Flora da Reserva Biológica Guaribas, Paraíba: Sapindaceae

Luiz de Aquino Pereira1

Maria Regina de V. Barbosa2

Genise Vieira Somner3

Resumo

Este estudo teve como objetivo realizar o tratamento taxonômico da família Sapindaceae na Reserva Biológica Guaribas, localizada nos municípios de Mamanguape e Rio Tinto, Paraíba. Foram identificadas e descritas sete espécies pertencentes a quatro gêneros, dessas Allophylus laevigatus (Turcz.) Radlk., Cupania impressinervia Acev.-Rodr., Paullinia micrantha Cambess. e Serjania salmanniana Schltdl. são endêmicas do Brasil. A maior parte das espécies apresenta ampla distribuição no território brasileiro e são comumente encontradas na borda dos remanescentes florestais da área de estudo. Este trabalho é parte da série de monografias sobre a Flora da REBIO Guaribas e inclui chave para identificação das espécies, descrições, ilustrações e comentários.

Palavras-chave: Sapindaceae, Florística, Mata Atlântica.

Abstract

This study presents a taxonomic treatment of the family Sapindaceae in the Guaribas Biological Reserve in Mamanguape and Rio Tinto, Paraíba. We identified and described seven species belonging to four genera, such Allophylus laevigatus (Turcz.) Radlk., Cupania impressinervia Acev.-Rodr., Paullinia micrantha Cambess. and Serjania salmanniana Schltdl. are endemic to Brazil. Most of the species are widely distributed in Brazil and are commonly found on the edge of forest remnants in the study area. This work is part of a series of monographs on the Flora of the Guaribas Biological Reserve and includes an identification key, descriptions, illustrations and comments for each species.

Key words: Sapindaceae, Floristic, Atlantic Forest.

Tratamento Taxonômico

Sapindaceae Juss.

Árvores, arbustos ou trepadeiras; caule em seção transversal com apenas um cilindro vascular ou com um cilindro vascular central e três periféricos, com ou sem estípulas. Folhas alternas, compostas, pinadas ou ternadas, com ou sem domácias na face abaxial. Inflorescências tirsos simples ou compostos, racemiformes, paniculiformes ou espiciformes, axilares ou terminais, nas trepadeiras com um par de gavinhas na base da raque. Flores unissexuadas, actinomorfas ou zigomorfas, as estaminadas com pistilódio circundado pelos estames, as pistiladas com estaminódios ao redor do gineceu; cálice 4-5-mero, dialissépalo ou gamossépalo; corola 4-5-mera, dialipétala, pétalas apendiculadas; nectários em forma de disco anelar ou formado por 4 lobos nectaríferos; estames 8, livres ou soldados na base, anteras bitecas, rimosas; gineceu gamocarpelar, ovário súpero, 3-carpelar, 1 ou 3-locular, 1 óvulo por lóculo; estilete filiforme, estigma bífido, trífido ou inteiro. Fruto cápsula loculicida ou septífraga, baga, esquizocarpo com mericarpos alados, cocos drupáceos; sementes envolvidas ou não por uma excrescência.

Chave para Identificação das Espécies de Sapindaceae da REBIO Guaribas

1. Árvores ou arbustos

2. Folhas trifolioladas; nectário floral unilateral, 4-lobado, fendido na porção mediana; fruto esquizocárpico com 1-2 cocos drupáceos, avermelhados....................................................................Allophylus laevigatus

2’. Folhas pinadas, com apículo terminal na raque; nectário floral em forma de disco anelar; fruto cápsula loculicida ou baga

3. Folíolos com nervuras impressas na face adaxial; ramos ferrugíneos, densamente tomentosos; cápsula loculicida geralmente com 3 sementes; sementes envolvidas por arilo........................................Cupania impressinervia

3’. Folíolos com nervuras proeminentes na face adaxial; ramos pubérulos; baga ovóide, pubérula com 1 semente; sementes envolvidas por sarcotesta..................................................................................Talisia esculenta

1’. Trepadeiras com gavinhas

4. Folhas pinadas; fruto cápsula septífraga

5. Folhas 5-folioladas; pecíolo alado; caule em secção transversal formado por um cilindro vascular central e três cilindros periféricos menores; cápsula piriforme, não-alada...................................................................Paullinia pinnata

