MEDIAÇÃO CULTURAL NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS DA BIBLIOTECA PÚBLICA INFANTIL DE LONDRINA

CULTURAL MEDIATION IN THE STORYTELLING OF THE CHILDREN’S PUBLIC LIBRARY OF LONDRINA

Ana Paula Pereira1

Ana Paula Silva Nascimento2

Luciane de Fátima Beckman Cavalcante3

Terezinha Elisabeth da Silva4

RESUMO

Discorre sobre a presença da mediação cultural na contação de histórias, vista como uma possibilidade de expressão da arte e da literatura para crianças, jovens e adultos. Defende que os kirigamis utilizados durante a contação são recursos artísticos e culturais capazes de despertar o interesse pela arte e cultura japonesa. O objetivo deste trabalho foi identificar a mediação cultural nas atividades de contação de histórias. Trata-se de uma pesquisa de campo de natureza qualitativa. O universo da pesquisa foi a Biblioteca Pública Infantil de Londrina; a população-alvo foi composta pelo contador de história, pela bibliotecária e pelos leitores-ouvintes. Como método de pesquisa utilizou-se a observação da contação de história e entrevistas semiestruturadas com os ouvintes, o contador da história e a bibliotecária responsável. Os dados foram analisados a partir do roteiro de observação e dos discursos das entrevistas. Os resultados evidenciaram que a bibliotecária e o contador realizam a mediação cultural e a mediação da leitura de modo criativo e lúdico, sendo que os kirigamis utilizados encantam crianças, jovens e adultos. Conclui que a contação de história se manifesta como mediação cultural, tendo em vista que pode fomentar o gosto pela arte e pela leitura, favorecendo à apropriação e a produção de diferentes linguagens e de efeitos no leitor.

Palavras-chave: Mediação cultural. Mediação da leitura. Contação de histórias. Biblioteca Infantil. Kirigami.

ABSTRACT

This study discusses the presence of cultural mediation in storytelling, seen as a possibility for the expression of art and literature for children, youth and adults. It argues that the kirigamis used during the storytelling are artistic and cultural resources capable of arousing interest in Japanese art and culture. The goal was to identify cultural mediation in storytelling activities. This is a field research of a qualitative nature. The research universe was the Children’s Public Library of Londrina, Paraná; the target population was composed by the storyteller, the librarian, and the readers/ listeners. As a research method, the observation of storytelling and semi-structured interviews with the listeners, the storyteller and the responsible librarian were used. The data were analyzed based on the observation script and the interview speeches. The results show that the librarian and the mediator can perform cultural mediation and mediation of reading, despite the lack of financial resources and support from the State. It concludes that storytelling manifests itself as cultural mediation because, in addition to fostering a taste for art and reading, it favors the reader appropriation and production of different languages and effects.

Keywords: Cultural mediation. Mediation of reading. Storytelling. Children’s Library. Kirigami.

Artigo submetido em 04/02/2019 e aceito em 03/10/2019

1 INTRODUÇÃO

A mediação cultural está presente nos mais diversos espaços e ambientes de informação. Em se tratando de uma biblioteca infantil, é possível encontrá-la nas atividades que oferece ao seu público como as oficinas, o teatro e a contação de história. Na concepção de Rasteli e Cavalcanti (2014, p. 49) “A mediação cultural pode estabelecer-se como facilitadora do encontro entre as artes (literatura, por exemplo), num processo provocativo e instigante no âmbito do pensar e do sentir, da percepção e da imaginação.”

Acreditamos que a contação de histórias pode provocar e instigar o leitor-ouvinte quando são utilizados recursos além do objeto livro, prendendo a atenção e despertando curiosidade e reações, relações com a narrativa. Levamos em consideração que “leitor-ouvinte é todo indivíduo que tem a sua leitura mediada, isto é, que recebe a interferência oral de um mediador para se encontrar com diferentes textos [...].” (BORTOLIN, 2010, p. 22).

Assim, a questão que norteou o nosso estudo foi: De que maneira a contação de história propicia a mediação cultural? Partimos do pressuposto de que a contação de histórias na biblioteca infantil é uma forma de mediar a cultura, a literatura e a arte seja pela oralidade, pelas narrativas e pelos objetos utilizados durante a mediação. Um exemplo disso é o kirigami, “[...] uma técnica oriental de corte e dobradura que transforma superfícies planas em tridimensionais.” (SAMPAIO et al., [200?], p. 5).

Em nossa percepção, o uso de objetos cênicos e da arte, a exemplo dos kirigamis, podem tornar o momento da contação mais instigante e prazeroso para os ouvintes, de modo que “A arte deve servir para incentivar a criança a pensar, sentir e agir de uma maneira diferente.” (COSMOS; PINTO, 2016, p. 193).

Entendemos que a biblioteca infantil é o ambiente ideal para mediação da cultura, pois “[...] é o lugar de brincar com os livros e com as letras, do faz de conta, do contar e do ouvir histórias. É o local onde se pode dançar, desenhar e ouvir músicas, ela deve ser um convite a brincadeiras, viajar no mundo da imaginação.” (MELO; NEVES, 2005, p. [02]).

Assim, este artigo defende a atividade de contação de história como uma possibilidade de mediação cultural. É válido salientar que “Nos equipamentos informacionais públicos, a mediação cultural pode acontecer através das práticas de leitura literária, abrangendo leituras em diversos suportes e linguagens.” (RASTELI; CAVALCANTI, 2014, p. 56).

A metodologia adotada foi a pesquisa de campo, de caráter qualitativo. Como técnicas de coleta de dados utilizamos a observação de uma contação de história e entrevistas semiestruturadas com os leitores-ouvintes, com o mediador/contador e com uma bibliotecária. A razão de se propor este estudo está em poder demonstrar a relação existente entre a mediação da leitura e a mediação cultural, relação de produção, de troca e de apropriação para as crianças, jovens e adultos.

A seguir abordamos aspectos da mediação cultural e da contação de história, os procedimentos metodológicos, análise e discussão dos resultados e as considerações.

2 A MEDIAÇÃO CULTURAL NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS: apropriações e relações

A mediação da leitura e, em especial a contação de histórias, tem um objetivo específico quando associada à mediação cultural. Segundo Rasteli e Cavalcante (2014, p. 45, grifo nosso)

Na mediação cultural, práticas de incentivo à leitura objetivam alavancar o processo de produção artística e cultural no âmbito das bibliotecas e de outros dispositivos presentes na sociedade, articulando diferentes experiências para que ocorra a apropriação cultural, tida como atividade de invenção, apropriação e de produção de significados [...].

