DA ESPIRITUALIDADE ENQUANTO EXPERIÊNCIA EPISTÊMICO-EXISTENCIAL ENVOLVENDO A VERDADE COMO PARADOXO EM SÖREN KIERKEGAARD, O SAGRADO EM RUDOLF OTTO E A PRESENÇA ESPIRITUAL EM PAUL TILLICH
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v13i3.63934Palavras-chave:
Kierkegaard, Otto, Tillich, Sagrado, Presença EspiritualResumo
Segundo Kierkegaard, a verdade se sobrepõe ao caráter objetivo que encerra investigação histórica e exercício especulativo, dialogando com a subjetividade e a condição-limite da interioridade. Detendo-se em tal princípio hermenêutico-existencial, o artigo assinala a espiritualidade enquanto experiência epistêmico-existencial envolvendo a verdade como paradoxo em Kierkegaard, que se sobrepõe à mediação lógico-discursiva e implica uma construção dialético-subjetiva que transcende a razão histórico-objetiva. Dessa forma, caracterizando a espiritualidade enquanto experiência epistêmico-existencial que encerra uma evidência não-racional, o artigo recorre à fenomenologia de Rudolf Otto para sublinhar o sagrado e a sua distinção absoluta diante da realidade natural e do seu caráter perceptível, enfatizando o elemento não-racional e a sua natureza suprarracional no numinoso, que escapa aos processos lógico-racionais e converge para a apreensão do racional e do não-racional na noção da Divindade. Assim, se a relação com Deus se sobrepõe à subjetividade e à objetividade e supera o referido esquema estrutural epistêmico, o artigo, baseado na teologia filosófica de Paul Tillich, se detém no conceito de Presença Espiritual e na vida sem ambiguidade, que implica a união transcendente e correlaciona ágape e gnosis em um movimento extático-religioso que encerra a automanifestação, a autorrevelação e a autocomunicação do Absoluto e Transcendente.
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