O SOFRIMENTO ÉTICO-POLÍTICO E A REFORMA SANITÁRIA BRASILEIRA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE OS TRABALHADORES DE UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Resumo

Objetivo: Este artigo teve como objetivo levantar algumas considerações sobre a vivência do sofrimento ético-político de trabalhadores da Saúde da Família em seu processo de trabalho. A pesquisa foi realizada em uma Unidade de Saúde da Família (USF) da cidade de João Pessoa, PB. Material e Métodos: Sob a perspectiva da metodologia qualitativa, foram realizadas entrevistas e grupos focais com trabalhadores, assim como observação participante do ambiente de trabalho da USF. Para atingir os objetivos da pesquisa, os dados colhidos foram analisados de acordo com a proposta operativa de Minayo sobre a hermenêutica dialética. Nessa proposta, os dados devem ser interpretados buscando compreender seu significado expressivo e sua determinação histórica, somando, assim, a capacidade comunicativa da hermenêutica e a capacidade crítica da dialética. Resultados: Os resultados apresentam a impotência dos trabalhadores perante o cuidado dos usuários como o sofrimento emblemático da pesquisa, ocasionado pela precarização das condições de trabalho. Para superar essa impotência ocasionada pela precarização, os trabalhadores se valem de jeitinhos que a contornem e possibilitem realizar o cuidado com o usuário. Conclusão: O estudo aponta que a potencialidade crítica do sofrimento ético-político encontra-se soterrada sob um dever moral assistencialista e imediatista. Por fim, é retomado o aspecto crítico do sofrimento ético-político como um importante fator de mobilização social em defesa da reforma sanitária brasileira. DESCRITORES: Política de Saúde. Programa Saúde da Família. Saúde do Trabalhador.