MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO E SUAS DIMENSÕES DIALÓGICA, ESTÉTICA, FORMATIVA, ÉTICA E POLÍTICA: um fundamento da Ciência da Informação em favor do protagonismo social

MEDIATION OF INFORMATION AND ITS DIALOGICAL, AESTHETIC, FORMATIVE, ETHICAL AND POLITICAL DIMENSIONS: a foundation of Information Science in favor of social protagonism

Henriette Ferreira Gomes1

RESUMO

Estudo analítico da literatura científica que focaliza o fenômeno informação, a mediação da informação, teorias sócio-interacionistas, articulando abordagens de autores que situam a informação e o fazer informacional em uma perspectiva social em diálogo com abordagens que focalizam a mediação da informação, as teorias sócio-interacionistas, teorias da comunicação, semióticas e linguísticas, com o apoio da técnica da análise de conteúdo em leituras intensivas e recursivas na identificação de pontos de convergência entre as perspectivas e proposições. Como resultado amplia as dimensões da mediação da informação, apresentando uma proposição conceitual de informação e discutindo que a efetividade da ação mediadora depende da mediação consciente, que busca alcançar suas dimensões dialógica, estética, formativa, ética e política, assegurando o processo de problematização para que ocorra a apropriação da informação e a tomada de consciência, o que contribui para o desenvolvimento e fortalecimento do protagonismo social e permita o acesso, uso e a apropriação da informação em parâmetros democráticos, o que é fundamental ao processo de transformações sociais. Nessa perspectiva, ressalta a problematização e a práxis como categorias freirianas que sustentam a importância da mediação consciente, a formação do profissional e intelectual orgânico do campo, assim como a proposição de se alçar a mediação da informação e suas dimensões à condição de fundamento da Ciência da Informação.

Palavras-chave: Dimensões da mediação da informação. Mediação consciente da informação. Informação – Conceito.

ABSTRACT

Analytical study of the scientific literature that focuses on the information phenomenon, the mediation of information, socio-interactionist theories, articulating approaches of authors that situate information and the work with information in a social perspective in dialogue with approaches that focus on the mediation of information, theories socio-interactionist, communication, semiotic and linguistic theories, with the support of the contente analysis technique in intesive and recursive readings in the identification of points of convergence between perspectives and propositions. As a result, it expands the dimensions of information mediation, presenting a conceptual proposition of information and discussing that the effectiveness of mediating action depends on conscious mediation, which seeks to reach its dialogical, aesthetic, formative, ethical and political dimensions, ensuring the process of problematization for that the appropriation of information and the awareness process takes place, which contributes to the development and strengthening of social protagonism and allows access, use and appropriation of information within democratic parameters, which is fundamental to the process of social transformations. In this perspective, it emphasizes the problematization and práxis as freirian categories that support the importance of conscious mediation, the formation of the professional and organic intellectual of the field, as well as the proposal to raise the mediation of information and its dimensions to the condition of the theoretical foundations of Science Information.

Keywords: Dimensions of information mediation. Conscious mediation of information. Information – Concept.

Artigo submetido em 14/09/2020 e aceito para publicação em 01/10/2020

1 INTRODUÇÃO

Trata da ampliação das dimensões da mediação da informação propostas em artigo publicado em 2014, no periódico científico Informação & Informação, incorporando a dimensão política e discutindo o alcance das dimensões dialógica, estética, formativa, ética e política a partir da realização da mediação consciente da informação, como categoria integrante do conceito proposto por Oswaldo Francisco de Almeida Junior. Abordagem que permite consubstanciar a propositura do reposicionamento dessa temática para o rol dos fundamentos da Ciência da Informação.

Para melhor situar a mediação da informação como um fundamento da área que se pauta em uma perspectiva social, algumas abordagens teóricas e conceituais são apresentadas como proposições que guardam maior aproximação com as abordagens dos estudos da mediação da informação, que a compreendem como uma ação dialética e interacionista.

A partir da análise dessas abordagens teóricas passe-se ao enfoque mais direto das contribuições acerca da temática da mediação da informação e suas dimensões, buscando situá-las como instâncias do cuidar, motivadoras do exercício da práxis que possibilita uma ação de interferência consciente por parte do mediador que, assim, também se potencializa enquanto um protagonista, cuja atuação deve ser orientada pela intencionalidade dessa ação que se volta ao desenvolvimento do protagonismo social. Desse modo, a categoria freiriana da práxis, associada ao exercício da problematização, coloca-se como um ponto de inflexão que qualifica a mediação da informação como consciente, que passa a se constituir em substrato relevante à formação do mediador como um intelectual orgânico do campo da informação em uma perspectiva gramsciniana.

Assim, conclui-se que a efetividade da ação mediadora está associada à mediação consciente que, com o cuidado necessário busca alcançar suas dimensões dialógica, estética, formativa, ética e política, promovendo o processo de problematização que contribui para que ocorra a apropriação da informação e a tomada de consciência por parte dos sujeitos envolvidos na ação de interferência, o que contribui para o desenvolvimento e fortalecimento do protagonismo social, assegurando que o acesso, uso e a apropriação da informação ocorram em parâmetros democráticos, se fazendo em experiência de um encontro com a informação capaz de fortalecer as lutas por inclusão e justiça social.

2 PERCURSO METODOLÓGICO

As abordagens e proposições compartilhadas neste texto resultaram de um estudo analítico da literatura científica que focaliza o fenômeno informação, mediação da informação, teorias sócio-interacionistas, buscando-se articular abordagens de autores que situam a informação e o fazer informacional em uma perspectiva social como aquelas desenvolvidas por Shera, Fromahnn, Wersig e Neveling, Belkin e Robertson; Brookes; Mikhailov; Buckland; Wersig; Le Coadic; Hjørland e Capurro. Na articulação de abordagens que focalizam a mediação da informação, as teorias sócio-interacionistas, teorias da comunicação, semióticas e linguísticas, tomou-se como referência as produções de Vygotsky; Freire; Debray; Sfez; Simondon; Scherer; Pareyson; Damásio; Peraya; Almeida Junior; Gomes; Perrotti; Pieruccini. A estas abordagens foram ainda articuladas aquelas especialmente desenvolvidas por Boff e Gramsci para assinalar a relevância da categoria do cuidado e a importância do profissional e intelectual orgânico para a contribuição social do campo informacional.

