ENUNCIADO, RELAÇÕES DE FORÇA E DE EXISTÊNCIA EM FAKE NEWS SOBRE OS SUJEITOS LGBTQIA+
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1983-9979.2023v18n1.66549Palavras-chave:
discurso, fake news, poder, LGBTQIResumo
Neste artigo, nos propomos a analisar enunciados considerados como fake news sobre a comunidade (sujeitos) LGBTQI+. Nosso corpus é constituído de cinco enunciados digitais que circularam no início de 2023 e que foram considerados como “falsos” pela Agência Lupa, plataforma brasileira especializada em fact-checking. Colocamos em suspenso a noção de “intencionalidade” e o binômio “verdadeiro x falso” - sempre presentes nas análises empreendidas sobre esse fenômeno -, para empreender um gesto analítico que lê tais enunciados como uma função enunciativa e, não obstante, como práticas materiais na sociedade que instauram e sustentam relações de forças. O estudo observou como o “referencial” - sobremaneira, em batimento com demais elementos da função enunciativa - é uma importante ferramenta analítica para o gesto de leitura das fake news, ao considerar como os enunciados constroem os objetos de que falam, a partir de leis e regimes de dizibilidade de um momento histórico. Os enunciados analisados constroem um referencial próprio - alijado de um aporte na realidade -, que, a princípio, se valeriam do funcionamento próprio do discurso jornalístico. Todavia, quando articulados em um campo associado e (re)significados a partir de uma racionalidade própria de poder, sustentam uma posição sujeito outra, como a de julgador e crítico, que condena determinadas existências, presentes como resistência nessa batalha discursiva; portanto, concreta, histórica e política.