Sob essa perspectiva, entendemos que a mediação cultural tem que produzir e provocar o sujeito a qual se destina, sendo que ele não será mais o mesmo na medida em que aproxima os “[...] sujeitos a produtos e artefatos culturais, como obras de arte, livros, exposições, espetáculos e ações de incentivo à leitura. [A] mediação cultural é vista como uma atividade processual, que possibilita o encontro, o acesso e a apropriação.” (RASTELI, CAVALCANTI, 2014, p. 47, grifo nosso). Nascimento e Salcedo (2016, p. 43) complementam essa ideia afirmando que a verdadeira mediação não apenas medeia, mas busca a “transformação do ser”.

Desta forma, segundo o argumento de Perrotti e Pieruccini (2014, p. 11), a mediação pode ser considerada “[...] categoria fundante em qualquer organização social, de tal modo que no campo filosófico caracteriza as relações entre o sujeito e o mundo [...].” Ela viabiliza nossas relações com o mundo ao se objetivar em signos, atos, gestos e objetos sensíveis, definindo contornos e direções, modos de relação com os objetos, os signos e o outro. Tem uma perspectiva deontológica por se basear nas relações dos sujeitos com os signos em situações concretas precisas (experiências socioculturais).

A mediação cultural pode modificar o indivíduo, pois “[...] os processos de mediação implicam sempre discursos, isto é, significações, interpretações, codificações do mundo e dos seres que o habitam.” (PASCHOAL, 2009, p. 20). Nesse sentido, incluímos a contação de história, pois requer do leitor-ouvinte não somente uma apropriação, mas uma interpretação e envolvimento com a narrativa, de modo que as ações de mediação não são

[...] simples instrumentos ou ferramentas tendo em vista a realização de uma finalidade ou de um objetivo. Ou seja, o caráter diferencial da mediação [...] é que ela é constitutiva, intrínseca a todo processo de significação, de apropriação simbólica dos conteúdos culturais. Ela é, portanto, essencial e não instrumental. (PASCHOAL, 2009, p. 20).

A esse respeito, acentuamos os efeitos produzidos pela contação de história, visto que “[...] estimula a imaginação, a criatividade, a oralidade, incentiva o gosto pela leitura, trabalha a concentração, contribui na formação crítica do leitor, ajuda na personalidade da criança envolvendo o social e o afetivo.” (SILVA; ALENCAR; BERNARDINO, 2017, p. 40). Para favorecer a fantasia e enriquecer o “cenário”, o contador de história pode confeccionar alguns recursos como desenhos e bonecos, por exemplo.

Dentre os recursos que podem ser utilizados durante a contação de história, destacamos o kirigami. Valente e Ota (2015, p. 280) explicam que “Kirigami é a junção das palavras “kiru” (cortar) e “kami” (papel). Trata-se da arte de cortar papéis obtendo, assim, uma folha de papel plana com partes vazadas. Existem três tipos: senshi, sanshi e kokushi.” Apropriamo-nos de Kobayashi e Yamada (2013, p. 152) quando defendem que “O kirigami, assim como origami, apresenta grande potencial como recurso lúdico, educativo e criativo [...].” Concordamos com as autoras e acreditamos que esta arte chama a atenção dos ouvintes em uma contação de história, ao mesmo tempo em que provoca surpresa e encantamento. Cosmos e Pinto (2016, p. 192) defendem que “O uso da arte-educação desde que a criança inicia a fase de experimentação e criação, a despertar o imaginário e a curiosidade, é fundamental para estimular o senso crítico e afetivo da criança.”

Em trabalho intitulado “Práticas de Mediação Cultural nas Bibliotecas Públicas Municipais de Londrina/Pr.”, Silva e Santos Neto (2017, não paginado) defendem que nas oficinas de origami “[...] além de produzir um objeto cultural, [podem] ser compartilhados informações e conhecimento a respeito da cultura japonesa.” Entendemos que o mesmo se aplica ao kirigami, por também se tratar de uma “arte tradicional japonesa de recorte do papel” (WIKIPEDIA, 2018) que pode ser confeccionada pelo leitor-ouvinte como atividade pós-mediação.

É importante ressaltar que “A arte é de grande importância na vida da criança, pois contribui para o seu desenvolvimento expressivo, para o estímulo da sua criatividade e a construção de sua poética pessoal, tornando-a mais sensível e fazendo-a enxergar o mundo com outros olhos.” (COSMOS; PINTO, 2016, p. 197). Nesta perspectiva, podemos citar a importância da mediação cultural como categoria autônoma (teórica e operacional) indicada por Perrotti e Pieruccini (2014), que definem a mediação cultural como instância essencial dos processos de produção de sentidos. Durante uma contação de história esse processo pode ser desenvolvido por meio da atuação do contador-mediador.

Como dito, a mediação cultural quando associada à arte e leitura produz ações e reações nos sujeitos e mesmo os adultos podem se maravilhar em uma ação destinada ao público infantojuvenil. Isso porque “A mediação cultural vai além da aparentemente simples equação, público + obras/saberes + ação mediadora = apropriação. A mediação é técnica, social, política, pedagógica e institucional; complexa e por isso mesmo não neutra.” (FORD, 2016, p. 151).

Do mesmo modo, Perrotti e Pieruccini (2014) afirmam que a mediação cultural não é simples recurso de transferência de dados ou informações. Para eles, a mediação cultural tem identidade e lógicas próprias, definidas em relação com as esferas de produção e de recepção de informação e cultura. Esta abordagem, dentro do modelo triádico (mediação-produção-recepção), romperia com as compreensões dualistas e mecânicas dos campos da Informação e da Comunicação.

Vale destacar o significado da mediação cultural quando realizada em bibliotecas infantis, pois - como ressalta Bortolin (2001, p. 94) - estas instituições são “[...] responsáveis pela formação cultural e educacional das crianças e dos adolescentes.” A autora ainda entende que “Sendo a biblioteca uma agência mediadora, o bibliotecário não pode se esquivar da mediação da leitura, visto que o ato de ler precede o ato de se informar, descobrir e investigar.” (BORTOLIN, 2010, p. 116).

Conceito reforçado por Silva (1988, p. 3) que afirma serem as bibliotecas “[...] local privilegiado para o encontro significativo do leitor com o livro.” Nesse contexto, percebemos ser a biblioteca pública infantil um espaço importante para o estímulo à leitura pela diversidade de obras literárias para consulta livre e gratuita e pela presença do bibliotecário, que pode ser um mediador fundamental para o desenvolvimento da competência da leitura dos seus usuários.

