Plantas medicinais, usos e memória na Aldeia do Cajueiro, Pará

Élida Adriany Brito da Silva1, Maria Danielle de Souza da Conceição1, Maria Antonia Ferreira Gois² , Flávia Cristina Araújo Lucas³*

1 Universidade do Estado do Pará, Centro de Ciências Sociais e Educação. Tv. Djalma Dutra, 156, Telégrafo, Belém, PA, 66050-540.

² Museu Paraense Emílio Goeldi. Av. Gov Magalhães Barata, 376 - São Brás, Belém - PA, 66040-170

³ Herbário Profª Drª Marlene Freitas da Silva. Universidade do Estado do Pará, Centro de Ciências Sociais e Educação. Tv. Djalma Dutra, 156, Telégrafo, Belém – PA, CEP: 66050-540

* Autora para correspondência: copaldoc@yahoo.com.br


Recebido em 20 de maio de 2020.

Aceito em 14 de setembro de 2020.

Publicado em 30 de setembro de 2020.



Resumo - Quintais tradicionais na Amazônia representam fontes de recursos naturais terapêuticos e expressam conhecimentos relacionados a cultura local. Realizou-se um estudo etnobotânico sobre usos e memória com plantas medicinais na Aldeia Indígena do Cajueiro, município de Paragominas, Pará. Os dados foram obtidos por meio de observação não participante e entrevistas semiestruturadas com especialistas locais, selecionados por seleção racional. A partir das entrevistas foi calculado valor de importância das espécies segundo cada especialista. Trabalhou-se com a História Oral para estimular a busca pela memória de uso e os conhecimentos ainda preservados com a medicina tradicional. Identificaram-se 39 espécies, distribuídas em 22 famílias botânicas. As espécies que obtiveram o maior valor de importância foram caju (Anacardium occidentale L.), manga (Mangifera indica L.), seguidas com pariri (Fridericia chica (Bonpl.) L.G.Lohmann), cidreira (Lippia alba (Mill) N. E. Brown.), capim santo (Cymbopogon citratus (DC.) Stapf). As plantas existentes apenas na memória de alguns dos moradores trouxe a tona fragilidades na transmissão de informações bioculturais entre os membros da comunidade. Modificações nas formas de vida, alteração da paisagem e abandono de práticas tradicionais têm prejudicado o compartilhamento de saberes entre especialistas e moradores.


Palavras chave: Conhecimento tradicional. Etnobotânica. Etnofarmacologia.

Medicinal plants, uses and memory in the Village of Cajueiro, Pará

Abstract - Traditional backyards in the Amazon represent sources of therapeutic natural resources and express knowledge related to local culture. An ethnobotanical study on uses and memory of medicinal plants was carried out in the Aldeia Indígena do Cajueiro, municipality of Paragominas, Pará. The data were obtained through non-participant observation and semi-structured interviews with local specialists, selected by rational selection. From the interviews, the importance value of the species was calculated according to each specialist. Oral History was worked on to stimulate the search for the memory of use and the knowledge preserved with traditional medicine. 39 species were identified, distributed in 22 botanical families. The species that obtained the greatest importance were cashew (Anacardium occidentale L.), mango (Mangifera indica L.), followed by pariri (Fridericia chica (Bonpl.) LGLohmann), lemon balm (Lippia alba (Mill) NE Brown). ), capim santo (Cymbopogon citratus (DC.) Stapf). The plants existing only in the memory of some of the residents brought up flaws in the transmission of biocultural information among members of the community. Changes in ways of life, alteration of the landscape and abandonment of traditional practices compromised the sharing of knowledge between specialists and residents.


Keywords: Traditional knowledge. Ethnobotany. Ethnopharmacology.

Plantas medicinales, usos y memoria en la Aldea del Cajueiro, Pará

Resumen - Los patios traseros tradicionales en Amazonía representan fuentes de recursos naturales terapéuticos y expresan conocimientos relacionados con la cultura local. En la Aldeia Indígena do Cajueiro, municipio de Paragominas, Pará, se realizó un estudio etnobotánico de usos y memoria con plantas medicinales. Estos datos se obtuvieron mediante observación no participante y entrevistas semiestructuradas con especialistas locales, seleccionados mediante selección racional. A partir de las entrevistas, se calculó el valor de importancia de las especies según cada especialista. Se ha trabajado con la Historia Oral para estimular la búsqueda de la memoria de uso y los conocimientos que aún se conservan con la medicina tradicional. Se identificaron 39 especies, distribuidas en 22 familias botánicas. Las especies que obtuvieron mayor importancia fueron el anacardo (Anacardium occidentale L.), mango (Mangifera indica L.), seguido del pariri (Fridericia chica (Bonpl.) LGLohmann), toronjil (Lippia alba (Mill) NE Brown.) , capim santo (Cymbopogon citratus (DC.) Stapf). Las plantas existentes sólo en la memoria de algunos de los pobladores plantearon debilidades en la transmisión de información biocultural entre los miembros de la comunidad. Los cambios en las formas de vida, la alteración del paisaje y el abandono de las prácticas tradicionales han dificultado el intercambio de conocimientos entre especialistas y lugareños.


Palabras clave: Conocimiento tradicional, etnobotánica, etnofarmacología.

Introdução

O papel das plantas medicinais nos processos de saúde-doença-tratamento-cura entre comunidades tradicionais perpassa por questões históricas, culturais e ambientais, onde a maioria destes povos vive e tem relações estreitas entre si. Conforme discutido por Haverroth (2013) praticamente todo cotidiano destas pessoas gira em torno do manejo de recursos naturais e cultivo de plantas, e na Amazônia essa característica é um traço marcante. Esta interação do povo local com a diversidade florística possibilita diversas maneiras de utilização dos recursos vegetais e uma constante troca de saberes a respeito de remédios, alimentação e artesanato (Guarim Neto et al. 2008).

