Revista Ártemis https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis <p>A <strong>Revista Ártemis</strong>, de <strong>ISSN 1807-8214 / 2316-5251 (versão impressa)</strong>, divulga a produção científica no campo dos estudos de gênero, feminismos e sexualidades pelo viés interdisciplinar, abordando fenômenos sociológicos, culturais, análises históricas, literárias, psicológicas, além de estudos interseccionais. O objetivo é contribuir com a construção de novas abordagens teóricas e metodológicas, difundir artigos e pesquisas nacionais e internacionais, resenhas, entrevistas e traduções. A revista é semestral, estando vinculada aos Programas de Pós-Graduação em Sociologia e em Letras da UFPB. Em julho de 2019, recebeu classificação Qualis A2.</p> UFPB pt-BR Revista Ártemis 2316-5251 DIREITOS DE AUTOR: O autor retém, sem retrições dos direitos sobre sua obra. DIREITOS DE REUTILIZAÇÃO: A Revista Ártemis adota a Licença Creative Commons, CC BY-NC atribuição não comercial conforme a Política de Acesso Aberto ao conhecimento adotado pelo Portal de Periódicos da UFPB. Com essa licença é permitido acessar, baixar (download), copiar, imprimir, compartilhar, reutilizar e distribuir os artigos, desde que para uso não comercial e com a citação da fonte, conferindo os devidos créditos de autoria e menção à Revista Ártemis. Nesses casos, nenhuma permissão é necessária por parte dos autores ou dos editores. DIREITOS DE DEPÓSITO DOS AUTORES/AUTOARQUIVAMENTO: Os autores são estimulados a realizarem o depósito em repositórios institucionais da versão publicada com o link do seu artigo na Revista Ártemis. Apresentação do dossiê https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/65169 <p class="p1">LEITURAS DECOLONIAIS E FEMINISTAS NA LITERATURA E OUTRAS ARTES</p> Liane Schneider Luciana Calado Deplagne Simone Pereira Schmidt Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1 Ana de Amsterdam: traçando rotas entre o Terceiro Espaço e o Space-Off https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/65170 <p class="p1">Sob uma perspectiva pós-colonial este artigo tem como objetivo promover uma articulação entre os conceitos de “Terceiro Espaço”, de Homi K. Bhabha (1998), e o de “Space-Off” (1987), de Teresa de Lauretis, com o intuito de fortalecer a intersecção entre fatores como raça, etnia e gênero na área de Estudos Culturais, promovendo travessias nos Estudos de Gênero, bem como nos Estudos Literários. O livro <em>Ana de Amsterdam</em> (2015), de Ana Cássia Rebelo, escritora portuguesa nascida em Moçambique, foi selecionado como suporte para relacionar as definições teóricas mencionadas acima. Tal escolha está relacionada com a identidade híbrida revelada nas vivências e na escrita da autora, bem como no formato de sua obra. Ao fim da escrita, concluiu-se que a aproximação entre os conceitos oportuniza reflexões mais profundas sobre as opressões colonizadoras, viabilizando novos olhares e novas estratégias para a desconstrução de padrões arbitrários que perseguem sujeitos desfavorecidos num sistema capitalista patriarcal.</p> Paulo Alexandre Cardoso Pereira Lana de Araújo Gomides Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1 A representação do domínio britânico na Índia por Kisan Desai: investigando colonialismo e colonialidade em the inheritance of loss https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/65171 <p class="p1">Este artigo propõe um estudo do romance <em>The Inheritance of Loss</em> (2006), da escritora indiana contemporânea Kiran Desai, ao explorar algumas das práticas do colonialismo e da colonialidade retratadas no romance. <em>The Inheritance of Loss</em> é uma narrativa não linear, organizada em fragmentos, que retrata a vida de personagens indianos pertencentes a gerações e origens diversas. Este estudo tem como objetivo analisar passagens das primeiras décadas do século XX do romance que retratam o domínio britânico sobre a Índia, algumas das práticas do colonialismo introduzidas pelos colonizadores e a colonialidade que permeia o personagem indiano anglicizado Jemubhai Patel. Este estudo enfatiza uma estratégia fundamental do colonialismo utilizada pelo domínio britânico na Índia que foi a introdução da língua e da cultura inglesas naquele país. Homi Bhabha (1994), Gauri Viswanathan (1995), Elleke Boehmer (2005), Aníbal Quijano (2007), Walter D. Mignolo (2012), Robert J. C. Young (2015) fazem parte do referencial teórico que sustenta o artigo.