COMUNIDADE (GEMEINDE) ENTRE LÓGICA E POLÍTICA NAS LIÇÕES SOBRE A FILOSOFIA DA RELIGIÃO DE HEGEL
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v11i4.52226Palavras-chave:
Hegel, Política, Religião, Lógica, ComunidadeResumo
O presente artigo tem o propósito de explicitar como o projeto político de Estado que Hegel delineia na Filosofia do direito (1821) é retomado sob o conceito de “comunidade” (Gemeinde) nas Lições sobre a filosofia da religião (1821-1832) a partir do uso dos silogismos tais como apresentados na Enciclopédia das ciências filosóficas (1830) e da Ciência da lógica (1816). O Estado racional, fundando-se nas diferentes dimensões da vida humana e reconhecendo-as como suas próprias, materializa um projeto coletivo viável somente quando as liberdades individuais são resguardadas. Na Filosofia do direito, a realização do Estado se dá pelo acúmulo de etapas prévias, como é o caso da vontade, a qual abrirá caminho para a moral e a eticidade. Por outro lado, Hegel, nas aulas que compõem as Lições sobre a filosofia da religião, se deterá no conceito de “comunidade”. Assim como o Estado, a comunidade também é um arranjo social, com ritos e normas próprios, cujos participantes adquirem senso de pertença e unidade. Com propósitos políticos semelhantes ao Estado, a meta da comunidade é a manutenção do grupo a partir de uma ordem constituída e coletivamente assimilada. O papel político da comunidade, portanto, é melhor visualizado ao quando a teoria política de Hegel é conectada com a filosofia da religião a partir dos elementos “liberdade”, “finito”, “infinito”, “conceito" e "verdade" da lógica de Hegel.
Downloads
Referências
Referências primárias: obra de Hegel
Differenz des Fichteschen und Schellingschen Systems der Philosophie. In: Werke in 20 Bänden, Bd. 2 - Jenaer Schriften 1801–1807. Revisão Eva Moldenhauer e Karl Markus Michel. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 1970.
Enzyklopädie der philosophischen Wissenchaften im Grundrisse (vols. 1-3). In: Werke in 20 Bänden, Bd. 8. Revisão Eva Moldenhauer e Karl Markus Michel. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 1970.
Escritos de Juventud. Trad. de Zoltan Szankay e José María Ripalda. Madrid: Fondo de Cultura Económica, 1978.
Filosofía real. Trad. José Maria Ripalda. Cidade do México: Fondo de Cultura Económica, 1984.
Grundlinien der Philosophie des Rechts oder Naturrecht und Staatswissenschaft im Grundrisse. In: Werke im 20 Banden, Bd. 7. Revisão Eva Moldenhauer e Karl Markus Michel. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 1970.
Lecciones sobre filosofía de la religión: 1. Introducción y Concepto de religión. Ed. e Trad. Ricardo Ferrara. Madrid: Alianza Editorial, 1984.
Lecciones sobre filosofía de la religión: 3. La religión consumada. Ed. e Trad. Ricardo Ferrara. Madrid: Alianza Editorial, 1985.
Lecciones sobre la historia de la filosofía (3 vols.). Trad. Wenceslao Roces. Cidade do México: Fondo de Cultura Económica, 1985.
Phänomenologie des Geistes. In: Werke in 20 Bänden, Bd. 3. Revisão Eva Moldenhauer e Karl Markus Michel. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 1970.
Vorlesungen über die Philosophie der Religion I-II-III, Bd 3-5. Revisão de Walter Jaeschke. Hamburgo: Felix Meiner Verlag,1983-1985.
Wissenschaft der Logik I. Erster Teil. Die objektive Logik. Erstes Buch. In: Werke in 20 Bänden, Bd. 5. Revisão Eva Moldenhauer e Karl Markus Michel. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1986.
Wissenschaft der Logik II. Erster Teil. Die objektive Logik. Zweites Buch. Zweiter Teil. Die subjektive Logik. In: Werke in 20 Bänden, Bd. 6. Revisão Eva Moldenhauer e Karl Markus Michel. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1986.
Referências secundárias
ALLAN, Donald J (ed.). La politique d’Aristote. Genebra: Fondation Hardt, 1965.
BOURGEOIS, Bernard. Le droit naturel de Hegel (1802-1803): commentaire. Paris: Vrin, 1986.
______. Hegel: os atos do espírito. Trad. Paulo Neves. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2004.
BURBIDGE, John W. Hegel on logic and religion: the reasonableness of Christianity. Albany, Nova York : State University of New York Press, 1992.