Desde os primórdios da existência humana, os seres humanos buscam na natureza recursos para melhorar suas próprias condições de vida e, fundamentalmente, aumentar as chances de sobrevivência (Giraldi eHanazaki 2010). Esse aprendizado popular no meio natural esteve atrelado a constante experimentação e troca de elementos biológicos para serem empregados em prol de remédios, alimentação e artesanato, e se mantém até os dias atuais para o benefício das populações (Linhares et al. 2014). Com os povos indígenas, historicamente e culturalmente, sempre houve relações mais próximas com o meio natural, sendo muitas vezes indissociáveis (Haverroth 2010).

Pesquisas etnobotânicas com plantas medicinais direcionam-se no sentido de valorizar e inventariar informações da flora local, em determinado contexto de cultura, preservando a diversidade vegetal, o manejo e usos tradicionais (Moreira e Guarim Neto 2015). Von Glasenapp e Thornton (2011) ressaltaram que o entendimento da ciência etnobotânica se amplia por um conjunto de outros elementos que se manifestam em crenças e práticas que as sociedades humanas desenvolvem longitudinalmente em relação ao seu ambiente natural, e essas relações representam o conhecimento ecológico local e indígena e, portanto, são também dinâmicos e co-evoluem em conformidade com as mudanças sociais e ecológicas. Nessa perspectiva, povos indígenas somam amplo conhecimento sobre sistemas ecológicos complexos, melhorando e buscando fontes alternativas na proporção que também contribuem para a conservação e aumento da biodiversidade de determinado bioma.

No Brasil, segundo o último censo demográfico do IBGE realizado em 2010, a população indígena totaliza 817.963, destes 39.081 estão distribuídos no estado do Pará (IBGE 2010). Em relação aos direitos reconhecidos pelo Estado aos povos indígenas no Brasil, estes estão expressos na Constituição Federal de 1988, que conta com um capítulo específico (Título VIII, Da Ordem Social, Capítulo VIII, art. 231 e 232). E no Estatuto do Índio (Lei 6.001), promulgado em 1973. A constituição Federal de 1988 foi um marco na conquista e garantia dos direitos dos indígenas do Brasil, enquanto o Estatuto do Índio previa a integração da população indígena à cultura abrangente, a Constituição passou assegurar direitos legais que preservem os costumes, a organização social, as crenças e tradições da população indígena (Curi 2010).

Apesar destes marcos legais serem bem conhecidos a reprodução do modo de vida de populações indígenas tem sido seriamente afetada por processos de mudanças que surgiram desde o encontro com grupos humanos não indígenas, que resultou em grande número de situações de risco: restrição de territórios, processo de aculturação, instalação de unidades de saúde biomédicas, introdução de doenças, novas relações econômicas e sociais, precariedade na alimentação, entre outros. A despeito de todos esses aspectos que afetam as condições básicas de sobrevivência, o uso de plantas, especialmente relacionadas ao restabelecimento da saúde, ainda é expressivo em diversas etnias (Amorozo e Gely 1988; Almeida 2011; Dario 2018; Silva e Nascimento 2019).

A comunidade indígena Cajueiro, situada no município de Paragominas, Pará, Brasil, vivencia uma realidade de distanciamento com certos costumes tradicionais, principalmente entre os mais jovens. Contínuas alterações de suas áreas naturais têm ocorrido em função de situações socioambientais graves que ainda prevalecem na cidade de Paragominas, apresentada midiaticamente como modelo de “município verde”. Criação de animais, produção de leite, mineração, além dos cultivos da soja, milho e arroz, são alguns dos processos exploratórios que ameaçam os territórios da sociobiodiversidade. Tais adversidades mudaram o fluxo dos recursos ali presentes como também a manutenção dos repertórios imemoriais voltados para as questões de saúde com as plantas medicinais.

Considerando natureza e cultura com os povos indígenas, e sua reprodução no modo de vida com os recursos vegetais, o presente trabalho teve como objetivo realizar o estudo sobre os usos e memórias com plantas medicinais na comunidade indígena Cajueiro, Paragominas, Pará, frente os cenários atuais da realidade de vida deste grupo. Para tanto, foram formuladas as seguintes perguntas norteadoras: Quais são os cuidados de saúde empregados no enfrentamento de doenças na comunidade? Há uso de plantas medicinais? Quais são as espécies cultivadas e para que categorias de doenças? Frente as alterações socioambientais ocorridas no município, houve mudança nas práticas de tratamento com plantas medicinais, considerando passado e presente?

Material e métodos

O ambiente de estudo

O município de Paragominas está localizado na mesorregião do sudeste paraense, com população estimada em 97.819 habitantes, que tem como principal atividade econômica agropecuária e indústria (IBGE 2010). O clima da região é do tipo Aw (quente e úmido), de acordo com a classificação de Köppen. A precipitação tem média anual de 1743 mm. A temperatura varia entre 23,3ºC a 27,3ºC e a umidade relativa do ar possui média anual de 81% (Silva et al. 2015).

A Aldeia Cajueiro (3º00’09.02” S, 47º21’11.22” W), localiza-se as margens do rio Uraim e está inserida em uma das seis comunidades indígenas que formam o município, a uma distância de 125 km de Paragominas (Figura 1).

O solo é do tipo arenoso de textura média e graúda e o relevo é plano possuindo apenas pontos de maior elevação do terreno (Valente e Kahwage 2017). É constituída por 56 famílias de agricultores familiares da etnia Tembé (Comunicação Pessoal).