Dentre as 12 missões de uma Biblioteca Pública elencadas pelo Manifesto da IFLA/UNESCO (1994), destacamos oito que estão relacionadas à contação de histórias:

1. Criar e fortalecer os hábitos de leitura nas crianças, desde a primeira infância;

2. Apoiar a educação individual e a autoformação, assim como a educação formal a todos os níveis;

3. Assegurar a cada pessoa os meios para evoluir de forma criativa;

4. Estimular a imaginação e criatividade das crianças e dos jovens;

5. Promover o conhecimento sobre a herança cultural, o apreço pelas artes e pelas realizações e inovações científicas;

6. Possibilitar o acesso a todas as formas de expressão cultural das artes do espetáculo;

7. Fomentar o diálogo intercultural e a diversidade cultural;

8. Apoiar a tradição oral. (MANIFESTO, 1994)

Ao realizar estas ações o bibliotecário, o mediador ou o contador está efetuando de modo direto ou indireto a mediação cultural associada à arte e à oralidade. Fleck, Cunha e Navarra defendem que em se tratando da contação de histórias (2018, p. 697) “[...] as bibliotecas são espaços ímpares para o desenvolvimento dessa atividade, sobretudo as públicas e comunitárias que, de acordo com suas funções, devem ser recintos educativos, culturais e de lazer.” É preciso ressaltar que todo contador de história é um mediador, mas nem sempre o mediador é um contador de história e isso pode ser prejudicial quando se trata do bibliotecário. Dependendo do ambiente em que atue contar histórias pode modificar a vida dos leitores causando ou não interesse e prazer pela leitura. Aliás, “[...] a tarefa de mediar a leitura e de promover ações culturais deveria ser tão importante quanto a de disponibilizar material bibliográfico aos leitores de uma biblioteca.” (FLECK; CUNHA; NAVARRA, 2018, p. 698).

Pontuamos ainda que com o advento da internet e do acesso cada vez mais precoce de crianças e jovens às novas tecnologias e redes sociais – com os mais diversos recursos audiovisuais -, o trabalho de mediação do bibliotecário torna-se ainda mais necessário ao promover de forma criativa o incentivo à leitura (independentemente do suporte utilizado pelo leitor), que muitas vezes pode parecer algo enfadonho por exigir uma maior concentração a esse público tão acostumado à rapidez da sequência de imagens e sons. É válido lembrarmos do fascínio que os vídeos do canal YouTube parece exercer nas crianças e adolescentes, configurando-se como elementos de consumo rápido e que não exigem muita reflexão crítica.

Dentro desse contexto, Bussato (2016) pondera que o desafio configura-se cada vez mais em como e o que fazer para que o jovem se interesse por uma literatura que promova a reflexão, o diálogo interior, a contemplação, e não apenas por uma literatura facilmente digerida, que não transgride nem provoca transformações na sua forma de ser e ver o mundo.

Nesse aspecto Bussato (2016) ainda enfatiza que “Ler para outro em voz alta é uma técnica que sempre funciona [...]. O jovem pode descobrir o prazer da leitura, ao perceber que aquela história lhe diz algo importante, desperta algum sentimento e lhe faz pensar naquilo que leu.” A autora ainda acrescenta que “Uma escola que promove a leitura literária pelo seu valor simbólico, e não com apelo pedagógico, vai formar leitor, sem dúvida.” E tendo exposto o processo de mediação para a formação de leitores críticos, o bibliotecário pode ser um aliado relevante.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este estudo constituiu-se como uma pesquisa de campo de natureza qualitativa, visto que buscamos investigar a mediação cultural, enfocando seu significado e relações com a contação de histórias. Optamos pela abordagem qualitativa devido à possibilidade de analisar e interpretar os dados de modo mais aprofundado, propiciando uma investigação mais precisa e detalhada e também pela amostra reduzida da pesquisa.

Para coleta dos dados utilizamos a técnica de observação em equipe de uma contação de história do livro “O que maravilhou o Sr. Darwin” (MANNING; GRANSTRÖM, 2012) de acordo com um roteiro preestabelecido e entrevistas semiestruturadas com o mediador, a bibliotecária e os ouvintes. Pontuamos que todos os participantes da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e tiveram seus depoimentos gravados, além do registro fotográfico da contação de história.

No entender de Marconi e Lakatos (2003, p. 190), “A observação é uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se desejam estudar.” Já as entrevistas semiestruturadas

[...] combinam perguntas abertas e fechadas, onde o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto. O pesquisador deve seguir um conjunto de questões previamente definidas, mas ele o faz em um contexto muito semelhante ao de uma conversa informal. O entrevistador deve ficar atento para dirigir, no momento que achar oportuno, a discussão para o assunto que o interessa fazendo perguntas adicionais para elucidar questões que não ficaram claras ou ajudar a recompor o contexto da entrevista, caso o informante tenha “fugido” ao tema ou tenha dificuldades com ele. (BONI; QUARESMA, 2005, p. 75).

O universo de pesquisa foi a Biblioteca Pública Infantil de Londrina/Paraná. Ela possui “[...] atividades culturais e recreativas, [e] tem por objetivo despertar e incentivar o hábito de leitura, estimular a cultura, o lazer e a arte, dinamizar o uso do livro e da biblioteca e promover a integração da biblioteca com a comunidade. (LONDRINA, 2018).

Criada e inaugurada em 10 de dezembro de 1984 pelo Prefeito Wilson Rodrigues Moreira, a Biblioteca Pública Infantil de Londrina está localizada na Praça 1º de Maio, região Central do município de Londrina desde 2016. (LONDRINA, 2018). Atualmente realiza o Projeto “Toda Quinta Tem História” “[...] que consiste em oferecer sessões de contação de histórias durante todas as quintas-feiras nas bibliotecas que compõem o Sistema de Bibliotecas.” (LONDRINA, 2018).

No momento de realização da pesquisa o projeto era realizado em cinco unidades de um total de sete que compõem o Sistema de Bibliotecas. Segundo Oliveira (2018) o objetivo do projeto é incentivar o “[...] prazer pela leitura, inserindo o livro no cotidiano de vida das crianças e adolescentes, por meio da contação de histórias e mediação da leitura, com abordagens lúdicas e dinâmicas.”

