DHARMAKAYA & NIRVANAKAYA: CORPOS DE ÊXTASE NA POESIA DE AUGUSTO DOS ANJOS
Resumo
Tratamos o imaginário e a temática do Budismo, em Eu (Augusto dos Anjos, 1912) segundo a proposição de que o poeta utilizou essa tradição como suporte de sua poética. A presença desse imaginário e simbologia em Eu vai desde a Flor de Lótus (dicotomácea da lagoa, mencionada, não incidentalmente, em Budismo Moderno, l. 6; também ninféia em As cismas do destino, III, l. 275-276), às Quatro Nobre Verdades, o Monte do Abutre (lugar do primeiro sermão de Buda), entre muitas outras. Augusto trabalha tanto o sistema filosófico budista, quanto sua literatura sacra. Em Monólogo de uma sombra ele fala do “metafisicismo do Abidarma” (l. 20) coleção mais antiga de sutras que trata da psicologia, fenomenologia e cosmologia Budista. Augusto usa conceitos, imagens e tropos Budistas com familiaridade e conhecimento mais do que superficial. O tratamento da morte tão característico de sua poética representa o que, no Budismo, constitui uma das técnicas meditativas fundamentais: a contemplação detalhada e sistemática dos aspectos internos da formação/deformação dos tecidos orgânicos a fim de se praticar o desapego e o destemor da morte, entendida apenas como uma das muitas experiências da mente fenomenal exposta no Bardol Tholdol tibetano e em Contemplação das Dez Impuridades do Corpo desenvolvidas pelo filósofo Nagarjuna. Esses aspectos considerados grotescos pela tradição de comentaristas do poeta representam as práticas budistas de libertação dos corpos de luz e sabedoria do corpo grosseiro. Chamamos atenção do leitor para os aspectos de luminosidade na poética de AA. O poeta “manipula” de forma sistemática e coerente o corpo denominado de sambokaya que correspondem aos corpos sutis ou luminosos da tradição budista, também tratados como darmakaya e nirvanakaya.Downloads
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