A feitiçaria moderna na América Portuguesa
Resumo
Este artigo se dedica à análise da construção de um modelo de feiticeira na Idade Moderna que encontra referências em concepções misóginas que se estendem ao longo da história intelectual ocidental. Um conjunto de comportamentos e atitudes femininas consideradas divergentes daqueles socialmente estabelecidos deram forma a um arquétipo que é a base de um modelo de mulher extremamente perigosa: a feiticeira. O temor a este tipo de mulher subversiva, capaz de causar desordens ao mundo natural, deu vez a atitudes ambíguas, que variavam entre a adoração e repressão. E se é verdade que a antiguidade deu vida a várias deusas feiticeiras, deu também início a perseguição e punição das mortais que apresentassem elementos deste perfil, numa prática que se acentuou com o desenvolvimento do cristianismo ocidental. Um dos mecanismos mais eficientes para tal foi a perseguição promovida pelo Tribunal da Santa Inquisição que, após devassar a Europa, estendeu seus domínios ao Novo Mundo. Uma das heranças materiais legadas aos historiadores destas ações são os processos inquisitoriais e é de um deles que me valho neste artigo para analisar o modelo de feiticeira estabelecido na Idade Moderna. Uma análise de caso que trata de Antônia Maria, mulher que fazia da feitiçaria seu ofício e meio de vida e que, após condenada e degredada por este crime no Reino, se viu às voltas com as mesmas práticas e a mesma perseguição no Brasil Colonial.Downloads
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