Ressaltamos que a Biblioteca Infantil ocupa, desde 2016, o prédio histórico restaurado da antiga Casa da Criança (projetado em 1953 pelos arquitetos João Batista Vilanova Artigas e Carlos Castaldi para ser a primeira creche de Londrina). É importante salientar que, desde que a Biblioteca Infantil passou a ocupar o prédio restaurado, ela não abre mais aos sábados devido a uma determinação do então prefeito Alexandre Kireeff para contingenciamento orçamentário. Tal medida está em vigor até o momento presente. (OGAWA, 2016).

Participaram desta pesquisa 17 sujeitos, sendo crianças com idade entre 5 e 8 anos, adolescentes com idade entre 12 e 16 anos e adultos, além do mediador (contador de história) e da bibliotecária. Como técnicas para análise dos dados, observamos e descrevemos a contação da narrativa, a organização do espaço físico, as reações dos ouvintes (atenção, expressões durante a contação), as ações do mediador (relacionamento com os ouvintes, interação, criatividade, planejamento), os objetos e materiais utilizados para chamar a atenção e os discursos obtidos nas entrevistas. A seguir, apresentamos a análise e discussão dos resultados.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A proposta da contação de história era de realizá-la no auditório, pois esperava-se um número maior de ouvintes. Devido à escola convidada não poder comparecer, a bibliotecária solicitou ao contador que esperasse a chegada do público que geralmente frequenta as contações. A princípio pensou-se que não haveria público, mas para surpresa da bibliotecária e do contador, os ouvintes foram adentrando a biblioteca. Como o público era mais reduzido do que o esperado, eles optaram por realizar a contação no espaço da biblioteca mesmo, como se pode observar na figura 1. Assim, entre os ouvintes estavam crianças, adolescentes e adultos, dentre os quais mães, tias, um pai e duas professoras. Tendo início às quinze horas da tarde.

Figura 1- Ambiente da contação de história - Biblioteca Pública Infantil de Londrina

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Fonte: As autoras

Inicialmente, o contador organizou o cenário diante dos ouvintes, o que já provocou surpresa e encantamento na medida em que “surgiam” os objetos, como se pode notar nas figuras 2 e 3. Foi possível perceber que existe o planejamento da atividade, desde a confecção os objetos cênicos até o modo como são dispostos ao público.

Figura 2 - Alguns objetos cênicos Figura 3 - Kirigamis utilizados

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Fonte: As autoras

O contador apresentou aos ouvintes alguns livros sobre Darwin, dentre os quais o livro que foi utilizado para a contação. Explicou que a história foi escolhida para adolescentes, mas que poderia ser contada para crianças também. Sobre este aspecto, Melo e Neves (2005, p. [02]) afirmam que “A biblioteca infantil é uma instituição que abriga um leque de atividades desenvolvidas não só para crianças e adolescentes, mas para a sociedade em que ela está inserida.”

Ele enfatizou que existem outros livros para conhecer a história de Darwin. Esse momento da contação é importante, pois há o incentivo à leitura e à literatura. Sob tal enfoque Bortolin (2010, p. 107) concebe a literatura como “[...] possibilidade de conhecimento, de percepção da sociedade em diferentes épocas, mas também como objeto de prazer e entretenimento do leitor.”

Posteriormente, ele iniciou a narrativa dizendo que Darwin era bem pequeno quando começou a se interessar pela natureza. Neste momento, apontou para uma das crianças ouvintes a fim de indicar que Darwin tinha a sua altura e, com apitos, fez o som de alguns bichos, o que chamou a atenção dos ouvintes. Estas ações conduzem à percepção de que o mediador-contador é “[...] quem colabora com o leitor-ouvinte na busca da significação da obra. Com sua leitura ele oferece à plateia a sua interpretação da obra, assim, atuando como um ‘tradutor’, expande e enriquece, ou vice versa, um texto.” (BORTOLIN, 2010, p. 152).

Figura 4- Apitos utilizados pelo contador

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Fonte: As autoras

Ele foi mostrando penas e um besouro e disse que Darwin “guardava” os besouros que encontrava na boca. Neste momento uma criança reagiu de forma espantosa: “Eca!” O contador prosseguiu com a narrativa dizendo que Darwin precisava estudar. E uma das crianças respondeu dizendo: “Eu estudo.” Ele entregou para uma criança um kirigami, que representava um jabuti. Dando continuidade à narrativa, mencionou que Darwin viu uma cirurgia sem anestesia e as crianças reagiram dizendo: “Ui”. Questionou se os ouvintes sabiam o que é um taxidermista e as crianças disseram: “Não, ui”. Ele explicou o que faz um taxidermista5 e demonstrou uma aranha de brinquedo (Figura 5), sendo que as crianças ficaram encantadas ao poderem tocá-la.

Figura 5 - Aranha utilizada na contação

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Fonte: As autoras

Dando continuidade à história, o contador mostrou o desenho de uma embarcação (Figura 6) para ilustrar as viagens realizadas por Darwin. De imediato uma criança respondeu: “Meu pai vai lá no oceano.”

Figura 6 - Embarcação

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Fonte: As autoras

Enfatizamos que maioria dos objetos cênicos utilizados durante a contação foi confeccionada pelo contador. Com isso pudemos perceber que os ouvintes tiveram contato com outras técnicas de arte, além do kirigami como a pintura, a colagem e a ilustração como se pode notar na figura 7. Esta diversidade de recursos pode atrair o público infantojuvenil para a biblioteca. Para isso Bortolin (2001, p. [165]) sugere que “[...] sejam realizadas atividades diversificadas, dentro de um espírito dinâmico e atual e que venham ao encontro das necessidades e anseios desse público [...].”

Figura 7- Painel com a ilustração de peixes

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Fonte: As autoras

Entendemos que nesta interação com a arte há a mediação cultural, pois o ouvinte experimenta, toca e sente de modo que pode despertar a vontade de fazer os elementos artísticos apresentados por meio do desenho, da pintura, da colagem e do recorte. Concordamos com Cosmos e Pinto (2016, p. 198) quando advogam que “A arte possui um papel indispensável na educação de crianças. Pois todas as atividades ligadas a ela faz com que a criança reúna vários elementos de experiências, para assim formar um novo conhecimento.” A arte remete a uma experiência sensorial, de modo que a criança pode ver, sentir, tocar e manipular os objetos cênicos de forma divertida.

