAY, 2010 apud READ, 2010, online). As conferencistas foram Charlotte Cooper e Karen Throsby, e os participantes incluíram ativistas e acadêmicos, como o pesquisador crítico da obesidade, Michael Gard.[4] Os trabalhos apresentados na conferência contribuíram para uma edição especial da Somatechnics on fat body being (MURRAY, 2012a) e uma edição especial da Feminism & Psychology on Fatness (MURRAY, 2012b).
Entre 2010 e 2012, as universidades do Reino Unido sediaram uma série de seminários do Economic and Social Research Council (ESRC) sobre gordura e saúde (COOPER, 2009b). O primeiro seminário focou no embodiment, incluindo apresentações de Corinna Tomrley, Lee Monaghan e uma palestra de Charlotte Cooper. O segundo focou em “saúde em todos os tamanhos”, incluindo uma palestra de Lucy Aphramor. O terceiro enfocou o “ativismo gordo”, e incluiu apresentações de Hannele Harjunen, Caroline Walters e Samantha Murray. O quarto enfocou “as metodologias e políticas de apoio aos Fat Studies”, e incluiu uma palestra de Jacqui Gringras. O financiamento do ESRC permitiu que os eventos fornecessem bolsas de estudo, admissão gratuita e materiais de acolhimento, como slides narrados e arquivos de áudio das palestras online. A disponibilidade de acesso sob demanda aos materiais do seminário permitiu que indivíduos impossibilitados de comparecer presencialmente tivessem a oportunidade de se envolver com os conteúdos apresentados, embora de forma limitada. Essa é uma parte importante da construção dos Fat Studies como uma disciplina internacional; quando tais eventos ocorrerem, o planejamento deve incluir a promoção do envolvimento com os interessados na área em todo o mundo.
Quase uma década após a conferência da Columbia University, eu hospedei a conferência Fat Studies: Reflective interseccionas (FSNZ12)[5] em Wellington, Nova Zelândia, na Massey University. A FSNZ12 forneceu um espaço para que estudiosos de Fat Studies e ativistas gordos se reunissem e compartilhassem pedagogia, conhecimento especializado, ativismo e arte. O evento recebeu muita atenção na mídia da Nova Zelândia e, embora a maioria dos participantes estivesse envolvida com pesquisa e ativismo dos Fat Studies, apenas um dos palestrantes convidados (Samantha Murray) era uma estudiosa reconhecida na área. O trabalho apresentado por ela na conferência contribuiu para uma edição especial da Fat Studies sobre intersecções reflexivas (PAUSÉ, 2014).
Quatro anos depois, a Massey University patrocinou a conferência Fat Studies: Identity, agency, embodiment, que aconteceu na cidade de Palmerston North, Nova Zelândia (FSNZ16), e foi transmitida ao vivo, contanto com salas cheias de alto-falantes remotos, o que permitiu apresentações de indivíduos de sete países (BURFORD; HENDERSON; PAUSÉ, 2018). A FSNZ16 foi marcada por eventos comunitários: Fat out loud, um evento de palavra falada na biblioteca local na noite anterior à conferência e a abertura de uma exposição do The Adipositivity Project (o fotoativismo de Substantia Jones, uma palestrante da FSNZ16) no Te Manawa na noite de encerramento. A FSNZ16 marcou a primeira vez que a conferência teve uma palestra acadêmica e uma palestra ativista; o compromisso de dar continuidade a esse patrimônio está registrado no site da conferência.[6] A FSNZ é notável por ser a única conferência dedicada aos Fat Studies no mundo, mas sua localização na Nova Zelândia torna a participação inacessível para muitos envolvidos na área.
