Análise das Evidências da Institucionalização de um Programa de Compliance em uma Organização do Terceiro Setor, Sob a Ótica Apreciativa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.2318-1001.2022v10n1.56145

Resumo

Objetivo: Analisar as evidências do estágio de institucionalização alcançado por um programa de compliance em uma organização do terceiro setor, sob a ótica da Investigação Apreciativa (IA).

Fundamento: Três abordagens interdisciplinares foram utilizadas: a) concepção do compliance como instrumento de controle interno em organizações do terceiro setor; b) abordagem e metodologia da IA, de caráter intervencionista e baseada em evidências; c) teoria institucional, de conteúdo sociológico, enfocando legitimidade e processo de institucionalização.

Método: Foi escolhido o Movimento Pró-Criança (MPC) como objeto de um estudo de caso que é descritivo-exploratório em termos de seu objetivo e qualitativo em relação ao problema. Também se desenvolveu uma estratégia de pesquisa-ação, baseada em evidências apreciativas e institucionais, derivadas de variadas formas de co-design utilizando o modelo de 5-D (1-D Definition/Definição, 2-D Discovery/Descoberta, 3-D Dream/Sonho, 4-D Design/Planejamento e 5-D Destiny/Destino).

Resultados: Os achados evidenciam elementos intrínsecos ao compliance na ambiência de planejamento e gestão do MPC, ainda em estágio de habitualização (pré-institucionalização). Paralelamente também se evidenciou a existência de mecanismos apreciativos, participativos e decisórios, que foram interpretados como fonte de legitimação atrelada à adoção do compliance nessa instituição.

Contribuições: Aponta-se relevantes contribuições aplicadas à pesquisa contábil e às organizações do terceiro setor, em um campo de pesquisa praticamente inexplorado, sobretudo no que se refere à obtenção de evidências decorrentes do desenvolvimento de um trabalho institucional positivo, baseado no co-design de um programa de compliance como instrumento de controle interno.

 Palavras-chave: Compliance e Controles internos. Terceiro setor. Legitimidade institucional. Investigação apreciativa. Trabalho institucional positivo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rezilda Oliveira, Universidade Federal Rural de Pernambuco

Doutora em Ciência Política (IUPERJ) e Professora do Programa de Pós-Graduação em Controladoria (PPGC) da Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Referências

Arvidson, M., & Lyon, F. (2014). Social impact measurement and non-profit organisations: compliance, resistance, and promotion. VOLUNTAS: International Journal of Voluntary and Nonprofit Organizations, 25(4), 869-886.

Avital, M. (2005). Innovation in information systems education i: accelerated systems analysis and design with appreciative inquiry an action learning approach. Communications of the Association for Information Systems, 15, 289-314.

Avital, M. & Boland, R. J. (2008). Managing as Designing with a Positive Lens. In Avital, M.; Boland, R. J. & Cooperrider, D. L. (Eds.), Designing Information and Organizations with a Positive Lens. Advances in Appreciative Inquiry Series, Volume 2. Oxford: Elsevier Science.

Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.

Barends, E., Rousseau, D. M. & Briner, R. B. (2014). Evidence-Based Management: The Basic Principles. Amsterdam: Center for Evidence-Based Management.

Barrett, F. J. (2013). Sim a desordem: lições surpreendentes do jazz para líderes contemporâneos. Rio de Janeiro: Campus.

Berger, P. L., & Luckmann, T. (1966). The social construction of reality: a treatise in the sociology of knowledge. New York: Penguin Books.

Brasil (2018). Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados. Brasília, 2018.

Brasil (2013). Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013. Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá outras providências. Brasília, 2013.

Burdon, W. M., & Sorour, M. K. (2018). Institutional theory and evolution of ‘a legitimate’ compliance culture: the case of the UK financial service sector. Journal of Business Ethics, 162, 47-80.

Bushe, G. R. (2007). Appreciative Inquiry Is Not (Just) About the Positive. OD Practitioner, 39(4), 30-35.

Bushe, G. R. & Kassam, A. F. (2005). When Is Appreciative Inquiry Transformational? A Meta Case Analysis. The Journal of Applied Behavioral Science, 41(2), 161-181.

Bushe, G. & Marshak, R. (2009). Revisioning organization development: diagnostic and dialogic premises and patterns of practice. Journal of Applied Behavioral Science, 45(3), 345-365.

Camargo-Borges, C., & Rasera, E. F. (2013). Social constructionism in the context of organization development: dialogue, imagination, and co-creation as resources of change. SAGE Open, 3(2), 1-7.

Carvalho, A. P., Cunha, S. K., Lima, L. F., & Carstens D. D. (2017). The role and contributions of sociological institutional theory to the socio-technical approach to innovation theory. RAI - Revista de Administração e Inovação, 14(3), 250-259.