</p> Victor Hugo Maia Osorio Marcelli Claudinni Teixeira Osorio Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1 Scherezade de Nélida Piñon: a (in)visibilidade da voz feminina em vozes do deserto https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/63349 <p><em>Vozes do deserto</em>, de Nélida Piñon (2004), é um romance que reinventa o fascínio do <em>Livro das mil e uma noites. </em>Inserida em um espaço regido pelo Islã, a contadora árabe Scherezade utiliza o poder da imaginação como estratégia de resistência e, além de salvar a si e às demais jovens de Bagdá do castigo da morte decretado pelo Califa, alcança sua liberdade após certo tempo. O objetivo deste estudo consistiu em investigar o comportamento transgressor de Scherezade, considerando os limites da opressão e resistência no bojo das relações sociais árabe-muçulmanas. Apoiando-se nos fundamentos da Crítica Feminista teorizados por Bahri (2013), Hollanda (1994), Lauretis (1994), Schmidt (2000), Zolin (2009), dentre outros autores, foi possível analisar os mecanismos estético-temáticos da narrativa piñoniana, a partir de uma perspectiva crítica fundada no feminismo, por elucidar significativos aspectos da emancipação da mulher, além de evidenciar a violência aplicada contra o corpo feminino, suscitando discussões em torno da hierarquia entre os gêneros em contextos sociais diversos. Em linhas gerais, a forma como Scherezade fora construída por Piñon (2004) apresenta novos desfechos que deslocam a mulher do lugar de silenciamento e aceitação das convenções sociais, legitimadas por discursos fundadores, como o religioso, no caso, o texto sagrado do <em>Alcorão </em>(2004), para a criação de estratégias de reversão das condições impostas. Resgatada, recriada e atualizada no romance piñoniano, a protagonista representa não somente mulheres do Oriente, mas mulheres de todos os lugares do mundo libertas de qualquer tipo de submissão, preconceito, opressão, violência e, sobretudo, da morte.</p> Maria Suely de Oliveira Lopes Jéssica Maria Cruz Silva Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1 “Remember, it is I who am here to pray for you”: decolonização e resgate da autoridade religiosa/espiritual em La Loca Santa https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/63604 <p>Glória Anzaldúa defende a recriação da auto-história das mulheres chicanas, o que culminaria na recriação da história cultural de todo o grupo. Nessa perspectiva, Ana Castillo argumenta em prol de revisitação e reinterpretação de modelos tradicionais impostos às mulheres chicanas, a fim de decolonizá-los e repensá-los enquanto fontes de força e poder para si sem que isso signifique a destruição de todos os valores tradicionais herdados da ancestralidade ameríndia e da influência espanhola. Assim, o objetivo desse artigo é analisar o resgate e, ao mesmo tempo, a reescritura da memória coletiva em So Far from God (1993), de Ana Castillo, por meio da análise da busca pela decolonialização e reconquista da autoridade religiosa e espiritual das mulheres chicanas simbolizada na construção da personagem La Loca Santa; uma representação que mescla a deusa mãe ancestral ameríndia Tonantzin com a mãe católica de origem colonial espanhola Guadalupe. Assim, refletiremos sobre as características de Tonantzin, a historiografia de Guadalupe, as implicações da religiosidade na identidade das mulheres chicanas e o desenvolvimento da personagem que evoca essas duas figuras míticas divinas. Para isso, utilizarei teorias como de Jeanette Peterson (1992), Amaia Ibarraran Bigalondo (1999), Michelle Sauer (2000), Glória Anzaldúa (2012, 2015), Ana Castillo (2014), Simona Lozovschi (2016), Yuderkys Miñoso (2020), entre outras. Concluímos que La Loca Santa é concebida enquanto uma figura sincrética que constrói um mundo fora dos limites da dominação colonial, capitalista e patriarcal dentro da própria casa através de um posicionamento que resgata ao mesmo tempo em que reescreve a autoridade espiritual das mulheres chicanas.</p> Danielly Cristina Pereira Vieira Brenda Carlos de Andrade Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1 “¿O que um pé consegue fazer em um sapato apertado?” Movimento como estratégia decolonial em Song of the Water Saints, de Nelly Rosario https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/65172 <p class="p1">Enquanto os diferentes processos de colonização estão limitados a determinados tempos históricos, a colonialidade, isto é, a lógica que une os diferentes colonialismos, persiste através dos séculos. Proclama a universalidade do pensamento ocidental ao mesmo tempo em que desumaniza os corpos de pessoas não-brancas e tenta obliterar culturas. Por outro lado, a atitude decolonial, uma reação a formas diversas <span class="s1">de colonialidade/modernidade propõe alternativas aos modelos eurocêntricos, </span>descortinando e legitimando <em>outros</em> modos de ser e de entender o mundo. Nosso objetivo aqui é nos desprendermos de uma episteme – situada exclusivamente na mente – baseada em parâmetros coloniais e nos alinharmos a uma episteme – situada no corpo – baseada principalmente no deslocamento forçado de seres humanos através dos séculos. Colocando em foco a literatura contemporânea de expressão inglesa produzida por artistas que também buscam opções à colonialidade/ modernidade, usamos o conceito de <em>tidalectics</em> desenvolvido pelo poeta Kamau Brathwaite em nossa leitura de <em>Song of the Water Saints</em> (2002), de Nelly Rosario, autora dominicana radicada nos EUA. Ainda que seguindo um gênero literário ocidental tradicional ao escrever um romance, Rosário contesta e transgride os moldes do gênero, ao utilizar o movimento, fio condutor da narrativa, como uma estratégia decolonial.</p> Leila Assumpção Harris Priscilla da Silva Figueiredo Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1 Sor Juana Inés de la Cruz (México, 1648-1696) y Gregorio de Matos Guerra (Brasil, c. 1636-1695): la sarcástica maquinaria de la Ironía Barroca https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/62699 <p>Este trabalho busca trazer novas perspectivas poéticas ao ponto de intersecção das representações literárias mexicanas e brasileiras em torno da religião e da sociedade, a partir de uma perspectiva feminista e anticlerical. Longe dos limites artificiais das literaturas nacionais, buscamos abordar, com base em interpretações transculturais e por meio de ferramentas teóricas da Estilística e da Literatura Comparada, o denominador comum alcançado por dois escritores que expressam a experiência poética de uma insubmissão decolonial e, portanto, do feminismo <em>avant la lettre</em> na literatura latino-americana.</p> Marcelo Marinho Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1 Ecos decoloniais e a identidade da mulher negra em “A escrava” de Maria Firmina dos Reis https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/63309 <p>Este artigo propõe analisar os ecos decoloniais no conto “A escrava”, de Maria Firmina dos Reis, lançado em 1887. A obra insere-se na ideia de uma identidade fragmentada (HALL, 2001) da mulher negra do século XIX vivida pela personagem Joana e a personagem senhora, que, ao escutar os clamores da subalterna (SPIVAK, 2010), solidariza-se com essa e com todas as mulheres negras que eram tratadas pela sociedade construída pelo colonialismo opressor (QUIJANO, 2005). A movimentação identitária das personagens levanta a seguinte indagação: como a obra “A escrava”, a partir dos ecos decoloniais, evidencia os estigmas causados à identidade da mulher negra? Para responder a problematização, percorreremos aportes de um feminismo decolonial (VERGÈS, 2020), bem como o poder de fala (RIBEIRO, 2017) dado a Joana e a senhora, quando elas erguem a voz (HOOKS, 2019) para denunciar os males ocasionados pela sociedade escravista. Portanto, todo esse processo de investigação elucida as dores causadas às mulheres negras pela sociedade patriarcalista/escravista do século XIX e revela que Maria Firmina dos Reis já ecoava um feminismo decolonial (LUGONES, 2010) no Brasil.</p> Paulo Eduardo Bogéa Costa Algemira de Macêdo Mendes Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1 Luamanda: corpo decolonial realinhando caminhos de volta https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/63398 <p>Considerando a diversidade de significados, a Literatura Afro-brasileira tem papel relevante na construção histórica e identitária deste país por meio da multiplicidade de olhares e representações da/o negra/o ao longo de escritos e enquanto <em>corpus</em>. Imbuídos nessa discussão de entender a escrita como rompimento da estrutura colonial e descolonização de vozes dos sujeitos subalternos, esta pesquisa pretende discutir o conto <em>Luamanda</em>, do livro <em>Olhos d`água</em> (2016), cuja obra da autora Conceição Evaristo apresenta uma escrita que exterioriza subjetividades, sobretudo dos corpos das mulheres negras atravessados por vivências marcadas pela violência epistemológica entrecortada por eixos de opressão de gênero, raça e classe. Nessa perspectiva, a autora traz uma narrativa poética que representa temáticas que se relacionam a situações do cotidiano de personagens negras, discutindo temas como memória, racismo, existência e resistência. O conto <em>Luamanda </em>subverte a mesmidade das representações do corpo