RELATOS DE EXPERIÊNCIA DE UMA SOCIÓLOGA INVESTIGANDO CRIMES DE FEMINICÍDIO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46906/caos.n31.67540.p70-94

Palavras-chave:

feminicídio, ofício de socióloga, desafios de pesquisa, metodologia.

Resumo

Este artigo tem por objetivo apresentar alguns desafios de pesquisa empírica vivenciados por uma socióloga que investiga crimes de feminicídio. Procuro exaltar as experiências subjetivas vividas por pesquisadoras(es) das ciências sociais, as quais contribuem continuamente para os confrontos necessários que nos formam sociólogas(os). Esta discussão atravessa os achados da pesquisa: O crime de feminicídio e a percepção dos agentes de justiça: uma análise sociológica a partir dos Tribunais do Júri de João Pessoa, Paraíba (OLIVEIRA, 2019), oriundos da interação no campo jurídico dos tribunais do júri, por meio da etnografia das sessões do júri e da realização de entrevistas com profissionais do direito e juízes leigos. Nesse percurso, tive que lidar com as influências que (des)favoreciam a concessão de entrevistas; as afetações emocionais da mulher-pesquisadora diante dos crimes praticados contra outras mulheres e das violências institucionais reiteradas; e as afetações profissionais da socióloga-jurista que estranha as manipulações do direito feitas pelos profissionais que debatem os crimes. Essas vivências estão demonstradas pela descrição do acesso ao campo e aos interlocutores e, especialmente, pela análise de um caso de feminicídio, que, supostamente, ocorreu para ocultar prática de abuso sexual contra a filha da vítima (enteada do réu). Os relatos de pesquisa confirmam como estive inteira no ofício de socióloga e, portanto, que as afetações vivenciadas em campo foram importantes para a construção das descrições etnográficas, para a reflexão quanto às diversas violências exercidas contra a mulher nas práticas feminicidas, como também para o desenvolvimento das minhas habilidades profissionais.

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Biografia do Autor

Helma Janielle Souza de Oliveira, Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Graduada em Direito (2006) e em Ciências Sociais (2013), mestre em Ciências Jurídicas (2009) e doutora em Sociologia (2019), pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa-PB, Brasil. Pesquisadora do Grupo de Relações Afetivas e Violência (GRAV). Desde 2011 participa de estudos científicos sobre violência, gênero e práticas jurídicas com olhar dedicado aos crimes de feminicídio e seus julgamentos em tribunais do júri, o que repercutiu na pesquisa de doutorado O Crime de feminicídio e a percepção dos agentes da justiça: uma análise sociológica a partir dos Tribunais do Júri de João Pessoa, Paraíba?. Lecionou em curso de bacharelado em Direito (2010-2015) e, mais recentemente, ocupou o cargo de analista censitária em Ciências Sociais (2019-2023) na Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Unidade Estadual de Pernambuco, onde contribuía com a realização do censo demográfico em comunidades quilombola e povos indígenas daquele Estado. É coautora do livro Homicídio afetivo-conjugal sob a lente dos operadores jurídicos (2016) e coorganizadora da coletânea Sexualidade e gênero: controle e subversão (2020), além de artigos publicados em ebooks, eventos acadêmicos e revistas científicas reconhecidas na área das ciências sociais. Lattes.

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Publicado

2023-12-11