Castro, J. M. G. (2016). Apontamentos sobre a adoção das boas práticas de governança nas organizações do terceiro setor. Importância da adoção de um programa de compliance efetivo, à luz da lei n. 12. 846 /2015. Quaestio iuris, 9(2), 1012-1030.

Chenhall, R. H. (2003). Sistemas de controle gerencial em seu contexto organizacional: resultados de pesquisas baseadas em contingências e orientações para o futuro. Contabilidade, Organizações e Sociedade, 28, 127-168.

Colauto, R. D., & Almeida, V. E. (2013). Teoria institucional associada à contabilidade gerencial: estudo bibliométrico 2009-2012. Revista Ciências Sociais em Perspectiva, 12(22), 1-21.

Cooperrider, D. L., & Srivastva, S. (1987). Appreciative inquiry in organizational life. Research in Organizational Change and Development, 1, 129-169.

Cooperrider, D., Whitney, D., & Stavros, J. M. (2009). Manual da investigação apreciativa: para líderes da mudança. Rio de Janeiro: Qualitymark.

Cunha, H. P. (2008). Gestão estratégica aplicada em organizações do terceiro setor: uma mudança de paradigma. Sitientibus, 1(39), 191-205.

DiMaggio, P. J. (1988). Interest and agency in institutional theory. In Zucker, L. D. (Ed.) Institutional patterns and organizations: Culture and environment. Cambridge: Ballinger.

DiMaggio, P. J., & Powell, W. W. (1983). The iron cage revisited: institutional isomorphism and collective rationality in organizational fields. American Sociological Review, 48(2), 147-160.

FRAZER, L. (2016). Internal control: is it a benefit or fad to small companies? A literature dependency perspective. Journal of Accounting and Finance, 16(4), 149-161.

Grieten, S., Lambrechts, F., Bowen, R., Huybrechts, J., Fry, R., & Cooperrider, D. (2018). Inquiring into appreciative inquiry: a conversation with david cooperrider and ronald fry. Journal of Management Inquiry, 27(1), 101–114.

Guerreiro, R., Frezatti, F., Lopes, A. B., & Pereira, C. A. (2005). O entendimento da contabilidade gerencial sob a ótica da teoria institucional. Organizações & Sociedade, 12(35), 91-106.

Hodgson, G. M. (2006). What are institutions? Journal of Economic Issues, 40(1), 1-25.

Hoque, Z. (2017). Appreciative inquiry research for accounting research. In Hoque, Z., Parker, L. D, Covaleski, M. A., & Haynes, K. The Routledge Companion to Qualitative Accounting Research Methods. (1 ed.). Oxfordshire: Routledge Taylor & Francis Group.

Hurst, G.; Runnels, J. (2004). Design for compliance: it’s about time [and money!]. IN: International Symposium on Electromagnetic Compatibility (IEEE), 2004. Analls... IEEE.

Jepperson, R. L. (1999). Instituciones, efectos institucionales e institucionalismo. In Powell, W. W., & DiMaggio, P. J. El nuevo institucionalismo em el análisis organizacional. México: Fondo de Cultura Económica.

Jönsson, S.; Lukka, K. (2007). There and back again: Doing interventionist search in. In: Shields, M. D. Handbook of Management Accounting Research. London: Elsevier Science.

Kumar, R. (2011). Research methodology a step-by-step guide for beginners. (3. ed.). London: SAGE Publications.

Lamboy, C. K., Risegato, G. G. A. P., & Coimbra, M. A. (2018). Introdução geral em compliance e programa de compliance. In Lamboy, C. K. de. (Org.). Manual de compliance. São Paulo: Via Ética.

Lima, A. M., Balestrin, A., Faccin, K. & Marconatto, D. (2019). The institutionalization of cooperation: An institutional work analysis in a vulnerable community of the Amazon region. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 21(spe), 683-705.

Lins, S. J. (2011). Investigação apreciativa no processo de planejamento estratégico: a experiência da Faculdade da Escada (Faesc), (Dissertação de mestrado). Mestrado Profissional em Gestão Pública. Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil.

Ludema, J. D., & Fry, R. E. (2008). The Practice of Appreciative Inquiry. In Reason, P., Bradburry, H. The SAGE Handbook of Action Research Participative Inquiry and Practice. London: SAGE Publications.

Meyer, J. W., & Rowan, B. (1977). Institutionalized organizations: formal structure as myth and ceremony. American Journal of Sociology, 83(2), 340-363.

Mohr, B. J. (2001). Appreciative inquiry: igniting transformative action. The Systems Thinker, 12(1), 1-5.