Na operacionalização do estudo adotou-se a técnica da análise de conteúdo que articulou leituras intensivas à análise recursiva aos conteúdos inscritos em fichas analíticas por terem emergido dessas leituras como forças de convergências ou aproximações a uma inflexão que aponte um caminho à propositura pretendida. As leituras foram realizadas em três blocos temáticos: o de textos cujo conteúdo aborda a informação e o fazer informacional a partir de uma perspectiva social; outro relacionado aos textos que abordam a mediação da informação, teorias sócio-interacionistas, teorias da comunicação, semióticas e linguísticas, e o terceiro bloco com aqueles que tratam a categoria do cuidado e a importância do intelectual orgânico.

Como resultado foi possível identificar pontos de convergência, interseção e complementaridade entre as abordagens analisadas, que sustentam as proposições apresentadas, na condição de resultado do estudo, sobre a relação entre informação e mediação, assim como sobre a mediação da informação e suas dimensões, na condição de fundamento e contributo da Ciência da Informação ao desenvolvimento do protagonismo social.

3 INFORMAÇÃO E MEDIAÇÃO

Ao abordar as dimensões da mediação da informação, se impõe demarcar a perspectiva conceitual de informação. Nesse sentido, esta autora vem nos últimos anos apresentando uma proposição conceitual, que emerge da compreensão de que a informação se estabelece nas relações sociais, se caracterizando como resultante do compartilhamento do conhecimento e saberes, compreensão que sustenta o lócus e a importância da mediação e suas dimensões. Isso implica em situar a mediação no trânsito entre comunicação e transmissão, entendendo-se a transmissão na perspectiva de Debray (2000, 2001), como processo que busca assegurar o compartilhamento das experiências, saberes e conhecimentos, ultrapassando a simultaneidade e efemeridade da comunicação, superando os limites do espaço e do tempo, alcançando efetividade para além da própria existência dos agentes da comunicação e da ação de compartilhamento.

Para Debray (2000, 2001), a comunicação é essencialmente um transporte no espaço, enquanto a transmissão é um transporte no tempo. Se a comunicação representa uma ação de compartilhamento sincronizante, a transmissão é diacrônica e possibilita o compartilhamento entre contemporâneos e não contemporâneos, entre sujeitos de tempos e culturas distintas, sustentando as condições da constituição de interagentes que não são dependentes da presença física ou da coexistência com seus interlocutores. Assim, pode-se inferir que é no projeto da transmissão que a informação conquista maior evidência, por demandar dispositivos mediadores que assegurem o seu transporte no tempo e espaço, que lhes concedam o que Debray (2000, 2001) denomina de uma materialidade caminhante. Assim, o uso dos dispositivos de mediação assegura que o processo de compartilhamento, inaugurado pela comunicação, se estenda no tempo e espaço.

O projeto da transmissão auxilia a construção da história, a geração do patrimônio social, preservando o conhecimento e a cultura. Enquanto nas ações de comunicação os dispositivos de mediação dão suporte às interfaces necessárias a interação imediata e ao estabelecimento de redes sociais, nas ações de transmissão, os dispositivos de mediação auxiliam a retomada, a qualquer tempo, do resultado da ação de compartilhamento (comunicação), permitindo que outros interagentes, em períodos distintos da história, possam entrar em cena, acessando as representações geradas naquela comunicação. Nessa perspectiva é que Debray (1995, 1999, 2000, 2001) situa a ação mediadora na articulação entre os sistemas de comunicação e os meios de deslocamentos no espaço e no tempo (sistemas de transmissão).

Desse modo, comunicação e transmissão asseguram a interação social para o compartilhamento e debate de ideias, experiências, saberes e conhecimentos. Contudo, esse compartilhamento só se concretiza na informação gerada nesses processos, o que sustenta a defesa de que o compartilhamento se caracteriza como ponto vital de interligação entre informação e comunicação.

Analisando as formulações teóricas acerca do fenômeno informação, torna-se possível eleger algumas proposições que evidenciaram, em certa medida, a interligação entre informação e comunicação, como também, a simbiose entre informação e conhecimento. O estudo delas sustentou o tecer argumentativo desta autora na formulação de uma proposição conceitual de informação.

Nas décadas de 1960 e 1970 as contribuições de Borko, Shera, Wersig e Neveling, Belkin e Robertson permitiram um avanço da compreensão do objeto informação. Borko (1968) destacou que a informação corresponde a um objeto que tem propriedades e comportamentos, que é produzida e circula por meio de um fluxo informacional, podendo ser acessada e utilizada através do processamento de seu conteúdo. Shera (1971, 1973) defendeu que a informação consiste em conteúdo e operações de ordem tecnológica que sustentam o compartilhamento (que, portanto, asseguram comunicação e transmissão), sendo que as características do conteúdo compartilhado somente adquirem sentido na recepção, que sempre se dá em determinado contexto sócio cultural. Essa cadeia sistêmica foi denominada por Shera (1971, 1973) de trindade do atomismo (1 - conteúdo, 2 - base tecnológica de produção e transmissão, 3 - recepção em determinado contexto social). Essa contribuição de Shera representou um avanço em termos conceituais da informação, em especial por ter tornado mais evidente a relação entre informação e comunicação.

Outra contribuição importante na compreensão do objeto informação foi formulada por Wersig e Neveling (1975), ao assinalarem ser a informação um conhecimento elaborado a partir da percepção, onde o significado da mensagem representa um efeito do processo, sustentando o argumento conceitual da informação como processo. Essa é uma perspectiva que se também se insinua na abordagem de Belkin e Robertson (1976) quando estes acentuaram a potência criadora da informação, ao defendê-la como um objeto capaz de alterar uma estrutura. Esse debate permitiu a identificação da articulação entre comunicação e transmissão de ideias, experiências, saberes e conhecimentos, articulação que, em simbiose, faz emergir a informação.

Também marcam a discussão conceitual as contribuições produzidas por Brookes e Mikhailov, que avançaram nessa construção em uma perspectiva social. Para Brookes (1980) informação é um elemento promotor de transformações nas estruturas do indivíduo, sendo essas estruturas de caráter subjetivo ou objetivo. Por sua vez, Mikhailov (1983) assinalou o caráter social da informação apontando que esta resulta de atividades sociais de produção de conhecimento e, portanto, se constitui em elemento transformador da realidade.

