EDITORIAL
DOI: https://doi.org/10.46906/caos.n30.66728.p6-9
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ste editorial merece ser iniciado relembrando a trajetória da Revista Caos enquanto periódico estudantil. Ela foi criada em 1999, funcionando continuamente até o ano de 2012. Após sete anos sem atividades, em 2019, retorna às atividades, com hospedagem no Portal de Periódicos da UFPB. Nos últimos anos, os editores tinham como objetivos manter o fluxo contínuo, com publicações semestrais e conseguir ser avaliada pela Capes.
Depois do longo hiato, a retomada da Revista Caos começou com sua publicação de dezembro de 2019, com o dossiê ESTUDOS LEGISLATIVOS: agendas de pesquisa, o qual nos deu fôlego e desejo de continuar os trabalhos que, muitas vezes, são difíceis, solitários e com certo ar de resistência.
O ano de 2023 se iniciou com os almejados refrescos, pois tivemos a grata surpresa de receber o resultado da Avaliação Quadrienal (2017-2020) da Capes, sendo a Revista Caos classificada no estrato Qualis B1. Reconhecimento de um trabalho que envolve não só os editores, mas também os/as pareceristas, autores/as, colaboradores/as, revisores, comissão editorial etc. São muitas mãos que tornam esse braço do saber científico possível. Felizes, podemos dizer que conseguimos cumprir, mesmo com algumas dificuldades, sobretudo nos últimos quatro anos, o nosso objetivo principal, que é a perpetuação e divulgação das pesquisas com tenacidade.
A perspectiva é positiva no sentido de continuar promovendo a responsabilidade social e oferecendo à comunidade acadêmica um espaço democrático para a disseminação da informação e do conhecimento, fruto das reflexões de diversos grupos de pesquisadores e acadêmicos das várias áreas do conhecimento, que resultam em novos conhecimentos.
Atentos às demandas do contexto social, os/as autores/as que colaboram neste número alinham seus estudos com a realidade por meio de diferentes abordagens, demonstrando, por meio de seus resultados, as contribuições que a ciência pode oferecer para melhorar a vida em sociedade, desde que colocada em prática.
Nesse sentido, reforçamos a importância dos periódicos científicos para a sociedade, uma vez que a ciência e a produção científica, sobretudo nos últimos anos, têm sido colocadas em evidência, de uma forma que tem levado as pessoas a desacreditarem na sua eficiência e eficácia. As instituições acadêmicas, como produtoras do conhecimento científico, devem ter a responsabilidade e o compromisso de garantir a permanente circulação de canais de informação, como os periódicos científicos.
Nesta primeira edição de 2023, apresentamos o dossiê TEORIA CRÍTICA, organizado por Simone Magalhães Brito, docente do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal da Paraíba. Graduada em ciências sociais pela Universidade Federal de Pernambuco (2000), mestra em sociologia (2002) pela mesma universidade e PhD em sociologia pela Lancaster University (2007). Desenvolve pesquisas e estudos no campo da sociologia da moral, teoria sociológica e metodologia da pesquisa.
Nas páginas que seguem, apresentamos a coletânea com oito textos compondo o dossiê Teoria crítica, cuja apresentação dos artigos será feita pela organizadora no primeiro texto.
Além disso, esta edição traz três artigos livres, sendo o primeiro escrito por Anderson Moebus Retondar. Ele nos apresenta o texto SOCIEDADE DE CONSUMO E OS SENTIDOS E SIGNIFICADOS SOCIAIS DA NARRATIVA DO CONSUMO MINIMALISTA, no qual destaca as novas práticas de consumo na sociedade contemporânea. O autor analisa o arcabouço histórico do consumismo, do ponto de vista sociológico, embasado em investigações das narrativas em redes sociais e nas dinâmicas da sociedade do consumo, bem como no chamado movimento anticonsumo, popularmente conhecido como consumo minimalista.
