DISFLUÊNCIAS E ESTRUTURA PROSÓDICA NA FALA ADULTA E INFANTIL

Autores

  • Ester M Scarpa Universidade Estadual de Campinas/Universidade Federal da Fronteira Sul

Resumo

Tradicionalmente, o conceito de fluência tem sido descrito através de sua contraparte negativa, a disfluência; esta tem sido considerada o termo marcado, desviante e problemático da sua face ideal, a fluência. Mais recentemente, a literatura tem negado o caráter desviante da disfluência, interpretando a fluência e a disfluência de forma integrada e complementar. Trabalhos acústicos experimentais indicam que traços de disfluência aparecem em ciclos periódicos da fala e são constitutivos da dinâmica da fala e necessários para a fluência. Outros trabalhos, porém, sugerem um viés de dispersão e aleatoriedade linguística sistemática aos dados de disfluência, que estariam sujeitos à deriva e imprevisibilidade. Esta apresentação visa mostrar as tendências de ocorrência de disfluências (repetições hesitativas e alongamentos vocálicos não-enfáticos) no interior dos domínios prosódicos do enunciado, comparando a fala adulta com a infantil. Foram analisados dados de um trecho de fala espontânea e os resultados mostram que, na fala adulta, os episódios de fala disfluente obedecem princípios regrados e hierárquicos de domínios prosódicos, complementando, assim, as pesquisas acústicas sobre traços de hesitação e mecânica da fala e afirmando o caráter linguístico e de interface desses fenômenos. Na fala da criança (por volta de 2;0 a 3;0), os princípios gerais da hesitação adulta, em termos de tendências à estruturação prosódica, começam a se delinear, e têm a ver com a organização prosódica dos enunciados longos e pouco familiares. Conclui-se que trechos hesitativos fazem parte da dinâmica da fala e da elaboração do texto oral. Sua ocorrência, na fala do adulto, bem como na da criança, pode ser imprevisível discursivamente, embora cíclica; porém, quando ocorrem, as disfluências não são aleatórias prosodicamente.

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Publicado

2016-02-04

Como Citar

Scarpa, E. M. (2016). DISFLUÊNCIAS E ESTRUTURA PROSÓDICA NA FALA ADULTA E INFANTIL. PROLÍNGUA, 10(1). Recuperado de https://periodicos.ufpb.br/index.php/prolingua/article/view/27585

Edição

Seção

Artigos