Composição Florística de um fragmento de mata ciliar na Bacia Hidrográfica do Rio Cabelo, João Pessoa, Paraíba, Brasil

Floristic composition of a fragment of riparian vegetation in the Rio Cabelo river basin, João Pessoa, Paraíba, Brazil

Luiz de Aquino Pereira1

Earl Celestino de Oliveira Chagas2

Maria Regina de V. Barbosa3

Resumo

Este estudo teve como objetivo conhecer a composição florística de um remanescente de mata ciliar ao longo do Rio Cabelo, e seu grau de similaridade com outros remanescentes florestais da região metropolitana de João Pessoa. Foram identificadas 151 espécies, distribuídas em 123 gêneros, pertencentes a 63 famílias. Do total de espécies amostradas, 54 (36%) são árvores, 27 (17%) arbustos, 39 (26%) ervas, 26 (18%) trepadeiras e 5 (3%) parasitas. A comparação florística evidenciou acentuada heterogeneidade e baixos índices de similaridade entre os fragmentos comparados.

Palavras-chave: Mata ciliar, Flora, Nordeste do Brasil

Abstract

This study aimed to know the floristic composition of a remnant riparian forest along Rio Cabelo and the degree of similarity between that and other forest remnants in the metropolitan area of João Pessoa. We identified 151 species in 123 genera, belonging to 63 families. Of all species, 54 (36%) are trees, 27 (17%) shrubs, 39 (26%) herbs, 26 (18%) vines and 5 (3%) parasites. The floristic comparison showed marked heterogeneity and low levels of similarity between fragments compared.

Key words: Riparian forest, Flora, Northeastern Brazil

INTRODUÇÃO

As matas ciliares são formações vegetacionais que ocorrem associadas às margens de diversos corpos d’água. Estas desempenham importantes funções ecológicas, como a estabilização das encostas dos rios, disponibilização de alimento e micro-hábitat para espécies aquáticas, manutenção da qualidade da água, e estabilização térmica da rede hidrográfica (HINKEL, 2003). Além disso, facilitam o deslocamento da fauna associada já que se constituem como um eficiente corredor ecológico (LIMA e ZAKIA, 2000).

Mesmo sendo áreas legalmente protegidas, essas matas continuam sendo intensamente devastadas em várias partes do Brasil, principalmente pelo avanço da exploração agropecuária e o estabelecimento de centros urbanos ao longo de sua área de ocorrência. Contudo, essas formações ciliares são caracterizadas por baixos valores de similaridade florística e uma grande diversidade de espécies (Rodrigues e Nave, 2000).

O remanescente de mata ciliar ao longo do Rio Cabelo foi escolhido para o desenvolvimento deste trabalho por ser uma das áreas prioritárias para a conservação e recuperação no município de João Pessoa. Essas áreas foram propostas no Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica, desenvolvido pela Prefeitura Municipal em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica em 2012 (SEMAM, 2012).

Dessa forma este trabalho objetiva subsidiar as ações preservacionistas previstas no plano, contribuindo para ampliar o conhecimento acerca da composição florística da área e avaliar sua similaridade com outros remanescentes da região metropolitana de João Pessoa.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado em um fragmento de mata ciliar localizado na bacia hidrográfica do Rio Cabelo (figura 1), litoral sul da cidade de João Pessoa, entre as coordenadas 7°08’53’’ e 7°11’02’’ de latitude sul e 34º47’26’’ e 34º50’33’’ de longitude oeste. A área apresenta altitude média de 31,15m (LEITE, 2005), latossolos (SASSI et al. 1997), clima tropical quente-úmido com temperaturas médias em torno de 25°C e precipitação de 1800 mm anuais (OLIVEIRA, 2001). Desde a década de 1980 a área vem sendo submetida a um intenso processo de urbanização e retirada exploratória de areia para construção civil, que tem gerado grandes supressões da vegetação ciliar.



