UMA BIO-TANATO-POLÍTICA QUE FAZ OS SEM-ABRIGO SOBREVIVER
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v9i2.35564Palavras-chave:
biopolítica, sem-abrigo, sobrevivência, suicídio, tanatopolíticaResumo
Um dos objectivos centrais da intervenção sobre o fenómeno dos sem-abrigo é a preservação da vida biológica de quem vive na rua. Porém, este esforço biopolítico de “fazer viver” assenta numa multiplicidade de exercícios de poder pelos quais a vida dos sem-abrigo é limitada, impedindo o desenvolvimento de uma forma de vida politicamente qualificada. No fenómeno dos sem-abrigo, tanto quanto a vida, a morte é permanentemente intervencionada, dando origem a uma bio-tanato-política que faz os sem-abrigo sobreviver, procurando impedir que estes sujeitos se afastem do limiar da sobrevivência quer através da morte biológica quer através do incremento irrestrito da vida. Uma das manifestações mais claras desta bio-tanato-política encontra-se nas intervenções que visam proteger a vida biológica dos sem-abrigo que são exogenamente avaliados como estando em risco de se suicidarem.Downloads
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