A aldeia é constituída por habitações que se diferenciam em três tipos: pau a pique, construídas com barro e sustentadas por varas de madeira da floresta; madeira, o tipo mais comum, com telhado de palha ubim (palmeira ubim – Geonoma deversa (Poit.) Kunth); e alvenaria. Não há sistema de saneamento básico ou coleta de lixo e os moradores costumam queimar ou enterrar nos quintais.

Figura 1. Mapa de localização da área de estudo. Fonte: Adaptado de PAIXÃO (2010) (Dados do programa de Interculturalidade e Política na Educação Escolar Indígena da Aldeia Teko Haw- Pará, 2010).



A população é assistida com uma escola de ensino fundamental e médio que atende a 460 crianças e jovens e um posto de saúde de responsabilidade da prefeitura de Paragominas, que conta com uma quantidade reduzida de medicamentos que auxiliam em casos de diarreias, febre, inflamações e dores gerais. Para um atendimento mais especializado os moradores se deslocam à área urbana de Paragominas ou à capital do estado, Belém.

Os Tembé do Gurupi da Aldeia Cajueiro

Os Tembé do estado do Pará estão divididos em 3 grupos étnicos: Os Tembés Turiwara, os Tembés do Alto Guamá e os Tembés do Gurupi. Os dois últimos habitam duas reservas próximas que formam a Terra Indígena do Alto Rio Guamá, situada no nordeste do Pará, entre a margem direita do rio Guamá e a margem esquerda do rio Gurupi com divisa dos estados do Pará e Maranhão (Dias 2010)

Os indígenas da aldeia Cajueiro pertencem à etnia Tembé do Gurupi, cuja língua nativa é a Tenetehara, mas também falam o português. A aldeia surgiu há aproximadamente 23 anos, a partir de um local estratégico para os índios, onde era possível viver próximo dos rios Uraim e Gurupi e sobreviver da caça e pesca. As características do solo facilitaram a construção das moradias, posicionadas umas próximas às outras, o que também motivou o deslocamento para esse local. Antes de formarem o Cajueiro, os índios habitavam a aldeia Flechal, situada à margem esquerda do rio Gurupi, a uma distância de 2000 m do Cajueiro.

A principal fonte de renda da comunidade é a agricultura familiar baseada no cultivo de mandioca (Manihot esculenta Crantz), milho (Zea mays L.), feijão da colônia (Vigna unguiculata (L.) Walp.) e arroz (Oryza sativa L.). Os homens são responsáveis pela caça e pesca, enquanto as mulheres pelo artesanato, principalmente colares, pulseiras de frutos e sementes das palmeiras do tucumã (Astrocaryum aculeatum G. Mey) e inajá (Attalea maripa (Aubl.) Mart), além de saias de plumagem de aves e envira (casca da malva).

Autorização da pesquisa

Antes do início realizou-se visita preliminar para fins de apresentação das intenções do estudo as lideranças e demais membros da aldeia Cajueiro. Após esse momento o representante da comunidade indígena encaminhou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, elaborado de acordo com a Resolução 466/2012, para apreciação dos comunitários e posterior concordância com a execução do trabalho que resultou na assinatura do termo. Após essa etapa, os termos e o projeto foram cadastrados no Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SISGEN), sob o número A2E9804, com o seguinte Objeto do Acesso: Patrimônio Genético e Conhecimento Tradicional Associado, em 12/10/2018, usuário Universidade do Estado do Pará.

Coleta e análise de dados

As visitas de reconhecimento do local da pesquisa e obtenção de dados ocorreu no período cinco meses consecutivos com estadia de três a cinco dias na comunidade, em cada mês. A seleção dos informantes foi por amostragem não-probabilística (quando não se generaliza para todos os membros do universo amostral) e por seleção racional (Albuquerque et al. 2008), ou seja, fizeram parte da pesquisa apenas os indígenas especialistas em plantas medicinais, uma vez que dentre os demais moradores locais, poucos fazem uso e, os que fazem recebem orientação dos especialistas.

A busca pelos especialistas locais ocorreu por meio da técnica bola de neve (Bailey, 1982) que consistiu em solicitar informações a alguns moradores da aldeia acerca das pessoas que possuíam essa expertise, e eram reconhecidas socialmente pelas atividades de cura com plantas medicinais. Para esta abordagem foi perguntado se havia o emprego de plantas para tratamentos de saúde e quais eram as pessoas especialistas nestes assuntos.

As informações foram obtidas a partir das técnicas de observação não participante e entrevistas semiestruturadas (Albuquerque et al. 2010) com seis informantes, sendo três homens e três mulheres com idades entre 23 e 60 anos, os quais foram selecionados aleatoriamente pela própria comunidade com base nas práticas terapêuticas tradicionais que estas pessoas fazem com frequência. Na observação de campo estabeleceu-se o convívio direto com as lideranças e os demais moradores da comunidade, para um melhor conhecimento da realidade local, além de ser possível participar da rotina dos outros comunitários e dialogar a respeito de suas atividades socioeconômicas e identidades étnicas.

