UMA LEITURA DISCURSIVA DE CORPOS INFAMES:
A DIVERSIDADE QUE MORA NAS RUAS
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1983-9979.2023v18n1.66918Palavras-chave:
Leitura, Sujeito infame, Rua, CorpoResumo
Por motivos diversos, muitas pessoas moram nas ruas em condição de infâmia e algo se repete em suas narrativas, acusando uma regularidade discursiva: a fuga de uma situação que as oprime, sufoca, controla e invisibiliza. A rua vira um espaço dito heterotópico, um lugar sem lugar, ao tempo que é lugar onde tudo é possível. Na rua, as pessoas, choram, recordam, sonham, planejam, fogem, fazem preces, enfim, (des)encontram-se de muitas maneiras. O poder público, apesar de propor algumas alternativas, disponibilizando um centro de apoio a esta população, o chamado Centro Pop, ainda não dá conta de algo muito precioso para a vida destas pessoas: a escuta sensível como linha de visibilidade. Farei uma leitura discursiva de algumas materialidades discursivas publicadas no Instagram do FSA Invisível, grupo do qual participo há dois anos como voluntária, para agora operar o deslocamento para o olhar investigativo dos sentidos e das subjetividades produzidas, praticando uma leitura discursiva de base foucaultiana, colaborando para dar visibilidade a estes sujeitos em condição de infâmia, bem como às relações de saber/poder que estão no lastro da constituição destes sujeitos e do modo como são (in)visibilzados. Mobilizo noções da arqueogenealogia foucaultiana de discurso, para compreender qual a ordem discursiva estabelecida que institui a rua como lugar sem lugar, heterotópico. Também considero a noção de sujeito, para entender como este se movimenta nas malhas do poder que insistem em exercer práticas que o sujeitam, vigiam e punem nas ruas. Outra noção importante é a de enunciado, pois fomenta a discussão sobre as (in)verdades produzidas e seus regimes de enunciabilidade, em meio às narrativas destes sujeitos.