Cem anos, e nem parece

Autores

  • Antonella Del Prete

Resumo

Eu queria me interrogar sobre uma aporia. A pesquisa sobre a literatura filosófica clandestina é florescente, ou melhor é um dos setores que mais contribuiu para a renovação das categorias historiográficas nos últimos decênios. Este número da PROBLEMATA é testemunha eloquente disso: aqui participam estudiosos dos quatro cantos da terra, diferentes pela formação e biografia intelectual, mas unidos pelo interesse por este âmbito de estudos. Entretanto essas inovações têm muita dificuldade em encontrar espaço naquilo que os estudiosos anglo-americanos de literatura costumam chamar de cânon. Os especialistas do Settecento estão de acordo em reconhecer a centralidade dos primeiros decênios do século na passagem da Idade pós-cartesiana ao Iluminismo e em assumir a literatura clandestina como grande laboratório que elabora não só ideias, mas também formas inovadoras de comunicação. O estudo dos manuscritos clandestinos tem ademais assumido um estatuto em parte diferente daquele inicialmente imaginado por Lanson. Não se trata tanto de examinar as origens do esprit philosophique, ou seja de finalizar os resultados destas pesquisas para uma melhor compreensão do Iluminismo (obra de qualquer maneira merecedora, porque capaz de mudar o nosso olhar sobre as Luzes), mas de analisar estes decênios de maneira autônoma, enquanto merecedores de atenção por si mesmos. A literatura clandestina, em suma, tornou-se um objeto de pesquisa autônomo, sem necessidade dos seus evidentes liames com aquilo que a precede e com aquilo que a segue [...]

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[doi: http://dx.doi.org/10.7443/problemata.v4i3.16254]

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