DO EPISTEMICÍDIO:

AS ESTRATÉGIAS DE MATAR O CONHECIMENTO NEGRO AFRICANO E AFRODIASPÓRICO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7443/problemata.v10i2.49136

Palavras-chave:

Racismo, Branquitude, Epistemicídio

Resumo

A história da filosofia africana tem como um dos principais problemas justificar a sua própria existência enquanto área de pesquisa filosófica autêntica e autônoma e também, não menos importante e necessário, por mais que pareça estranho, sustentar a afirmação que pessoas negras também são seres humanos. Ao longo do percurso do colonialismo seres humanos africanos, homens e mulheres, foram transformados em meras matérias energéticas para produção de riquezas. Para que esses corpos fossem moldados ao status de simples objeto, provocando dessa forma o seu esvaziamento ontológico, foi necessário uma metamorfose que destituísse desse ser todo o seu caráter de humanidade negando-lhe principalmente a sua racionalidade. A filosofia ocidental, principalmente durante a sua fase iluminista, em muito colaborou com o esvaziamento do ser e a negação epistemológica das pessoas negras africanas, essa pratica é conhecida como epistemicídio, o processo de matar o conhecimento do outro. Na tentativa de entender esse processo e desconstruir o racismo epistêmico produzido pela filosofia ocidental esse texto estabelece um diálogo desde Foucault, Ramose, Mbembe, Arendt, Carneiro e Mills para romper com a hegemonia da branquitude e estabelecer novas maneiras de se conceber epistemologias negras a partir do resgate da memória e da afirmação do status ontológico da humanidade das pessoas negras.

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Biografia do Autor

Eliseu Amaro de Melo Pessanha, Universidade de Brasília

Graduado em Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade Católica de Brasília (UCB) em 2005; pós-graduado (Lato Sensu) em Educação a Distância pela Universidade de Brasília (UnB) em 2010; pós-graduado ( Lato Sensu) em Bioética pela Universidade de Brasília (UnB) em 2014; e pós-graduado (Lato Sensu) em História e Cultura Afro-brasileira e Africana pela Universidade Federal de Goiás (UFG) em 2016. Mestre em Metafísica pela Universidade de Brasília (2018). Atuando principalmente em projetos de extensão universitária, tutor em cursos a distância, pesquisador das questões etnorraciais, filosofia africana, filosofia contemporânea, epistemologias, política, e professor efetivo na Secretaria de Educação do Distrito Federal.

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Publicado

21-11-2019

Edição

Seção

POLÍTICAS DE RESISTÊNCIA: Epistemicídio e Genocídio