negro, tipificadas pela literatura canônica e confinadas ao pensamento colonizador dando-lhe centralidade e voz. A autora desalinha a estrutura colonial e reescreve as representações das mulheres bestificadas, objetificadas e com corpos hipersexualizados, (Lugones, 2014). Luamanda escreve suas vivências tornando-se protagonista da sua história e assim descoloniza a fala, o seu corpo e seus amores para além dos muros da violência. Neste sentido, este trabalho apresenta uma literatura que corrobora com teóricos dos estudos decoloniais dentre estes, Aníbal Quijano (2005), Bell Hooks (2019), Djamila Ribeiro (2019), Grada Kilomba (2019), Maria Lugones (2014), Walter D. Mignolo (2017),&nbsp; e outros para pensar este corpo textualizado, racializado e decolonial de mulher negra que se emancipa e transgride o pensamento hegemônico.</p> <p>&nbsp;</p> Francielle Suênia da Silva Macksa Raquel Gomes Soares Déborah Alves Miranda Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1 Stella do Patrocínio e seus falatórios insurgentes https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/65173 <div class="page" title="Page 1"> <div class="section"> <div class="layoutArea"> <div class="column"> <p class="p1">Stella do Patrocínio foi uma mulher negra, poeta, considerada louca e aprisionada em um hospital psiquiátrico aos 21 anos de idade. Patrocínio permaneceu por trinta anos encarcerada no contexto asilar, onde conseguiu elaborar falatórios poéticos que posteriormente foram gravados, transcritos e publicados no livro póstumo “<em>Reino dos bichos e dos animais é o meu nome</em>” (2001). O artigo em questão tem como objetivo problematizar os falatórios de Stella do Patrocínio, nesta obra específica, a partir do diálogo com epistemologias feministas, principalmente decorrentes dos feminismos negro e decolonial. Foi possível traçar um debate teórico-afetivo interseccional que permitiu evidenciar a articulação entre o sistema manicomial e o sistema sexo-gênero colonial, bem como refletir sobre o estatuto ontológico que torna determinados corpos, como o de Stella, abjetos e não passíveis de luto. Mesmo encarcerada, Stella transformou os silêncios manicomiais em linguagem e ação, nos permitindo ver vias de resistência às opressões que ecoam na atualidade.</p> </div> </div> </div> </div> Lina Ferrari de Carvalho ​​Marivete Gesser Maria Juracy Filgueiras Toneli Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1 “Eu não vou sucumbir”: Elza Soares e sua performance da sobrevivência https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/65174 <p class="p1">Elza da Conceição Soares (1930 - 2022), renomada intérprete do cancioneiro nacional, traz em sua performance o grito de milhões de brasileiros que nasceram em situação de pobreza, lutaram e lutam todos os dias por condições para, simplesmente, sobreviver. Em um país constituído por um plano autoritário que proporciona as mais diversas formas de desigualdade para seus cidadãos (SCHWARCZ, 2019), Elza Soares subverteu a máxima da sociedade branca-cis-hetero-patriarcal ao utilizar seu timbre vocal único como meio de subsistência, não só para si, mas também para toda a família. Neste trabalho, destacaremos a forma com que a cantora utilizou seu corpo para lutar contra todas as violências das quais foi vítima por ser mulher, preta, pobre numa sociedade misógina, racista e classista, que pouco valoriza a cultura nacional. Nos seus quase 70 anos de carreira, desde o arroubo visionário de Ary Barroso, ao declarar que em seu programa “nascia uma estrela” até as homenagens recebidas em prêmios e reconhecimentos públicos, buscaremos por meio dos álbuns, <em>Mulher do Fim do Mundo</em> (2015), <em>Deus é mulher</em> (2018) e <em>Planeta Fome</em> (2019), constatar a eminente contribuição da sua vocação artística para lutas de gênero, classe e raça na sociedade brasileira, com o que chamamos, aqui, de “performance da sobrevivência”.