Figura 1. Localização da bacia hidrográfica do Rio Cabelo no município de João Pessoa/PB. Fonte: Farias et al., 2008



Foram realizadas seis expedições de campo entre os meses de outubro de 2010 a abril de 2011. Os espécimes foram coletados através de caminhadas aleatórias ao longo da vegetação que margeia o Rio Cabelo. A área considerada como mata ciliar foi estipulada de acordo com os dispostos na Lei nº 4.777/65, que determina a área ciliar de acordo com a largura do corpo d’água, de forma que para o Rio Cabelo esta área corresponde a 30 m a partir da margem do rio, já que sua calha não ultrapassa os 10 m (LINDNER, 2003). Todo material foi processado no Laboratório de Taxonomia de Angiospermas (TAXON), no Departamento de Sistemática e Ecologia da Universidade Federal da Paraíba, conforme técnicas usuais de herborização (MORI et al. 1989).

O material coletado foi identificado com base em literatura especializada e através de comparações com materiais de herbário previamente identificados por especialistas. Todas as exsicatas foram montadas e incorporadas à coleção do Herbário Professor Lauro Pires Xavier (JPB). A grafia dos nomes das espécies e a abreviação dos nomes dos autores foram baseadas na Lista de Espécies da Flora do Brasil (FORZZA et al. 2013). Para a elaboração da lista florísticas foi adotada a proposta do APG III (2009).

Na comparação florística foi calculado o ISJ - Índice de similaridade de Jaccard (MUELLER-DOMBOIS e ELLEMBERG, 1974) entre a flora deste levantamento e a de outras quatro áreas da região metropolitana de João Pessoa. Os critérios utilizados para a escolha das áreas de mata ciliar (AMAZONAS, 2011; FREITAS, 2011) foram baseados na existência de um levantamento florístico pré-existente para a área e a matriz vegetacional (Floresta Estacional Semidecidual) em que estão inseridas. No caso das áreas não ciliares (BARBOSA, 2008; BARBOSA et al. 2009) além dos pré-requisitos anteriores sua escolha foi motivada a fim de verificar se a composição florística das matas ciliares da região metropolitana de João Pessoa possui um conjunto de espécies características destas formações. O ISJ é expresso pela fórmula:

ISJ = [c/(A+B-c)] x 100

Onde: ISJ – Índice de Similaridade de Jaccard;

c - Número de espécies comuns entre as duas áreas;

A - Total de espécies presentes na área A;

B - Total de espécies presentes na área B;

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram registradas 151 espécies distribuídas em 123 gêneros e 63 famílias botânicas, apresentadas na tabela 1. As famílias com maior riqueza de espécies foram Fabaceae (14), Rubiaceae (12), Euphorbiaceae, Myrtaceae e Poaceae (8), que juntas abrigam 33 % do total de espécies. O gênero mais diverso foi Eugenia com quatro espécies, seguido de Myrcia, Inga, Solanum, Polygala, Scleria e Panicum, todos com três espécies.



Tabela 1. Lista das espécies da mata ciliar da bacia hidrográfica do rio Cabelo, João Pessoa-PB. Arv - árvore; Arb – arbusto; Erv – erva; Tre – trepadeira e Para – parasitas.

FAMÍLIA/ESPÉCIE

HÁBITO

COLETOR/N°

Acanthaceae

Aphelandra sp.

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 254

Ruellia paniculata L.

Erv

Pereira, L.A. 26

Anacardiaceae

Anacardium occidentale L.

Arv

Pereira, L.A. 23

Tapirira guianensis Aubl.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 102

Thyrsodium spruceanum Benth.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 99

Annonaceae

Annona pickelii (Diels) H.Rainer

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 265

Guatteria schomburgkiana Mart.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 172

Xylopia frutescens Aubl.

Arv

Pereira, L.A. 30

Xylopia laevigata (Mart.) R.E.Fr.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 264

Apocynaceae

Blepharodon pictum (Vahl) W.D.Stevens

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 191

Ditassa sp.

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 260

Hancornia speciosa Gomes

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 158

Himatanthus phagedaenicus (Mart.) Woodson

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 69

Mandevilla scabra (Hoffmanns. ex Roem. & Schult.) K. Schum.

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 150

Mandevilla sp.

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 261

Asteraceae

Tilesia baccata (L.f.) Pruski

Arb

Pereira, L.A. 46

Struchium sparganophorum (L.) Kuntze

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 89

Boraginaceae

Cordia superba Cham.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 97

Tournefortia candidula (Miers) Johnst.