Na década de 1990, Buckland, Wersig e Le Coadic seguiram avançando nessa construção conceitual a partir de um enfoque social, que aproxima a informação do conhecimento. Buckland (1991) defendeu que a informação deve ser compreendida como conhecimento, destacando o papel do universo subjetivo e intangível da informação, reforçando que a informação é dependente e se vincula ao processo de percepção e interpretação por parte de sujeitos, devendo ser compreendida como processo, na condição integrativa entre a representação física (coisa) e o conteúdo intangível (conhecimento).

Para Buckland (1991), estes três atributos da informação precisam ser considerados. A compreensão da informação como coisa, implica na admissão de que os registros, os dados e os objetos guardam valor informativo. Já na defesa da informação como conhecimento reside a compreensão da informação como uma entidade subjetiva, já que o seu sentido é produzido na mente daquele que a acessa, representando o que ele entendeu como processos de recepção, assimilação e apreensão por parte dos sujeitos. Por outro lado, o entendimento da informação como processo se vincula à compreensão de que a informação consiste em um fenômeno que se dá na interligação de ações de produção, promoção, busca, acesso, uso e recepção. Por fim, para Buckland (1991) informação é processo ligado ao ato de informar; é conhecimento que se refere a fatos, ocorrências, assuntos etc.; mas também é coisa por ser exposta por meio de uma materialidade. Em sua abordagem Buckland (1991) deu ênfase aos aspectos imateriais da informação, assinalando que os processos de recepção, assimilação e apreensão, assim como aqueles ligados a produção, promoção, busca, acesso e uso da informação, devem ser considerados como integrativos do próprio fenômeno informação.

Ainda na década de 1990, Wersig (1993) parece ter se concentrado na formulação de uma síntese dessa discussão, acentuando que a informação deve ser compreendida enquanto conhecimento em ação. Nesse sentido, Le Coadic (1996) contribui com esse debate rememorando que informação é um conhecimento inscrito (gravado) sob a forma escrita (impressa ou digital), mas também oral ou audiovisual. Pode-se dizer que Le Coadic contribuiu para o resgate da compreensão de que a informação também resulta da comunicação direta, na qual a oralidade ocupa papel central, colaborando para a compreensão da existência de elementos imateriais da informação, que podem gerar zonas de tensionalidades, o que potencializa nossa compreensão acerca da simbiose entre informação e a ação do compartilhamento de conhecimentos, saberes, percepções etc.

Esse debate conquistou um adensamento relevante por meio das contribuições de Capurro, Hjørland e Frohmann nos anos 2000. Hjørland (2002) abordou a informação no âmbito da análise de domínios e comunidades discursivas, a partir das relações estabelecidas entre os diferentes discursos, áreas do conhecimento e conjuntos documentais, sempre a partir de demandas e pontos de acesso específicos, que surgem de comunidades de usuários com características também distintas. Na sua abordagem Hjørland (2002) destaca a necessidade de se observar a produção do conhecimento, os agenciamentos voltados ao compartilhamento do conhecimento por parte das comunidades discursivas, como também a relevância dos conjuntos documentais que asseguram a transmissão, acentuando o caráter social da informação. Nessa perspectiva, se pode ainda mencionar Capurro (2003), que afirma ser a informação uma categoria antropológica, correspondente ao fenômeno das mensagens humanas, em uma perspectiva hermenêutica e sócio-interacionista, ressaltando que ela resulta de um processo relacional entre fontes, sinais, reações e recepções por parte dos sujeitos.

Tanto a concepção apresentada por Hjørland (2002), quanto àquela defendida por Capurro (2003) acentuam a relevância dos agenciamentos sociais em torno da produção e compartilhamento da informação na sociedade, sinalizando para a importância das zonas de tensão que têm implicações nos processos de compartilhamento e de significação.

Nesse sentido, em 2008, Frohmann faz avançar o debate ao ressaltar a existência dos regimes de informação, que envolvem sujeitos, dispositivos, a articulação de linguagens, comunidades discursivas, intencionalidades; assinalando o caráter público da informação, já que esta possibilita a publicização dos conteúdos, permitindo também o estabelecimento de “acordos” e “estratégias” que, potencialmente, asseguram sua preservação na memória social. Frohmann (2008) também nos convoca a compreender a importância da documentação e organização da informação, assinalando o caráter social e material desta, demarcando sua dependência dos agenciamentos sociais e tecnológicos, o que se tende a interpretar como evidência de uma simbiose existente entre comunicação, transmissão e informação.

Essas contribuições teóricas acerca do objeto informação conduziram as reflexões desta autora acerca da importância de gerar uma proposição contributiva no sentido de acentuar, destacadamente, as relações simbióticas entre informação e conhecimento, buscando evitar tendências que, embora tenham feito avançar as discussões, podem conduzir aos riscos da adoção do que Frohmann denominou de uma visão mentalista da informação, que acaba por enfraquecer o foco epistemológico do campo da Ciência da Informação.

Nessa linha reflexiva, e admitindo-se que o conhecimento no seu sentido lato corresponde a saberes, percepções, conhecimentos imediatos, conhecimentos do senso comum e também de caráter científico, resultantes das experiências e interações sociais, onde a dialogia ocupa lugar central nos planos da intra e intersubjetividade, pode-se afirmar que o conhecimento emerge da articulação de agenciamentos no coletivo, das experiências coletivas, que se conectam a redes de sentido, tecidas na experiência singular das memórias dos sujeitos. Da construção dos conhecimentos e saberes pode se desdobrar a informação, que será produzida em outro processo que é o do compartilhamento (comunicação), quando, conscientemente ou não, acaba-se externalizando e colocando em comum o conhecimento construído. Aqueles que entram em diálogo (direto ou indireto) com o sujeito que conhece, têm a possibilidade de tomar contato com seu conhecimento, na medida em que este foi colocado em comum, em um movimento de comunicação, por meio do qual a informação foi produzida e externalizada. Ainda que esse movimento represente um investimento ou uma mera reação.

