A escrita axiomática como vetor de uma epistemologia do obstáculo e de uma poética composicional própria

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Resumo

A ideia principal deste artigo é evidenciar o potencial expressivo, crítico e comunicativo de uma poética musical axiomática, esta entendida como um discurso fundado sobre uma linguagem obstacularizada. Tal poética pressupõe a manipulação de propriedades comunicativas de uma causalidade específica configurada nos limites cognitivos inerentes à intermitência orgânica da linguagem. A reflexão sobre esta causalidade manipulável está aqui organizada a partir da interlocução com quatro abordagens distintas deste arranjo simbólico da linguagem enquanto “obstáculo”. São elas: (1) o axioma e a “máquina de produzir desordem” de Italo Calvino, (2) a representação estética e o potencial de redenção conceitual dos fenômenos na filosofia da linguagem de Walter Benjamin; (3) os “obstáculos” cognitivos e a interrupção da lógica narrativa causal em Carola Bauckholt e Stefano Gervasoni, (4) o dado morfológico como senha de acesso ao nexo formal do discurso composicional para a performance e para abordagem crítica das obras musicais

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Biografia do Autor

Maryson J. S. Borges, Universidade Federal da Paraíba

Maryson J. S. Borges é doutorando em Composição Musical do Programa de Pós-graduação em Música da UFPB com a pesquisa "A causalidade desvelada: estudos sobre uma proposta de escrita axiomática como poética musical". Possui doutorado pela UNESP/FCLAr, com estágio de pesquisa na FU-Berlin, em Teoria e crítica literária (2008), mestrado em Literatura Brasileira pelo PPGL/UFPB (2001) e é bacharel em Composição (2017) e Jornalismo (1997) pela UFPB. Tem experiência docente na área de Letras e Comunicação Social, com ênfase em Teoria Literária, Filosofia da Arte, Crítica e Epistemologia e é membro do projeto de música experimental "Artesanato Furioso" do DEMUS da UFPB, onde atua como compositor e instrumentista.

Referências

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Publicado

2020-11-08

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Artigos