De Sodomitas a Príncipes Mayas: uma análise queer das teopolíticas do Vale do Amanhecer
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-0476.2018v8n2.41917Palavras-chave:
Teoria Queer. Teopolíticas. Gênero e Sexualidade. Vale do Amanhecer.Resumo
O movimento queer nasce no final da década de 1970, inicialmente nos EUA, se propagando pelos demais países do ocidente como uma ação política que percebia e reivindicava as formas de normalidade heterossexual, nos contextos macros e micropolíticos, da vida homossexual, se afirmando desobediente aos padrões que engendravam o próprio movimento homossexual gay/lésbico da época. Suas estratégias de ações contraintuitivas, estavam voltadas para afirmação, reivindicação e visibilidade dos corpos tidos como estranhos e abjetos dos padrões hegemônicos. Influenciados/as pelas audaciosas obras de Michel Foucault e Jacques Derrida, pelas correntes do pós-estruturalismo e dos estudos culturais, o movimento começa a tomar os espaços científicos e políticos como uma teoria, e avança resultando em demais formas analíticas e desconstrutivistas das relações de poder que excluem sujeitos e subalternizam suas vidas. Através do entendimento do percurso epistemológico que traça o pensamento queer, busquei estabelecer uma forma pós-secular e queer de análise das religiões, visualizando, por meio das leituras de Foucault, Derrida e Judith Butler, que as teologias das demais manifestações de crenças, compõem-se de discursos políticos que promovem formas de regulamentação de corpos, criando relações desiguais de poder entre eles. Denominei esse tipo de estratégia reguladora de “teopolíticas”, teologias que informam padrões de comportamentos e assujeitam os indivíduos a caminharem sobre eles. O Vale do Amanhecer é uma doutrina espiritualista cristã composta por um imenso hibridismo religioso, o que faz com que ela tenha um articulado discurso produtor de condutas para os seus adeptos. Datada de 1960, a crença tem como fundadora a médium clarividente Neiva Chaves Zelaya, mais conhecida com Tia Neiva, sendo ela a agente principal de produções teológicas. Partindo deste contexto espiritualista, o objetivo desta dissertação é fazer uma análise queer das teopolíticas do Vale do Amanhecer sobre as questões de gênero e sexualidade. Essa análise leva em conta os discursos dos seus principais agentes, deixados através de cartas, vídeos e livros. O diálogo traçado com a religião tem o intentio de fazer-se refletir sobre como suas teologias podem conduzir a uma forma árdua de normalização dos sujeitos, principalmente no que diz respeito às vidas dissidentes das normas de gênero e sexo.Downloads
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Publicado
2018-12-12
Edição
Seção
Dissertações e Teses