A CONTRAPALAVRA NO GÊNERO CHARGE: UMA ANÁLISE A PARTIR DE BAKHTIN E O CÍRCULO

Resumo

Uma das premissas do pensamento bakhtiniano é o de que a linguagem consiste em uma atividade essencialmente social e heterogênea, a qual se apresenta perante o pesquisador/orador/expositor/ouvinte de forma multifacetada, em sua dimensão plural, múltipla, densa. Nessa perspectiva, o estudo dos gêneros, como no caso específico da charge, se faz imprescindível para a compreensão desta proposta de análise. A charge é um gênero discursivo cuja constituição – alteritária – se dá numa relação intersubjetiva mediada por múltiplos pontos de vista os quais concretizam os lugares sociais ocupados por esses sujeitos na esfera sócio-ideológica. Objetiva-se identificar, na arquitetônica da materialidade verbo-visual, o posicionamento enunciativo criado pelo(s) sujeito(s) para desconstruir outros discursos, o que se entenderá pela contrapalavra, sobre a manifestação do amor de Deus. Esta reenunciação valorada se estabelece em situações sociocomunicativas orais do uso da língua. Inserindo-se numa perspectiva enunciativo-discursiva da linguagem, no escopo do discurso religioso, este estudo pretende analisar o fenômeno da contrapalavra e das relações axiológicas na arquitetônica da charge “O amor de Deus manifesto”, a qual foi publicada no site de notícias “Portal Fiel”. Nossa pesquisa norteou-se pela base da Teoria da Enunciação formulada por Bakhtin e o Círculo (2010, 2011, 2012a). De forma complementar, recorremos às pressuposições teóricas desenvolvidas por alguns estudiosos do pensamento bakhtiniano, em terreno brasileiro, como:Brait (2005), Faraco (2009) e Sobral (2009), dentre outros.