Etnozooterapia em comunidades do cerrado piauiense, Brasil
Tyago Henrique Alves Saraiva Cipriano1 , Diego Pires de Sousa Oliveira2 , Irineu Campêlo da Fonseca Filho3 , Brunna Laryelle Silva Bomfim4*
1 Secretaria de Estado da Educação do Piauí – SEDUC/PI, 11° GRE, Rua Erotides Lima, SN, Uruçuí, PI, Brasil. 64000-440
2 Instituto Federal do Piauí – IFPI, Campus Uruçuí, Rodovia PI 247, km 07, Portal dos Cerrados, Uruçuí, PI, Brasil. 64860-000
3 Instituto Federal do Piauí – IFPI, Campus Angical, Rua Nascimento, n. 746, Centro, Angical do Piauí, PI, Brasil. 64410-000
4 Instituto Federal do Piauí – IFPI, Campus Uruçuí, Rodovia PI 247, km 07, Portal dos Cerrados, Uruçuí, PI, Brasil. 64860-000
*Autor para correspondência: brunnalaryelle@yahoo.com.br
Recebido em 02 de abril de 2020.
Aceito em 03 de setembro de 2020.
Publicado em 30 de setembro de 2020.
Resumo - A Etnozoologia analisa a relação entre as comunidades humanas e a fauna local. A zooterapia se destaca como uma de suas subáreas e apresenta as práticas ligadas ao uso de remédios à base de animais. Objetivou-se analisar o uso medicinal de animais e subprodutos em duas comunidades rurais no cerrado nordestino brasileiro. Desenvolveu-se o estudo a partir da aplicação de formulários semiestruturados a 16 famílias de duas comunidades rurais. As espécies com maior número de citações foram: Lycalopex vetulus (raposa), Gallus gallus domesticus (galinha) e o Euphractus sexcinctus (tatu peba). Foi percebido que devido ao contato com a natureza, comunidades humanas desenvolveram saberes acerca da utilização de medicamentos à base de animais para o tratamento de doenças como gripe, asma e inflamações na garganta. Entretanto, a ação antrópica vem causando impactos ambientais negativos como, por exemplo, uma expressiva diminuição na densidade populacional de diversas espécies de animais na natureza.
Palavras-chave: Enfermidade. Etnobiologia. Etnozoologia. Fauna.
Ethnozootherapy in communities in the cerrado of piauí state, Brazil
Abstract - Ethnozoology analyzes the relationship between human communities and local fauna. Zootherapy stands out as one of its subareas and presents practices related to the use of animal-based medicines. The objective was to analyze the medicinal use of animals and by-products in two rural communities in the Brazilian Northeast. The study was developed from the application of semi-structured forms from two rural communities. The species with the highest number of citations were: Lycalopex vetulus (fox), Gallus gallus domesticus (chicken) and Euphractus sexcinctus (armadillo). It was noticed that due to the contact with nature, human communities developed knowledge about the use of animal-based medicines for the treatment of diseases such as influenza, asthma and inflammations in the throat. However, anthropic action has been causing negative environmental impacts, such as a significant decrease in the population density of several species of animals in the wild.
Key words: Disease. Ethnobiology. Ethnozoology. Fauna.
Etnozooterapia en comunidades en el cerrado del estado de piauí, Brasil
Resumen - La Etnozoología analiza la relación entre las comunidades humanas y la fauna local. La zooterapia se destaca como una de sus subáreas y presenta prácticas relacionadas con el uso de medicamentos de origen animal. El objetivo era analizar el uso medicinal de animales y subproductos en dos comunidades rurales en el cerrado nordestino brasileño. Este estudio se ha desarrollado con la aplicación de formularios semiestructurados a 16 familias de dos comunidades rurales. Las especies con mayor número de citas fueron: Lycalopex vetulus (zorro), Gallus gallus domesticus (gallina) y el Euphractus sexcinctus (gualacate). Se percibió que, debido al contacto con la naturaleza, las comunidades humanas desarrollaron conocimientos acerca del uso de medicamentos de origen animal para el tratamiento de enfermedades como gripe, asma e inflamaciones en la garganta. Sin embargo, la acción antrópica ha causado impactos ambientales negativos como, por ejemplo, una expresiva disminución en la densidad poblacional de diversas especies de animales en la naturaleza.
Palabras clave: Enfermedad. Etnobiología. Etnozoología. Fauna.
Introdução
A Etnozoologia analisa a relação entre as comunidades humanas e a fauna local. . Tal relação pode ou não trazer impactos negativos para o meio ambiente, já que muitos dos animais utilizados são silvestres, sendo obtidos através da caça (Mattos e Santos 2016).