______. Historical Dictionary of Hegelian Philosophy. Lanham: Scarecrow, 2008.
BUCHWALTER, Andrew. The Metaphysic of Spirit and Hegel’s Philosophy of Politics. In: THOMPSON, Michael (org.). Hegel’s Metaphysics and the Philosophy of Politics. Nova York: Routledge, 2018.
CHAPELLE, Albert. Hegel et la religion: I, La problematique. Paris: Éditions Universitaires, 1964.
DROZ, André. La logique de Hegel et les problèmes traditionnels de l’ontologie. Paris: Vrin, 1987.
FERRARA, Ricardo. Apresentação. In: HEGEL, G, W. F. Lecciones sobre filosofía de la religión: 1. Introducción y Concepto de religión. Ed. e Trad. Ricardo Ferrara. Madrid: Alianza Editorial, 1984.
FERRARIN, Alfredo. Hegel and Aristotle. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.
GIUSTI, Miguel. "Raíces metafísicas de la Lógica de Hegel”. Areté Revista de Filosofía, vol. VI, n° 1, 1994, pp. 49-59.
______. "¿Se puede prescindir de la Ciencia de la Lógica en la Filosofía del Derecho de Hegel?". Areté Revista de Filosofía, vol. XXV, n° 1, 2013, pp. 45-60.
HARRIS, Henry Silton. “Hegel’s System of Ethical Life: An interpretation”. In: HEGEL, G. W. F. System of ethical life (1802/3) and first Philosophy of spirit (part III of the System of speculative philosophy 1803/4). Trad. Henry Silton Harris e Thomas Malcolm Knox. Albany (EUA): State University of New York Press, 1979.
HERRMANN-SINAI, Susanne. “Hegel's Metaphysics of Action”. In: DE LAURENTIIS, Allegra; WHITEHEAD, Soren (orgs.). Hegel and Metaphysics: On Logic and Ontology in the System. Berlim: De Gruyter, 2016.
HODGSON, Peter. Hegel and Christian Theology. Oxford: Oxford University Press 2005.
HOULGATE, Stephen. The opening of Hegel’s Logic. Purdue University Press, 2006.
HYPPOLITE, Jean. “Notice”. In: HEGEL, G. W. F. Principes de la philosophie du droit. Trad. André Kaan. Paris: Gallimard, 1989.
INWOOD, Michael. Dicionário Hegel. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.
JAESCHKE, Walter. Reason in Religion: The Foudantions of Hegel’s Philosophy of Religion. Trad. J. Michael Stewart e Peter C. Hodgson. Berkeley: University of California Press, 1990
KAWAUCHE, Thomaz Massadi. Religião e política em Rousseau: o conceito de religião civil. São Paulo: Humanitas/Fapesp, 2013.
KNOWLES, Dudley. Hegel and the Philosophy of Right. Nova York: Routledge, 2002.
LABUSCHAGNE, Bart; SLOOTWEG, Timon (orgs.). Hegel’s Philosophy of Historical Religions. Leiden: Brill, 2012.
LEWIS, Thomas A. Religion, Modernity, and Politics in Hegel. New York: Oxford University Press, 2011.
LONGUENESSE, Béatrice. Hegel’s Critique of Metaphysics. Nova York: Cambridge University Press, 2007.
ROCKER, Stephen. "The Integral Relation of Religion and Philosophy in Hegel's Philosophy”. In: KOLB, David (org.). New Perspectives on Hegel's Philosophy of Religion. Nova York: State University of New York Press, 1992.
ROSENFIELD, Denis Lerrer. Apresentação da tradução e atualidade da Filosofia do direito de Hegel. In: HEGEL, G. W. F. Linhas fundamentais da filosofia do direito. Trad. Paulo Meneses et al. São Leopoldo, RS: Ed. Unisinos, 2010.
______. Política e liberdade em Hegel. São Paulo: Ática, 1995.
ROSENZWEIG, Franz. Hegel e o Estado. Trad. de Ricardo Timm de Souza. São Paulo: Perspectiva, 2008.
SOUAL, Philippe. Les sens de l’État: commentaire des Principes de la philosophie du droit de Hegel. Louvain: Éditions de l’Institut de Philosophie Louvain-la-Neuve, 2006.
VERRA, Valerio. Introduzione a Hegel. Roma-Bari: Editori Laterza, 1988.
WEBER, Thadeu. Hegel: liberdade, estado e história. Petrópolis: Vozes, 1993.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).