Em 30 de maio de 2017, a conferência Women’s and Gender Studies et Recherches Feministes sediou uma miniconferência: Feminist Fat Studies. Essa miniconferência ofereceu quatro sessões sobre Fat studies, com artigos explorando temporalidade, saúde, identidade, gordura e muito mais; o tema abrangente era “gordo no contexto canadense”. A plenária de apresentação da miniconferência focou na interseccionalidade, com a contribuição de Idil Abdillahi, Jill Andrew, Carla Rice e Jake Pyne.[7]
Mais tarde naquele ano, a Ludwig Maximilians University em Munique, Alemanha, organizou o simpósio: Doing fat: Performance and Representation of Fat Body. O evento foi organizado por Friedrich Schorb e Anja Hermann, e incluiu apresentações de acadêmicos e ativistas gordos. As palestras foram ministradas pela presidente da Gesellschaft Gegen Gewichtsdiskriminierung (Sociedade Alemã contra a Discriminação de Peso), Natalie Rosenke, bem como pela fundadora do grupo, a jurista Stephanie von Liebenstein. Além disso, Cat Pausé deu uma palestra sobre o futuro dos Fat Studies.
Em janeiro de 2018, o Political Fatties (apoiado pelo Instituto Holandês de Análise Cultural e pela Escola de Análise Cultural de Amsterdã) sediou o Politics of volume, simpósio de um dia que reuniu acadêmicos, ativistas e artistas para compartilhar seus trabalhos e falar sobre políticas do corpo gordo. A comediante Sofie Hagan recitou trechos de seu novo livro, Happy fat. Dina Amlund, Laurara Contrera, Sofia Apostolidou e Corina Coolen apresentaram trabalhos que perturbaram a política gorda fora do Norte Global. E eu, Cat Pausé, dei uma palestra sobre política gorda e gordinhos maus no ciberespaço. Um mês depois, a Ryerson University organizou o simpósio: Thickening fat: Dialogues on intersectionality, social justice and fatness. Foram dois dias que reuniram acadêmicos, ativistas e artistas de todo o mundo para compartilhar seus trabalhos, o que resultou em uma publicação conjunta.[8]
No início de 2019, acadêmicos da Universidade de Leeds organizaram um simpósio chamado Artful Fat como parte da série de Seminários da Sociological Review Foundation. O evento de um dia reuniu indivíduos que unem as artes e as ciências sociais para produzir conhecimento sobre a gordura; as palestrantes foram Bethan Evan, Stacy Bias e Cath Lambert (BAKER, D., 2019). E em meados de 2020, a FSNZ (edição 2020), com o título Fat Studies: Past, Present, Futures, por causa da pandemia de Covid-19, aconteceu virtualmente pela internet.
Nos últimos dezesseis anos, o campo dos Fat Studies emergiu como um lócus crucial de pesquisa e investigação que trata da vida das pessoas gordas e da sociedade. Inerente a tais espaços está a emergência de ameaças e desafios que devem ser explorados, se o campo quiser resistir ao escrutínio do tempo.
Ameaças aos Fat Studies
Na medida que o campo dos Fat Studies avança, devemos estar atentos às ameaças, tanto externas quanto internas a essa abordagem. Externamente, argumento que a diminuição do apoio a disciplinas de artes liberais em instituições de ensino superior em todo o mundo representa uma ameaça aos Fat Studies, bem como o aumento dos ataques de conservadores, que ameaçam as disciplinas de artes liberais em geral. Internamente, preocupo-me com a reprodução da supremacia branca nesse campo de estudo. Também aponto para a indefinição de fronteiras entre aqueles que estudam a gordura de uma perspectiva dos Fat Studies e aqueles que estudam a gordura de outra perspectiva, como as discutidas anteriormente neste artigo.