Desse modo, pode-se defender que a informação é construída no compartilhamento do conhecimento, nas interações sociais que fazem emergir o que se conhece por meio da articulação de linguagens, que torna público o quê está em domínio singular, permitindo a troca e/ou retomada do conhecimento em qualquer tempo e contexto, assegurando o projeto da transmissão enunciado por Debray (2000, 2001). Além das linguagens, diversos dispositivos de mediação podem ser articulados nesse processo, assegurando tanto a materialização do conhecimento, quanto uma fisicalidade que permitirá o seu trânsito, que Debray qualifica como uma comunicação caminhante.

O conjunto articulado de linguagens e de dispositivos processuais, ambientais, técnicos e tecnológicos é explorado pelo sujeito no compartilhamento, que sempre será regido por motivações (declaradas ou não, conscientes ou não), que podem ser observadas e analisadas por concepções semióticas, sociológicas, antropológicas, históricas, mas que somente serão produzidas pela interpretação e tradução, que se dão a partir da possibilidade do movimento recursivo ao conteúdo. Sendo nessa possibilidade de oferta do movimento recursivo que o conhecimento alcança sua instância de compartilhamento, se constituindo em informação.

Pode-se admitir que a informação representa uma instância de trânsito entre o conhecimento construído por determinados sujeitos, em um determinado contexto, e outros sujeitos que, no mesmo contexto e tempo histórico ou não, terão a oportunidade de ter acesso a ele, já que este fora externalizado (materializado). Quando compartilhado, esse conhecimento assume sua condição de informação, podendo vir a ser encontrado por outros sujeitos, podendo ainda, em tempos distintos, ser revisitado pelo seu próprio produtor.

Este é o sentido a partir do qual esta autora defende que a informação é o fenômeno que emerge do compartilhamento do conhecimento e dos saberes humanos, consistindo em um primeiro nível de representação que assegura o processo de comunicação, sustentador do compartilhamento capaz de fazer o conhecimento transitar da esfera singular e privada à esfera do coletivo, do público e do social.

O conhecimento é compartilhado por meio da sua materialização (informação), constituída ou não de uma fisicalidade, mas sempre de uma materialidade, que se dá pela articulação de diversas linguagens e acaba permitindo a sua retomada, revisão e reflexão, em movimentos potencializadores do exercício da crítica, da construção de novos conhecimentos ou, até mesmo, da ressignificação daqueles anteriormente estabelecidos. Nessa instância fica mais evidente a condição de conhecimento que tem a informação. Contudo, em um estado de compartilhamento, ocorre seleção (consciente ou não) para a produção da representação de primeiro nível, indicando que este é regido por intencionalidades, assim como pela dependência das condições dos dispositivos disponíveis no tempo histórico e social da ação do compartilhar.

No estado de compartilhamento, o conhecimento transita do singular ao coletivo. Para ser socializado, o conhecimento, de quaisquer ordens, precisa adentrar seu estado de compartilhamento por meio de sua materialização (informação). Esta é a concepção que sustenta a proposição desta autora de que passemos a compreender a informação como conhecimento em estado de compartilhamento.

O compartilhamento corresponde à ação materializadora (que pode ou não produzir fisicalidade), mas cujo atributo central é o de colocar o que se sabe, o que se conhece, o que é percebido, sentido ou pensado, em comum, ainda que o espectro do comum a ser alcançado se estabeleça por outros níveis de intencionalidades.

Assim, na condição de conhecimento em estado de compartilhamento, a informação carrega em si duas potências relevantes, a primeira de impulsionar a ação comunicativa, sustentada pelo fundamento da transmissão, e a segunda potência a de estimular e possibilitar novas ações de comunicação que, no processo de interação e do espaço crítico, podem proporcionar as condições de substrato a revisões geradoras ou ressignificadoras dos conhecimentos. Desse modo, entende-se ainda que a informação caracteriza-se como subsidiária do pensar e das ações instituintes de novos conhecimentos e saberes.

Nesse contexto, verifica-se que as ações de comunicação estão situadas em toda experiência humana, assim como na transmissão cultural, ambas constituindo o lócus da mediação da informação, cujas dimensões, quando alcançadas, permitem o seu sucesso, tornando-se importante compreendê-las, assim como refletir acerca da sua condição de fundamento da Ciência da Informação e de contributo desta ao desenvolvimento e fortalecimento do protagonismo social.

4 MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO E SUAS DIMENSÕES: fundamento e contributo da Ciência da Informação ao desenvolvimento do protagonismo social

Ao tratar da mediação da informação e das suas dimensões como fundamento da Ciência da Informação e, ao mesmo tempo, como um contributo da área ao desenvolvimento e fortalecimento do protagonismo social, parte-se das contribuições de Almeida Junior (2006, 2009, 2015), Freire (1996, 2005, 2008) e Vygotsky (1998, 2001, 2003a, 2003b) que permitem situar a mediação da informação como uma ação dialética, pautada na dialogia e promotora da construção do espaço crítico, a partir do qual o processo de problematização, capaz de impulsionar a recepção, o desenvolvimento intelectual, assim como a tomada de consciência, pode representar um apoio significativo à apropriação da informação pelos sujeitos envolvidos na ação mediadora.

Como já pontuado na seção anterior, o campo da Ciência da Informação tem avançado na formulação de abordagens teóricas que situam a informação em uma perspectiva social. Contudo, as abordagens em torno da mediação da informação estiveram, e parte delas ainda se mantem, circunscritas a enfoques mais genéricos. Em muitas situações a mediação é tratada sem a formulação de proposições teóricas específicas do campo; em outras a literatura apresenta apenas a adoção do termo, sem adentrar em reflexões mais focalizadas no campo informacional, ou ainda opta por uma discussão de cunho sociológico e antropológico sem, contudo, formular proposições articuladoras desses enfoques àqueles voltados diretamente ao campo da Ciência da Informação, de modo que pesquisadores e profissionais da área tenham a oportunidade de discutir e compreender a mediação no contexto informacional.