Posteriormente, com um tecido branco (figura 8) e um ventilador, o contador propiciou aos ouvintes uma interação dando-lhes a sensação de movimento de um barco a vela. Pudemos perceber que as crianças ficaram fascinadas e que isto despertou a imaginação delas. Esta ação acaba promovendo uma experiência estética, que segundo Caune (1999, p. 12, tradução nossa) afirma “[...] é também um momento de confronto com modelos de ação que se desenvolvem na narrativa artística: entre os elos prescritos pelo imperativo legal e as normas de socialização impostas pelas instituições, a arte introduz um jogo, através dos comportamentos que [...] encena.”6

Figura 8 - Tecido branco Figura 9 - Tecido do mapa-múndi

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Fonte: As autoras

Esta ação de movimento fez com que os ouvintes “adentrassem” na história. Outro tecido utilizado durante a contação trazia o desenho do mapa-múndi (figura 9) e foi utilizado para ilustrar alguns locais por onde Darwin esteve, dentre eles a África. Ação concernente ao pensamento de Bortolin (2001, p. [36]) de que “[...] uma biblioteca infanto-juvenil deve ser um ambiente de aprendizagem espontânea e lúdica, imersa na ‘filosofia de aprender brincando’.”

Assim ao narrar cada local, ele indicava no mapa e as crianças demonstraram interesse por esse conhecimento. Mencionou que na sua viagem Darwin chegou ao Brasil. Neste momento, os ouvintes reagiram demonstrando surpresa em relação à passagem de Darwin pelo Brasil. O contador enfatizou que neste período ainda existia a escravidão no país. Percebemos a ênfase do contador por aspectos geográficos, históricos e culturais por onde Darwin esteve. Cabe ressaltar que “[...] o mediador, é o principal responsável pelo efeito do texto sobre o leitor-ouvinte no momento da recepção.” (BORTOLIN, 2010, p. 153).

Novamente podemos associar os aspectos da história contada à mediação cultural, quando o contador descreve momentos, culturas e povos. Tal procedimento vai ao encontro do argumento de Caune (1999, p. 13, tradução nossa) quando diz que “A mediação cultural não é a transmissão de conteúdos pré-existentes: é a produção de sentido de acordo com a materialidade do meio, o espaço e as circunstâncias da recepção...”7

O contador afirmou que Darwin encontrou fósseis no Brasil e demonstrou um kirigami representando um fóssil de uma preguiça gigante, que uma das crianças afirmou que “não parecia ser grande”. Ele mostrou mais insetos para os ouvintes a fim de evidenciar que Darwin formou um acervo de plantas e de animais. Elas puderam tocar os insetos, que foram coletados e/ou confeccionados pelo contador.

Em relação ao oceano, o contador fez algumas perguntas aos ouvintes e uma criança reagiu dizendo: “Nós vamos no Ody Park (parque aquático em Maringá) e tem ondas”. O contador questionou por que existem conchas na montanha e uma criança respondeu dizendo: “Porque o mar tem conchas”; em seguida o contador complementou explicando que conchas no alto de uma montanha pode ser indício de que o mar já poder ter atingido a altura da montanha um dia. Novamente o contador mostrou o mapa-múndi e indicou onde se localiza o Arquipélago de Galápagos, que fica no Equador. Ele emitiu o som das aves e perguntou por que os bicos das aves são diferentes, referindo-se às indagações de Darwin. Para isso demonstrou duas ilustrações (Figuras 10, 11 e 12).

Figura 10- Tentilhões Figura 11- Painel (pombos)

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Fonte: As autoras

Figura 12- Detalhe do painel dos pombos

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Fonte: As autoras

As técnicas e objetos empregados na contação tornam mais interessante o contato com a literatura na medida em que o contador utiliza diferentes estratégias a fim de propiciar aos seus ouvintes variadas experiências estéticas durante a contação. Nesta perspectiva Nascimento e Salcedo (2016, p. 34) advogam que “A mediação cultural requer estratégias para que os sujeitos envolvidos na mediação sejam ativos na construção da interpretação dos dispositivos culturais apresentados, que por outro lado, visa à formação de sentidos e a criação de significados para gerar conhecimentos e indivíduos participativos.”

Em relação ao questionamento do contador, uma criança respondeu dizendo que: “Os pássaros têm bicos diferentes porque eles fazem coisas diferentes”. Ele concordou com a afirmação da criança e disse que, se ela tivesse mandado uma cartinha para Darwin, ele teria descoberto isso mais facilmente. Mencionou como outro aspecto cultural da narrativa, o fato de Darwin ter encontrado aborígenes em suas viagens. Afirmou ainda que os índios têm seus deuses, “assim como nós que vamos à igreja”, e ressaltou que os índios não se converteram.

O contador posteriormente interagiu com as crianças utilizando uma “lula gigante”, que podia ser tocada por elas. Neste momento foi possível notar a alegria das crianças e dos demais ouvintes. Perguntou por que as girafas têm o pescoço grande e uma criança respondeu que: “é assim com a Galinha Pintadinha” (personagem de desenho animado). Explicou que para Darwin as espécies evoluem gradativamente.

O contador mostrou-lhes o livro utilizado para contação e as crianças puderam manuseá-lo. Esta ação está em conformidade com a literatura, pois “É importante estimular a leitura na criança como uma experiência valiosa e prazerosa. Isso será uma grande fonte de satisfação tanto para as crianças quanto para os adultos que as acompanharem nesta aventura.” (MELO, NEVES, 2005, p. [02]). De fato, pudemos notar o envolvimento dos adolescentes e dos adultos presentes, que também se surpreendiam a cada momento.

O contador ainda perguntou se os ouvintes já viram “cachorros-linguiça” (referindo-se aos cachorros da raça Dachshund). E os ouvintes respondem que sim. A todo momento o contador instigava os ouvintes, provocando-os e deixando-os curiosos. Demonstrou outros insetos confeccionados e/ou coletados por ele, que impressionam pela técnica e pelo realismo, dentre eles o bicho-folha, feito com folhas e a libélula (Figura 13 e figura 14).

Figura 13 - Bicho-folha Figura 14 - Libélula

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Fonte: As autoras

É importante salientar que “Contar histórias vai além da leitura de um texto, é propiciar um momento de encantamento, surpresa e emoção. Deve sensibilizar e despertar nos ouvintes o interesse para novas leituras e descobertas.” (SILVA; ALENCAR; BERNARDINO, 2017, p. 40, grifo nosso). Foi possível notar que o contador encantou e surpreendeu os ouvintes a todo momento.