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 221

Bromeliaceae

Hohenbergia sp.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 267

Burseraceae

Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand

Arv

Pereira, L.A. 50

Cactaceae

Melocactus sp.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 268

Cannabaceae

Trema micrantha (L.) Blume

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 81

Celastraceae

Maytenus erythroxylum Reissek

Arv

Pereira, L.A. 24

Chrysobalanaceae

Hirtella racemosa Lam.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 83

Clusiaceae

Garcinia sp.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 104

Combretaceae

Buchenavia tetraphylla (Aubl.) R.A.Howard

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 247

Commelinaceae

Commelina erecta L.

Erv

Pereira, L.A. & Vieira, L.A.F. 207

Convolvulaceae

Ipomoea quamoclit L.

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 241

Cucurbitaceae

Luffa cylindrica M. Roem.

Tre

Pereira, L.A. 47

Melothria fluminensis Gardner

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 187

Momordica charantia L.

Tre

Pereira, L.A. & Vieira, L.A.F. 209

Cyperaceae

Bulbostylis sp.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 248

Cyperus laxus Lam.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 142

Scleria bracteata Cav.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 146

Scleria hirta Boeckeler

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 188

Scleria secans (L.) Urb.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 147

Rhynchospora exaltata Kunth

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 189

Dilleniaceae

Davilla kunthii A. St.-Hil.

Tre

Pereira, L.A. 54

Doliocarpus dentatus (Aubl.) Standl.

Tre

Pereira, L.A. 53

Tetracera breyniana Schltdl.

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 100

Dioscoreaceae

Dioscorea sp.

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 240

Elaeocarpaceae

Sloanea garckeana K.Schum.

Arv

Moura, O.T. 1141

Eriocaulaceae

Paepalanthus sp.

Erv

Pereira, L.A. 27

Erythroxylaceae

Erythroxylum sp.

Arb

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 243

Euphorbiaceae

Chaetocarpus myrsinites Baill.

Arv

Pereira, L.A. 49

Croton polyandrus Spreng.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 255

Croton sellowii Baill.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 98

Dalechampia sp.1

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 76

Dalechampia sp.2

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 108

Pogonophora schombugkiana Miers ex Benth.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 230

Ricinus communis L.

Arb

Pereira, L.A. & Vieira, L.A.F. 208

Sapium sp.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 163

Fabaceae

Abarema sp.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 235

Andira sp.1

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 220

Andira sp.2

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 242

Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 152

Chamaecrista ramosa (Vogel) H.S.Irwin & Barneby

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 233

Dioclea virgata (Rich.) Amshoff

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 80

Hymenaea courbaril L.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 109

Inga thibaudiana DC.

Arv

Pereira, L.A. 51

Inga capitata Desv.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 84

Inga sp.

Arv

Pereira, L.A. 167

Pterocarpus rohrii Vahl

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 165

Senna alata (L.) Roxb.

Arb

Pereira, L.A. & Vieira, L.A.F. 203

Senna sp.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 263

Stylosanthes sp.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 266

Heliconiaceae

Heliconia psittacorum L. f.

Erv

Pereira, L.A. & Vieira, L.A.F. 202

Hernandiaceae

Sparattanthelium botocudorum Mart.

Arb

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 174

Humiriaceae

Sacoglottis mattogrossensis Malme

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 101

Hypericaceae

Vismia guianensis (Aubl.) Choisy

Arb

Pereira, L.A. 25

Krameriaceae

Krameria tomentosa A.St.-Hil.

Arb

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 246

Lamiaceae

Aegiphila sp.

Arb

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 103

Lauraceae

Cassytha filiformis L.

Para

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 92

Ocotea gardneri (Meisn.) Mez

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 231

Lecythidaceae

Eschweilera ovata (Cambess.) Miers

Arv

Pereira, L.A. 52

Loranthaceae

Phoradendron sp.

Para

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 223

Phthirusa pyrifolia (Kunth) Eichler

Para

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 106

Psittacanthus dichroos (Mart.) Mart.

Para

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 237

Struthanthus sp.

Para

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 239

Lythraceae

Cuphea flava Spreng.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 232

Malpighiaceae

Byrsonima gardneriana A. Juss.

Arb

Pereira, L.A. 28

Byrsonima sericea DC.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 105

Stigmaphyllon rotundifolium A. Juss.