Ainda que se reconheça a imensurável contribuição dessa literatura ao processo reflexivo voltado à construção de um domínio consistente acerca da mediação da informação, considera-se importante reconhecer e concordar com Santos Neto (2019), quando este afirma que somente em 2006 um conceito específico de mediação da informação foi proposto por Almeida Junior, que seguiu empreendendo esforços no aprimoramento da sua formulação conceitual, promovendo em 2015 a atualização do seu conceito de mediação da informação, passando a defendê-la como

[...] toda ação de interferência – realizada em um processo, por um profissional da informação e na ambiência de equipamentos informacionais -, direta ou indireta; consciente ou inconsciente; singular ou plural, individual ou coletiva; visando a apropriação de informação que satisfaça, parcialmente e de maneira momentânea, uma necessidade informacional, gerando conflitos e novas necessidades informacionais. (ALMEIDA JUNIOR, 2015, p. 25).

Observa-se que o autor inicia sua conceituação destacando o atributo de ação de interferência e não de intervenção, talvez buscando superar a carga impositiva do intervir, parecendo optar pelo termo interferência que se abre a perspectiva alteritária e dialógica da mediação da informação, na sua condição de ação que se realiza com o outro e não para ou sobre o outro.

Outra questão que se acredita importante de pontuar em relação ao conceito formulado por Almeida Junior (2015) diz respeito ao trecho no qual o autor afirma que a mediação da informação se dá em um processo realizado pelo profissional da informação, na ambiência de equipamentos informacionais. Considera-se importante problematizar a adoção do termo equipamentos, que denota influência dos estudos sobre ação cultural e projetos culturais, nos quais a expressão “equipamentos culturais” tem forte incidência. Na problematização quanto ao emprego dessa expressão, pode-se retomar autores importantes à abordagem da mediação como Simondon (1989), Sfez (c1990) e Debray (2000, 2001), e mais especificamente Peraya (1999).

Na perspectiva de Simondon (1989), os equipamentos ou objetos técnicos se articulam à dimensão humana, superando uma compreensão acerca destes como elementos de mero funcionamento operatório e de caráter utilitário. Estes são elementos centrais no processo de comunicação, no qual os sujeitos da comunicação interagem intensamente e em simbiose com estes.

Ao tratar da comunicação que se dá pela articulação das linguagens, Sfez (c1990) também ressalta que nesse processo o canal pode interferir, inclusive na mensagem resultante dele, o que indica que seu caráter não é meramente funcionalista. Por seu lado, Debray (2000, 2001) entende que o meio, o suporte de informação ou canal devem ser considerados no processo de produção de sentidos como vetores de sensibilidades e matrizes de sociabilidades que, de algum modo, interferem na produção de sentidos.

Em perspectiva próxima, mas já focalizando a análise do contexto da mediação, Peraya (1999) opta pelo termo dispositivo em lugar de equipamento, alertando que a ação mediadora se realiza por meio da articulação de diversos dispositivos, que têm natureza técnica, semiológica e pragmática, não sendo, portanto, desprovidos de força, ao contrário disso, potencializam a mediação. Esse autor afirma ainda que o acesso e uso dos dispositivos ocorrem por intencionalidades de ordem pragmática, que interferem e colaboram com o processo de geração de sentidos. Desse modo, o entendimento de dispositivo como elemento pragmático, técnico e semiológico destaca a força deste termo frente ao termo equipamento.

Perrotti e Pieruccini (2007), a partir dessa compreensão, quando desenvolvem estudos acerca de mediação cultural, também adotam o termo dispositivo e assinalam que a mediação da informação pressupõe técnicas, instrumentos, suportes, recursos, agentes e processos que não estão reduzidos a meros artifícios de transferência de conteúdos informacionais, mas sim se caracterizam como dispositivos geradores de sentidos.

Esse entendimento acerca do dispositivo evidencia o caráter dialógico da mediação da informação, já que é por meio deles que se torna possível sustentar as manifestações de subjetividades que ocorrem no processo de interlocução inter e intrasubjetiva. Contudo, somente na mediação consciente a dialogia é intensificada, tornando exequível o exercício da crítica e a observação das incompletudes e lacunas que promovem a desestabilização dos conhecimentos em cada sujeito, representando ainda uma contribuição para o acionamento do que Vygotsky (1998, 2001, 2003a, 2003b) denomina de zona de desenvolvimento proximal (ZDP), compreendendo-a como uma instância potencializadora do desenvolvimento interior e da geração de sentidos, circunstância promotora da apropriação da informação pelos sujeitos.

Sob a inspiração desse arcabouço teórico, tornou-se mais evidente tanto a necessidade da realização da mediação consciente da informação, para que ela alcance suas dimensões que possibilitam a efetividade necessária ao desenvolvimento do protagonismo social, quanto à importância da dimensão dialógica, enquanto uma instância sustentadora da própria ação mediadora. Sem a dialogia não é possível realizar a mediação da informação. Desse modo, um mediador consciente do significado da ação mediadora, passa a considerar e desenvolver o processo dialógico, buscando observar e compreender as singularidades dos sujeitos envolvidos na ação de interferência, assegurado a todos o espaço de voz, de modo que estejam envolvidos e protagonizando a ação.

Por outro lado, essa dialogia representa a condição de processo dialético em que consiste a mediação da informação, exigindo do agente mediador disposição e preparação para atuar com respeito às diferenças, estimulando a interpelação, expressão, manifestação dos sujeitos envolvidos, assegurando a permanência da dialogia no processo e, portanto, fazendo com que a mediação alcance a sua dimensão dialógica.

Na intensificação consciente da dimensão dialógica, os sujeitos têm a possibilidade de se desvelarem mutuamente, refletindo com outro no encontro com a informação, onde o espaço crítico se fortalece em uma ambiência respeitosa e geradora do conforto necessário à manifestação e interpelação de todos. Processo em que a mediação da informação tem a possibilidade de alcançar sua dimensão estética, instância em que o sujeito pode ter acionada a sua ZDP, experimentando certa desestabilização do seu arcabouço de conhecimentos. Se por um lado, nessa instância o sujeito se desestabiliza, por outro ele tem a possibilidade de, a partir da dialogia e do processo de problematização, reconstruir esse arcabouço, alargando sua compreensão, o que é gerador do prazer estético da criação e da sua própria recriação enquanto sujeito.

Paulo Freire (2005, 2008), ao abordar a mediação torna evidente o seu caráter potencializador do processo de construção do protagonismo social ao defender que a mediação consiste em uma ação por meio da qual o ser humano pode se transformar em sujeito social. Ao experimentar o processo de mediação, se pode refletir acerca da experiência, dos interlocutores, refletir sobre o mundo e sobre si mesmo, o que potencializa a formação da consciência que faz emergir o sujeito social comprometido e capaz de interferir e transformar sua realidade e a sociedade, enfim, de se transformar em um protagonista social.

