A idolatria teórica: uma crítica à história tradicional da disciplina de Relações Internacionais.
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2318-9452.2019v6n12.42059Resumo
Este artigo tem por objeto a história tradicional da disciplina de Relações Internacionais, a denominada “história dos grandes debates”, e objetiva criticar teoricamente essa abordagem. Pretende-se compreender se há um fundamento teórico equivocado que informa a narrativa e por que uma perspectiva reconhecida pela historiografia como inconsistente segue sendo a apresentação mais influente dessa área de estudos. Argumenta-se, inter alia, que essa abordagem sustenta, de modo tácito, uma “autonomia no movimento das ideias”, pois dissocia e isola a trajetória desse ramo da ciência social das dinâmicas extracientíficas. Este “insulamento apriorístico” dos condicionamentos sociais é equivocado e configura a “idolatria teórica”, fazendo com que essa ciência seja apresentada pelo que se espera que ela seja (dever ser) e não pelo que é. Essa idolatria teórica, ao sugerir que a história da disciplina é um movimento ideacional de progressiva aproximação à verdade, convenientemente legitima e entroniza as teorias e metodologias mais influentes. Destarte, entendemos que, além dessa função legitimadora, a simplicidade da narrativa conjugada à ausência de alternativas globais para a história da disciplina tendem a fazer com que, não obstante os equívocos empíricos e teóricos, a história dos grandes debates permaneça como a principal introdução à disciplina.
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