5’. Folhas 9-11-folioladas; pecíolo não-alado; caule em secção transversal com apenas um cilindro vascular; cápsula obovoide, alada..........Paullinia micrantha

4’. Folhas biternadas; fruto esquizocárpico com mericarpos alados

6. Raque não-alada; caule em seção transversal com apenas um cilindro vascular; folíolos bulatos; ápice não linguiforme..............Serjania salzmanniana

6’. Raque levemente alada; caule em secção transversal composto por um cilindro vascular central maior e três cilindros vasculares periféricos menores; folíolos não bulatos; ápice com apículo linguiforme...........Serjania paucidentata

1. Allophylus laevigatus (Turcz.) Radlk., Nat. Pflanzenfam. Engler & Prantl 3. Abt. 5: 312. 1895.

(Fig. 1: a-b)

Arbustos ou árvores 3-7 m; ramos floríferos glabros a pubescentes, lenticelados. Folhas trifolioladas; pecíolos 1-4,5 cm; folíolos 3-11,5 x 1-4 cm, obovados, elípticos; ápice agudo, arredondado; margem denteado-serreada; base atenuada; face adaxial glabra a pubérula, tricomas nas nervuras principais; face abaxial pubérula, domácias na axila das nervuras; venação craspedódroma. Tirsos 1-7 cm, simples, espiciformes, axilares, pubescentes. Flores 3-6 mm, tetrâmeras, zigomorfas; sépalas 4, 1-1,5 mm, ovadas, oblongas, margem ciliada; pétalas 4, 1-1,5 mm, oblongas, uguiculadas; apêndice formado por um tufo de tricomas na face adaxial da pétala; nectário unilateral, 2-4 lobado; estames ca. 2 mm, filetes vilosos, pistilódio glabro; estaminódios ca. 1 mm; gineceu ca. 2 mm, estigma bífido. Frutos esquizocárpicos com 1-2-cocos drupáceos, globosos, 6-7 x 3-4 mm, pericarpo glabro. Sementes 0,4–0,6 x 0,2–0,3 cm, elipsoides.

Material selecionado: BRASIL. Paraíba: Mamanguape, SEMA II, 19/XII/1989, fl., L. P. Felix & E. S. Santana 2532 (JPB); 06/III/1990, fr., L. P. Felix & E. S. Santana 2756 (JPB). Rio Tinto, 03/III/2010, fr., M. E. M. Fortunato & Z. G. Quirino 45 (JPB); SEMA III, 23/V/1990, fl., L. P. Felix & E. S. Santana 3036 (JPB).

A. laevigatus é endêmica do Brasil, ocorrendo em Pernambuco, Alagoas e Bahia (SOMNER et al., 2013). Apesar de não ser citada na Lista de Espécies da Flora do Brasil para a Paraíba (Somner et al., 2013), Barbosa et al. (2011) já haviam registrado sua ocorrência no estado. Na REBIO Guaribas ocorre predominantemente na borda da vegetação florestal. Foi coletada com flores em maio, setembro, novembro e dezembro e com frutos em março, agosto e novembro. É popularmente é conhecida como murta-branca.

2. Cupania impressinervia Acev.-Rodr., BioLlania, Ed. Espec. 6: 147. 1997.

(Fig. 1: c-d)

Árvores 3-12 m; ramos floríferos sulcados, ferrugíneos, densamente tomentosos. Folhas pinadas, 3-8-folioladas com apículo terminal na raque; pecíolo 5-20 cm; raque 3-11,5 cm; folíolos 2-11 x 1,5-5 cm, obovados, oblongos; ápice obtuso, retuso, arredondado; margem inteira, revoluta; base cuneada, arredondada, assimétrica; face adaxial glabra a pubérula, com tricomas nas nervuras principais, nervuras impressas, e abaxial densamente tomentosa; venação craspedódroma. Tirsos compostos, paniculiformes, axilares ou terminais, densamente pubescentes. Flores 4-7 mm, pentâmeras, actinomorfas; sépalas 5, 2-3 mm, ovadas, pubescentes; pétalas 5, 3-5 mm, obovadas, unguiculadas, com fenda mediana formando apêndices marginais; nectário formando um disco anelar lobado; estames 5-8,5 mm, filetes vilosos, pistilódio viloso; estaminódios 3-6 mm, gineceu 4-6 mm, estigma inteiro. Frutos cápsula loculicida, 1,5-2 x 2-3 cm, obovoide, trígona, densamente pubescentes. Sementes 0,8-1,2 x 0,5-0,8 cm, elipsoides, arilo amarelo-alaranjado cobrindo 1/3 inferior.

