ALÉM DOS TRÓPICOS: TRAIÇÃO E VIOLÊNCIA NO ROMANCEIRO POPULAR / <i> BEYOND THE TROPICS: BETRAYAL AND VIOLENCE ON POPULAR ROMANCEIRO

Autores

  • Hermano de França RODRIGUES

Resumo

O corpo feminino nem sempre gozou da autonomia que se desenha, na hodiernidade, pelas sociedades modernas. Em épocas longínquas, fora submetido a um incisivo e atroz processo de subordinação e apagamento, pautado em discursos maniqueístas, responsáveis por caracterizá-lo, historicamente, como receptáculo do mal. Durante a profusão religiosa da Idade Média, contornada por estigmas e ideologias patriarcais, a mulher sucumbiu-se ante o desejo e o olhar do homem. Pelas mãos do amante, do cônjuge e, mesmo, do progenitor, seu corpo sofreu um esfacelamento físico e moral.  O mundo gótico, com seus paradigmas advindos do cristianismo, subtraiu do feminino o prazer sexual, as escolhas e, em certos momentos, cerceou-lhe a liberdade. Essa imagem se infiltrou de tal forma no texto popular que as vicissitudes do tempo e do espaço mostraram-se impotentes e, logo, não foram capazes de apagá-la. O romanceiro tradicional, assim, constitui um templo, ao mesmo tempo clássico e mediévico, onde a mulher revive e desnuda as faces do passado. Quando adúlteras, mentirosas, pecadoras, são sancionadas violentamente por seu senhor (ou senhores). Reside, nessa configuração cultural, nossa proposta de análise. Tencionamos, com base nos constructos epistemológicos da Semiótica das Culturas, debruçar-nos sobre a peça popular Brancalinda, com o propósito de extrair e examinar os valores axiológicos, a partir dos quais se pode explicar o vívido confronto entre o homem e a mulher.

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