Outro aspecto relacionado à dimensão estética da mediação da informação consiste na construção de uma ambiência de acolhimento e de conforto emocional para que todos possam sentir-se livres para pensar, interpelar, questionar e exercer a crítica no encontro com a informação. Para tanto, a mediação consciente busca trabalhar com a articulação de linguagens e dispositivos que sustentem a dialogia, em uma perspectiva do conceito de dispositivo informacional dialógico defendido por Pierruccini (2007), tratando o próprio ambiente informacional como um dispositivo. Nesse sentido, o mediador precisa ter o domínio dessas linguagens e dos diversos tipos de dispositivos, de modo que tanto o repertório informacional disponível represente a diversidade, quanto os instrumentos, processos e produtos para acesso aos conteúdos tenham na centralidade de seus objetivos a promoção do diálogo e do debate.

Essa é uma condição importante para que o ambiente informacional não se limite a ofertar o acesso aos conteúdos, avançando na promoção de um acesso que se articule a oportunidades de discussão e reflexão em torno desses conteúdos, o que contribuirá para que os sujeitos envolvidos também conquistem o domínio sobre eles. Nessa condição, a mediação da informação poderá proporcionar tanto o acolhimento e o conforto para o processo de reflexão crítica, quanto o estímulo ao debate e ao espaço de construção da crítica no coletivo, no qual os sujeitos se sintam em interação e também como agentes da ação comunicativa que ela pode provocar.

Os sujeitos da ação comunicativa precisam transitar com “conforto emocional” no “ambiente” informacional que, mais do que consistir em um espaço fisicamente geográfico, precisa se constituir em uma ambiência que se abre ao outro, acolhendo-o e colocando-se com disponibilidade à construção de laços de pertencimento. Nesse sentindo, a ambiência se expande e projeta o ambiente informacional, que pode ou não ser físico, atuando para além de suas fronteiras geográficas, na condição de um dispositivo informacional dialógico, que está a serviço da construção e fortalecimento do espaço da interlocução. Há nesse sentido um aspecto importante da dimensão estética, que se evidencia quando a mediação da informação sustenta a construção do sentimento de pertença, promovendo o encontro promissor com a informação, que consiste em cultivar o terreno seminal ao desenvolvimento intelectual e a geração do conhecimento, evidenciando que este sempre está associado às partilhas coletivas, sendo que, quando essas partilhas se tornam mais claras e vivenciadas com intensidade, o estímulo à criatividade é mais forte, tornando mais evidente a potência dos processos sócio-interacionistas para o alargamento dos saberes e conhecimentos.

Poder-se-ia denominar essa ambiência de ambiência do conforto ao pertencimento, onde o pensamento flui com liberdade e respeito à alteridade, propício ao trânsito livre das ideias, sem censura ou rejeição, sendo estimulante ao exercício paritário da crítica, instância em que se articulam as dimensões dialógica e estética.

A intensificação do diálogo contribui para que a ação mediadora alcance a dimensão estética, se confirmando como uma ação ligada ao movimento multidirecional, ligada à geração de experiências no encontro com a informação, também no encontro com o outro que a produziu, promoveu e disponibilizou, e ainda como com outros sujeitos que também foram em busca de acessá-la e interpretá-la. Nesse transcurso ocorre ainda o encontro com os próprios dispositivos (ambiente informacional, instrumentos, processos, produtos de representação e recuperação da informação, serviços e atividades) que possibilitam a busca, o acesso e o uso da informação, visando a sua apropriação. Os sujeitos, ao conhecê-los e reconhecê-los como instâncias coletivas, pertencentes ao coletivo, buscarão se apropriar deles, incorporando-os ao seu estar no mundo.

Nesse sentido, tomando-se como referência os estudos de Scherer (2005, 2008) sobre os ambientes educacionais (virtuais e presenciais), os quais convergem no destaque da importância de se analisar a estética nesses contextos, sob o argumento de que a liberdade de movimento em direção ao conhecer, assim como o prazer e o sentido do belo que os sujeitos alcançam ao conquistar autonomia nesse processo traduzem uma estética, pode-se compreender a potência estética dos próprios ambientes informacionais.

Na qualidade de dispositivo informacional dialógico, o ambiente de informação precisa oferecer uma nova configuração ao processo de encontro com a informação que passe, em um contexto contemporâneo caótico de desinformação, informações falsas e um volume grande de itens informacionais a serem selecionados, também a ofertar um trabalho mediador que inspire confiança e conforto ao debate, que potencializa a exposição e identificação de contradições, inconsistências e/ou qualidade da informação em foco, buscando intensificar o processo de problematização, o espaço da crítica e do exame de novas informações que permitam o contraditório e o debate de ideias.

Assim, os sujeitos envolvidos no processo da mediação consciente da informação sentem-se acolhidos e reconhecidos como sujeitos ativos na ação mediadora, abrindo-se à conquista da condição de protagonistas do ambiente informacional e também da geração de novas informações. Nessa experiência, eles vivem emoções e sentimentos que podem e precisam ser observados pelo mediador, por meio da escuta e observação sensível.

Se a percepção dos sentimentos é de difícil alcance para o mediador, a emoção costuma ficar mais evidente em manifestações que ocorrem na ação. De acordo com Damásio (2000), há indícios de que a emoção tenha se desenvolvimento no processo de evolução da espécie humana, a partir da luta pela sobrevivência, antecedendo o aparecimento da consciência. As emoções são singulares em cada sujeito e resultam de sentimentos, que são de difícil identificação. Contudo, Damásio (2000) coloca que se o sentimento é de difícil identificação por corresponder a uma experiência mental privada da emoção, a emoção, por corresponder a reações derivativas dos sentimentos, se manifesta de algum modo, sendo passível de observação e identificação. Se não é possível observar diretamente os sentimentos de alguém, estes podem ser observados por meio dos estados emocionais, que podem indicar aqueles que estão sendo gerados na ação mediadora, ou ainda despertados por ela.