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 171

Malvaceae

Eriotheca sp.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 253

Luehea ochrophylla Mart.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 143

Sida elata Macfad.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 179

Sida sp.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 90

Marantaceae

Monotagma plurispicatum (Körn.) K. Schum.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 68

Melastomataceae

Miconia albicans (Sw.) Triana

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 74

Myrsinaceae

Myrsine sp.

Arb

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 224

Myrtaceae

Eugenia azurensis O.Berg

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 160

Eugenia candolleana DC.

Arb

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 178

Eugenia hirta O. Berg

Arb

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 159

Eugenia punicifolia (Kunth) DC.

Arb

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 88

Myrcia bergiana O.Berg.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 169

Myrcia guianensis (Aubl.) DC.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 185

Myrcia sylvatica (G. Mey.) DC.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 176

Myrciaria sp.

Arb

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 244

Nyctaginaceae

Guapira pernambucensis (Casar.) Lundell

Arb

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 155

Ochnaceae

Ouratea hexasperma (A.St.-Hil.) Baill.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 185

Onagraceae

Ludwigia octovalvis (Jacq.) P.H. Raven

Erv

Pereira, L.A. 45

Orchidaceae

Epidendrum cinnabarinum Salzm.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 255

Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 238

Passifloraceae

Passiflora cincinata Mast.

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 183

Passiflora galbana Mast.

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 168

Pcramniaceae

Picramnia sp.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 228

Piperaceae

Piper tuberculatum Jacq.

Arb

Pereira, L.A. 48

Plumbaginaceae

Plumbago scandens L.

Erv

Pereira, L.A. 32

Poaceae

Digitaria sp.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 252

Ichnanthus sp.1

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 250

Ichnanthus sp.2

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 251

Lasiacis ligulata Hitchc. & Chase

Erv

Pereira, L.A. 33

Panicum asperifolium (Desv.) Hitchc.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 144

Panicum pilosum Sw.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 190

Panicum sp.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 153

Paspalum sp.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 154

Polygalaceae

Bredemeyera laurifolia Klotzsch

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 184

Polygala sp.1

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 107

Polygala sp.2

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 222

Polygala sp.3

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 227

Polygonaceae

Coccoloba alnifolia Casar.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 82

Coccolaba laevis Casar.

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 219

Rubiaceae

Alseis pickelii Pilg. & Schmale

Arb

Moura, O.T. 1089

Borreria verticillata (L.) G.Mey.

Erv

Pereira, L.A. & Vieira, L.A.F. 206

Chiococca alba (L.) Hitchc.

Arb

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 245

Cordiera myrciifolia (K.Schum.) C.H.Perss. & Delprete

Arb

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 87

Denscantia cymosa (Spreng.) E.L.Cabral & Bacigalupo

Arb

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 257

Guettarda platypoda DC.

Arv

Pereira, L.A. 29

Mitracarpus sp.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 256

Palicourea crocea (Sw.) Roem. & Schult.

Arb

Pereira, L.A. & Vieira, L.A.F. 204

Posoqueria longiflora Aubl.

Arv

Pereira, L.A. & Vieira, L.A.F. 210

Psychotria barbiflora DC.

Erv

Pereira, L.A. & Vieira, L.A.F. 205

Salzmannia nitida DC.

Arb

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 186

Tocoyena sellowiana (Cham. & Schltdl.) K.Schum.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 181

Salicaceae

Casearia javitensis Kunth

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 78

Sapindaceae

Allophylus laevigatus Radlk.

Arv

Pereira, L.A. 31

Serjania salzmanniana Schltr.

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 95

Sapotaceae

Manilkara salzmannii (A. DC.) H.J.Lam.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 156

Pouteria sp.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 91

Schoepfiaceae

Schoepfia brasiliensis A.DC.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 226

Smilacaceae

Smilax sp.1

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 166

Smilax sp.2

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 234

Solanaceae

Physalis angulata L.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 259

Solanum paludosum Moric.

Arb

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 71

Solanum torvum Sw.

Arb

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 73

Solanum sp.

Arb

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 72

Trigoniaceae

Trigonia nivea Cambess.

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 96

Urticaceae

Cecropia sp.

