Editorial

A Comissão Editorial da Sociedade de Arqueologia Brasileira, gestão 2008-2009, com satisfação, vem apresentar este novo volume da Revista de Arqueologia. Dentre as metas desta gestão, buscamos congregar esforços no sentido de ampliar as possibilidades de divulgação do trabalho acadêmico de nossa comunidade, através da edição de dois números anuais de nossa Revista.
Apresentamos aqui o primeiro número do volume 21, resultado dos esforços de inúmeros colegas que contribuíram para a efetivação desta proposta, enviando seus artigos e emitindo pareceres, aos quais direcionamos nossos profundos agradecimentos.

Dando continuidade às estratégias de ampliação da participação de colegas estrangeiros na Revista de Arqueologia, colocada em prática na última gestão, neste número contamos com contribuições de dois autores de importância fundamental para o desenvolvimento da teoria arqueológica americana. Partindo de perspectivas analíticas distintas, os artigos inéditos de Lewis R. Binford, professor emérito dos Departamentos de Antropologia da University of New Mexico e da Southern Methodist University
(Estados Unidos), e de José Maria Lopez Mazz, professor da Faculdade de Humanidades e Ciências da Educação da Universidad de la República (Uruguai), oferecem-nos a oportunidade de apreciar um panorama geral das possibilidades interpretativas da etnoarqueologia.

Por sua vez, os artigos reunidos nesta edição proporcionam uma visão ampla da va-riedade de abordagens teóricas e novos aportes de pesquisa que caracterizam atualmente a arqueologia brasileira. A Arqueologia Amazônica encontra-se contemplada pelos artigos de Mariana Petry Cabral e João Darcy de Moura Saldanha, relativo às estruturas megalíticas do norte do Amapá, e de Maura Imazio da Silveira, Maria Christina Leal Rodrigues, Elisangela Oli-veira e Louis-Martin Losier, quanto à seqüência cronológica da ocupação humana na área do Salobo, sudeste do Pará. Em ambos os casos, os autores nos oferecem a oportunidade de comparti-lhar os resultados de projetos implementados nos últimos cinco anos, que vêm contribuindo significativamente com o debate acerca dos processos pelos quais se deu a ocupação humana na região Amazônica. A arqueologia do Brasil Central está representada pelo artigo de Vanessa Linke e Andrei Isnardis, que analisa os grafismos rupestres da região de Diamantina (Minas Gerais). Além de apresentar dados inéditos relativosà área, onde as pesquisas iniciaram-se em 2004, as discussões teórico-metodológicas propostas pelos autores constituem-se em um exemplo dos novos enfoques e potenciais de estudo deste campo na arqueologia brasileira. Por fim, a arqueologia do planalto sul-brasileiro é o foco de análise dos artigos de João Darcy de Moura Saldanha e Claúdia Inês Parellada. No primeiro caso, os estudos de estruturas funerárias situadas nos municípios de Pinhal da Serra e Bom Jesus (Rio Grande do Sul), enfocando sua implantação na paisagem e tratamento aos mortos, oferecem novos e instigantes aportes interpretativos sobre o tema. O segundo artigo destaca-se pela discussão de aspectos tecnológicos e estéticos da cerâmica da Tradição Itararé-Taquara que compõe o acervo do Museu Paranaense, constituindo-se em uma importante contribuição que retrata as potencialidades analíticas de nossos acervos museológicos.
Por fim, agradecemos aos resenhistas de livros e teses apresentadas neste número e, com especial atenção, ao Professor André Prous, por compartilhar com nossos leitores suas experiências na “vida arqueológica”, na nova sessão de entrevistas que encerra esta edição.

Comissão Editorial: Adriana Schmidt Dias, Andres
Zarankin e Andrei Isnardis.