Disciplinas acadêmicas fora das áreas de ciência e tecnologia estão sob crescente escrutínio, na medida que o subfinanciamento governamental do ensino superior pressiona essas instituições a encontrar medidas de redução de custos (DUTT-BALLERSTADT, 2019; LONG, 2018). Humanidades, Educação e Ciências Sociais são a espinha dorsal de uma educação em artes liberais, e são também as que estão em maior risco (FERRALL, 2011). As mais vulneráveis delas são, frequentemente, disciplinas que são percebidas como sendo baseadas em ideologia, ao invés de esforço científico, tais como estudos de gênero, estudos queer e Fat Studies. Na Nova Zelândia, a Victoria University encerrou seu curso de estudos de gênero em 2010 (FISHER, 2010). Então o presidente do Sindicato do Ensino Superior, Tom Ryan, apontou isso como um exemplo da "pressão que está sendo colocada sobre as áreas de artes liberais [que são] vistas como menos merecedoras de apoio do que ciência e tecnologia" (FISHER, 2010, online). Na Hungria, o primeiro-ministro Orban proibiu cursos de estudos de gênero; as forças conservadoras em toda a Europa estão trabalhando para proibir e erradicar o conhecimento que é visto como uma ameaça à supremacia branca, ao patriarcado e ao capitalismo (APPERLY, 2019).
A pesquisa sobre a experiencia das pessoas gordas tem recebido muito escrutínio e zombaria de eruditos conservadores, especialmente nos Estados Unidos. O Clare Boothe Luce Center for Conservative Women condenou a oferta de um curso sobre Fat Studies no Oberlin College, alegando que, em vez de destacar o estigma e a opressão da gordura, os alunos deveriam ser educados sobre os perigos da crescente epidemia de obesidade (LAOUTARIS, 2018). O National Review sugeriu que os Fat Studies eram menos uma disciplina acadêmica e mais um exercício de terapia de grupo (BAWER, 2017); o autor argumenta que os Fat Studies não tratam de fatos ou conhecimento, mas sim de vitimização. Abigail Alger escreveu na conservadora Campus Reform que os Fat Studies são “parte de um perigoso emburrecimento da educação de libertação em que a busca do conhecimento é substituída por frenética programação social e promoção de programas estatais” (ALGER, 2009, online). Ela desacreditou os Fat Studies como mais um estudo de identidade que está prejudicando o ensino superior. Alger sugere ainda que os estudos de identidade não produzem conhecimento, encorajam a crescente intervenção do governo e rotulam de fanático qualquer pessoa com pontos de vista opostos. Esse mesmo veículo de publicação, Campus Reform, celebrou quando, no início de 2018, a oferta de cursos de Fat Studies nas universidades começou a diminuir (AIRAKSINEN, 2018).
Os Fat Studies também estão sob a ameaça da supremacia branca. Conforme observado no capítulo de Charlotte Cooper (2009a) do The fat studies reader, a maioria dos estudos publicados no campo dos Fat Studies é dos Estados Unidos: consistindo na maior parte de estudiosos brancos que estudam a gordura branca. Quando editei, como convidada, uma edição especial da revista Fat Studies sobre interseccionalidade em 2014, não consegui garantir nenhum artigo que abordasse questões de raça ou etnia. Como um campo, precisamos garantir que não estejamos simplesmente reproduzindo a supremacia branca, elevando as experiências de pessoas brancas gordas. Precisamos garantir que as pessoas gordas não-brancas dialoguem com nosso trabalho, e assim, ampliem-se as vozes das pessoas gordas de cor; isso deve ser uma prioridade tanto no ativismo quanto na pesquisa.
Conforme observado anteriormente neste artigo, muitos estudiosos estão interessados na gordura e no corpo gordo, portanto este não é um campo de estudo deixado apenas para os pesquisadores dos Fat Studies. Estes pesquisadores prestam a si próprios um serviço quando se envolvem em esforços colaborativos com pesquisadores críticos da obesidade e da ciência do peso. Contudo é preciso destacar que os Fat Studies possuem uma perspectiva distinta e única em relação aos outros campos de estudo sobre a gordura. É um péssimo serviço para o desenvolvimento do campo de pesquisa combiná-los ou rejeitar as distâncias entre eles, considerando suas diferenças como irrelevantes.