Arv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 75

Verbenaceae

Lippia sp.

Erv

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 77

Vitaceae

Cissus erosa Rich.

Tre

Pereira, L.A. & Chagas, E.C.O. 145



Dois gêneros e cinco espécies são exclusivos deste trabalho quando comparados com os demais levantamentos utilizados na análise de similaridade florística, Melocactus Link & Otto, endêmico do Brasil e Garcinia L. que é aqui referido pela primeira vez para o Estado da Paraíba (SOMNER et al. 2013). Entre as espécies destacam-se Psittacanthus dichroos (Mart.) Mart. e Denscantia cymosa (Spreng.) E.L. Cabral & Bacigalupo, endêmicas do Brasil e Struchium sparganophorum (L.) Kuntze que é referida pela primeira vez para o Estado da Paraíba (SOMNER et al. 2013).

Do total de espécies 54 (36%) são árvores, 39 (26%) ervas, 27 (17%) arbustos, 26 (18%) trepadeiras e 5 (3%) parasitas. O predomínio de espécies arbóreas caracteriza uma vegetação de fisionomia florestal, fato também observado em três dos estudos utilizados na comparação florística (AMAZONAS, 2011; BARBOSA, 2008; BARBOSA et al. 2009). Entretanto a presença de Byrsonima sericea DC., Krameria tomentosa A.St.-Hil. e Hancornia speciosa Gomes, normalmente coletadas em áreas savanoides de solos arenosos, evidenciam a presença de outras fitofisionomias no remanescente do Rio Cabelo.

O remanescente de mata ciliar do Rio Jaguaribe foi a única área com predomínio de espécies herbáceas (41%) em detrimento de arbóreas, característica associada à perturbação ambiental (FREITAS, 2011). O Rio Jaguaribe vem sofrendo diversas intervenções humanas desde a década de 1940, onde parte do seu leito foi aterrado e seu curso desviado (JOÃO PESSOA, 2007). Estes fatores em conjunto são indicadores da acentuada ação antrópica nesse remanescente.

De acordo com GIBBS e LEITÃO-FILHO (1978) as espécies do gênero Inga juntamente com Tapirira guianensis e Protium heptaphyllum são típicas de formações ciliares, principalmente devido à capacidade de sobreviverem em solos inundáveis. Apesar disso as espécies supracitadas não são exclusivas dessas matas, sendo encontradas em vários outros levantamentos realizados em formações não ciliares no estado (BARBOSA et al. 2011; DIONÍSIO, 2002; PONTES, 2000).

Segundo IVANAUSKAS et al. (1997) a composição florística das matas ciliares é fortemente influenciada pela vegetação do interflúvio, o que torna necessário um conhecimento acerca do mosaico vegetacional em que estão inseridas. Assim como observado por outros autores, que estudam a vegetação ciliar no Brasil (RODRIGUES e NAVE, 2000), o remanescente de mata ciliar do Rio Cabelo não apresenta uma “flora específica”, mas sim um misto de espécies tolerantes à dinâmica hidrológica, amplamente distribuídas na Floresta Atlântica Nordestina e algumas com distribuição disjunta com a Floresta Amazônica.

Na comparação florística, apresentada na tabela 2, a área que obteve maior índice de similaridade com o presente estudo foi o remanescente da bacia hidrográfica do rio Timbó (26.4%), seguida da falésia do Cabo Branco (22.9%), mata do Buraquinho (20.1%) e da bacia hidrográfica do rio Jaguaribe (16.6%).



Tabela 2. Comparação florística entre a área de estudo e outras áreas da região metropolitana de João Pessoa: 1. Mata ciliar da bacia hidrográfica do Rio Timbó (Amazonas, 2006); 2. Mata ciliar da bacia hidrográfica do rio Jaguaribe (Freita, 2011) 3. Mata do Buraquinho (Barbosa, 2008); 4. Falésia do Cabo Branco (Barbosa et al., 2009).

Família/espécie

1

2

3

4

ACANTHACEAE

Ruellia paniculata L.

X

X

ANACARDIACEAE

Anacardium occidentale L.

X

X

X

Tapirira guianensis Aubl.

X

X

X

X

Thyrsodium spruceanum Benth.