Ele ressaltou que Darwin nunca disse que temos “irmãos macacos”, mas que surgimos da conexão das espécies. Mencionou que Darwin era agnóstico e que acreditava que o homem foi criado há milhões de anos. Explicou que Darwin morreu de doença de Chagas, provavelmente contraída no Brasil. Perguntou se os ouvintes tinham dúvidas e uma criança disse: “Esqueceu.” Ao final da contação as crianças manipularam os objetos, os instrumentos e os kirigamis, sendo que elas ganharam os kirigamis utilizados na contação. Como atividade pós-contação, o contador perguntou qual kirigami gostariam de aprender a fazer e uma delas escolheu uma borboleta. Notamos uma ação de mediação cultural “[...] onde não existem simplesmente emissores, receptores e mediadores, mas relações e interações.” (BARROS FILHO, 2016, p. 77).

Alguns ouvintes da contação foram entrevistados com o objetivo de identificar a percepção deles com relação à contação de história. Inicialmente, entrevistamos um ouvinte de cinco anos, que interagiu bastante durante a contação. Ele afirmou ter gostado da história e principalmente do “osso”, referindo-se ao kirigami que representava o fóssil de uma preguiça gigante, um dos animais pesquisados por Darwin.

Figura 15 - Kirigami da Preguiça Figura 16 - Kirigami (Ave)

C:\Users\Usuario\Pictures\foto com preguiça gigante.jpg C:\Users\Usuario\Pictures\foto detalhe ave kirigami.jpg

Fonte: As autoras

Foi interessante notar que ao ter contato com o kirigami o ouvinte relacionou essa manifestação artística com o fato de gostar que o pai faça “aviões de papel”, demonstrando que a mediação é um processo de relação e interação a partir das experiências pessoais. Observamos ainda que a mãe do ouvinte tem o hábito de ler para ele na hora de dormir, conforme seu relato.

Ao entrevistarmos três ouvintes adolescentes, de 12, 14 e 15 anos, foi possível identificar que eles apreciaram a contação de história, da qual participaram pela primeira vez, e que teve um público espontâneo de várias faixas etárias naquele dia. A ouvinte de 12 anos é natural de Guiné-Bissau (África) e mora em Londrina há três anos. Segundo relato do pai, que a acompanhava, ela teria inicialmente ido contrariada à contação, mas no final era visível a satisfação dela, confirmada após a entrevista, em que ela afirma: “Eu achei muito interessante porque a gente pode aprender mais sobre a natureza e as coisas...”. Ela ainda destacou que foi a primeira vez que ouviu falar do naturalista inglês Darwin e ficou motivada a saber mais sobre ele. Tal afirmação nos remete à seguinte definição de mediação cultural que diz:

A mediação cultural começa com a relação do sujeito com os outros através de uma “palavra” que o compromete, porque ele é sensível em um mundo de referências compartilhadas.

O significado não é mais concebido como um enunciado programático, desenvolvido fora da experiência comum, mas como o resultado da relação intersubjetiva, isto é, de uma relação que se manifesta no confronto e troca entre subjetividades. (CAUNE, 1999, p. 1, tradução nossa).8

Já os ouvintes de 14 e 15 anos são irmãos e ambos afirmaram que gostaram da contação e que já tinham conhecimento prévio da história, adquirido na escola. O ouvinte de 15 anos chegou afirmar que considerava os recursos utilizados na contação de histórias interessantes para o público infantil como “O jeito que ele usa o ventilador para mostrar o mapa, que a vela [do barco] está içada”. Mas, posteriormente, admite que os recursos também o agradaram e que a história contada de forma lúdica pelo mediador foi mais interessante do que a maneira como ele ouviu do professor na escola.

O ouvinte de 14 anos relatou que já tinha participado de uma oficina de kirigami com o contador e que gostou da experiência da contação. Ele ainda salientou que os recursos utilizados fizeram a história ficar mais interessante porque “Não é só palavras...”. Em virtude do que foi mencionado, podemos afirmar que, além da oralidade, a materialidade chama a atenção dos ouvintes, tornando o momento mais interessante e prazeroso.

Também foram entrevistadas duas professoras representantes da Secretaria Municipal de Educação que já conheciam previamente o trabalho do contador. A professora A destaca que o contador “instiga a plateia a escutar a história, a entrar na história e também [...] mostra, vai falando das viagens de Darwin, mostrando no mapa, [...] contando fatos históricos, culturais...”. Na sua percepção o trabalho é “[...] um misto de arte, de contação de história, de História, de Geografia”, confirmando o pressuposto de que é possível haver a mediação cultural durante a mediação da leitura pelos próprios elementos da narrativa que, de acordo com ela, conseguiu manter a concentração de crianças e adolescentes.

A professora A também destacou a importância da contação fora da sala de aula como estímulo à leitura, principalmente em uma biblioteca, que considera um “ambiente de letramento mesmo, onde tem os livros, contação de história [...]. É importante que o professor não fique só na sala de aula, que ele explore outros espaços [...]. E se ele puder levar a criança em outro espaço, que não a escola, melhor ainda. [...] Tudo isso colabora para que incentive a criança a gostar de ler, a gostar de histórias, a voar com a sua imaginação.”

Salientamos a ideia da importância da fruição da leitura apontada por Bortolin (2001), no sentido estético, em consonância com o que defende Silva (2001 apud BORTOLIN, 2001, p. 161) que traz “a ideia da leitura como um elemento responsável pelo lúdico, pelo prazer, afastando qualquer tendência a mecanizar ou transformar o texto literário em função de alguma outra atividade prática que não esteja fundamentalmente ligada ao estético, à leitura em si.” Acreditamos que a leitura vai muito além de uma experiência didática, mas está relacionada à criatividade e diversão.

De acordo com a professora A, a professora B acredita que a contação de histórias “[...] é uma atividade lúdica que desperta a curiosidade e o interesse das pessoas pelos livros e também pelos autores e personagens.” Outra ênfase dada pela professora B está na importância “[...] para o processo de formação de futuros leitores e neste caso, para a contextualização histórica.” A mediação cultural se realiza na medida em que “Por meio da contação, viajamos por culturas e vivemos experiências e sensações diversas.” Ela completa dizendo que “o contador resgatou a cultura e as vivências do personagem em sua época de criança, além das pessoas, animais e lugares por onde passou durante sua viagem.”