Semelhanças existem entre Fat Studies, ciência do peso e estudos críticos de obesidade. Por exemplo, tanto os Fat Studies quanto os estudos críticos da obesidade concordariam com a necessidade de lançar uma lente crítica na pesquisa sobre a obesidade e a patologização da gordura. Os Fat Studies e estudiosos da ciência do peso concordariam sobre a importância de compreender o estigma e a discriminação associados à gordura e com o compromisso de erradicar ambos em todo o mundo. Uma semelhança entre os estudos críticos de obesidade, ciência do peso e Fat Studies é a disposição de muitos estudiosos dessas áreas de refletir sobre seu próprio privilégio e localização de onde conduzem seus estudos.
Os estudiosos dessas áreas reconhecem o papel da posição, preconceito e valores pessoais na produção de conhecimento e pesquisa. Conforme observado por Marilyn Wann, “Se você participa do campo dos Fat Studies, deve estar disposto a examinar não apenas as forças sociais mais amplas relacionadas ao peso, mas também seu próprio envolvimento com essas estruturas” (WANN, 2009, p. xi). Linda Bacon deu uma palestra para a National Association to Advance Fat Acceptance, na qual destacou o papel do privilégio de magreza em sua pesquisa e como ele é recebido por outras pessoas (BACON, 2009). Eu demonstrei, através do uso da teoria do ponto de vista (PAUSÉ, 2019), a importância de nomear e reconhecer o privilégio na pesquisa como uma chave para a prática ética e uma ferramenta para evitar (re) produzir opressão de gordura.
Todos nós temos a responsabilidade de garantir que estamos verificando nossos privilégios ao longo do caminho e levantando a voz daqueles que podem não ser ouvidos. Destacar vozes de gordos negros, vozes de gordos trabalhadores pobres, vozes de supergordos é responsabilidade daqueles que detêm o poder por permanecerem fora dessas identidades. Ser honesto sobre nossa posição e os privilégios que trazemos para nossos espaços é a chave para garantir que o conhecimento sobre a gordura não oprima ainda mais as pessoas gordas (PAUSÉ, 2019, p. 185).
Assim como semelhanças podem ser identificadas, diferenças também existem. Os Fat Studies são a única disciplina que se concentra sobre a gordura, o corpo adiposo e a vida das pessoas gordas. É a única disciplina para revelar que o conhecimento sobre pessoas gordas deve ser criado por pessoas gordas. É também a única que se dedica à libertação dos gordos.
Ao contrário dos estudos de obesidade, os Fat Studies não presumem que ser gordo não seja saudável, também não investigam as maneiras pelas quais a gordura fisiológica resulta em danos ao corpo. Os Fat Studies não buscam curas, tratamentos ou maneiras de evitar que os corpos engordem. É possível aos Fat Studies analisar o impacto fisiológico do estigma da gordura na saúde e no bem-estar das pessoas gordas, ter interesse em compreender a diversidade do tamanho do corpo humano, mas não estão analisando tais questões para demonstrar o desvio da gordura. Ao contrário, os pesquisadores ligados aos Fat Studies engajados nesse tipo de trabalho, provavelmente começariam compreendendo a gordura como forma normativa e desenvolveriam o estudo a partir dessa posição.
Ao contrário dos estudos críticos da obesidade, os Fat Studies não se concentram em examinar a solidez ou a robustez da pesquisa sobre obesidade. Não interessa a essa perspectiva focar a atenção em destacar as falhas teóricas e metodológicas e as suposições da pesquisa sobre obesidade. É possível que busquem entender como o pânico moral em torno da obesidade começou, e podem buscar estabelecer uma história do ser gordo ou gorda na cultura, mas a questão não será avaliar a validade ou confiabilidade da pesquisa sobre obesidade. O seu objetivo é entender o papel da gordura e das pessoas gordas em sua própria história.