Material selecionado: BRASIL. Paraíba: Mamanguape, SEMA II, 30/VIII/1989, fl., L. P. Felix & E. S. Santana 2109 (JPB); 06/I/2010, fr., F. O. Silva 70 (JPB).

C. impressinervia é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados do Ceará, Pernambuco e Sergipe (SOMNER et al., 2013). Apesar de não ter sido citado na Lista de Espécies da Flora do Brasil para a Paraíba, este táxon já havia sido registrado no estado como Cupania revoluta Radlk. por BARBOSA et al. (2011), que atualmente faz parte da sinonímia de C. impressinervia (ACEVEDO-RODRÍGUEZ, 1997). Na REBIO Guaribas ocorre na borda e no interior de formações florestais e abertas (tabuleiros). Foi coletada com flores em agosto, setembro e dezembro e com frutos em janeiro, agosto, outubro e novembro. É popularmente conhecida como cabatã ou cabatã-de-rego.

3. Paullinia micrantha Cambess. Fl. Bras. Merid. (A. St.-Hil.). i. 373. 1828.

(Fig. 1: e-f)

Trepadeira lenhosa; ramos floríferos pubérulos, lenticelados; caule em secção transversal com apenas um cilindro vascular; estípulas triangulares, caducas. Folhas pinadas, 9-11-folioladas; pecíolo 3-6 cm; raque 1-4 cm, alada; folíolos 3-8 x 1,5-3,5 cm, elípticos, ovados, obovados; ápice agudo, arredondado; margem denteado-serreada, levemente revoluta; base cuneada, atenuada; face adaxial e abaxial pubescentes, domácias nas axilas das nervuras; venação craspedódroma. Tirsos simples, racemiformes, axilares, pubescentes. Flores 3,5-5 mm, zigomorfas; sépalas 4, 1-2,5 mm, ovadas, pubérulas, pubescentes; pétalas 4, 2-3,5 mm, obovadas, unguiculadas, apêndice cuculado, adnato à base das pétalas; nectários 4, ovóides; estames 1,5-3 mm, filetes vilosos, pistilódio glanduloso; estaminódios 0,5-2 mm, gineceu 1-3 mm, pubescente, estigma trífido. Frutos cápsulas septífragas, 1,5-2,5 x 0,5-1 cm, obovoides, aladas. Sementes 0,5-1 x 0,5-0,8 cm, obovoides, sarcotesta branca cobrindo até 2/3 da semente.

Material selecionado: BRASIL. Paraíba: Mamanguape, SEMA II, 31/VIII/1989, fr., L. P. Felix & E. S. Santana 2172 (JPB). Rio Tinto, SEMA III, 18/V/1989, bt., L. P. Felix s.n. (EAN).

Material adicional: BRASIL. Paraíba: João Pessoa, Jardim Botânico, Mata do Buraquinho, 24/IX/2003, bt., fl., fr., P. C. Gadelha-Neto 973 (JPB).

P. micrantha é endêmica do Brasil, com ocorrência registrada nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo (SOMNER et al., 2013). Apesar de não ter sido citada na Lista do Brasil para a Paraíba, SOMNER (2001) já havia registrado sua ocorrência neste estado. Na REBIO Guaribas ocorre no interior das formações florestais. Foi coletada com botões em maio e com frutos em agosto. É popularmente conhecida como cipó-mandioca.

4. Paullinia pinnata L., Sp. Pl.: 366. 1753.

(Fig. 1: g-h)