Dentre as subáreas da Etnozoologia encontra-se a zooterapia, a qual se refere às práticas de produção de remédios à base de animais (inteiros ou partes destes) ou subprodutos (Palitot et al. 2012). Primordialmente, comunidades humanas, mediante pouco acesso à medicina moderna, utilizavam medicamentos de formulação tradicional à base de animais para suprir suas necessidades em se tratando do tratamento de enfermidades. O desenvolvimento das cidades, urbanização, acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS) e tecnologias, proporcionaram uma mudança nesse cenário, entretanto, as populações tradicionais ainda permanecem com essa prática devido, além de fatores socioeconômicos, culturais. Segundo Silva et al. (2016), essas comunidades são riquíssimas de conhecimentos/hábitos, passados de geração em geração.
É percebido em toda a história da humanidade a relação que existe entre o homem e os recursos naturais; tal relação baseia-se na necessidade que este indivíduo possui de buscar na natureza recursos essenciais para sua sobrevivência (Santos e Lima 2017).
O uso de zooterápicos na medicina popular está presente nas mais diversas culturas ao redor do mundo, desde tempos antigos (Fischer et al. 2018). Tal interação homem/animal está diretamente ligada na história da humanidade como uma das mais antigas formas de correlação entre os seres humanos e a biodiversidade (Oliveira et al. 2016). “Práticas ancestrais de zooterapia (uso das potencialidades terapêuticas da fauna) existem há pelo menos 6000 anos, e têm sido mantidas ao longo de gerações até os tempos modernos” (Souza et al. 2017 p.1).
Perspectivas históricas, aspectos relacionados à conservação e à validação de medicamentos tradicionais e dificuldades no desenvolvimento de pesquisas sobre fauna medicinal, são fatores que demonstram a necessidade de se compreender melhor as práticas zooterápicas (Souto et al. 2011).
Na medicina tradicional, fitoterápicos são amplamente utilizados, enquanto zooterapêuticos consistem, geralmente, em uma fonte secundária para o tratamento de doenças (Silva 2008). Entretando, tanto o uso indiscriminado de espécies vegetais quanto animais podem ocasionar problemas locais e ameaça de extinção, prejudicando a continuidade de seu uso pelos presentes e futuras gerações, além da perda de conhecimento ao longo das gerações, devido ao desuso de tais práticas. É nesta perspectiva que pesquisas etnozoológicas constuem importante ferramenta para a compreensão do conhecimento e uso tradicional dos zooterápicos (Shams et al. 2019).
Tendo em vista que não se encontram em grandes proporções pesquisas realizadas no cerrado piauiense evidenciando a potencialidade da fauna como ferramenta utilizada pelas comunidades locais para o tratamento de enfermidades, é que se justifica a relevância da realização dessa pesquisa. Assim, o estudo buscou responder ao seguinte questionamento: como se dá a utilização de zooterápicos por duas comunidades rurais do Cerrado brasileiro? Diante disso, procurou-se estudar a Zooterapia em duas comunidades rurais do Cerrado no estado do Piauí, buscando conhecer as espécies animais utilizadas no tratamento de enfermidades, bem como as principais indicações.
Material e métodos
Área de estudo
O município de Uruçuí (07º13’46”S e 44º33’22”W), pertencente ao estado do Piauí (Figura 1), situa-se a 498 km da capital Teresina, e está localizado na microrregião do alto Parnaíba Piauiense. Uruçuí compreende uma área de 8.452,025 km² e possui população de 20.152 habitantes, sendo a densidade de 2,4 habitantes/Km2. O clima é Tropical Subúmido Quente, com duração do período seco de cinco meses, apresenta vegetação do tipo Campo Cerrado e Cerradão e dispõe de recursos hídricos como o Rio Parnaíba, Uruçuí Preto e Catapora, e os riachos Vereda do São Gregório, Grande e da Estiva (IBGE 2010).
Figura 1. Localização do Município de Uruçuí.
Fonte: IBGE (2015) adaptador por Bueno e Santos (2019).
Uruçuí destaca-se como um dos principais produtores da monocultura da soja no Sul do Piauí, que é um dos estados que integram a região do MATOPIBA, formada pelo Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, referindo-se a um grupo de estados que vêm se notabilizando nos últimos anos como produtores de grãos em larga escala. Nesse contexto, o segmento agrícola e agroindustrial desse município é uma atividade produtiva, economicamente responsável pelo seu crescimento econômico e mantém uma grande arquitetura socioeconômica na atualidade, além de representar uma atividade de subsistência quando cultivado em pequena escala (no caso da agricultura familiar) (Ribeiro et al. 2020).
