A PUBLICAÇÃO DO KAMA-SUTRAS E A LEI INGLESA QUE REGULAMENTAVA AS PUBLICAÇÕES OBSCENAS DE 1857

Autores

  • Felipe Salvador Weissheimer Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).

Palavras-chave:

Kama-sutras. Lei de Publicações Obscenas de 1857. Inglaterra vitoriana. Sociedade Hindu Kama-Shastra. Richard Francis Burton.

Resumo

O período vitoriano (Inglaterra, 1837-1901) foi marcado por profundas ambivalências morais, diversidades culturais e conflitos dos mais variados níveis, sejam eles entre as classes sociais (aristocracia, burguesia, operários, etc.), ou disputas internas no seio das próprias classes por grupos distintos. Em nossas analises aos relatos dos envolvidos na tradução e publicação do Kama-sutras, método que possibilitou observarmos alguns indícios da formação discursiva e, consequentemente, das estratégias utilizadas para que a produção do livro se desse como tal, constatamos a existência de interdições legais, tais como as promulgadas pela Lei de Publicações Obscenas de 1857, que regulavam as publicações de cunho erótico e sexual. Esta Lei teve consequências profundas na sociedade vitoriana, pois, a ameaça de multas e prisões geraram certa autocensura restritiva. Neste sentido, a Lei de Publicações Obscenas obteve considerável sucesso no controle e supressão à obscenidade, inclusive de obras de aspiração literária e científica. No entanto, havia certa licenciosidade, que possibilitou a publicação de vários livros de cunho erótico e sexual, tal como no caso do Kama-sutras. Assim, buscaremos aprofundar as discussões e referências para compreendermos as estratégias adotadas pelos produtores do Kama-sutras na publicação de 1883.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Felipe Salvador Weissheimer, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).

Felipe Salvador Weissheimer é formado em licenciatura em História pela Universidade Paranaense (UNIPAR), pós-graduado em Teoria Psicanalítica pela Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras (FACEL), mestre em História do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) e doutorando em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Bolsista Promop-Udesc.

Referências

Archer, W. G. (1988), Prefácio, in Vatsyayana, Mallanaga. Kama Sutra. Segundo a versão clássica de Richard Burton e F. F. Arbuthnot. Tradução de Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

Ashbee, Henry Spencer (1970), Index de livros proibidos. Tradução de H. Dobal e Aurélio de Lacerda. Rio de Janeiro: Editora Artenova.

Barbosa, Renata Cerqueira (2011), Concepções da sexualidade romana na Inglaterra vitoriana. A leitura sobre Ovídio. Assis, 2011. 181 p. Tese (Doutorado em História) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita (Campus de Assis).

Burton, Richard Francis (1988), Comentários, in Vatsyayana, Mallanaga. Kama Sutra. Segundo a versão clássica de Richard Burton e F. F. Arbuthnot. Tradução de Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

Corbin, Alain (1991), Bastidores, in Perrot, Michelle (org.). História da vida privada 4. Da Revolução Francesa à Primeira Guerra. Tradução de Denise Bottman e Bernardo Joffily. São Paulo, Companhia das Letras.

Dugdale (1970), As batalhas de Vênus, in Ashbee, Henry Spencer, Index de livros proibidos. Tradução de H. Dobal e Aurélio de Lacerda. Rio de Janeiro: Editora Artenova.

Gay, Peter (1988), A experiência burguesa da Rainha Vitória a Freud. A educação dos sentidos. Tradução de Per Salter. São Paulo: Companhia das Letras.

Gay, Peter (1990), A experiência burguesa da Rainha Vitória a Freud. A paixão terna. Tradução de Per Salter. São Paulo: Companhia das Letras.

Guyot, Jules (1882), Bréviaire de l´Amour Experimental. Paris: Librairie Physiologuique.

Lacerda, Aurélio (1970), Introdução, in Ashbee, Henry Spencer, Index de livros proibidos. Tradução de H. Dobal e Aurélio de Lacerda. Rio de Janeiro: Editora Artenova.

Malla, Kalyana (s/d), Ananga-ranga. Tradução de Olívio Tavares de Araújo. Brasília: Editora Brasília.

Margolis, Jonathan (2006), A história íntima do orgasmo. Tradução de Myriam Campello. Rio de Janeiro: Ediouro.

Panikkar, K. M. (1988), Introdução, in Vatsyayana, Mallanaga. Kama Sutra. Segundo a versão clássica de Richard Burton e F. F. Arbuthnot. Tradução de Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

Pedro, Joana Maria (2005), “Traduzindo o debate: o uso da categoria gênero na pesquisa histórica”. Revista História, 24(1), 77-98.

Rice, Edward (1991), Sir Richard Francis Burton. O agente secreto que fez a peregrinação a Meca, descobriu os Kama Sutras e trouxe As Mil e uma Noites para o Ocidente. Tradução de Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras.

Roberts, M. J. D (1985), “Morals, Art, and the Law: The Passing of the Obscene Publications Act, 1857”. Victorian Studies, 28(4), 609-626.

Vatsyayana, Mallanaga (1988). Kama Sutra. Segundo a versão clássica de Richard Burton e F. F. Arbuthnot. Tradução de Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

Vatsyayana (2011). Kama Sutra. Tradução do sânscrito de Daniel Moreira Miranda e Juliana Di Fiori Pondian. São Paulo: Tordesilhas.

Publicado

2014-11-04

Como Citar

WEISSHEIMER, F. S. A PUBLICAÇÃO DO KAMA-SUTRAS E A LEI INGLESA QUE REGULAMENTAVA AS PUBLICAÇÕES OBSCENAS DE 1857. Gênero & Direito, [S. l.], v. 3, n. 2, 2014. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/ged/article/view/20365. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

Movimento feminista, história da dominação e gênero