Ao contrário dos estudos sobre o peso, os Fat Studies não investigam o estigma do peso; eles investigam o estigma da gordura, também não investigam a discriminação do peso, mas a discriminação da gordura. Essas podem parecer pequenas diferenças linguísticas, mas representam uma diferença filosófica maior entre os dois campos. Ao nomear o estigma e a discriminação enfrentados por — experimentados por — pessoas gordas, os Fat Studies reconhecem que pessoas gordas são oprimidas em nossa cultura atual. Não há dúvida, nesse uso da linguagem, de que a experiência dos gordos e gordas é o que merece nossa atenção. Além disso, embora muitos estudiosos do peso procurem abordar o estigma do peso e a obesidade, os Fat Studies rejeitam a patologização do corpo gordo. Para os Fat Studies, a gordura não é um problema a ser resolvido, mas isso não quer dizer que esse campo de pesquisa não seja capaz de (re) produzir violência e opressão gorda, porém não parte de um lugar de patologização.
Se os Fat Studies começam a partir de um problema a ser resolvido, então esse problema não é com pessoas gordas, mas com o modo como as pessoas gordas são tratadas na sociedade. Como sugere Marilyn Wann (2009, p. x), “uma abordagem de Fat Studies não oferece oposição à simples face da diversidade do peso humano, mas, em vez disso, olha o que as pessoas e as sociedades fazem dessa realidade”. Este trabalho pode incluir explorar como a sociedade separa pessoas gordas e não-gordas, como a sociedade divide recursos entre pessoas gordas e não-gordas e como a sociedade confere poder a pessoas gordas e não-gordas (ROTHBLUM; SOLOVAY, 2009).
A ética da gordura
A gordura continuará a ser uma área de interesse para muitos estudiosos. E, muito provavelmente, as pesquisas sobre a gordura continuarão a oprimir as pessoas gordas (PAUSÉ, 2019). Para evitar a reprodução da opressão dos gordos, os estudiosos interessados na gordura devem adotar uma ética. A ética da gordura insiste que as pessoas gordas devem estar no centro da pesquisa respondendo às perguntas que forem feitas. Nada sobre nós, sem nós.
A ética da gordura insiste que qualquer pessoa que pretenda fazer pesquisas sobre a gordura deve reconhecer seus próprios privilégios e atitudes sobre a gordura, bem como reconhecer a violência que tem sido feita contra pessoas gordas em nome da pesquisa, em nome da ciência. A ética da gordura está inserida no campo dos Fat Studies, tornando-os a disciplina mais apropriada para estudar a gordura. Os Fat Studies trazem as ferramentas teóricas e metodológicas necessárias para conduzir pesquisas éticas em torno da gordura, e essas vozes devem ser ampliadas e priorizadas quando surge o tópico da gordura. Acadêmicos de fora desta área devem trabalhar ao lado de estudiosos dos Fat Studies (e/ou ativistas gordos) para garantir que seu trabalho não esteja reproduzindo a opressão da gordura.
O futuro
Ao reconhecer as ameaças à pesquisa sobre a experiência das pessoas gordas, não desejo sugerir que acredito que o futuro para o campo é sombrio. Na verdade, acredito que o futuro dos Fat Studies é muito farto. Existem muitas oportunidades surgindo para pesquisa nessa área, incluindo o aumento do interesse de alunos de pós-graduação e graduação, o uso de tecnologia para conectar acadêmicos em todo o mundo e o compromisso contínuo do campo para se envolver com o ativismo gordo.
Estou entusiasmada com a quantidade cada vez maior de pesquisas sobre corpos gordos produzidas em todo o mundo, especialmente os trabalhos que estão sendo conduzidos em outros idiomas além do inglês. Nos últimos anos, foram publicados vários textos sobre os trabalhos que vêm sendo feitos na Alemanha e na Argentina, por exemplo. Na Alemanha, o livro Hohes körpergewicht zwischen diskriminierung und anerkennung, editado por Rose e Schorb (2017), apresenta uma série de trabalhos acadêmicos e ativistas desenvolvidos naquele país. Na Argentina, o livro Cuerpos sin patrones, organizado por Contrera e Cuello (2016), reúne uma gama de escritos de estudiosos e ativistas sobre o tema, além da análise dos organizadores, para demonstrar a construção social da gordura como uma ferramenta de opressão política. Tenho certeza de que esses não são os únicos dois exemplos de pesquisa no campo dos Fat Studies fora da língua inglesa; esperamos descobri-los todos e compartilhá-los amplamente.
