O TRAUMA COLONIAL NA CONSTITUIÇÃO PSÍQUICA DA PRIMEIRÍSSIMA INFÂNCIA NEGRA
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v13i3.65085Palavras-chave:
Trauma colonial, Primeira infância, Constituição psíquica, DecolonialidadeResumo
A partir da categoria “trauma colonial”, central aos estudos fanonianos de análise da sociedade contemporânea racializada, este artigo visa levantar reflexões acerca do lugar de constituição psíquica e subjetiva das crianças negras de 0 a 3 anos no contexto de expressiva necrofilia racista e infanticida. No diálogo com o clássico pensamento winnicottiano acerca da constituição da psique infantil, a obra fanoniana se insere como uma ótica indispensável para analisarmos os preceitos básicos presentes nos mais sutis e violentos processos de subalternização do corpo negro em seu primeiro contato com o mundo branco antinegro ou até mesmo em estágios uterinos, na expressiva violência obstétrica contra mulheres negras. Neste processo de análise da psicopatologização da infância negra, autores como Grada Kilomba e Wallace de Moraes se integram teoricamente à reflexão, ampliando nossa leitura acerca deste expressivo e violento fenômeno contra os corpos infantis negros em um estado marcado pelo racismo e pela colonialidade do poder.
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