COOPERAÇÃO E EMPATIA:

UMA ARTICULAÇÃO EM FAVOR DOS FUNDAMENTOS NATURAIS PARA A MORALIDADE

Autores

  • Rafael Francisco Hiller Unisinos
  • Heloisa Allgayer Unisinos

DOI:

https://doi.org/10.7443/problemata.v10i5.45375

Palavras-chave:

Empatia, Cooperação, Etologia, Hume, Evolução

Resumo

O objetivo deste artigo é trazer subsídios teóricos e empíricos que possam fundamentar uma abordagem naturalista do fenômeno moral. A moralidade, neste artigo, será entendida enquanto um fenômeno necessário para a manutenção da vida em grupo dos mamíferos sociais de vida complexa. Tal hipótese será defendida ao longo deste trabalho, a partir da defesa de uma relação existente entre empatia e cooperação dentro do grupo de grandes primatas, mais especificamente nas comunidades de Chimpanzés (Pan troglotydes versus). Esta pesquisa está ancorada pelas descobertas realizadas por Hume, principalmente, nas discussões em torno da sua proposta de tratar as questões pertencentes ao campo da filosofia moral a partir do emprego de métodos experimentais, bem como por novos avanços nas ciências biológicas e cognitivas que permitem buscar novas resoluções para as indagações presentes há séculos no campo especulativo da filosofia moral. As pesquisas etológicas com primatas fornecem subsídios indispensáveis para a sustentação da hipótese de que algumas emoções aparecem como resposta a certos fatos socialmente considerados de grande valia. Desta forma, intento demonstrar que os elementos indispensáveis para o surgimento de um determinado fenômeno moral estão contidos na estrutura biológica de mamíferos sociais de vida complexa. Certamente, os dados empíricos e teóricos trazidos por esta pesquisa, contribuem de forma significativa para a sustentação do argumento a favor de uma teoria que procura entender a moralidade através de bases evolucionistas.

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Publicado

24-12-2019

Edição

Seção

Artigos