Aceitar este convite para escrever para A Revista Caos, apresentou-me a um novo grupo de acadêmicos e ativistas que trabalham no Brasil, o que representa uma conexão nova e estimulante para mim!
Há também um interesse crescente em Fat Studies como um campo acadêmico de alunos de pós-graduação e graduação em todo o mundo. Durante meu ano sabático na Europa, fiquei emocionada ao passar um tempo com alunos de pós-graduação (em todo o continente) que estavam ansiosos para se envolver nos Fat Studies. Eram alunos de várias disciplinas, mas todos tinham o mesmo compromisso de trazer a gordura para o centro de seu trabalho. As leituras dos principais textos dos Fat Studies eram compartilhados pela maioria, de certa forma, conectados por meio da mídia social, e estavam ansiosos por oportunidades de aprender e se envolver com esse campo de pesquisa. Um exemplo disso foi o Politics of volume. Esse trabalho foi organizado por um grupo de estudantes de pós-graduação, os Political Fatties. Com o apoio do Instituto Holandês de Análise Cultural e da Escola de Análise Cultural de Amsterdã, o evento de um dia sobre as políticas da gordura trouxe uma ampla gama de apresentações, workshops e ofereceu espaço para “pesquisadores, ativistas e artistas [para] problematizar, analisar e refletir sobre as maneiras pelas quais a gordura é vivenciada, marginalizada e representada tanto na mídia e instituições convencionais quanto nos espaços de aceitação de gordura corporal/positiva ”(POLITICAL FATTIES, 2017, online).
Fora da Europa, há um número crescente de alunos de pós-graduação que também se dedicam aos Fat Studies. Na Nova Zelândia, por exemplo, existem vários alunos de pós-graduação fazendo esse trabalho em todo o país. Um desses estudiosos, George Parker, concluiu recentemente seu doutorado e contribuiu de forma inestimável para a literatura sobre atitudes antigordura nos cuidados com a maternidade (PARKER, 2014, 2017). Na reunião de 2019 da Sociological Association of Aotearoa, na Nova Zelândia, houve um grupo dedicado aos Fat Studies, no qual vários alunos de pós-graduação, incluindo George Parker, apresentaram suas pesquisas.
O interesse pelo estudo da gordura não está localizado apenas nos alunos de pós-graduação. Estudantes de graduação em todo o mundo também estão sinalizando seu interesse em aprender mais sobre a gordura através das lentes dos Fat Studies. Cursos sobre eles foram ministrados nos Estados Unidos, na Nova Zelândia e na Austrália (WATKINS; FARRELL; HUGMEYER, 2012). Em 2016, cursos de Fat Studies foram oferecidos em cinco instituições de ensino superior nos Estados Unidos: Dickinson College, Oregon State University, Tufts University, University of Maryland (campus College Park) e Willamette University (HASSON, 2016).
Além de concluírem seus estudos na área dos Fat Studies em instituições de ensino superior, outras oportunidades surgem na área. Uma dessas oportunidades é o Fat Studies MOOO, uma grande proposta online e aberta hospedada pelo Center of Fat Liberation and Scholarship, da Nova Zelândia. Cada MOOO é um pequeno grupo com foco em um único tópico, reunido com acadêmicos convidados. Estes fornecem materiais antecipados aos participantes, preparando-os para a sessão de discussão. Os MOOOs acontecem usando o Zoom (plataforma de reuniões virtuais), tornando-os acessíveis a qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo com acesso à internet. Desde 2018, os vinte MOOOs realizados juntaram participantes estudando peso e a lei, gordura e neoliberalismo, antirracismo e gordura, gordura e deficiência, pedagogia gorda, gordura na história da arte e gordura reprodutiva; mais encontros estão planejados para 2022. Este é apenas um exemplo do uso das novas tecnologias para promover o campo dos Fat Studies.