As entrevistas semiestruturadas foram organizadas em formulários que continham perguntas abertas e fechadas sobre o perfil socioeconômico e de saúde, buscando identificar as espécies de plantas medicinais, seu uso e aplicações. Após as entrevistas, e para os participantes que se disponibilizavam, foi aplicada a técnica turnê guiada (Albuquerque et al. 2010), que consistiu em caminhadas nas áreas de cultivo para a visualização das plantas citadas. Aplicou-se também o método de História Oral, que permitiu reflexões na trajetória da vida dos indígenas no tempo, em relação à memória sobre as plantas medicinais e que consolidam-se como referência para manutenção dos valores culturais e ambientais da comunidade (Stanisk et al. 2015). As plantas citadas nas lembranças dos antepassados, que eram empregadas em receitas de cura, não foram identificadas com base na nomenclatura científica e permaneceram na designação vernacular. Muitas destas plantas são de difícil localização na comunidade, principalmente as arbóreas (amapá, andiroba, copaíba, maçaranduba e tatajuba), em que há necessidade de longas caminhadas para encontra-las; e outras deixaram de ser cultivadas e/ou empregadas nas receitas de medicamentos. Apesar do alho ser uma etnoespécie de emprego comum, e de fácil obtenção na aldeia, não é de uso frequente na fala dos especialistas.

As etnoespécies inventariadas foram localizadas nos quintais das moradias de cada especialista, e estes espaços foram relatados como os locais onde se encontram seus pequenos sistemas produtivos ou suas florestas. Chagas et al., (2014) analisaram os quintais como áreas produtivas localizadas próximas as residências, que apresentam composição de elementos estruturais e biológicos fortemente influenciados pela tradição cultural dos moradores, pois expressam seus conhecimentos sobre o uso dos recursos naturais. Gonçalves e Lucas (2017) enfatizaram o papel dos quintais como um local de convivência para encontros informais, festas, lazer, curas, cerimônias religiosas dentre outros.

Para a descrição dos seis quintais foi elaborado um croqui, construído segundo Gonçalves e Lucas (2017), com modificações. Desenhou-se um perfil da estrutura e organização dos quintais de cada entrevistado, mostrando de forma ilustrativa os componentes biológicos e não biológicos do local, respeitando as posições e espaçamentos da versão original. Devido à impossibilidade de coleta de amostras botânicas, uma vez que as espécies se encontravam em população reduzida, ou apenas um exemplar cultivado, ou ainda só foram citada pelo uso de memória, foi feito apenas o registro fotográfico das mesmas para posterior identificação no herbário (MFS) Profa. Dra. Marlene Freitas da Silva da Universidade do Estado do Pará. As imagens de campo foram inicialmente denominadas com base na nomenclatura popular atribuída pelo morador e, após essa etapa, foram analisadas por comparação com outras bases de dados virtuais: Flora do Brasil 2020 (www.floradobrasil.jbrj.gov.br/), Missouri Botanical Garden – MOBOT (www.tropicos.org/), The Plant List (www.theplantlist.org/). As identificações também foram acompanhadas por um parataxonomista do Museu Paraense Emílio Goeldi, Senhor Carlos Alberto Santos da Silva.

Os usos mencionados para as espécies podem ser classificados em categorias de uso éticas, quando as mesmas são baseadas no ponto de vista de outros, e êmicas, que são denominações da própria cultura local (BYG; Balslev 2001). Para este estudo empregou-se a interpretação de uso êmica. As respostas dos interlocutores foram também avaliadas quanto às espécies mais citadas por eles nas entrevistas e, para estas, foram consultadas outras bibliografias a fim de correlacionar o uso terapêutico validado pelo especialista com os já publicados na academia. Portanto, foram feitas buscas nas bases Scielo, Scopus e Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal (Redalyc), sem restrição de ano de publicação.

Calculou-se o Valor de Importância (IVs), metodologia adaptada por Silva et al. (2010), para analisar a proporção de informantes que citaram uma espécie como a mais importante com a seguinte fórmula:



Em que:

= número de informantes que consideram a espécie mais importante

n = total de informantes.

Resultados e discussão

Conhecimento e uso

Foram identificadas 39 espécies de plantas empregadas como medicinais, pertencentes a 22 famílias botânicas, tendo maior representatividade Fabaceae Lindl., Rutaceae A. Juss, Anacardiaceae R. Brown e Lamiaceae (Quadro 1). O pariri (Fridericia chica (Bonpl.) L.G.Lohmann), manga (Mangifera indica L.), cidreira (Lippia alba (Mill) N. E. Brown.), capim santo (Cymbopogon citratus (DC.) Stapf) e caju (Anacardium occidentale L.) obtiveram maior número de citações.

Quadro 1. Espécies citadas pelos interlocutores na Aldeia Indígena do Cajueiro, Paragominas-Pará.Legendas: QD=Quintal Doméstico; QF=Quintal Florestal.

Família/Espécie

Etnoespécie

Indicação

Parte usada/

Localização

Forma de preparo

Citações

AMARANTHACEAE

Dysphania ambrosioides

 (L.) Mosyakin & Clemants

Mastruz

Anti-inflamatório/

Ferimento

Folha/QD

Maceração

1

AMARYLLIDACEAE

Allium sativum L.

Alho

Quebranto/febre

Folha/QD

Banho/lavagem/chá

1

ANACARDIACEAE

Anacardium occidentale L.

Anacardium giganteum W. Hancock ex Engl

Mangifera indica L

Caju

Cajuí

Manga

Anti-inflamatório/

Diarreia

Anti-inflamatório/

Diarreia

Estômago/ diarreia

Folha/casca/ QD

Casca/QF

Casca/fruto/

QD

Chá/maceração

Maceração/

Garrafada

Chá/maceração

3

2

3

APIACEAE

Eryngium foetidum L.

Chicória

Dor de cabeça

Folha/QD

Maceração

1

ARECACEAE

Cocos nucifera L.

Euterpe oleracea Mart.

Coco

Açaí

Diarreia

Hepatite B

Fruto/QD

Raiz/QF

Endosperma sólido

Chá

1

2

.ASTERACEAE

Bidens alba (L.) DC.