A consideração das emoções vividas na mediação da informação pode sustentar uma avaliação que, no exercício da práxis, indique a intensidade alcançada na dimensão estética, na medida em que se observe o prazer dos sujeitos envolvidos em poderem interpelar, questionar e criar a partir do encontro com a informação em debate no coletivo.

Tendo a mediação da informação uma dimensão estética que acionada e explorada em sua potencialidade pode trazer para a experiência o espaço de voz, o exercício da crítica e o debate, onde expressão e interpelação conquistam espaço promissor para que sejam acionadas as zonas de desenvolvimento proximal dos sujeitos envolvidos, ela colabora para que os conhecimentos prévios desses sujeitos entrem em estado de desestabilização, de conflito cognitivo, que se desdobrará no conflito informacional apontado no conceito de mediação da informação de Almeida Junior (2015). E esse consiste no momento em que a mediação da informação deve centrar-se na intensificação do processo de problematização que recomenda Freire (2005, 2008), ampliando o exercício da crítica e do debate, o que permitirá a apropriação da informação e o ingresso na dimensão formativa.

No alcance intenso da dimensão estética, a mediação da informação adentra a sua dimensão formativa. Ao abordar a estética como uma “teoria da formatividade”, Pareyson (1993) entende que o sujeito, quando situado em um estado de permanente tensionamento entre o seu conhecimento prévio e o conhecimento que ainda não é do seu domínio, experimenta o prazer da reflexão e criação ao exercitar a significação e a ressignificação, tendo a possibilidade de expandir o seu estado de conhecimento.

Na medida em que a problematização e o debate são intensificados no encontro com novas informações, que permitem o contraditório e a reflexão que engendra ressignificações ou novas interpretações, a ação mediadora estará favorecendo as condições de superação dos conflitos cognitivos e de consolidação da apropriação da informação.

Pode-se afirmar que na experiência do encontro com uma informação nova, com um conhecimento novo colocado em compartilhamento, o sujeito vive um momento de conflito cognitivo que, na mediação, deve ser trabalhado para o adensamento do debate. Se por um lado esse tensionamento gera desconforto, por outro ele pode representar a oportunidade de redimensionamento do arcabouço de conhecimentos e saberes dos sujeitos, situação em que ocorre a apropriação da nova informação.

Outro aspecto importante assinalado pela abordagem da formatividade defendida por Pareyson (1993) relaciona-se ao processo permanente de formação que todos os sujeitos sociais estão vinculados, em especial pela condição relacional do ser humano. A formatividade representa uma condição ligada à experiência. Toda formação se dá na interação com outros e com o meio, onde a mediação cumpre o papel de promotora de uma interação a partir da qual o debate e a problematização contribuam com o processo de apropriação que alterará o estágio intelectual, cognitivo e afetivo do sujeito. (PAREYSON, 1993).

Contudo, para o alcance das suas dimensões dialógica, estética e formativa, a ação mediadora deve ter o cuidado e a atenção em relação à sua dimensão ética, que deve ser alcançada como um eixo articulador das demais dimensões.

Ao tomar o fundamento da mediação da informação e suas dimensões como norte para o exercício da práxis, necessário tanto ao autoconhecimento do mediador quanto à obtenção da qualidade da ação mediadora e do ambiente informacional como um dispositivo dialógico, o mediador consciente se colocará em processo de constante abertura e disponibilidade para seguir conhecendo o outro, o meio, o contexto como uma ação do cuidar do trabalho mediador, de modo que a mediação alcance de maneira articulada as suas dimensões dialógica, estética, formativa e ética, entendendo que esta última pauta a coerência das demais em relação à intencionalidade da ação em favorecer o desenvolvimento e o fortalecimento do protagonismo social.

Almeida Junior (2009), ao discutir os atributos e implicações da mediação da informação, chama atenção para a necessidade de se observar os riscos da manipulação. Esse destaque do autor (2009) acaba por reforçar nosso argumento quanto à relevância da mediação consciente, que tem melhores condições de trabalhar no controle da manipulação. Ao compreender a ação mediadora como uma ação de interferência, Almeida Junior (2015) contribui para que se reforce a importância da dimensão ética.

A mediação da informação se constitui em uma ação interacionista e dialética, na qual a diversidade deve encontrar espaço de voz, espaço de ação, exigindo a construção de um processo problematizador que respeite as diferenças e, ao mesmo tempo, assegure o espaço de expressão e interpelação de todos os participantes, sublinhando a necessária regência da dimensão ética em todo desenrolar da ação de interferência, em especial em função da intencionalidade maior da mediação que é a de contribuir com o protagonismo social.

Neste sentido, a mediação da informação está posicionada na valorização do coletivo, dos interesses do coletivo, dos valores e princípios inclusivos e de justiça social, o que vindica o alcance das suas dimensões, entendendo-as como instâncias do cuidado com o outro, com a sociedade, com o conhecimento, com a cultura e, por consequência, com a própria informação.

Tomando-se Boff (2013) como referência, observa-se que o cuidado significa manter-se em um estado de atenção, zelo, dedicação e diligência em relação ao outro, assim como manter-se inquieto, indignado e preocupado com a realidade de exclusão desse outro, de modo que na ação sejamos capazes de construir a fraternidade e o sentimento de mútua pertença. Tais assertivas de Boff convocam os mediadores e pesquisadores da mediação da informação a compreendê-la também como uma ação relacionada à categoria do cuidado, o que mais uma vez reafirma a força da mediação consciente.

Quando na mediação consciente da informação ocorre o alcance articulado das dimensões: dialógica, estética, formativa e ética, ela alcança a sua dimensão política. Tanto o mediador quanto os sujeitos envolvidos na ação de interferência acabam por tomar consciência da condição de sujeitos políticos. Ao alcançar a sua dimensão política, a mediação da informação proporciona condições à tomada de consciência por parte de todos que fazem acontecer essa ação, uma consciência da condição de sujeitos políticos que, ao abandonarem a máscara da neutralidade, acabam assumindo a condição de protagonistas sociais e o compromisso com a construção do processo humanizador do mundo.

