A CAMINHADA É UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA E A FILOSOFIA NÃO SE SEPARA DA VIDA

Resumo

O texto apresenta uma narrativa da caminhada do povo da periferia do Bairro Santa Cândida que, pela força das mulheres, descobriu a chegada do tempo de uma vida mais digna em uma comunidade a ser construída por nós. É a trajetória de lutas travadas à partir dos anos de 1970. A descoberta que a mídia não nos representa, que a democratização não chegou nas periferias nos levou a lutar pelo direito de informação através da criação da Rádio Comunitária do Bairro Santa Cândida - a Rádio Mega FM, com o seu fechamento e, para continuarmos levando a Cultura Hip Hop, nos organizamos no Coletivo Vozes da Rua com o objetivo de levar informação, educação e ser ponte para a fraternidade. Assim, demos continuidade ao Agosto Negro onde seus temas surgem a  partir dos estudos e questionamentos dentro do Coletivo Vozes da Rua. A filosofia entrou em nossa vida e nos levou a muitos questionamentos, inclusive sobre a Filosofia da Academia que só estudavam autores brancos e diziam pouco de nós. Através de conversas e leituras descobrimos que a Filosofia nasceu na África, que os gregos "passaram o rato" nos textos egípcios. Descobrimos que a Filosofia está em nós, nas memorias dos nossos ancestrais, nas ruas, nos becos e vielas das comunidades periféricas, nas letras dos RAPS, assim como no Slam de Perifa, culturas de resistências. Temos muito a estudar para levar aprendizados sobre Filosofia Africana e construirmos coletivamente a Filosofia da Periferia nascida no chão e na vida da comunidade.