Vernonia condensata Baker

Picão

Boldo

Hepatite B/anemia

Malária/estômago

Raiz/QD

Folha/QD

Chá

Chá

2

1

BIGNONIACEAE

Fridericia chica (Bonpl.) L.G.Lohmann

Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl.

Pariri

Ipê Roxo

Hepatite B/anemia

Anti-inflamatório

Folha/QD

Casca/QF

Chá

Garrafada

3

1

BROMELIACEAE

Ananas comosus L.

Abacaxi

Hemorroida de sangue

Fruto/QD

Suco

1

CLUSIACEAE

Platonia insignis Mart.

Bacuri

Anti-inflamatório

Casca/QD

Maceração

1

EUPHORBIACEAE

Jatropha curcas L.

Jatropha gossypiifolia L

Pião Branco

Pião roxo

Anti-inflamatório/

Sapinho

Dor de cabeça

Folha/casca/

QD

Folha/QD

Leite

Banho

1

2

FABACEAE

Stryphnodendron barbatimam Mart

Copaifera martii Duckei Dwyer

Bauhinia sp.

Hymenaea courbaril L.

Senna occidentalis (L.) Link

Dalbergia monetaria L.f.

Barbatimão

Copaíba

Jabuti

Jatobá

Majirioba

Verônica

Anti-inflamatório

Anti-inflamatório ferimento/ Febre

Diarreia

Anti-inflamatório/

Hepatite B

Malária

Puxa Nelo

Casca/QF

Óleo/QF

Cipó/QF

Casca/água/QF

Raiz/QD

Puxa Nelo

Garrafada

Maceração

Chá

Maceração

Garrafada

1

1

1

1

1

1

HYPERICACEAE

Hypericum caprifoliatum Cham. & Schltdl.

Escadinha

Ameba

Cipó/QF

Chá

1

IRIDACEAE

Eleutherine bulbosa (Mill.) Urb

Cebola coquinho

Diarreia

Raiz/QD

Chá

1

LAMIACEAE

Ocimum sp.

Mentha sp.

Ocimum campechianum Mill

Manjericão

Hortelã

Favaca

Febre

Inchaço no estômago

Gripe

Folha/QD

Folha/QD

Folha/QD

Chá/lavagem

Chá

Banho

1

1

1

LAURACEAE

Persea americana Mill.

Abacate

Hepatite B

Folha/QD

Chá

2

MALVACEAE

Theobroma cacao L.

Lueheopsis duckeana Burret

Cacau do mato

Açoita cavalo

Enjoo

Anti-inflamatório

Casca/QD

Casca/QF

Decocção

Garrafada

1

1

MELIACEAE

Carapa guianensis Aubl.

Andiroba

Febre

Raiz/QF

Decocção/

Banho

1

MYRTACEAE

Psidium guajava L.

Goiaba

Diarreia/estômago

Folha/casca/QD

Chá/maceração

2

POACEAE

Cymbopogon citratus

(DC.) Stapf

Capim santo

Gripe/dor de cabeça

Folha/QD

Chá/banho

3

RUTACEAE

Citrus reticulata Blanco.

Citrus × limon (L.) Osbeck

Citrus x aurantium L.

Citrus sp.

Tangerina

Limão

Laranja

Lima

Pressão alta

Gripe

Dor

Calmante

Folha/QD

Folha/QD

Casca/QD

Folha/QD

Chá

Chá

Chá

Chá

1

1

1

1

VERBENACEAE

Lippia alba (Mill) N. E. Brown.

Cidreira

Pressão alta

Folha/QD

Chá

3

ZINGIBERACEAE

Zingiber officinale Roscoe

Gengibre

Gripe

Raiz/QD

Chá

1



A maior representatividade de Fabaceae e Rutaceae foi evidenciada em outros estudos (Lindenmaier e Putzke 2011; Alves e Povh 2013; Leandro et al. 2017). De acordo com Santos et al. (2017), na Amazônia, Fabaceae é a segunda maior família botânica em número de espécies, superada apenas por Orchidaceae. Na família Rutaceae, espécies dos gêneros Aegle e Citrus, possuem um alto valor medicinal e econômico (Di Stasi e Himura-Lima 2002).

Anacardiaceae obteve grande representatividade também nos estudos de Freitas et al. (2012) e Morais et al. (2005). Di Stasi e Himura-Lima (2002), relataram que essa família, contém espécies produtoras de frutos almejados em todo o território mundial e algumas representam importantes fontes de madeira.

Lamiaceae destacou-se nos trabalhos com comunidades indígenas de Morais et al. (2005), Leite e Marinho (2014) e Gois (2016) com os ribeirinhos de Rio Urubueua de Fátima, Pará, como a família com o maior número de espécies. Por ser rica em óleos essenciais, com propriedades aromáticas e medicinais, atua na terapêutica mencionada em diversos estudos (Neto et al. 2014; Moreira e Guarim Neto 2015).

Nas preparações dos remédios caseiros foram usadas diversas partes dos vegetais, com destaque para as folhas, seguida da casca, raiz, fruto, cipó, óleo e exsudato. Este resultado foi também observado nas pesquisas de Cunha e Bortolotto (2011), Pasa (2011) e Vasconcelos e Cunha (2013). No entanto, Santos et al. (2016) e Vasco-dos-Santos et al. (2018) em estudo realizado com a etnia Xipaya, Altamira-PA e com os índios Kantaruré-Batida, NE, respectivamente, demonstraram ser a casca a parte mais empregada, seguida da folha. Isso demonstra que a seleção de determinado órgão da planta, ou a mistura destes, depende em grande parte do conhecimento acumulado e experimentado por um grupo social. Segundo Parthiban et al. (2016) a preferência pelas folhas justifica-se pela facilidade de coleta, por ser a parte mais visível da planta e que sua retirada causa pouco dano ao vegetal, ademais, estão disponíveis em qualquer estação do ano e, por serem ativas fotossinteticamente, há produção de metabólitos secundários (Ghorban 2005).