A pesquisa foi realizada em duas comunidades rurais do município de Uruçuí – PI. Por questões éticas e acordo com os participantes da pesquisa, as comunidades são aqui denominadas como comunidade A e comunidade B. A escolha das comunidades se deu por estarem na região do município onde são registradas maior ocorrência de caça de animais silvestres. De acordo com os agentes de saúde da região, a comunidade A, localizada a aproximadamente 30 km do centro urbano do município supracitado, dispõe de um total de 9 famílias. Na comunidade B, que se distancia 5 km da comunidade A e 35 km do centro urbano da cidade, o número de famílias é mais significativo, totalizando 21. Dessa forma, as duas comunidades juntas somam 109 pessoas, dos quais 55 são do gênero masculino e 54 do gênero feminino, sendo que, a maioria dos habitantes do local apresentam algum grau de parentesco.
A principal atividade econômica nas comunidades é a agricultura de subsistência, a qual é utilizada como principal fonte de renda ou como complementação da renda. Os produtos cultivados pelos moradores são: arroz (Oryza sativa L.), fava (Vicia faba L.) milho (Zea mays L.), feijão (Vigna unguiculata L.), cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.), bananas (Musa spp.), mandioca (Manihot esculenta Crantz) e coco-babaçu (Orbignya speciosa (Mart.) Barb. Rodr.), o qual é utilizado para extração do azeite. A comunidade também possui grande quantidade de espécies vegetais frutíferas como: caju (Anacardium occidentale L.), manga (Mangifera indica L.), buriti (Mauritia flexuosa L.) e umbu (Spondias tuberosa Arr. Cam.), os quais são utilizados como alimento pelas famílias, ou ainda no preparo de polpas e doces para comercialização, auxiliando na renda familiar. A segunda atividade econômica importante nas comunidades entrevistadas é a pecuária, representada pela criação de pequenos rebanhos de bovinos, suínos, caprinos, ovinos e aves.
Coleta e análise de dados
A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de ética e Pesquisa com Seres Humanos (CAAE) com Nº 92054918.5.0000.5211 e pelo Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado sob o Nº AC7C06C.
Visando um maior sucesso no que diz respeito a obtenção de informações junto às comunidades, anterior a coleta de dados propriamente dita, procurou-se estabelecer uma relação de confiança entre entrevistado e entrevistador por intermédio da técnica denominada de rapport. A técnica é caracterizada pela sintonia e empatia entre os sujeitos envolvidos no desenvolvimento do estudo (Alexiades 1996), a qual pôde ser obtida com a realização de visitas prévias às comunidades. Após uma maior familiarização com os participantes, foi possivel a identificação dos representantes de cada família, optando-se por pessoas de maior idade, bem como por aqueles responsáveis por questões relacionadas ao tratamento de enfermidades com os demais membros da casa.
Por se tratar de uma pesquisa envolvendo o uso de animais silvestres e de caça, os entrevistados só aceitaram participar da pesquisa se fosse mantido o sigilo de suas identidades, assim como da identidade das comunidades entrevistadas.
Foi utilizada metodologia aplicada por Begossi et al. (2009), o qual afirma que em comunidades com até 50 famílias, as entrevistas serão realizadas em todos os lares. Para coleta dos dados, foram utilizados formulários semiestruturados, formados a partir de 4 questões abertas e 7 questões fechadas. Os questionários foram complementados por conversas informais, as quais visavam, de maneira não tão invasiva, obter informações relacionadas a utilização de animais no tratamento de enfermidades, quais epécies eram utilizadas, como o “medicamento” é desenvolvido, como os conhecimentos culturais eram adquiridos, além de informações referentes aos dados socioeconômicos das famílias. As entrevistas foram registradas com um auxílio de um gravador digital para melhor tabular e analizar os dados obtidos. Inicialmente, foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), sendo este lido e explicado antes de cada entrevista, de modo que fosse fornecido aos pesquisadores a assinatura ou digital dos entrevistados que aceitassem participar da pesquisa.
Ao final das entrevistas, foram identificados os informantes-chave das comunidades, que são os indivíduos que residem no local e, consequentemente, apresentam maior experiência sobre determinado assunto de interesse da pesquisa (Marques 1995). Nesse sentido, a partir da identificação dos informantes-chave, realizou-se a identificação das espécies relatadas pelos moradores. Inicialmente, foi elaborado uma lista contendo o nome vernacular das espécies mencionadas, bem como diferentes registros fotográficos de animais que possivelmente pudessem ser a espécie relatada. A lista foi apresentada aos informantes-chave, de modo que os mesmos pudessem realizar a identificação. Em caso de dúvidas, espécimes eram fornecidos pelos moradores para facilitar o reconhecimento junto a literatura especializada. Quanto a identificação dos nomes científicos, estes foram feitos através do site ITIS (2019). As doenças citadas pelos entrevistados foram classificadas de acordo com o Código Internacional de Doenças (CID).
