O MATERNAR E A MULTIPLICATIVA DO CORPO FEMININO: a centralidade matriarcal em “As alegrias da maternidade” de Buchi Emecheta

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46906/caos.n32.70163.p251-261

Palavras-chave:

mulheres, mãe-maternidade, corpo, literatura africana.

Resumo

O escopo desta resenha tenciona refletir sobre a construção social da mulher africana nigeriana, atravessada pelo ideal Igbo sobre a maternidade e a utilização natural do corpo das mulheres para este fim. Focamos a correlação entre as personagens femininas, que têm suas vidas entrelaçadas pelo contexto cultural, e os desafios que elas enfrentam com a colonização britânica. Procuramos compreender, a partir de estudo crítico e qualitativo, as transformações corpóreas, subjetivas e interpessoais que compõem a escritura de Florence Onyebuchi Emecheta em As alegrias da maternidade, romance publicado pela primeira vez em 1979. Nota-se que a autora acentua a imposição naturalizada sobre o corpo da mulher, que é apresentada como aquela que tem como força vital da sua existência gerar outras vidas. A análise permite um certo deslocamento das lembranças furtivas da autora, uma vez que o título do livro se conecta com a sua história, evidenciando o lado bom. Entretanto, o entorno opressivo e violento, e os questionamentos silenciados pela cultura especificada, também são destacados. No movimento da escrita em si, o papel materno suscita discussões que atravessam o gênero, fazendo-nos pensar nos atravessamentos étnico-raciais, femininos, corporais, entre outros aspectos. Nesse sentido, os resultados obtidos nesse ateliê de maternidade, embora o contexto seja em um país do continente africano, apresentam algumas similaridades com o mundo ocidental que construiu o conceito de mulher e mãe ideal.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Cassirene Milena Silva Lima, Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Graduada em Letras, com pós-graduação em ensino-aprendizagem da língua portuguesa e linguística. Já atuou como professora. Atualmente é graduanda da Licenciatura Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-brasileiros da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Interessa-se por análise do discurso e sociologias africanas e da diáspora. ID Lattes: http://lattes.cnpq.br/9280298807748776.

Nanashara Carneiro Oliveira Santos, Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Graduanda da Licenciatura Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-brasileiros da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Participa do NEAB-UFMA, empenhada na luta antirracista, pesquisadora no campo quilombola e quebradeiras de coco. ID Lattes: http://lattes.cnpq.br/1796238345814618.

Rodrigo Ribeiro Santos, Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Graduando da Licenciatura Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-brasileiros da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Participa do N-Direitos–UFMA. Interessa-se por propostas e ações efetivas para uma educação antirracista e emancipatória nas escolas brasileiras. ID Lattes: http://lattes.cnpq.br/7023371265208624.

Referências

AKUJOBI, R. Motherhood in african literature and culture. Comparative Literature and Culture, West Lafayette, v. 13, p. 1-7, abr. 2011. Disponível em: https://docs.lib.purdue.edu/clcweb/vol13/iss1/2/. Acesso em: 3 maio 2024.

AMADIUME, Ifi. Theorizing matriarchy in Africa: kinship ideologies and systems in Africa and Europe. In: OYÈWÚMI, Oyèrónké (Ed.). African Gender Studies: A Reader. New York: Palgrave Macmillan, 2005. p. 83-98.

AMADIUME, Ifi. Male daughters, female husbands: gender and sex in an african society. London: Zed Press, 1987.

BADINTER, E. Um amor conquistado: o mito do amor materno. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

DIOP, Cheikh Anta. A unidade cultural da África negra: esferas do patriarcado e do matriarcado na Antiguidade clássica. Luanda: Edições Mulemba; Ramada: Edições Pedago, 2014.

EMECHETA, Buchi. As alegrias da maternidade. Porto Alegre: Dublinense, 2018.

EVARISTO, C. Escrevivências da afro-brasilidade: história e memória. Releitura, Belo Horizonte, n. 23, 2008. Disponível em: http://nossaescrevivencia.blogspot.com/2012/08/escrevivencias-da-afrobrasilidade.html. Acesso em: 3 maio 2024.

NWAPA, Flora. Efuru. Londres: Heinemann, 1966.

OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ. A invenção das mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021.

Downloads

Publicado

2024-06-05

Edição

Seção

RESENHA