O chá das folhas por decocção é o modo de preparo mais utilizado, seguido da maceração, banho e garrafada. A preparação por decocção foi encontrada também no método aplicado em comunidades rurais investigadas por Pasa (2011), Leite e Marinho (2014). Em relação aos tipos de receitas, foram relatadas preparações apenas com uma planta (receita simples) e com mais de uma (receita mista). As diferentes espécies de plantas foram combinadas no mesmo preparo para aumentar a eficácia do tratamento de acordo com o informante. Por exemplo, para o tratamento de hepatite B: juntam-se as folhas do abacate (Persea americana Mill) e pariri (Fridericia chica (Bonpl.) L.G.Lohmann) junto com as raízes do açaí (Euterpe oleracea Mart.) e do picão (Bidens alba (L.) DC). Práticas de misturas de plantas adotadas entre índios da Amazônia brasileira foram também observadas nos trabalhos de Frausin et al. (2015) e Vasco-dos-Santos et al. (2018).

Na opinião de todos os seis especialistas as plantas medicinais são fundamentais no tratamento das doenças mais prevalentes na comunidade, que geralmente são gripes, dores de cabeça e diarreia. As diarreias tornaram-se doenças crônicas, com quadros de melhora e recidiva que, segundo os moradores é ocasionada pela falta de saneamento básico, pois na aldeia não há tratamento de água. Para esta enfermidade costumam ser empregadas sete (07) plantas para tratar os sintomas (Quadro 1). As receitas à base de plantas para tratar diarreia sinalizaram para um problema que se tornou crônico nestes locais, que é a falta de saneamento básico para que as populações indígenas e ribeirinhas tenham o mínimo de qualidade de vida. Gois et al. (2016) e Rocha et al. (2017) em estudo realizado com populações ribeirinhas no estado do Pará comprovaram que as receitas com plantas usadas para tratar distúrbios gastrointestinais foram as mais numerosas e tinham relação direta com à precária qualidade da água.

Plantas medicinais nos quintais das aldeias

Os quintais simbolizaram coleções de espécies, como repositórios de diversidade vegetal que contribuem no atendimento a saúde desta população. As plantas medicinais encontradas nos quintais se distribuem aleatoriamente tanto nos locais ao redor da casa, quanto no terreno florestal e se destacam tanto por serem ervas, quanto frutíferas medicinais. Dentre as 39 espécies citadas, 27 estão nos quintais peridomésticos e 12 nos quintais florestais (Quadro 1). De acordo com Lunz (2007) e Sales et al. (2008), quintal peridoméstico é o local nos arredores da casa, onde normalmente são cultivadas as plantas utilizadas cotidianamente, espécies arbóreas e não arbóreas, como as frutíferas, medicinais e ornamentais. Já o quintal florestal abrange um lugar mais distante das casas, no qual não ocorre um manejo constante de plantar e replantar (Durães et al. 2013).

No quintal estão presentes plantas frutíferas como manga (Mangifera indica L.), murici (Byrsonima euryphylla Pilg.), goiaba (sidium guajava L.), limão (Citrus × limon (L.) Osbeck), coco (Cocos nucifera L.) e as medicinais: como a cidreira (Lippia alba (Mill) N. E. Brown.) e o capim santo (Cymbopogon citratus). Ao arredor da casa encontra-se a ramanada, local onde são feitas as reuniões, festas e rituais. O retiro é o ambiente onde acontece a produção de farinha, principal forma de renda dos moradores da aldeia. Nas áreas florestais estão inclusas árvores de grande porte como andiroba (Carapa guianensis Aubl.), jatobá (Hymenaea courbaril L.), ipê roxo (Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl.) e barbatimão (Stryphnodendron barbatimam Mart.) (Figura 2).

Figura 2. Representação esquemática dos elementos que compõem os quintais peridomésticos e florestais na aldeia do Cajueiro, Paragominas, Pará.


Valor de importância das plantas medicinais

O valor de importância foi calculado de acordo com as plantas mais relevantes para a população, que totalizaram 5 espécies, ambas com número equivalente de citação e o mesmo número de valor de importância (0,5). Dentre elas Anacardium occidentale L. e Mangifera indica L. foram apontadas como eficazes contra diarreias, que é um problema de saúde marcante na aldeia do Cajueiro. Para as cinco espécies com maior número de citações foram pesquisados e encontrados dados químicos, farmacológicos e estudos clínicos, e desse total quatro têm o uso terapêutico aprovado.

Na Tabela 2 são apresentadas as cinco espécies, com as informações de dados químicos e farmacológicos encontrados.

Tabela 2. Informações do uso popular e dados científicos das cinco espécies mais citadas pelos Indígenas da Aldeia Cajueiro, Paragominas, Pará.

Nome científico (nome popular)

Forma de preparo

Usos mencionados pelos especialistas

Usos terapêuticos aprovados

Contraindicações

Anacardium occidentale L.

(Caju)

1. Coloca a folha na água para ferver. 2. Bate a casca e coloca na água.

Diarreia e

Anti-inflamatório

Ação antimicrobiana

(Silva et al. 2016); Anti-inflamatório (Oliveira et al. 2019); antidiabético (Jaiswal et al. 2016).

Não deve ser utilizado por período superior ao recomendado, ter cautela na gravidez (Bueno et al. 2016).