</p> Maximiliano Torres Douglas Ernesto Fernandes Gonçalves Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1 Feminismo antirracista e decolonialidade: arte-educação, raça e gênero https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/63642 <p>Este artigo tem como objetivo aprofundar a proposta teórico-prática do feminismo antirracista através de narrativas de arte educadoras negras em seus espaços de ensino e aprendizagem. Para tal propósito, escolheu-se como marco metodológico a categoria político-cultural de amefricanidade, proposta por Lélia Gonzalez. A princípio, discorreu-se acerca das suas origens e dos seus efeitos para o movimento artístico de mulheres negras educadoras e os movimentos pós-coloniais que se propuseram a incluir o debate do feminismo e raça nas reflexões decoloniais. No seguimento, debruçou-se sobre como esse feminismo, tecido e proposto pelas mulheres negras, está sendo construído no campo da arte educação. Por fim, concluiu-se que a sistematização e referenciação do feminismo antirracista às condições e particularidades de gênero e raça possibilitaram não apenas novas perspectivas para o movimento decolonial e feminista, como também para o movimento educacional e artístico. Assim, este trabalho justifica-se a partir do interesse social e coletivo no que diz respeito às mudanças sociais que tange o combate ao racismo, violência de gênero e novas possibilidades educacionais, tendo como meio de diálogo e incorporação as narrativas das arte educadoras negras mediante suas experiências e criações em espaços educacionais.</p> Júlia Maria Silva Heloisa Herneck Maria Simone Euclides Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1 Odisséia feminista da escultura em madeira no bioma Caatinga: notas sobre resistência, misoginia e machismo https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/65175 <p class="p1">Este artigo aborda relatos sobre a resistência da mulher escultora no bioma Caatinga, que luta contra a misoginia, com sua obra tensionada no feminismo e sustentabilidade, descrevendo a importância da motosserra nos processos criativos da escultura em madeira por meio da coleta de árvores mortas, enquanto ativismo ambiental. Revela a importância da carranca de peito, signo do São Francisco, como arte contemporânea e discurso em prol do feminismo. Essa pesquisa tem como objetivo gerar referências na prática de esculturas feitas por mulheres e materiais didáticos, para pesquisadores do Tridimensional. O referencial teórico de Donna Haraway estabelece uma reflexão sobre atingir igualdade de gênero na escultura, são trazidos também a pesquisadora Elisabet Moreira (2006) e o artivista Frans Krajcberg (2008), com objetivo de promover diálogos em relação a esculturas, ao feminismo e à sustentabilidade em prol de transformação social.</p> Alberto Pessoa Carina Karla Lacerda Almeida Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1 “Na minha família não”: culturas e investimentos em família, homossexualidade e cisheteropatriarcado https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/61922 <p><span style="font-weight: 400;">Acreditamos que as imagens nos educam e trazem intencionalidades. Ao analisarmos duas imagens veiculadas no </span><em><span style="font-weight: 400;">Instagram</span></em><span style="font-weight: 400;">, percebemos que setores conservadores vêm utilizando o artefato cultural com vista a normatizar e universalizar a concepção de família nuclear (heterossexual cisgênero, composta por pai, mãe e criança). Imagens que educam à desvalorização da diferença e levam à perpetuação e manutenção da cisheteropatriarcalidade. Ao considerarmos a cultura campo de disputas, negociações e resistências, as análises foram feitas ancoradas no campo teórico dos Estudos Culturais Pós-estruturalistas, uma vez que esse está direcionado a interrogar as redes de produção de significados nas sociedades. Nessa direção, reconhecer a pluralidade cultural e formular políticas para grupos subalternizados e marginalizados são elementos de enfrentamento e posicionamento frente a uma realidade que busca suprimir vidas e possibilidades de existências. Com as imagens analisadas observa-se as estratégias conservadoras de promoção do pânico moral que busca, dentre tantas intencionalidades, promover a família nuclear por meio da marginalização e violência a outros arranjos familiares.</span></p> Marcio Rodrigo Vale Caetano Nilcelio Sacramento de Sousa José Rodolfo Lopes da Silva Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1 Processo de entrega à adoção à luz da ordem patriarcal de gênero, raça/etnia e classe social https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/56980 <p>A presente pesquisa parte de uma abordagem sobre a relação existente entre adoção, gênero e políticas de proteção voltadas à família, em especial às mães que entregam seus filhos à adoção, levando-se em consideração a desigualdade de gênero enovelada no cerne da questão vinculada às concepções que orientam e subsidiam o trabalho das (os) assistentes sociais que instrumentalizam, operacionalizam e executam as políticas de proteção sociais públicas junto ao processo de entrega à adoção. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa de campo, por meio de questionário e entrevistas com profissionais que já vivenciaram processos dessa natureza. Os resultados principais apontaram para o sistema de dominação-exploração pautado no capitalismo, patriarcado e racismo como elementos centrais cujas implicações se materializam não só no processo decisório das mães como também na formulação e execução das políticas de proteção, além das concepções dos profissionais.&nbsp;&nbsp;</p> Eduardo Augusto Farias Marta Regina Furlan Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1 Tudo “camuflado” ou tudo “subentendido”: heteronormatividade, afetos e silenciamentos no relacionamento de um casal lésbico do sul da Bahia https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/65176 <p class="p1">Este artigo busca analisar os relatos orais de um casal de mulheres lésbicas residentes da cidade de Itabuna, no sul da Bahia, obtidos a partir de entrevistas em profundidade, semiestruturadas, realizadas em 2012. Objetiva-se demonstrar que a forma como as <span class="s1">entrevistadas constroem o seu relacionamento está intimamente relacionado à maneira </span>como lidam com a própria identidade sexual que, por sua vez, está estreitamente relacionada às percepções e julgamentos postos em prática pela heteronormatividade. O conceito de heteronormatividade, segundo Judith Butler, se refere a uma matriz de inteligibilidade de gênero que atua como um poder regulador, hierárquico e excludente por meio do qual se produzem e se naturalizam as noções de feminino e masculino e de sexualidade considerada “normal”. Busca-se analisar como a heteronormatividade é responsável pela invisibilização e pelo silenciamento do relacionamento do casal lésbico entrevistado, causando sofrimentos profundos e efeitos danosos em todas as instâncias da sua vida e na própria forma como percebem a si mesmas.</p> Lorena Rodrigues Tavares de Freitas Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-16 2022-12-16 34 1 Problematizando a ideia de interseccionalidade contida em documentos de 2015 e 2018 que guiam políticas públicas para mulheres em Teresina (PI) https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/61367 <p>A pesquisa teve como objetivo verificar se a interseccionalidade está presente nos documentos que guiam as políticas públicas para mulheres em Teresina/PI e como ela foi introduzida. Foram analisados dois documentos e feitas entrevistas com quatro gestoras. A pesquisa concluiu que os documentos não mencionam a interseccionalidade, porém, adotam tal perspectiva, ainda que de forma limitada. A incorporação desta perspectiva foi possibilitada pela contratação de uma especialista por parte da prefeitura, além de ser uma das diretrizes das Conferências de Direitos adotada pelas gestoras. A pesquisa problematiza esses resultados, retomando críticas do feminismo negro à pouca participação das mulheres pretas na formulação de decisões coletivas.</p> Hilziane Layza de Brito Pereira Lima Olivia Cristina Perez Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1 Fatores que interferem na carreira das docentes do ensino superior: as contribuições da literatura científica internacional https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/61572 <p>O presente artigo buscou mapear as perspectivas teóricas existentes na literatura científica, nacional e internacional, sobre os fatores que interferem na carreira docente das mulheres no magistério superior. Realizou-se uma busca nas bases indexadoras: <em>Scientific Electronic Library Online</em> (SciELO), <em>ScienceDirect</em> e <em>Web of Science</em>. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, 34 artigos foram selecionados e submetidos à análise de conteúdo, de forma manual e posteriormente, complementado pela análise de similitude realizada pelo software <em>IraMuteQ</em>. Como resultado, verificou-se que a literatura destaca a forma como a vida e a carreira da mulher têm o seu equilíbrio, a sua satisfação pessoal e a sua felicidade atravessados pelas representações de gênero e pelo regime de gênero presente na esfera doméstica e no mundo do trabalho.</p> Tatiani Gomes Gouvea Ana Louise de Carvalho Fiúza Guélmer Júnior Almeida de Faria Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1 O prazer do poder: as dimensões simbólica e econômica da pornografia https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/64208 Raisa D. Ribeiro Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1 Paul Preciado entre de multiples frontières https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/artemis/article/view/62846 Bárbara Buril Lins Copyright (c) 2022 Revista Ártemis 2022-12-15 2022-12-15 34 1