Trepadeira lenhosa; ramos floríferos pubérulos a glabros; caule em secção transversal composto por um cilindro central maior e 3 cilindros vasculares periféricos menores; estípulas triangulares, persistentes. Folhas pinadas, 5-folioladas; pecíolo 1-5 cm, alado; raque 1,5-4 cm, alada; folíolos 5-10 x 2-4,5 cm, obovados, oblongos; ápice agudo, arredondado; margem denteado-serreada; base cuneada, aguda, obtusa; face adaxial e abaxial glabras, domácias na axila das nervuras; venação craspedódroma. Tirsos simples, racemiformes, axilares, pubérulos ou pubescentes. Flores 5-6,5 mm, tetrâmeras, zigomorfas; sépalas 4, 1,5-4,5 mm, orbiculares, ovadas, oblongas, pubescentes; pétalas 5, 5-6 mm, obovadas, oblongas, apêndice cuculado adnato à base das pétalas; nectários 4, 2 posteriores maiores, ovados, inclinados para lateral e 2 laterais reduzidos; estames 3,5-5 mm, filetes vilosos, pistilódio viloso; estaminódios 2,5-3 mm, gineceu 3,5-5 mm, viloso, estigma trífido. Frutos cápsulas septífragas, 2,5-4,5 x 0,5-1,5 cm, piriformes. Sementes 1,5-2 x 0,5-0,8 cm, elipsoides, sarcotesta branca cobrindo até 3/4 da semente apresentando uma fenda dorsal e outra ventral.

Material selecionado: BRASIL. Paraíba: Rio Tinto, SEMA IV, Pedrinhas, bt., fr., 31/I/1989, L. P. Felix & E. S. Santana s.n. (JPB, EAN).

Material adicional: BRASIL. Paraíba: Sapé, RPPN Fazenda Pacatuba, 07.II.2012, fl., fr., L. A. Pereira & L. Aschoff 343 (JPB).

P. pinnata ocorre na África e em grande parte das Américas, sendo encontrada desde o México até a Argentina (FERRUCCI, 1991). No Brasil ocorre nos estados do Amazonas, Pará, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Sergipe, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (SOMNER et al., 2013). Apesar de não ter sido citada para Paraíba na Lista do Brasil, BARBOSA (1996) já havia registrado sua ocorrência neste estado. Normalmente é encontrada na borda dos fragmentos florestais, onde foi coletada com flores em janeiro. É popularmente conhecida como mata-fome.

5. Serjania paucidentata DC., Prodr. 1: 603. 1824.

(Fig. 1: i-k)

Trepadeiras lenhosas; ramos floríferos 6-angulosos; caule em secção transversal composto por um cilindro central maior e 3 cilindros vasculares periféricos menores; estípulas ovadas, caducas. Folhas biternadas; pecíolo 1,5-6 cm; raque 1-5 cm, levemente alada; folíolos 2-8 x 1-5 cm, elípticos, ovados, obovados; ápice agudo, obtuso, linguiforme; margem inteira a denteada no 1/3 apical; base cuneada, atenuada; faces adaxial e abaxial glabras; venação broquidódroma. Tirsos simples, racemiformes, axilares ou terminais, densamente pubescentes. Flores 4-5 mm, tetrâmeras, zigomorfas; sépalas 4, 3-4 mm, obovadas, oblongas, densamente pubescentes; pétalas 4, 4-5 mm, unguiculadas; apêndice cuculado adnato à base das pétalas; nectários 4, orbiculares; estames 2-4 mm, filetes vilosos, pistilódio viloso; estaminódios 1-3 mm, gineceu 3,5-4 mm, estigma trífido. Frutos esquizocárpicos com mericarpos alados, 1,5-3 x 1-2,5 cm, ovados, porção seminífera vilosa, alas pubérulas. Sementes 2-2,5 mm, ovoides.

Material selecionado: BRASIL. Paraíba: Mamanguape, SEMA II, 19.XII.1989, fl., L. P. Felix & E. S. Santana 2547 (JPB); 13.XII.2012, fl., L. A. Pereira & F. O. Silva 500 (JPB). Rio Tinto, 20.XII.1989, fl., L. P. Felix & E. S. Santana 2583 (JPB).

Material adicional: BRASIL. Paraíba: João Pessoa, Mata Ciliar do Rio Cuiá, Valentina, 20.I.2011, fl., fr., L. A. Pereira 113 (JPB).

S. paucidentata ocorre na Bolívia, Venezuela, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Trinidade, Guiana e Guiana Francesa (ACEVEDO-RODRÍGUEZ e BECK, 2005). No Brasil há referência para os estados do Acre, Ceará, e Minas Gerais (SOMNER et al., 2013). Apesar de não ter sido citada para a Paraíba na Lista do Brasil, BARBOSA (1996) já havia registrado sua ocorrência neste estado. Na REBIO Guaribas ocorre comumente na borda das formações florestais. Foi coletada com flores em novembro, dezembro, janeiro e abril e com frutos em janeiro e abril. É popularmente conhecida como cipó-cururu.