Cymbopogon citratus (DC.) Stapf

(Capim Santo)

1. Bate a folha e coloca na água para o banho. 2. Chá (folha).

Gripe e dor de cabeça

Anti-inflamatório e antifúngico (Boukhatem et al. 2014); antimicrobiano (Silva et al. 2018a).

___

Fridericia chica (Bonpl.) L.G.Lohmann

(Pariri)

Chá (folha)

Anemia

Anti-inflamatório (Marmitt et al. 2015); antileshmania (Rodrigues et al. 2014)

___

Lippia alba (Mill) N. E. Brown.

(Cidreira)

Chá (folha)

Pressão alta

Ansiolítico e analgésico (Hatano et al. 2012; Oliveira et al. 2016); anti-fúngica para cepas de Candida sp. (Cortez et al. 2015).

Gravidez, devido à estimulação do útero e do fluxo menstrual (Dermarderosian e Beutler 2002).

Mangifera indica L.

(Manga)

1. Chá da casca do fruto; 2. Bate a casca da árvore e coloca na água.

Diarreia e estômago

Anti-inflamatória e antioxidante (Khumpook et al. 2019); antitumoral e antimicrobiana (Raju et al. 2019).

___



Verifica-se que de todo o conjunto de plantas no Cajueiro, apenas cinco, um número bem reduzido, são recursos terapêuticos disponíveis, e os mais utilizados. Destas, duas, a manga e o caju, são frutíferas bastante comuns nos quintais de comunidades tradicionais na região Norte, principalmente pelo aproveitamento como alimento e remédio; e por não serem plantas cultivadas, são culturas perenes. O pariri, capim santo e cidreira correspondem a ervas que possuem usos consagrados na literatura etnomédica e foram citados pelos especialistas numa abordagem puramente fitoterápica associadas a sintomas de doenças e agravos de saúde; sem associar efeitos, contra-indicação, rituais, ou qualquer outra restrição.

As doenças de maior ocorrência como hipertensão, anemias e infecções gastroentéricas sinalizaram para investigações de suma importância nas aldeias, que se refere a abordagem da etiologia da enfermidade. O perfil de saúde da comunidade pode variar de acordo com a rotina dos moradores e da qualidade do lugar em que vivem. Kumar et al. (2013) reconheceram que as doenças mais comuns, como hipertensão, diabetes e relacionadas ao sistema digestório são causadas por uma combinação de suscetibilidade genética herdada e várias influências ambientais. Os estudos de Kormondy e Brown (2002) alertaram a prevalência elevada de grandes doenças crônicas em populações que alteraram seus modos de vida tradicionais, modernizando-os. Estes autores analisaram ainda a doença hipertensão como resultante de uma série de fatores: idade, sexo, situação socioeconômica, hereditariedade, dieta, peso, gordura maléfica no corpo, estresse e mudanças sociais abruptas.

Memória das plantas medicinais

A comunidade do Cajueiro tem evidenciado transformações no uso dos recursos naturais ocasionadas por alterações em seus modos de vida, principalmente na perda dos ambientes florestados, que sofrem constantes modificações de paisagens, acarretando mudanças de hábitos com o uso de plantas, alterando dinâmicas extrativistas, dentre outros aspectos que afetam os costumes e valores sociais e de cultura desse povoado. São transformações que provocaram certo distanciamento com práticas tradicionais diversas, como o uso da terra, experimentar receitas com ervas, buscar as plantas na mata, enfim, que vão aos poucos diminuindo o ritmo ou, tornando-se parte apenas da rotina dos especialistas. Os entrevistados afirmaram que muitas espécies vegetais estão se tornando difíceis de encontrar ou desaparecem dos seus locais habituais e, por esse motivo, só existe a memória de uso. Diante deste cenário, realizou-se um resgate memorial das plantas que tiveram grande importância na cura de doenças ao longo da vida dos informantes e que atualmente não são mais procuradas. Foram citadas 21 Etnoespécies (Tabela 3).

Tabela 3. Plantas medicinais citadas com base nas informações de memória dos especialistas da Comunidade Indígena do Cajueiro, Paragominas, Pará. (*Etnoespécies mencionadas como “plantas da memória”, mas que são utilizadas por outras famílias da comunidade).

Nome vernacular

Indicação

Parte usada

Manipulação

Algodão

Barriga de bebê

Folha

Chá

Alho*

Espanta espírito

Folha

Banho

Amapá

Limpa por dentro

Leite

Andiroba*

Gripe

Óleo do caule

Decocção

Arruda

Dor de cabeça

Folha

Banho

Batatão pulga

Anti-inflamatório

Raiz

Maceração

Chicória*

Mãe do corpo

Folha

Maceração

Copaíba*

Ferimento/derrame

Óleo

Camapú

Malária

Raiz

Decocção

Majirioba*

Malária

Raiz

Chá

Mamona

Gripe

Semente

Decocção

Maçaranduba

Vitamina fortificante

Leite do caule

Mastruz*

Verme/ferimento no corpo

Folha

Maceração

Pariri*

Anemia

Folha

Chá

Pau-de-remo

Malária

Casca

Maceração

Pião roxo*

Dor de cabeça

Folha

Banho

Picão*

Hepatite B

Raiz

Chá

Tatajuba

Diarreia/derrame

Leite do caule

Tiriba

Diarreia

Casca

Maceração

Unha de gato

Diarreia

Cipó

Chá

Verônica*

Anti-inflamatório

Casca

Chá



Constatou-se que algumas das plantas e receitas citadas apenas pelo uso de memória da família, (Tabela 3) como Alho, Mastruz, Chicória, Pariri, Andiroba, Copaíba, Majiroba, Pião Roxo, Picão e Verônica, foram encontradas em alguns quintais, e ainda são empregadas. Essa situação é preocupante, pois evidenciou que o compartilhamento dos recursos e saberes associados se encontra fracamente difundido, sendo restrito a cada especialista. Esse perfil comportamental é também resultado de modos mais isolados de convivência entre as famílias, comprometendo a socialização de informações; as famílias costumam ficar mais tempo isoladas em suas casas, ou vão com frequência a Paragominas. Estudo feito por Neto et al. (2014) na comunidade de Sisal, município de Catu apontou a importância da troca e circulação de plantas para a manutenção dos recursos vegetais, visto que muitas das espécies não ocorrem em todos os espaços familiares de cultivo.