É válido ressaltar que a presença de elementos culturais se entrelaça com os objetos artísticos confeccionados pelo contador e ajuda a representar a própria narrativa. Além disso, a professora B menciona que o fato de trazer outros livros sobre Darwin “[...] incentiva ainda mais a pesquisa e o interesse das pessoas que estavam assistindo a contação por esse grande naturalista.”

Neste trabalho também entrevistamos o contador de história, que atua de forma voluntária no Sistema de Bibliotecas de Londrina desde 2015. Graduado em Arquitetura e Artes Visuais, com experiência na área de cenografia e ensino de desenho, fica evidente no decorrer da sua narrativa o quanto o seu conhecimento nessas áreas enriquece a contação e contribui para o processo de mediação cultural.

De acordo com o seu depoimento, leva-se em média um mês para que confeccione os recursos que irá utilizar em cada contação.

Eu sou kirigamista, faço histórias em quadrinhos, já fui cenógrafo [...] Então, quando eu fiz Artes Visuais, eu comecei a deslumbrar que as histórias também podiam englobar cenários, os desenhos que eu já fazia; poderia colocar alguns trechos de histórias em quadrinhos e aí as histórias foram ficando diferentes... as crianças começaram a gostar e aí começou a dar certo.

Ainda de acordo com o seu discurso, o apreço pela contação de histórias surgiu de “forma espontânea” e relata que nunca fez nenhum curso preparatório específico para realizar tal atividade. Quando questionado sobre a sua percepção sobre mediação, ele afirma que “como professor” tem que “ser [...] aquela ponte para o aluno criar um vínculo com a matéria”. O contador considera importante o contato e interação das crianças com os “mini cenários” que confecciona como um exemplo citado por ele de mediação cultural: “[...] são fantásticos porque os cenários acabam encantando as crianças. Elas fazem essa leitura da maneira delas, elas entram no universo das histórias [...]”.

Com relação ao conteúdo das histórias que apresenta, o contador afirma evitar fazer adaptações do texto original, embora procure “[...] fazer uma análise própria do que é mais importante [...]” previamente, tendo em consideração a faixa etária do público ouvinte:

E as crianças, quando são pequenininhas elas gostam de brincar. [...] Para os pré-adolescentes, já é diferente, isso já não encanta tanto. É mais a questão do texto mesmo e do desenho, ele encanta também. [...] Eu não faço desenho para tudo, mas um ou outro desenho ajuda naquela fantasia. A ela elaborar aquela fantasia ou direcionar.

No aspecto cognitivo do processo de aprendizagem, ele destaca que “[...] o conhecimento dela (criança) é adquirido através da brincadeira. E se você estimula isso, os neurônios vão se desenvolvendo cada vez mais. [...]”.

O contador defende que esse trabalho é importante para o incentivo à leitura e cita como exemplo uma experiência pessoal, quando foi impactado, aos sete anos, pela narração de “O Pequeno Príncipe”, feita por uma bibliotecária na escola em que estudava. “[...] A história da raposa, os personagens, a serpente, todos eles me marcaram e aí me impulsionaram pra vida também, porque é uma história de amor, amizade, de morte, angústia.” Sobre a maneira como a história foi narrada, ele fez a seguinte afirmação: “[...] Ela contou de uma maneira simples. Pegou o livro e foi contando, mas acho que pelo jeito encantou também. A história é encantadora, mas o jeito dela também, porque é uma história meio difícil de contar [...]”.

Como retorno do seu trabalho, relatou que frequentemente recebe “cartinhas” dos ouvintes, que chegam a dizer que “foi a melhor contação de suas vidas”. “[...] esse é o melhor presente que a gente ganha. E isso eu acho que vai fazer grande diferença para ela (criança) [...] Se ela verbalizou isso, escreveu, ela vai lembrar daqui a 10, 15, 20 anos..., que foi o que aconteceu comigo.” Estas reações dos leitores o discurso do contador evidenciam que ele gosta do que faz e está comprometido com o trabalho (BORTOLIN, 2010).

O estudo ainda contemplou a entrevista semiestruturada com a bibliotecária responsável pela Biblioteca Pública Infantil, que reafirmou a importância do trabalho do contador voluntário, principalmente devido ao número insuficiente de funcionários para essa função. “[...] particularmente eu não tenho esse perfil porque sou tímida. [...] a gente tem só uma funcionária para contar história para o público, mas ela é da biblioteca de adultos e nem sempre a gente pode estar contando com ela [...]”. Entretanto, Bortolin (2010, p. 147) propõe que o:

[...] bibliotecário que não se sente preparado para assumir a tarefa de mediador oral literário [...] busque sua capacitação. Para aqueles que não têm, por vários fatores, o desejo de efetuar narrativas orais, sugiro que articulem e abram espaço nas bibliotecas para outros leitores fazerem isso.

Pudemos notar que a bibliotecária não apenas disponibiliza o espaço, mas considera o trabalho do contador voluntário “[...] muito gratificante tanto para a biblioteca quanto para o nosso público ter mais um momento de lazer, perto dos livros, principalmente.” Destacou que de modo geral, a biblioteca recebe durante as contações um público médio de 60 crianças, no caso de escolas públicas ou particulares pré-agendadas; e de 20 crianças, como público espontâneo, que são informadas por e-mail ou pelo cartaz com a data programada da contação, que fica exposto em um mural da biblioteca. Quando há público acima de 20 pessoas, a contação é feita no auditório, localizado no piso superior da biblioteca.

Sobre a mediação da leitura e a mediação cultural durante a contação, a bibliotecária afirmou que “[...] acontece a todo momento [...]”, e considera que o próprio acolhimento do público já é uma forma de mediação. Mais especificamente sobre a atuação do contador, ela destacou que “[...] com o conhecimento da arquitetura dele, acho que ele transmite bastante cultura através dos recursos que faz [...] a gente fica curiosa sobre [...] o que ele montou [...].”

Para a bibliotecária, o trabalho que vem sendo realizado “é uma parceria” e salientou que existe um trabalho conjunto na escolha das histórias. Podemos afirmar que ao participar da seleção da narrativa, a bibliotecária está realizando uma mediação implícita visto que esta ação é fundamental para o êxito do todo. É a partir da narrativa escolhida que o contador confecciona os elementos cênicos; cada contação apresenta novas histórias e novos recursos. A biblioteca também contribui “na medida do possível” com materiais – como papel e tinta – para a confecção dos recursos utilizados na contação.

A biblioteca confecciona algumas lembrancinhas relacionadas à história contada para o público ouvinte. “[...] E hoje como foi Charles Darwin, uma coisa um pouquinho mais séria, vamos fazer um marcador com algum pensamento dele [...]” como se pode observar na figura 17.