Moxham, C., & Boaden, R. (2007). The impact of performance measurement in the voluntary sector: identification of contextual and processual factors. International Journal of Operations & Production Management, 27(8), 826-845.

MPC. (2018). Relatório de Atividades. Recife: MPC.

Nilsson, W. (2015). Positive Institutional Work: Exploring Institutional Work through the Lens of Positive Organizational Scholarship. Academy of Management Review, 40(3), 370–398.

OAB-DF. (2018). Programa de integridade em organizações do terceiro setor: Manual de compliance. Distrito Federal: OAB-DF. Recuperado de http://www.oabdf.org.br/wp-content/uploads/2018/12/Cartilha.pdf, em 08 abr. 2019.

Popa, A. M. (2016). Design + compliance: how a research compliance department can incorporate design to measurably improve compliance metrics. Journal of Health Care Compliance, 18(1), 17–23.

Rafaelli, R., & Glynn, A. (2015). Institutional innovation: novel, useful, and legitimate. In Shalley, C. E., Hitt, M. A., & Zhou, J. (Eds.). The Oxford Handbook of Creativity, Innovation, and Entrepreneurship. Chapter: Introduction: Integrating Creativity, Innovation, and Entrepreneurship to Enhance the Organization's Capability to Navigate in the New Competitive Landscape Publisher: Oxford: Oxford University Press.

Ribeiro, R. R. M., Zagoto, A. C., Santos, A. M. F., Gonçalves, M. N., Oliveira, N. C., & Mattiello, K. (2015). Gestão estratégica de custos em organização do terceiro setor: o caso do lar escola da criança de Maringá. Anais do Congresso Brasileiro de Custos. Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 22.

Russo, P. T., Parisi, C., Megliorini, E., & Almeida, C. B. (2012). Evidência de elementos institucionalizadores no Balanced Scorecard no livro Estratégia em ação: uma visão baseada na teoria institucional. Revista Contabilidade & Finanças, 23(58), 7-18.

Rutherford, M. W., Mazzei, M. J., Oswald, S. L., & Jones-Farmer, L. A. (2018). Does establishing sociopolitical legitimacy overcome liabilities of newness? A longitudinal analysis of top performers. Group & Organization Management, 43(6), 906-935.

Scott, W. R. (2008). Lords of the dance: professionals as institutional agents. Organization Studies, 29(2), 219–238.

Sharp, C., Dewar, B., Barrie, K. & Meyer, J. (2017). How being appreciative creates change – theory in practice from health and social care in Scotland. Action Research, 16(2), 223-243.

Siddiki, S., & Lupton, S. (2016). Assessing nonprofit rule interpretation and compliance. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 45(4S), 156S–174S.

Somerville, M. & Howard, Z. (2010). Information in context: co-designing workplace structures and systems for organizational learning. Paper 446. Information Research, 15(4), 1-19.

Stöber, T., Kotzian, P. & Weißenberger, B. E. (2018). Design matters: on the impact of compliance program design on corporate ethics. Business Research, 12, 383–424.

Tolbert, P. S., & Zucker, L. G. (1999). A institucionalização da teoria institucional. In Clegg, S., Hardy, C., & Nord, W. Handbook de Estudos Organizacionais. São Paulo: Atlas.

Verbruggen, S., Christiaens, J., & Milis, K. (2011). Can resource dependence and coercive isomorphism explain nonprofit organizations’ compliance with reporting standards? Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 40(1), 5–32.

Waters, L.; White, M. A. & Murray, S. (2012). Toward the Creation of a Positive Institution St Peter’s College, Adelaide, Australia. AI Practitioner, 14(1), 60-65.

Whitney, D., & Cooperrider, D. (1998). The appreciative inquiry summit: overview and applications. Employment Relations Today, 25(2), 17-28.

Yin, R. K. (2001). Estudo de caso: planejamento e métodos. (2. ed). São Paulo, SAGE.

Zandee, D., & Vermaak, H. (2012). Designing Appreciative Inquiry as Generative Change. Process: Stretching the Practice of this Dialogic Approach. Annals of 10th International Conference Discourse and Organization: Practices, Processes, Performance, July 17‐20. VU University Amsterdam.

Zappellini, M. B., & Feuerschütte, S. G. (2015). O uso da triangulação na pesquisa científica brasileira em administração. Administração: Ensino e Pesquisa, 16(2), 241–273.

Downloads

Publicado

2022-07-12

Como Citar

Coelho, D., & Oliveira, R. (2022). Análise das Evidências da Institucionalização de um Programa de Compliance em uma Organização do Terceiro Setor, Sob a Ótica Apreciativa. Revista Evidenciação Contábil &Amp; Finanças, 10(1), 52–70. https://doi.org/10.22478/ufpb.2318-1001.2022v10n1.56145

Edição

Seção

Seção Nacional