O segundo artigo livre traz relatos etnográficos, no qual os/as autores/as Denise Clementino de Souza, Jessica Rani Ferreira de Sousa, Marcio Gomes de Sá e Myrna Suely Silva Lorêto nos apresentam o texto ONDE ESTÃO AS MULHERES? Os lugares das artesãs na comunidade do Alto do Moura – PE. Ao longo das páginas, o artigo nos permite conhecer a história das mulheres artesãs do Alto do Moura, um centro de artes figurativas localizado em Caruaru, município do estado de Pernambuco, e como elas ocupam espaços distintos na comunidade. O texto aborda uma discussão que envolve desde os mecanismos sociais, econômicos e culturais até a divisão sexual do trabalho.
O terceiro artigo livre é apresentado por Andrea Joana Sodré de Sousa Garcia, Ana Carolina Torrente Pereira, Karlene Carvalho Marinho de Araujo, intitulado “EU SOU A CONSTITUIÇÃO!”: governo Bolsonaro e utilização de instrumentos coercitivos em nome do Estado. O artigo oferece análises teóricas e críticas sobre as relações entre Estado, governo e indivíduos durante o governo do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. Em particular, examina a utilização de mecanismos de opressão e coerção contra aqueles que se opuseram ao seu governo. Essas ações autoritárias são consideradas ameaças à democracia brasileira.
Trazemos também, com alegria e satisfação, uma entrevista com Lília Junqueira, recém-aposentada do quadro de professores do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal da Paraíba. Durante pouco mais de 2 horas, a professora conversou com Mohana Morais sobre sua trajetória de vida, que está intrinsecamente ligada à carreira docente. O texto, intitulado DA SOCIOLOGIA DA COMUNICAÇÃO A BALZAC: diálogo sobre trajetória e interdisciplinaridade com Lília Junqueira, não apenas presta uma homenagem à professora, mas também oferece aos leitores a oportunidade de conhecer ou relembrar suas contribuições à sociologia ao longo de mais de 30 anos dedicados às ciências sociais.
E finalizando a edição de número 30, trazemos uma resenha livre apresentada por Anderson Santos Cordeiro, intitulada RACISMO, EUGENIA E DESIGUALDADES: uma leitura crítica da obra de Gobineau. A resenha aborda a questão racial com foco nas teorias de Arthur de Gobineau, com base em sua obra Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas. O autor analisa a influência dessa obra em nossa sociedade, especialmente para fins políticos entre os séculos XIX e XX, tanto na Europa como no Brasil. Ele destaca que intelectuais brasileiros, como Oliveira Viana, João Batista Lacerda e Nina Rodrigues, foram influenciados a discutir questões raciais, degeneração, civilização e a demonização da miscigenação com base nos escritos de Gobineau. O autor argumenta que a obra de Gobineau serviu como base para a disseminação do racismo no Brasil e no mundo.
Neste número, tivemos a satisfação de receber as assistentes editoriais, que são as novas integrantes da equipe. A primeira é a professora e socióloga Geziane Oliveira, mestra em sociologia pelo PPGS/UFPB, graduada em ciências sociais pela UFPB e professora da rede de ensino estadual do estado do Espírito Santo, SEDU/ES. A segunda é a professora e socióloga Laís Campo Casado, mestra em sociologia pela UFPE, que atualmente está desenvolvendo pesquisa de doutorado no PPGS/UFPB sobre o papel dos imigrantes nos processos eleitorais no Brasil e Reino Unido. Também contamos com a colaboração de Deíse Santos do Nascimento, doutora e mestra em ciência da informação pelo PPGCI/UFPB, graduada em biblioteconomia pela UFPB, e professora da Universidade Federal do Cariri – UFCA, além de ser líder do grupo de pesquisa SABERES. Damos as boas-vindas a todas elas.
Boa leitura.
Os/as editores/as.
DOI: https://doi.org/10.46906/caos.n30.66728.p6-9
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