Entre a Casa, o Túmulo e as Cinzas: Permanências e transformações do culto budista aos ancestrais entre nipo-brasileiros

Autores

  • Richard Gonçalves André

Resumo

O objetivo da investigação acadêmica foi analisar o culto aos ancestrais realizado por nikkeis (japoneses e descendentes residentes fora do Japão) em Londrina, cidade localizada no Norte do Paraná, entre 1930 e 2016. Como fontes, foram utilizados, sobretudo, oratórios budistas, como os butsudan (literalmente, “altar para o buda”, numa das traduções possíveis) e artefatos relacionados ao culto aos ancestrais, como os ihai, as tabuletas que evocam ou lembram os falecidos. Foram realizadas, também, entrevistas com membros das famílias que possuem os oratórios. Partindo, principalmente, do conceito de habitus proposto por Pierre Bourdieu, percebeu-se que o culto mortuário começou a ser realizado em Londrina desde o estabelecimento dos primeiros colonos nipo-brasileiros na cidade, considerando que a região foi palco para a constituição de colônias étnicas nas quais se tornou possível reconstruir certos aspectos da cultura japonesa. Porém, paralelamente à manutenção do rito no interior de certas famílias, em determinados grupos familiares, com a progressiva morte dos japoneses de primeira geração, percebeu-se que os objetos ganharam diferentes sentidos para os descendentes, para os quais os artefatos passaram a ser acomodados em diferentes habitus religiosos, geralmente cristianizados. Com isso, esses oratórios têm passado por um processo de cemiterização, sendo alocados em capelas em necrópoles londrinenses como o Cemitério São Pedro. Isso implica novos usos, uma vez que, de acordo com as prescrições do Budismo nipônico, os relicários são voltados para a reverência doméstica aos ancestrais por meio de oferendas como água, comida e outros itens de caráter sagrado.

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Publicado

2016-12-23

Como Citar

ANDRÉ, R. G. Entre a Casa, o Túmulo e as Cinzas: Permanências e transformações do culto budista aos ancestrais entre nipo-brasileiros. Religare, [S. l.], v. 13, n. 2, p. 445–479, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/religare/article/view/32014. Acesso em: 19 nov. 2024.