TY - JOUR AU - Zagatto, Bruna Pastro PY - 2019/12/15 Y2 - 2024/03/29 TI - De histórias de vida a trajetórias partilhadas: o protagonismo das lavradoras e marisqueiras na construção da história das comunidades quilombolas da Baia do Iguape, Bahia JF - Saeculum JA - SRH VL - 24 IS - 41 (jul./dez.) SE - Dossiê: Mulheres, gênero e sertanidades DO - 10.22478/ufpb.2317-6725.2019v24n41.47685 UR - https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/srh/article/view/47685 SP - 298-317 AB - Entre 2004 e 2006, inúmeras comunidades rurais do Recôncavo Baiano passaram a se diferenciar étnico-racialmente, reivindicando a identidade coletiva de “remanescentes de quilombo”. A maioria dos processos de autorreconhecimento quilombola na região havia sido protagonizado por mulheres, que se puseram à frente da mobilização social de suas comunidades e do movimento de luta pela terra, além de se tornarem as principais interlocutoras dos agentes do Estado envolvidos com as políticas públicas específicas para quilombos. As novas lideranças comunitárias também tomaram a dianteira nas atividades de identificação territorial e regularização fundiária de um território de seis comunidades contíguas, fundamentadas numa trajetória comum de opressão vivida pelas famílias negras naquelas terras. Assim, antes de apontar os limites geográficos do território, essas mulheres participaram ativamente da construção da história de suas comunidades, tanto do passado como do presente. A partir do compartilhamento de suas experiências pessoais, marcadas pela violência, pelo racismo e pela pobreza e exclusão, construiu-se uma “colcha de retalhos” de memórias coletivas semelhantes que se levantou como a bandeira de luta por justiça social. O compartilhamento tanto de experiências morais de desrespeito como da indignação diante da afronta a valores de justiça estabelecidos funcionou como combustível para o reconhecimento étnico-racial do grupo e para a ação coletiva. Diante disso, o artigo busca, apresentar o processo de emergência das novas lideranças comunitárias na zona rural de Maragojipe, Bahia sob dois prismas. Primeiramente, registrar o protagonismo das mulheres negras, sobretudo viúvas e divorciadas, na história recente das comunidades quilombolas maragojipanas, ao trazer suas vozes e estratégias de atuação junto às suas comunidades, na luta por reparação social e reforma agrária. E segundo, apresentar suas perspectivas de gênero acerca da difícil trajetória dos quilombolas da zona rural, contribuindo parauma construção da história da mulher no campo pós-plantation. ER -