Realizou-se a análise quantitativa dos dados com base no cálculo do Valor de Uso das espécies, conforme o método utilizado por Rossato et al. (1999), a partir da adaptação de Phillips e Gentry (1993a) e Phillips e Gentry (1993b) que possibilitou destacar a importância relativa de cada espécie citada pela comunidade, através da aplicação da fórmula: VU = ∑U/n, (VU representa o Valor de Uso, U equivale ao número total de citação por espécies, e n corresponde ao número de informantes).
Resultados e discussão
Das 33 famílias que compõem as comunidades, 16 famílias aceitaram participar da pesquisa, sendo entrevistada uma pessoa em cada lar, totalizando dois homens e 14 mulheres, com idade entre 17 e 82 anos. De acordo com os dados socioeconômicos dos entrevistados, em relação à renda mensal familiar, 43% das famílias afirmaram receber menos de um salário mínimo, 50% recebem entre um e dois salários mínimos e 7% informaram receber mais de dois salários mínimos. As famílias são compostas por uma média de cinco pessoas e a principal atividade econômica é caracterizada pela prática de produção agrícola e criação, além da caça e pesca que se mostraram como atividades corriqueiramente utilizadas pelos entrevistados para subsidiar suas necessidades.
Diversidade de espécies e valor de uso
Foram citadas 23 espécies de animais de uso terapêutico distribuídas em 20 famílias taxonômicas (Tabela 1). O grupo dos mamíferos foi o mais representado (10 espécies citadas), seguido pelos artrópodes (04), répteis (05), peixes (02) e aves (02). Entre as finalidades terapêuticas desses animais, segundo os entrevistados, destacam-se o tratamento de gripe, dores no corpo, feridas, febre, queimadura e convulsão. Um estudo realizado por Santos (2009) mostra que, somente no Nordeste brasileiro, cerca de 258 espécies de animais são amplamente utilizadas na medicina tradicional.
Tabela 1. Espécies animais utilizadas para fins medicinais segundo entrevistados em duas comunidades rurais Uruçuí-PI, Brasil, 2018
Pista taxonômica |
Espécie / Gênero |
Nome popular |
Citações |
Valor de uso |
Alligatoridae |
Crocodylia sp. (Gray, 1844) |
Jacaré |
1 |
0,06 |
Apidae |
Apis mellifera (Linnaeus 1758) |
Oropa |
7 |
0,50 |
Melipona compressipes (Smith 1854) |
Tiúba |
7 |
0,43 |
|
Blattidae |
Periplaneta americana (Linnaeus 1758) |
Barata |
3 |
0,25 |
Boidae |
Eunectes spp (Linnaeus 1758) |
Sucruiu |
2 |
0,18 |
Bovidae |
Bos sp. (Linnaeus 1758) |
Boi |
2 |
0,25 |
Canidae |
Lycalopex vetulus (Lund 1842) |
Raposa |
11 |
1,06 |
Cuniculidae |
Cuniculus paca (Linnaeus 1766) |
Paca |
1 |
0,06 |
Dasypodidae |
Euphractus sexcinctus (Linnaeus 1758) |
Tatu Peba |
12 |
1,18 |
Tolypeutes tricinctus (Linnaeus 1758) |
Tatu bola |
1 |
0,06 |
|
Dasypus novemcinctus (Gray 1821) |
Tatu Verdadeiro |
2 |
0,06 |
|
Echimyidae |
Thrichomys apereoides (Lund 1839) |
Rabudo |
1 |
0,12 |
Felidae |
Panthera onca (Linnaeus 1758) |
Onça pintada |
2 |
0,12 |
Hystricidae |
- |
Quandu |
1 |
0,06 |
Potamotrygon |
- |
Arraia |
1 |
0,06 |
Myrmecophagidae |
Tamandua tetradactyla (Linnaeus 1758) |
Lapixó |
2 |
0,12 |
Phasianidae |
Gallus gallus domesticus (Linnaeus 1758) |
Galinha |
16 |
1,18 |
Actinopterygii |
- |
Peixe |
1 |
0,06 |
Viperidae |
Crotalus durissus (Linnaeus 1758) |
Cascavel |
1 |
0,06 |
Rheidae |
Rhea americana (Linnaeus 1758) |
Ema |
1 |
0,06 |
Buthidae |
Tityus serrulatus (Lutz e Mello 1922) |
Lacraia/ Escorpião |
1 |
0,06 |
Suidae |
Sus scrofa domesticus (Grey 1821) |
Porco |
2 |
0,18 |
Teiidae |
Tupinambis sp. (Daudin 1802) |
Teiú |
1 |
0,12 |
Os zooterápicos apresentaram os valores de uso entre 0,06 e 1,18 (Tabela 1). As espécies com maiores VUs geral foram a G. gallus domesticus (galinha) e o E. sexcinctus (tatu peba), sendo estes indicados, respectivamente, para o tratamento de doenças como gripe e dores de ouvido, o que corrobora com os estudos de Coelho et al. (2017), segundo os quais, a galinha e o tatu peba estão entre os animais mais citados em seus estudos, sendo indicados para as mesmas enfermidades citadas nesta pesquisa. Em tais estudos, o VU geral da G. gallus domesticus também aparece entre as espécies com maiores valores apresentados. O VU geral é considerado um parâmetro tradicional em estudos etnobiológicos, o que auxilia no subsídio de práticas de manejo dada a função de mapear espécies detentoras de altos valores de uso, direcionando para o entendimento da ocorrência de pressão de uso (Lucena et al. 2012).