O uso de espaços online em nossa pesquisa permite que acadêmicos e ativistas construam juntos o campo dos Fat Studies, o que é outra oportunidade chave para a disciplina. Conforme observado por Cooper (2010, p. 1028), "um dos pontos fortes dos Fat Studies é apoiar o trabalho de pessoas que têm experiência direta de embodiment gordo, ativistas de base e outras vozes autônomas, não é simplesmente o produto da curiosidade de um especialista remoto". Indiscutivelmente, o ativismo gordo e os Fat Studies são irmãos, cujas epistemologias surgem por meio de uma necessidade compartilhada, e procuram compreender e atravessar uma sociedade patologizante da gordura e, na teoria e na prática, humanizar o corpo gordo. Ativistas gordos estão fazendo as provocações que, combinadas com a teoria acadêmica, estão mudando as realidades materiais dos corpos gordos na sociedade. Essa combinação de trabalho acadêmico e ativismos não é um empreendimento novo, e pode ser vista, ao longo da história, nas obras de ativistas acadêmicas como Audre Lorde, e no uso atual da teoria da interseccionalidade, um termo cunhado pela jurista Kimberle Crenshaw para enquadrar questões modernas de justiça social, de gênero, raça e deficiência. É a voz dos ativistas gordos que nos lembra que a teoria deve se casar com a práxis. Epistemologias existem em nossos corpos, e é com esses corpos gordos que esperamos criar um mundo suficientemente amplo para cada uma de nossas existências únicas e celebradas. Os Fat Studies e o ativismo gordo estão no precipício de um mundo emergente: onde as libertações dos corpos gordos não podem ser desagregadas da libertação de todas as opressões.
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Recebido em: 02/02/2022.
Aceito em: 03/05/2022.
https://doi.org/10.46906/caos.n28.62125.p65-94
[1] O manuscrito foi escrito em inglês, contudo optamos publicá-lo em português — tradução feita por Nicole Pontes e Simone Brito — por consideramos que era interesse da autora divulgar os Fat Studies para pesquisadores e ativistas em outras línguas. Em relação ao título, as organizadoras do dossiê — e tradutoras — notificam: “Cat Pausé costumava utilizar referências de músicas de Madonna em seus artigos. A canção Batuka tem como refrão: Its is a long way (O caminho é longo) e, nesse caso, refere-se ao grande trabalho que pesquisadoras e pesquisadores dos Fat Studies têm a sua frente.” Cat Pausé submeteu o artigo à Caos em fevereiro de 2022, no mês seguinte, no dia 25, fomos surpreendidos com a notícia de seu falecimento.
* Professora da Massey University/New Zealand. PhD em Desenvolvimento Humano/Texas Tech University. E-mail: c.pause@massey.ac.nz.
[2] Para mais informações, ver: https://weightstigmaconference.com
[3] Ver o site da UCONN – University of Connecticut no endereço: https://uconnruddcenter.org/.
[4] Gard foi um dos palestrantes no início daquele ano no simpósio The Big Fat Truth da Universidade de Otago. O evento de três dias teve como objetivo "fomentar o debate crítico sobre obesidade e atividade física", com seis palestrantes convidados. Três deles, Steven Blair, Paul Campos e Michael Gard, apresentaram abordagens críticas para a obesidade; os outros três não.
[5] Fat Studies New Zealand – 2012.
[6] https://webcast.massey.ac.nz/Mediasite/Catalog/catalogs/fsnz16.
[7] Para ver a programação do evento e
o resumo das palestras, acesse: https://wgsrf.com/files/
wgsrf_final_conf_program_2017-pdf.pdf.
[8] Para mais informações sobre o evento e as publicações, consulte: https://bodiesintranslation.ca/2017-2018/.
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