Pode-se afirmar que a dimensão política da mediação da informação, quando é alcançada na plena articulação das demais dimensões, acaba fortalecendo o protagonismo social, e assim estendendo a interpelação, o debate, o exercício da crítica, a atitude propositiva pautada no coletivo e em favor dos interesses da coletividade, para além da ação mediadora e do próprio ambiente informacional onde ela ocorre. A dimensão política da mediação da informação contribui para a uma sociedade ativa na construção humanizadora do mundo porque, ao ser alcançada, ela impulsiona a adoção da luta pelo respeito à alteridade, pelo fundamento democrático do livre pensar, pelo combate à desinformação e às informações falsas, pela resistência quanto à redução do espaço crítico e da ação e pelo fortalecimento da justiça e inclusão social, como fundamentais à existência humana, ao cuidado com o outro, com o meio e com o projeto civilizatório.

Em outra perspectiva, a própria consciência quanto à existência das dimensões dialógica, estética, formativa, ética e política da mediação da informação, assim como a consciência quanto ao necessário exercício da práxis colocam em pauta a urgência da formação do mediador como um intelectual orgânico da área. Ao mediador consciente cabe compreender como o seu trabalho com a informação também é constitutivo da estrutura social vigente, do mesmo modo o quanto e como os agenciamentos dos quais participa ou pelos quais age na mediação guardam potência contributiva às lutas que se colocam por transformações estruturais.

Conforme Gramsci (1997, 2013), o intelectual orgânico não deve ser compreendido dentro de uma concepção clássica de intelectual, que é carregada de uma visão elitista e liberal. Ao contrário disso, o intelectual orgânico deve ser entendido a partir de uma perspectiva libertadora, que compreende como intelectual tanto os profissionais e especialistas, quanto os pesquisadores e formuladores de proposições teóricas e explicativas dos fenômenos de um campo do conhecimento. Para Gramsci (1997, 2013), os intelectuais orgânicos são todos os que conquistaram o domínio de conhecimentos científicos e de saberes profissionais que, em toda a sua trajetória, buscam seu autoconhecimento e o conhecimento da própria sociedade, consciente de que esta sempre guarda intensas contradições, assumindo nesse esforço o compromisso de se colocar como sujeito ativo nas lutas sociais. Isso significa assumir com consciência as intencionalidades do seu trabalho, assumir sua condição de sujeito político e também ter consciência quanto ao projeto de sociedade associado a essas intencionalidades.

Nessa perspectiva, Gramsci (1997, 2013) também destaca a importância dos intelectuais orgânicos assumirem a relação da sua área do conhecimento e do seu trabalho com as questões sociais, compreendendo e atuando pela educação como uma práxis de ordem política, voltada a formar e qualificar os profissionais, especialistas e pesquisadores do seu campo como agentes de transformação social, que valorizem os saberes populares, que defendam a socialização do acesso ao conhecimento e do exercício da crítica, para o desenvolvimento do próprio conhecimento científico, em favor da justiça social, dos interesses sociais das maiorias excluídas e subalternizadas.

Pensar sobre a necessidade do mediador da informação se constituir em um profissional e intelectual orgânico da área traz mais uma vez à cena deste debate a relevância do exercício da práxis, que é fundante para se assegurar o cuidado necessário na ação mediadora, de modo que ela alcance as suas cinco dimensões, como também para que o profissional e o pesquisador da mediação da informação se coloquem abertos ao estado de constante formação e transformação, assim como de consciência na ação.

Em síntese pode-se afirmar que a mediação consciente da informação vindica a formação do profissional e intelectual orgânico, tendo sempre como norte sua intencionalidade de estar a serviço do protagonismo social, elemento essencial ao projeto humanizador do mundo, constituindo-se assim em contributo social da Ciência da Informação. Tal condição permite também defender que se considere a mediação da informação (com suas dimensões) como um fundamento da área.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As abordagens teóricas em torno do fenômeno informação, pautadas em uma perspectiva social, apresentam condições de maior aproximação com as abordagens desenvolvidas nos estudos acerca da mediação da informação, cujo entendimento é o de que esta consiste em uma ação dialética e interacionista.

Em se tratando de uma ação dialética e interacionista, a mediação consciente se constitui na categoria da mediação da informação mais promissora, por ser aquela que, com o cuidado necessário, tem maiores condições de alcançar as suas cinco dimensões, expandindo e intensificando o processo de problematização, elemento central e caro à apropriação do conteúdo por parte dos sujeitos participantes da ação mediadora, assim como o exercício da práxis por parte dos mediadores.

Pode-se ainda afirmar que a problematização e a práxis são duas categorias freirianas que compõem um ponto de inflexão que qualifica a mediação consciente da informação como aquela capaz de atender a intencionalidade dessa ação de interferência, assim como de gerar um substrato relevante à formação do próprio mediador da informação como um profissional e intelectual orgânico do campo da Ciência da Informação, em uma perspectiva gramsciniana.

Essa compreensão assinala a força das dimensões da mediação da informação como instâncias do cuidado que, por sua vez, colocam como exigência o exercício da práxis, por meio do qual o mediador e o próprio ambiente informacional também constroem conhecimento e autoconhecimento, consolidando a consciência quanto à intencionalidade de contribuir com o desenvolvimento e fortalecimento do protagonismo social.

Em síntese, pode-se afirmar que a efetividade da ação mediadora é dependente da mediação consciente que busca, cuidadosamente, alcançar suas dimensões dialógica, estética, formativa, ética e política, tornando possível o desenvolvimento e fortalecimento do protagonismo social, e assegurando que o acesso, uso e a apropriação da informação ocorram em parâmetros democráticos, trabalhando o encontro com a informação como uma experiência fortalecedora da construção de uma existência humana ativa, interferente no processo de transformação social e de fortalecimento das lutas por inclusão e justiça social.

Por fim, considera-se que a análise aqui posta sustenta a proposição de se alçar a mediação da informação e suas dimensões ao status de fundamento da Ciência da Informação, já que pensam e orientam o fazer informacional, balizando o exercício da práxis, na condição de reflexão teórico-prática norteadora dessa ação de interferência, assim como impulsionam e orientam a transformação do ambiente informacional em um dispositivo informacional dialógico, motivando e ofertando substrato para que o mediador possa constituir-se em um profissional e intelectual orgânico do campo, mantendo e reforçando o compromisso da área com o social.

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1 Docente permanente no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação. Universidade Federal da Bahia. ORCID https://orcid.org/0000-0003-1666-0022. E-mail: henriettefgomes@gmail.com

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