Figura 17- Marcador de página confeccionado pela Biblioteca

Fonte: As autoras

A bibliotecária informou durante a entrevista que em 2019 haverá mais recursos para a compra de material devido à aprovação do projeto “Toda Quinta Tem História” pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PROMIC). Questionada sobre a importância da contação no espaço da biblioteca, ela pontuou que é comum terem retorno positivo das crianças e das famílias e que é uma forma de também divulgar a biblioteca em si: “[...] Naquele momento (o público) vem para a contação, mas a gente faz a divulgação do nosso trabalho aqui também, do que é necessário para ser cadastrado para poder pegar livros [...]”.

Ela citou outros benefícios do trabalho de contação que está sendo feito nos últimos três anos:

[...] E a gente tem reparado que os pais estão ficando mais conscientes com relação à leitura, do acompanhamento que eles estão fazendo aqui na biblioteca. Até mesmo no aspecto da doação de livros está mudando aquela ideia de que doação é aquilo que não presta mais. Isso aqui (livros) é tudo doação, tudo novinho. O pessoal está melhorando muito essa consciência de doação.

De modo geral, percebemos no discurso da bibliotecária que o trabalho voluntário de contação de história é fundamental para o incentivo à leitura do público que frequenta a Biblioteca Pública Infantil de Londrina, assim como uma forma de mediação cultural que pode atrair novos leitores.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acreditamos que o objetivo da proposta de pesquisa de observar e avaliar a relação da mediação cultural com a contação de história – que integra o projeto “Toda Quinta Tem História” - foi atingido. E, como pudemos constatar, os ouvintes vivenciam um momento sonoro, visual e artístico em que há a mediação cultural visto que os elementos cênicos utilizados enriquecem a narrativa e aproximam os ouvintes do texto, aspecto observado durante a contação, assim como os kirigamis que favorecem o incentivo à arte, leitura, literatura e cultura japonesa.

Os discursos evidenciaram o empenho da bibliotecária e comprometimento do contador em realizar a mediação cultural e a mediação da leitura, apesar da ausência de recursos financeiros para realização da atividade. Pudemos constatar que ele gosta do que faz e que as crianças ficam fascinadas com seu trabalho. Os recursos utilizados são confeccionados de modo criativo e inventivo especialmente para cada história a ser abordada, o que contribui para o enriquecimento e a apropriação das narrativas por parte do público ouvinte.

As crianças demonstraram encantamento ao ter contato e poder interagir com os objetos que ajudam a ilustrar concretamente os assuntos abordados durante a contação. Importante destacar que jovens e adultos também se surpreenderam com os objetos utilizados, como os kirigamis, de modo que a contação de história pode ser destinada a todos os públicos.

Outro aspecto a ser levado em conta é a parceria entre a biblioteca infantil e contador, cuja a formação diferenciada colabora para a realização do ato de contar história com mais criatividade, diversificando o olhar sobre essa atividade e apresentando novas formas de incentivar à leitura. Realçamos ainda a importância do voluntariado nos espaços e ambientes informacionais públicos, que como dito, na maioria das vezes carecem de recursos financeiros, preparo técnico e de investimento para a realização de algumas atividades inerentes a uma biblioteca pública infantil.

É preciso salientar a necessidade dos cursos de graduação em Biblioteconomia incluírem disciplinas que preparem o bibliotecário a atuar também como contador de história, habilidade requerida no dia a dia da sua função como forma de incentivar a leitura e a literatura, principalmente em crianças.

Vale ressaltar o empenho da bibliotecária, do mediador e da iniciativa do poder público municipal de contemplar para o ano de 2019 o projeto como parte do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PROMIC), o que irá garantir mais recurso financeiro para a implementação da atividade. Aproveitamos para ponderar que o retorno das atividades da Biblioteca Pública Infantil de Londrina aos sábados poderia aumentar ainda mais a frequência do público, pois muitos pais teriam mais disponibilidade de tempo para levar os filhos e participar das atividades lúdicas que poderiam ser oferecidas neste dia, otimizando a utilização do espaço apropriado também para atividades externas.

Após a pesquisa a fica evidente o quanto o espaço da biblioteca pública infantil é promissor para a realização de atividades de mediação cultural e de mediação da leitura tendo como objetivo o enriquecimento do repertório artístico-cultural-literário de crianças, adolescentes e adultos.

Agradecimentos

À Biblioteca Pública Infantil de Londrina que gentilmente possibilitou que as autoras acompanhassem a contação de história para coleta dos dados dessa pesquisa.

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1 Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Estadual de Londrina, Brasil. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina, Brasil. Bolsista CAPES. E-mail: appuel@yahoo.com.br.

2 Graduanda em Comunicação Social pela Universidade Estadual de Londrina, Brasil. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina, Brasil. E-mail: anapaulajornalista@yahoo.com.br.

3 Doutora em Ciência da Informação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Brasil. Professora Adjunta da Universidade Estadual de Londrina, Brasil. E-mail: luciane@uel.br.

4 Doutora em Multimeios pela Universidade Estadual de Campinas, Brasil. Docente Colaboradora da Universidade Estadual de Londrina, Brasil. E-mail: terezinha.elisabeth.silva@gmail.com.

5 Taxidermista é a pessoa que exerce a taxidermia, ou seja, a arte de empalhar animais. Fonte: https://www.dicionarioinformal.com.br/significado/taxidermista/4470/.

6 L’expérience esthétique est aussi un temps de confrontation avec des modèles d’action qui se développent dans le récit artistique: entre les liens prescrits par l’impératif juridique et les normes de socialisation imposées par les institutions, l’art introduit un jeu, par le biais des comportements qu’il met en scène. (CAUNE, 1999, p. 12).

7 La médiation culturelle n’est pas transmission d’un contenu préexistant: elle est production du sens en fonction de la matérialité du support, de l’espace et des circonstances de réception…(CAUNE, 1999, p. 13).

8 La médiation culturelle passe d’abord par la relation du sujet à autrui par le biais d’une «parole» qui l’engage, parce qu’elle se rend sensible dans un monde de références partagées.

Le sens n’est plus alors conçu comme un énoncé programmatique, élaboré en dehors de l’expérience commune, mais comme le résultat de la relation intersubjective, c’est-à-dire d’une relation qui se manifeste dans la confrontation et l’échange entre des subjectivités. (CAUNE, 1999, p. 1).

relato de pesquisa