CAPITALISMO PERIFÉRICO E A MATERIALIDADE IDEOLÓGICA DA BRANQUITUDE NO BRASIL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46906/caos.n33.70541.p134-152

Palavras-chave:

branquitude, racismo, ideologia, superexploração.

Resumo

O artigo analisa a branquitude como ideologia na formação social do Brasil e seu papel na reprodução das relações sociais capitalistas. O texto parte da revisão do tratamento do tema pela literatura nacional, destacando, nesta bibliografia, as discussões sobre racismo, caráter dependente do capitalismo brasileiro e superexploração. A seguir, nossa análise materialista da branquitude se subsidia na categoria ideologia, definida como processo discursivo de reprodução da forma social hegemônica, conforme tratada por Eagleton (1997). Como resultado, o artigo conclui que a branquitude oferece formas ilusórias para universalizar representações, inclusive racial-fenotípicas, de ser sujeito humano; transforma desigualdades em efeitos de traços projetados como naturais; unifica classes sociais em torno da necessidade da reprodução da sociedade tal como ela se apresenta; racionaliza desigualdades e opressões; orienta práticas concretas; e legitima as relações sociais existentes sob o capital na periferia. Em última instância, o estudo aponta que a branquitude contribui para a reprodução das relações sociais no capitalismo periférico.

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Biografia do Autor

Fernanda Zeni de Avila, Fundação Oswaldo Cruz

Mestra em Educação Profissional em Saúde pelo Programa de Mestrado Profissional da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio – Fundação Oswaldo Cruz (2021-2023). Especialista em Saúde Mental Coletiva pelo Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde Mental Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2018-2020). Bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2012-2018). Defendeu em julho de 2023 a dissertação intitulada Branquitude, Ideologia e Capitalismo no Brasil: subsídios para reflexão no campo da saúde, propondo branquitude como ideologia no contexto do capitalismo periférico brasileiro.  http://lattes.cnpq.br/6095622281823279.

Carla Macedo Martins, Fundação Oswaldo Cruz

Possui graduação em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1989), mestrado (1996) e doutorado (2001) em Lingüística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venancio, da Fundação Oswaldo Cruz, atuando sobretudo na pós-graduação. É editora do periódico cientifico Trabalho, Educação e Saúde. Suas principais áreas de atuação são análise do discurso e da ideologia de matriz marxiana; concepções e políticas de formação humana, em especial, na saúde; e discurso, cultura e sociabilidade brasileira. http://lattes.cnpq.br/9499749627869968.

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Publicado

2024-12-07

Edição

Seção

BRANQUITUDES E RELAÇÕES RACIAIS NO BRASIL