6. Serjania salzmanniana Schltdl., Linnaea 18: 46. 1844.

(Fig. 1: l)

Trepadeiras lenhosas, latescentes; ramos floríferos pubescentes; caule 5-costado, em secção transversal com apenas um cilindro vascular; estípulas ovadas, caducas. Folhas biternadas; pecíolo 1,5-5 cm; raque 2 x 3,8 cm; folíolos 2-10 x 1-5 cm, ovados, obovados, elípticos, bulatos; ápice agudo, acuminado, obtuso; margem inteira, com 1 a 2 dentes, revoluta; base cuneada, atenuada; face adaxial com tricomas na nervura central e abaxial pubérula; venação broquidódroma. Tirsos simples, racemiformes, axilares ou terminais, pubescentes. Flores 5-7 mm, tetrâmeras, zigomorfas; sépalas 4, 3-5 mm, ovadas, obovadas a oblongas, pubérulas a pubescentes; pétalas 4, 5-6 mm, obovadas, uguiculadas, apêndice cuculado adnato à base das pétalas; nectários 4, 2 posteriores ovados maiores e 2 laterais orbiculares menores; estames 3-4 mm, filetes pubescentes, pistilódio glabro; estaminódios 1,5-2,5 mm, gineceu 4-6 mm, viloso, estigma trífido. Frutos esquizocárpicos com mericarpos alados, 3,5-5 x 1,5-2 cm, ovados, cartáceos, porção seminífera e alas glabras. Sementes 3-5 mm, elipsoides, achatadas lateralmente.

Material selecionado: BRASIL. Paraíba: Mamanguape, Área II, 27/V/2002, fr., R. N. A. Brasil et al. 52 (JPB); 17/VI/2000, fl. e fr., F. Camarotti 08 (JPB); SEMA I, 22/V/1990, fr., L. P. Felix & E. S. Santana 3008 (JPB); 17/VIII/1988, fl., L. P. Felix & C. A. B. Miranda s.n. (JPB); Rio Tinto, Área III, 15/XI/2000, fl., M. S. Pereira 224 (JPB).

S. salzmanniana é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados do Pará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro (SOMNER et al., 2013). Na REBIO Guaribas é a espécie da família mais coletada, ocorrendo predominantemente na borda das formações florestais. Foi coletada com flores em junho, agosto, outubro e novembro e com frutos de abril a outubro. É popularmente conhecida como cipó mata-fome.

7. Talisia esculenta (Cambess.) Radlk., Sitzungsber. Math.-Phys. Cl. Königl. Bayer. Akad. Wiss. München 8: 345. 1878.

(Fig. 1: m-o)

Árvores até 7 m; ramos floríferos pubescentes a glabros, lenticelados. Folhas pinadas, 3-8-folioladas com apículo terminal na raque; pecíolo 3-6 cm; raque 1-8 cm; folíolos 3-13 x 1,5-5,5 cm, elípticos, oblongos, ovados; ápice agudo; margem inteira; base cuneada, arredondada, assimétrica; face adaxial glabra e abaxial pubérula; venação broquidódroma. Tirsos 5-10,5 cm, simples, racemiformes, axilares ou terminais, pubescentes. Flores 8-10 mm, pentâmeras, actinomorfas; sépalas 5, 3-4 mm, ovadas, pubescentes; pétalas 5, 4-5 mm, oblongas, elípticas, apêndice adnato à porção mediana da pétala, viloso de ápice bífido; nectário em forma de disco anelar, inteiro ou lobado, glabro; estames 4-6 mm, filetes vilosos, pistilódio viloso; estaminódios 1-2 mm, gineceu 3-5 mm, viloso, estigma inteiro. Frutos bagas, 2,5-3,5 x 2-3 cm, ovoides. Sementes 2-3 x 1,5-2,8 cm, ovoides, elipsoides, arilo esbranquiçado cobrindo toda a extensão da semente.

Material selecionado: BRASIL. Paraíba: Mamanguape, REBIO Guaribas, 11.II.2012, fl., L. A. Pereira et al. 389 (JPB). Rio Tinto, 17/I/2009, fl., M. E. M. Fortunato & Z. G. Quirino 15 (JPB); 17/II/2009, fr., M. E. M. Fortunato & Z. G. Quirino 20 (JPB).

