OS AFORISMOS SOBRE O ABSOLUTO:

SCHULZE CONTRA O “EVANGELHO” DE SCHELLING E HEGEL

Autores

  • Lucas Machado Universidade de São Paulo (USP)
  • Luiz Filipe da Silva Oliveira UFRGS

DOI:

https://doi.org/10.7443/problemata.v11i4.52965

Palavras-chave:

Schulze, Hegel, Schelling, Filosofia da Identidade, Reflexão

Resumo

Em nosso artigo, fazemos uma breve apresentação e contextualização do texto de Schulze, de que apresentamos aqui uma tradução, “Aforismos sobre o absoluto”, onde ele desenvolve, em um estilo irônico - ou, nas palavras de Vieweg, pseudo-irônico -, a sua crítica às filosofias da identidade de Schelling e de Hegel. Em nossa apresentação, visamos a indicar, em primeiro lugar, como a recepção desse texto por parte de Schelling e de Hegel foi bastante distinta – de modo que começa a forçar a vir à superfície as suas divergências quanto à filosofia e o método filosófico, antes ocultadas a favor de sua adesão a um projeto filosófico semelhante em suas linhas mais gerais. Em segundo lugar, examinamos quais seriam os elementos conceituais discutidos no texto de Schulze que seriam centrais para a compreensão dessa divergência filosófica e metodológica entre Schelling e Hegel, e que culminarão em sua ruptura definitiva com a publicação da Fenomenologia do Espírito – elementos conceituais que acreditamos poder ser encontrados, particularmente, no tratamento dos conceitos de forma, matéria (ou conteúdo) e determinação. Mais especificamente: na objeção, levantada por Schulze, de que toda concepção do absoluto baseada nos conceitos de forma e conteúdo só poderia ser uma concepção relativa, pois não apenas a própria distinção entre conteúdo e forma seria meramente formal, como também qualquer conteúdo, pensado em sua distinção e oposição em relação à forma, só poderá ser, ele mesmo, um conteúdo relativo e, portanto, formal. Essa crítica, concluiremos, será decisiva para o modo com que Hegel passará a pensar o absoluto não mais apenas como substância, mas igualmente como sujeito.

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Publicado

04-12-2020