X

X

X

ANNONACEAE

Annona pickelii (Diels) H.Rainer

X

X

Guatteria schomburgkiana Mart.

X

X

X

Xylopia frutescens Aubl.

X

Xylopia laevigata (Mart.) R.E.Fr.

APOCYNACEAE

Blepharodon pictum (Vahl) W.D.Stevens

X

Hancornia speciosa Gomes

X

Himatanthus phagedaenicus (Mart.) Woodson

X

X

X

X

Mandevilla scabra (Hoffmanns. ex Roem. & Schult.) K. Schum.

X

X

ASTERACEAE

Struchium sparganophorum (L.) Kuntze

Tilesia baccata (L.f.) Pruski

X

X

X

BORAGINACEAE

Cordia superba Cham.

X

Tournefortia candidula (Miers) Johnst.

X

X

X

BURSERACEAE

Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand

X

X

X

X

CANNABACEAE

Trema micrantha (L.) Blume

X

X

X

X

CELASTRACEAE

Maytenus erythroxyla Reissek

X

X

X

CHRYSOBALANACEAE

Hirtella racemosa Lam.

X

X

X

X

COMBRETACEAE

Buchenavia tetraphylla (Aubl.) R.A.Howard

X

X

COMMELINACEAE

Commelina erecta L.

CONVOLVULACEAE

Ipomoea quamoclit L.

CUCURBITACEAE

Luffa cylindrica M. Roem.

Melothria fluminensis Gardner

Momordica charantia L.

X

X

CYPERACEAE

Cyperus laxus Lam.

X

Scleria bracteata Cav.

X

X

X

Scleria hirta Boeckeler

Scleria secans (L.) Urb.

Rhynchospora exaltata Kunth

DILLENIACEAE

Davilla kunthii A. St.-Hil.

X

Doliocarpus dentatus (Aubl.) Standl.

Tetracera breyniana Schltdl.

X

X

X

X

ELAEOCARPACEAE

Sloanea garckeana K.Schum.

X

EUPHORBIACEAE

Chaetocarpus myrsinites Baill.

X

X

X

Croton polyandrus Spreng.

X

Croton sellowii Baill.

X

Pogonophora schombugkiana Miers ex Benth.

X

X

Ricinus communis L.

X

FABACEAE

Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr.

X

X

X

Chamaecrista ramosa (Vogel) H.S.Irwin & Barneby

X

Dioclea virgata (Rich.) Amshoff

X

X

X

X

Hymenaea courbaril L.

X

X

Inga capitata Desv.

X

X

Inga thibaudiana DC.

X

Pterocarpus rohrii Vahl

X

X

Senna alata (L.) Roxb.

X

HELICONIACEAE

Heliconia psittacorum L. f.

X

X

X

X

HERNANDIACEAE

Sparattanthelium botocudorum Mart.

X

X

X

X

HUMIRIACEAE

Sacoglottis mattogrossensis Malme

X

X

HYPERICACEAE

Vismia guianensis (Aubl.) Choisy

X

X

X

KRAMERIACEAE

Krameria tomentosa A.St.-Hil.

LAURACEAE

Cassytha filiformis L.

X

X

Ocotea gardneri (Meisn.) Mez

X

LECYTHIDACEAE

Eschweilera ovata (Cambess.) Miers

X

X

X

LORANTHACEAE

Phthirusa pyrifolia (Kunth) Eichler

Psittacanthus dichroos (Mart.) Mart.

LYTHRACEAE

Cuphea flava Spreng.

X

MALPIGHIACEAE

Byrsonima gardneriana A. Juss.

X

X

Byrsonima sericea DC.

X

X

X

Stigmaphyllon rotundifolium A. Juss.

X

X

MALVACEAE

Luehea ochrophylla Mart.

X

X

X

Sida elata Macfad.

MARANTACEAE

Monotagma plurispicatum (Körn.) K. Schum.

X

MELASTOMATACEAE

Miconia albicans (Sw.) Triana

X

X

X

X

MYRTACEAE

Eugenia azurensis O.Berg

Eugenia candolleana DC.

Eugenia hirta O. Berg

X

X

Eugenia punicifolia (Kunth) DC.

X

X

X

X

Myrcia bergiana O.Berg

X

Myrcia guianensis (Aubl.) DC.