A alta representatividade no que tange a utilização de determinadas espécies de animais no Nordeste brasileiro se dá, principalmente, pela fácil aquisição, bem como as diversas finalidades de utilização desses organismos pelos moradores, seja na medicina, culinária ou fonte de renda; além disso, é importante destacar que os fatores culturais são determinantes na escolha das espécies e seus diversos propósitos (Rodrigues e Dantas 2017). Dessa forma, é provável que tais fatores estejam associados à preferência dos entrevistados pela G. Gallus domesticus e o E. Sexcinctus. Nos estudos realizados por Lima et al. (2018), Lima e Severiano (2019) e Oliveira e Calixto Júnior (2016), em comunidades humanas do Nordeste brasileiro, a utilização dos animais supracitados também se destacaram entre as respostas dos entrevistados.
Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio (2016), três das 23 espécies mencionadas pelos entrevistados estão ameaçadas de extinção, sendo elas: L. Vetulus (raposa), Panthera onca (onça pintada) e Tolypeutes tricinctus (tatu bola). As ações do ser humano são as maiores responsáveis pela perda de espécies, sendo que a perda natural torna-se irrisória quando comparada com os impactos causados pela ação antrópica, que já provocou a extinção de milhares delas (Barnosky et al. 2011).
Os impactos locais ocasionados pelo uso de espécies silvestres bem como de atividades decorrentes da agricultura em larga escala na região é percebido na fala de um dos entrevistados, ao afirmar que: “no decorrer dos anos as caças foram desaparecendo, talvez por conta das queimadas e desmatamentos frequentes na região” (Sr. A., 30 anos). Nessa perspectiva, Ogoanah e Omijie (2017) alertam para a necessidade de ações que visem a conservação das espécies utilizadas.
Souto et al. (2011) acreditam que além de pouca ênfase dada às espécies ameaçadas de extinção, as quais podem acarretar na falta de informações sobre os zooterápicos a curto prazo; pouca atenção tem sido dada também para as reações adversas no uso de medicamentos tradicionais das populações locais, a exemplo do risco de contaminação biológica e agravos à saúde dos indivíduos que os utilizam, fato também observado nesta pesquisa, ao perceber que, os entrevistados não conhecem nenhum risco na utilização dos recursos citados para o tratamento de enfermidades. Os mesmos relataram que nenhum efeito colateral é observado nos usuários e, por este motivo, utilizam e acreditam na potencialidade de tal recurso natural.
Formas de Uso
Dentre os animais mencionados pelos entrevistados, a G. Gallus domesticus (galinha) mostrou-se como a espécie animal mais conhecida e utilizada para fins medicinais, uma vez que todos afirmaram utilizar sua gordura para o tratamento de doenças como gripe e inflamações na garganta (Tabela 2). Segundo Ribeiro et al. (2014) a predominância da utilização de determinadas espécies em uma região caracteriza uma maior probabilidade de serem apresentados por estes um potencial medicinal, tendo em vista sua maior aceitabilidade pela comunidade. Um estudo realizado por Rodrigues e Dantas (2017) aponta o uso deste produto para o tratamento de dores no ouvido entre moradores de uma comunidade rural de Crateús- CE.
Tabela 2. Espécies animais e suas respectivas indicações segundo entrevistados de duas comunidades rurais, Uruçuí-PI, Brasil, 2018.