É importante considerar que o valor atribuído as plantas medicinais encontradas não se restringe a uma mera descrição de espécies e catalogação etnobotânica, muito pelo contrário, vem trazer uma discussão mais complexa que é a amnésia biocultural, podendo afetar profundamente a medicina tradicional da aldeia. Em última sua análise para este tema Toledo e Barreira-Bassols (2015) enfatizou que se trata de um processo que lentamente ignora sabedorias antigas, desvalorizando-as ou interpretando-as erroneamente, em uma mudança que perpassa pelo cognitivo, social e cultural devido à incapacidade de lembrar de eventos históricos e registros de experiências.

De acordo com uma das interlocutoras, o Batatão de pulga no passado era o primeiro remédio caseiro a ser preparado contra a inflamação, com o poder de cura infalível: “...se tiver uma ferida crônica vai sarar, primeiro remédio que existe...” (B.T, 65 anos). A malária foi outra doença que atingiu a comunidade no passado e costumava-se curar os doentes com a Majirioba: “Majirioba... antigamente no tempo passado, que nós não tinha enfermeiro, não sabia o que era remédio da cidade, curava nós, nós curava malária era com esse remédio aí...” (B.T, 65 anos); “no meu tempo quando eu me entendia, assim com o remédio da Malária, uma vez vovó me curou com a raiz da Majirioba” (C.T, 48 anos).

A lembrança de repertórios tão diversificados e usados pelos pais ou avós, e repassados a alguns filhos foi marcante nos relatos detalhados dos especialistas locais. São informações obtidas em gerações pretéritas, que ao longo do tempo se perderam nas terapêuticas medicinais atuais, na medicalização exagerada dos sistemas médicos ocidentais: “aprendi com meus pais, meu pai, minha mãe” (J.T, 59 anos).

Com o registro da História Oral foram colhidos depoimentos de trajetória de grupos sociais que viveram na aldeia, além dos conflitos ambientais e territoriais no município que foram determinantes para entendimento deste momento atual. Lutas por direito e terra e assistenciais, estar próximo da cidade, juntamente com a dificuldade em transmitir conhecimentos as futuras gerações, mudaram as formas de interagir e manejar a natureza, principalmente com os tratamentos medicinais. Buscar os produtos da floresta, da mata, dos rios, do solo, se tornou atividade esporádica; além disso, os recursos também se tornaram escassos.

Nessa linha de raciocínio, o bem estar da saúde e a busca pelo bem viver com plantas que curam, que antes demonstravam forte sentimento de cuidado com o outro, e na perspectiva do associativismo, tem sua permanência ameaçada. As etnoespécies, Algodão, Amapá, Arruda, Batatão de Pulga, Pau-de-remo, Tiriba, Unha de gato, Mamona, Camapú, Maçaranduba e Tatajuba não se encontram mais na Aldeia, as duas últimas, provavelmente, desapareceram com o desmatamento que continua a ocorrer de forma acelerada nas áreas próximas dali, visto que a madeira dessas espécies tem um grande valor econômico no mercado.

Conclusão

O estudo demonstrou que o conhecimento sobre plantas medicinais na comunidade Indígena do Cajueiro, resultante das experiências dos seus antepassados e de suas interações atuais, estão centralizados nos repertórios de poucos integrantes da comunidade e este perfil de comportamento foi evidenciado pela frágil rede de transmissão de conhecimentos. A conservação destes repertórios é fundamental no atendimento a saúde desta população, uma vez que as plantas, sejam medicinais ou de consumo alimentício, podem ser encontradas nos quintais dos especialistas, que ainda mantem o hábito de cultivar as espécies. Se o registro desse conhecimento tradicional e oral estivesse melhor distribuído entre os habitantes poderia contribuir para a valorização da memória biocultural da aldeia. Além disso, os dados etnofarmacológicos ratificaram o mérito de cura com os protocolos empregados das receitas ancestrais, comprovando segurança e eficácia; podendo também auxiliar no desenvolvimento de futuras pesquisas em escala industrial.

Agradecimentos

Os autores agradecem à comunidade indígena do Cajueiro pela disponibilidade em participar da pesquisa e pelo compartilhar seus saberes sobre os vegetais.



Participação dos autores: EABS e MDSC – aplicação de questionário, coleta e organização dos dados e redação do artigo; MAFG - organização das coletas dos dados e aplicação dos questionários e revisão bibliográfica; FCAL – concepção do projeto, coleta e organização dos dados, redação do artigo.

Aprovação ética e licenças: termos e o projeto foram cadastrados no Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SISGEN), sob o número A2E9804, com o seguinte Objeto do Acesso: Patrimônio Genético e Conhecimento Tradicional Associado, em 12/10/2018, usuário Universidade do Estado do Pará.

Disponibilidade dos dados: dados não disponíveis.

Fomento: não houve fonte de fomento.

Conflito de Interesses: não há conflito de interesses.

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