T. esculenta ocorre na Bolívia, Paraguai e Brasil (ACEVEDO-RODRÍGUEZ, 2003), onde é encontrada nos estados do Amazonas, Pará, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Rio de Janeiro (SOMNER et al., 2013). Apesar de não ter sido citada para a Paraíba na Lista do Brasil, BARBOSA (1996) já havia registrado sua ocorrência neste estado. Na REBIO Guaribas ocorre na borda e no interior de formações florestais. Foi coletada com flores de dezembro a fevereiro e com frutos em fevereiro. É popularmente conhecida como pitomba ou pitombeira.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à National Science Foundation/USA (DEB-0946618), CNPq, CAPES e FACEPE pelo auxílio financeiro e bolsas para L.A. Pereira (CAPES e FACEPE, mestrado e mobilidade discente) e M.R.V. Barbosa (CNPq, produtividade em pesquisa). Agradecemos também ao ICMbio pela licença de pesquisa e coleta concedida, aos funcionários da REBIO Guaribas pelo apoio logístico durante as coletas e à ilustradora Regina Carvalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACEVEDO-RODRÍGUEZ, P. 1997 – Novelties in Neotropical Sapindaceae I. BioLlania, Ed. Espec. 6: 143-151.

ACEVEDO-RODRÍGUEZ, P. 2003 – Melicocceae (Sapindaceae): Mellicoccus and Talisia. Fl. Neotrop. Monogr. 87: 1-179.

Acevedo-Rodríguez, P. & Beck, H. T. 2005 – Sapindaceae; pp. 45-88. In: STEYERMARK, J.A., BERRY, P.E., YATSKIEVYCH, K. & HOLST, B.K. (Eds.). Flora of Venezuelan Guayana. Vol. 9. Missouri Botanical Garden Press, St. Louis.

BARBOSA, M. R. V. 1996 – Estudo florístico e fitossociológico da Mata do Buraquinho, remanescente de mata atlântica em João Pessoa, PB. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

Barbosa, M. R. V.; Thomas, W. W.; Zárate, E. L. P.; Lima, R. B.; Agra, M. F.; Lima, I. B.; Pessoa, M. C. R.; Lourenço, A. R. L.; Delgado Júnior, G. C.; Pontes, R. A. S.; Chagas, E. C. O.; Viana, J. L.; Gadelha Neto, P. C.; Araújo, C. M. L. R.; Araújo, A. A. M.; Freitas, G. B.; Lima, J. R.; Silva, F. O.; Vieira, L. A. F.; Pereira, L. A.; Costa, R. M. T.; Duré, R. C. & Sá, M. G. V. 2011 – Checklist of the vascular plants of the Guaribas Biological Reserve, Paraíba, Brazil. Revista Nordestina de Biologia, 20(2): 79-106.

FERRUCCI, M. S. 1991 – Sapindaceae; pp. 5-144. In: SPICHIGER, R. & RAMELLA, L. (Eds.). Flora del Paraguay. p. 5-144.

SOMNER, G. V. 2001 – Paullinia L. (Sapindaceae): Morfologia, Taxonomia e Revisão de Paullinia sect. Phygoptilon. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo.

SOMNER, G. V.; FERRUCCI, M. S.; ACEVEDO-RODRÍGUEZ, P.; COELHO, R. L. G. PERDIZ, R. 2013 – Sapindaceae. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB000216).

LEGENDA DA FIGURA

Figura 1 - a-b. Allophylus laevigatus: a. folha. b. detalhe do fruto. c-d. Cupania impressinervia: c. folíolo. d. detalhe da face abaxial. e-f. Paullinia micrantha: e. folha. f. fruto. g-h: Paullinia pinnata. g. folha. h. fruto. i-k: Serjania paucidentata. i. folha. j. detalhe do ápice linguiforme. k. esquema de corte transversal no caule, evidenciando os cilindros vasculares. l. Serjania salzmanniana: folha. m-o. Talisia esculenta: m. hábito, evidenciando frutos bacáceos. n. pétala em vista posterior. o. pétala em vista anterior.


1 Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Pernambuco, Recife - PE. E-mail: luizdeaquinopereira@gmail.com

2 Departamento de Sistemática e Ecologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa - PB. E-mail: mregina@dse.ufpb.br

3 Departamento de Botânica, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica - RJ. E-mail: genisesomner@gmail.com