Nome popular/ Pista taxonômica |
Indicações |
Parte utilizada/ Subprodutos |
Modo de preparo |
Uso |
Galinha (Gallus gallus domesticus) |
Gripe/Resfriado; Dores de garganta |
Banha |
Derretimento da banha |
Via oral ou uso tópico |
Tiúba (Melipona compressipes) |
Queimadura; Gripe/Resfriado |
Mel |
Natural |
Via oral ou uso tópico |
Oropa (Apis melífera) |
Gripe/Resfriado |
Mel |
Natural |
Via oral |
Jacaré (Crocodylia sp.) |
Febre |
Banha |
Derretimento da banha; |
Via oral |
Raposa (Lycalopex vetulus) |
Dores no ouvido; Convulsão; Dores no corpo; Asma; Prevenção de doenças mentais |
Banha |
Derretimento da banha |
Via oral ou uso tópico |
Tatu Peba (Euphractus sexcinctus) |
Ferimentos; Dores no corpo; Gripe/Resfriado |
Banha |
Derretimento da banha |
Via oral ou uso tópico |
Lacraia/Escorpião (Tityus serrulatus) |
Picada de lacraia/escorpião |
Vísceras |
Natural |
Uso tópico |
Quandu (Hystricidae) |
Qualquer enfermidade |
Banha |
Derretimento da banha |
Via oral |
Rabudo (Thrichomys apereoides) |
Gripe/Resfriado; Asma |
Banha |
Derretimento da banha |
Via oral |
Tatu bola (Tolypeutes tricinctus) |
Qualquer enfermidade |
Banha |
Derretimento da banha |
Via oral |
Sucruiu (Eunectes spp) |
Dor de ouvido; Dores no corpo; |
Banha |
Derretimento da banha |
Uso tópico; |
Cascavel (Crotalus durissus) |
Qualquer enfermidade; Dores na coluna; |
Banha |
Derretimento da banha |
Uso tópico |
Onça pintada (Panthera onca) |
Convulsão; Surdez |
Banha |
Derretimento da banha |
Uso tópico |
Lapixó (Tamandua tetradactyla) |
Qualquer enfermidade; Dores nos olhos |
Banha |
Derretimento da banha |
Via oral ou uso tópico |
Boi (Bos sp.) |
Gripe/Resfriado; Dores no corpo |
Banha |
Derretimento da banha |
Via oral |
Porco (Sus scrofa domesticus) |
Dores no corpo; Febre |
Banha |
Derretimento da banha |
Via oral ou uso tópico |
Ema (Rhea americana) |
Tosse seca |
Banha |
Derretimento da banha com adição de sal e cebola branca |
Via oral |
Tatu Verdadeiro (Dasypus novemcinticus) |
Dor de ouvido |
Urina |
Pegar após capturar o animal |
Uso tópico |
Paca (Cuniculus paca) |
Hepatite |
Vesícula biliar |
Retirar do animal após a captura e colocar de molho |
Via oral |
Arraia (Potamotrygon) |
Asma |
Gordura do fígado |
Derretimento da banha |
Via oral |
Tiú (Tupinambis sp.) |
Surdez |
Banha |
Derretimento da banha |
Uso tópico |
Barata (Periplaneta americana) |
Asma |
Todo o corpo |
Fritar e fazer chá |
Via oral |
Peixe (Actinopterygii) |
Queimadura |
Banha |
Derretimento da banha |
Uso tópico |
A utilização da L. vetulus (raposa) e do E. sexcinctus (tatu peba) também se destacaram entre as informações dos participantes da pesquisa, sendo indicados principalmente no tratamento de dores no corpo, gripe, asma e para a prevenção de doenças mentais. O uso do E. sexciuntus também está presente na farmacopeia de comunidades rurais do estado da Paraíba, Nordeste do Brasil, conforme apresentado por Santos et al. (2019). Em muitos casos, o uso desses remédios está associado à crenças populares locais, que são conhecidas como simpatias, denotando a influência cultural no uso de animais na medicina popular (Alves e Rosa 2006), o que é reforçado por Melo et al. (2014), os quais afirmam que essas crenças não devem ser subestimadas.
A utilização de espécies de animais silvestres sem uma devida precaução pode ocasionar a proliferação de agentes infeciosos (Sousa et al. 2018; Carrijo e Limongi 2019), tendo em vista que grande parte dos patógenos que acometem os seres humanos são provenientes de animais silvestres e domésticos (Karesh et al. 2012). Organismos pertencentes à ordem Cingulata (tatus), por exemplo, caracterizam-se como um grupo de animais silvestres altamente zoonóticos, sendo encontrados registros de transmissão de inúmeras doenças através da interação do homem com esses animais, a exemplo da toxoplasmose, leishmaniose, hanseníase e coccidioidomicose (Capellão et al. 2015; Carrijo e Limongi 2019). Nesse sentido, a alta representatividade na utilização do E. sexcinctus pelos moradores, evidencia a falta de conhecimento no que tange aos potenciais riscos associados a utilização dessas espécies de animais silvestres.