X

Myrcia sylvatica (G. Mey.) DC.

X

X

X

NYCTAGINACEAE

Guapira pernambucensis (Casar.) Lundell

X

OCHNACEAE

Ouratea hexasperma (A.St.-Hil.) Baill.

X

X

ONAGRACEAE

Ludwigia octovalvis (Jacq.) P.H. Raven

ORCHIDACEAE

Epidendrum cinnabarinum Salzm.

Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl.

X

X

PASSIFLORACEAE

Passiflora cincinata Mast.

Passiflora galbana Mast.

PIPERACEAE

Piper tuberculatum Jacq.

X

PLUMBAGINACEAE

Plumbago scandens L.

X

X

POACEAE

Lasiacis ligulata Hitchc. & Chase

Panicum asperifolium (Desv.) Hitchc.

X

Panicum pilosum Sw.

X

X

POLYGALACEAE

Bredemeyera laurifolia Klotzsch

X

X

POLYGONACEAE

Coccoloba alnifolia Casar.

X

X

Coccolaba laevis Casar.

X

RUBIACEAE

Alseis pickelii Pilg. & Schmale

X

Borreria verticillata (L.) G.Mey.

X

X

X

Chiococca alba (L.) Hitchc.

X

X

X

X

Cordiera myrciifolia (K.Schum.) C.H.Perss. & Delprete

Denscantia cymosa (Spreng.) E.L.Cabral & Bacigalupo

Guettarda platypoda DC.

X

X

X

Palicourea crocea (Sw.) Roem. & Schult.

X

X

Posoqueria longiflora Aubl.

X

Psychotria barbiflora DC.

X

X

Salzmannia nitida DC.

X

X

Tocoyena sellowiana (Cham. & Schltdl.) K.Schum.

X

X

X

SALICACEAE

Casearia javitensis Kunth

X

SAPINDACEAE

Allophylus laevigatus Radlk.

X

X

X

X

Serjania salzmanniana Schltr.

X

X

X

SAPOTACEAE

Manilkara salzmannii (A. DC.) H.J.Lam.

X

X

SCHOEPFIACEAE

Schoepfia brasiliensis A.DC.

X

SOLANACEAE

Physalis angulata L.

Solanum paludosum Moric.

X

X

X

Solanum torvum Sw.

TRIGONIACEAE

Trigonia nivea Cambess.

X

X

X

VITACEAE

Cissus erosa Rich.

X

X

X

Número total de espécies identificadas

117

95

256

171

Número de espécies em comum com este trabalho

47

29

61

52

ISJ (%)

26.4

16.6

20.1

22.9



Os maiores índices de similaridade foram observados entre as áreas mais próximas espacialmente. A mata ciliar do Rio Cabelo quando comparada com a mata da Falésia do Cabo Branco obteve maior similaridade (22.9%) do que quando comparada com a mata ciliar do Rio Jaguaribe (16.6%), indicando que a distância geográfica pode ter influenciado nesses índices, como observado por RIBEIRO-FILHO et al. (2009). Vale ressaltar, porém, que a mata ciliar do Rio Jaguaribe, de todas as analisadas é aquela que se encontra mais antropizada.

Para as áreas ciliares, os dados obtidos corroboram estudos nessas formações, onde o número de espécies é bastante elevado e os valores de similaridade muito baixos (DURIGAN e LEITÃO-FILHO, 1995; MEGURO et al. 1996; SILVA JÚNIOR et al. 1998). Estes autores apontam a heterogeneidade ambiental como principal geradora dessas particularidades florísticas.

Os dados obtidos com este trabalho indicam que a mata ciliar da bacia hidrográfica do Rio Cabelo é bastante heterogênea floristicamente, sendo necessários mais estudos florísticos e ecológicos para que se possa entender sua estrutura e dinâmica, visando futuras ações de manejo e recuperação dessa formação.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de João Pessoa pelo apoio técnico-operacional durante as coletas e ao CNPq pela bolsa de iniciação científica concedida ao primeiro autor.

Referências

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1 Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE. E-mail: luizdeaquinopereira@gmail.com

2 Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE. E-mail: earlchagas@gmail.com

3 Departamento de Sistemática e Ecologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB. E-mail: mregina@dse.ufpb.br