Ao realizarem um levantamento bibliográfico acerca da participação de espécies de animais pertencentes à ordem cingulata (tatus) no ciclo de zoonoses causadas por protozoários, bactérias e fungos na América do Sul, Capellão, et. al (2015) constataram a presença de diversos agentes etiológicos em diferentes espécies deste animal, os quais mostraram-se bem distribuídos no território nacional. Dentre os estados brasileiros com estudos previamente desenvolvidos que apresentam potenciais áreas de emergência de surtos zoonóticos, estão: Ceará, Espírito Santo, São Paulo, Pará, Minas Gerais, Mato Grosso, Pernambuco, Amazonas, Goiás, Rondônia, Rio Grande do Sul e Piauí, sendo a hanseníase caracterizada por se destacar como a mais associada com o contato entre humanos e tatus (Capellão; et al. 2015).
A principal parte do animal citada para uso medicinal foi a gordura, chamada pelos entrevistados de banha. A utilização da gordura de animais no tratamento de doenças também é relatada nos estudos de Oliveira et al. (2016) e Lima, Santos e Lucena (2018), os quais foram desenvolvidos no interior da Paraíba, onde o tratamento por intermédio deste recurso estava direcionado a problemas como reumatismo, ferimentos e resfriado.
Quanto ao preparo do medicamento à base de banha, utiliza-se o mesmo método para todas as espécies de animais, sendo feito o derretimento da gordura, para facilitar sua aplicação, seja via oral ou uso tópico (Tabela 2). De acordo com os entrevistados, os remédios utilizados à base de gordura de G. gallus domesticus (galinha), Sus scrofa domesticus (porco) e Bos sp. (gado bovino), são retirados de animais criados na comunidade (3%), já a gordura retirada de animais silvestres, por outro lado, são obtidos de indivíduos através da caça (52%) e da pesca (45%).
Ainda sobre o uso de animais silvestres, os informantes apontaram como formas de captura o uso de espingardas, cachorros e serva. Os animais caçados com o uso de cachorros treinados são: Euphractus sexcinctus (tatu), Tolypeutes tricinctus (tatu-bola), (tatu peba), Lycalopex vetulus (raposa), Cuniculus paca (paca), Dasypus novemcinticus (tatu-verdadeiro), Panthera onca (onça), Hystricidae (quandu) e (lapixó). O método de captura por serva é feito em associação ao uso de espingardas e foi descrito pelos entrevistados da seguinte forma: alimentos são colocados em determinados locais com a finalidade de atrair os animais, ao avistar o animal se alimentar, os caçadores utilizam as espingardas para realizar o abatimento. Os animais capturados dessa forma são: Cuniculus paca (paca) e Rhea americana (ema).
Estudos farmacológicos realizados em camundongos apontam a ação anti-inflamatória presente na gordura (banha) das espécies C. durissus e E. sexcinctus (Fereira, et al., 2014). Já em relação à banha de G. gallus domesticus, Dias et al. (2018) realizaram testes laboratoriais nos quais não foi possivel perceber ação antibacteriana do material isolado, no entanto, em associação com antiobióticos, a gordura da galinha doméstica apresentou ação sinérgica. Não foram encontrados resultados de testes farmacológicos realizados com as demais espécies citadas.
De acordo com os entrevistados, os produtos zooterápicos são extraídos, principalmente de animais silvestres, sendo citadas apenas três espécies domésticas para uso terapêutico. As espécies de animais silvestres apontadas são provenientes da caça, no entanto o principal objetivo da obtenção de tais animais é para fins alimentícios, já que a carne de tais animais é utilizada na culinária local, tendo apenas seus subprodutos utilizados na medicina tradicional. Souto et al. (2019) confirmam que comunidades entrevistadas sobre uso da caça geralmente afirmam que o principal uso desse animais é para fins alimentícios. Após a captura dos animais, parte é usada na alimentação, enquanto outros componentes do animal são guardados, doados ou vendidos para vizinhos para uso medicinal.
Inúmeros valores são atribuídos aos animais silvestres, quais sejam a alimentação, aspectos culturais, sociais e ecológicos de uma comunidade (Barbosa et al. 2014). Alves et al. (2013), ao estudarem os vínculos entre os usos terapêutico-alimentares tradicionais da vida silvestre, constataram que estes animais utilizados na medicina e culinária local, são de extrema relevância para tempos de crise, além de desempenharem um importante papel nutricional.
O mel da abelha se destacou entre as respostas sobre uso de produtos zooterapêuticos, tendo como principal indicação o tratamento de gripes e resfriados (Tabela 2). Em estudos acerca do uso tradicional de recursos faunísticos por uma comunidade afro-brasileira, Costa Neto (2000) relatou que dentre os produtos zooterapêuticos, a maior parte deles é proveniente da caça, pesca e também da coleta de mel. Ainda segundo o autor, os méis silvestres são bastante consumidos e utilizados para o tratamento de doenças entre as comunidades. A ação terapêutica do mel tem sido demonstrada através de testes laboratoriais, os quais apontam atividade imunomoduladoras, cicatrizantes, antiinflamatórias, antidiabéticas, antimicrobiana e antioxidante, com testes positivos, inclusive, para tratamento de neoplasias (Escobar e Xavier 2013; Rana et al. 2018).
Partes do corpo dos animais também são utilizadas como produtos zooterápicos conforme relatado pelos entrevistados:
“Quando é esporado por lacraia, você pega a própria lacraia5, parte no meio e passa o fato6 dela em cima de onde foi picado” (Sr. D. 23 anos).
“O fel7 da paca é bom para hepatite...” (Sr. A. 30 anos).
“Meu pai me deu chá de barata sem eu saber, e só assim fiquei boa da asma” (Sr. N. 23 anos).
Tal método é relatado em estudos de Coelho et al. (2017), no qual moradores de comunidades da Caatinga pernambucana afirmaram utilizarem partes integrantes ou subprodutos dos animais para elaboração de remédios.
Quando questionados sobre a possibilidade de indicação do medicamento zooterápico à outra família, todos os entrevistados afirmaram que indicam o uso de zooterápicos à outras pessoas. Durante as entrevistas, foi possivel observar ainda que o conhecimento dos zooterápicos citados, embora adquirido de forma horizontal, tem sua principal fonte a transmissão de forma vertical, ou seja, através das gerações, sendo possível ainda notar que os moradores de maior idade são os que mais conhecem e utilizam tais recursos medicinais. Resultados semelhantes são apresentados por Oliveira, Mezzomo e Moraes (2018), os quais afirmam que os conhecimentos medicinais apresentados por moradores do município de Colombo-PB não vinham de profissionais da saúde, mas sim por meio de um conhecimento empírico passado de geração à geração. É nessa perspectiva que Jesus et al. (2009) afirmam que essas informações transmitidas por pessoas de mais idade pode inferir em uma maior confiabilidade, levando o indivíduo a utilizar estas de forma mais cotidiana.
Alves e Dias (2010), confirmam que os conhecimentos zooterapêuticos das diversas comunidades humanas são transmitidos entre as gerações principalmente por meio da tradição oral, os quais estão associados com outros aspectos da cultura desses moradores. Tal conjunto de técnicas em saúde são embasadas em práticas e observações sistêmicas, construídas ao longo das gerações (Pinto et al. 2015).
O conhecimento notoriamente maior entre indivíduos de idade mais avançada é percebido em diversos trabalhos sobre conhecimento tradicional, e pode ser explicado por duas razões: o tempo de vivência maior destas pessoas possibilitou maiores expriências sobre uso dos recursos em comparação com pessoas mais novas; outro fato, igualmente importante para explicar a diferença dos níveis de conhecimento entre as diferentes faixas etárias é a urbanização recente de diversas comunidades, a qual substituiu grande parte do uso de recursos naturais no tratamento de doenças, por exemplo, pelo uso de medicamentos da indústria farmacêutica. O impacto da urbanização no conhecimento do uso de zooterápicos também é apresentado por Shams et al. (2018), em estudo realizado no Paquistão.
Conclusão
Nas comunidades analisadas, doenças como gripe, asma, inflamações na garganta e dores no corpo são amplamente tratadas com produtos e/ou subprodutos zooterápicos.
Observou-se que animais utilizados na produção de zooterápicos, na maioria das vezes, são obtidos através da caça, a qual pode implicar na diminuição da densidade de animais silvestres na natureza.
É importante ressaltar que essa cultura do uso de recursos naturais no tratamento de doença é transmitida entre gerações, caracterizando-se como um conhecimento popular local, mas que vem se perdendo ao longo do tempo devido a urbanização das comunidades tradicionais e desinteresse demonstrado pelos indivíduos em função também do avanço em tecnologias medicinais e democratização do acesso aos serviços de saúde pública, sendo importante a realização de ações que auxiliem na preservação de tais conhecimentos.
Torna-se necessário ainda estudos laboratoriais que confirmem ou não o poder terapêutico das espécies e subprodutos citados.
Participação dos autores: THASC - coleta de dados, redação do artigo; DPSO – coleta de dados e redação da metodologia; ICFF coorientador, atuando na redação dos resultados; BLSB – orientadora principal e atuou na redação dos resultados.
Aprovação ética e licenças: aprovada pelo Comitê de ética e Pesquisa com Seres Humanos (CAAE) com Nº 92054918.5.0000.5211 e pelo Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado sob o Nº AC7C06C.
Disponibilidade dos dados: dados não disponíveis em nenhuma base.
Fomento: THASC e DPSO foram bolsistas do Programa PIBIC do Instituto Federal do Piauí - IFPI.
Conflito de Interesses: Os autores declaram não haver conflito de interesses.
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