COMPETÊNCIA TRADUTÓRIA E CURSOS DE TRADUÇÃO: ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O CURRÍCULO DE TRÊS CURSOS DE FORMAÇÃO DE TRADUTORES

Autores

  • Thaís Yumi Horikawa Chaves
  • Maria Gabriella Jeremias da Silva
  • Alberto Holanda Pimentel Neto

Resumo

Questões envolvendo tradução vêm sendo discutidas ao longo dos últimos anos, mas, embora a prática de tradução seja uma atividade ocorrente há longa data, um campo de estudos específico para os debates nessa área surgiu somente a partir do século XX. Anterior a isso, a Tradução era considerada um instrumento de mediação para o aprendizado de línguas estrangeiras (MUNDAY, 2001). Um reflexo dessa situação é o fato de a maioria dos cursos de graduação existentes no Brasil com enfoque na formação tradutória serem os bacharelados em Letras com habilitação em tradução (ASSIS, 2012). Destacamos aqui, como cursos de graduação específicos na formação de tradutores, o curso de Bacharelado em Tradução da Universidade Federal da Paraíba - UFPB e o da Universidade Federal de Uberlândia - UFU. (DANTAS; DOURADO; ASSIS, 2013). Por apresentarem especificidades diferentes entre si, pensamos sobre quais ênfases são dadas, em relação às competências e habilidades, pelos cursos de Letras com enfoque em Tradução e os voltados diretamente para a formação de tradutores. Com base nessa questão, este trabalho tem como objetivo geral comparar a grade curricular de três cursos de graduação (dois cursos oferecidos por universidades brasileiras, sendo um de letras com enfoque em tradução e um específico de tradução, e um curso de tradução e interpretação oferecido por uma universidade estrangeira), a fim de analisar semelhanças e diferenças e quais competências e habilidades são enfocadas em cada um deles. Foram analisados os cursos de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o curso de Bacharelado em Tradução da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e o curso de Tradução e Interpretação da Universidad Complutense de Madri (UCM). Para isso, pesquisamos a grade curricular, carga-horária, disciplinas e objetivos dos três cursos selecionados; definimos quais subcompetências são enfocadas por cada um, utilizando como base a classificação proposta por Gonçalves (2015), composta por 10 categorias. Foram classificadas, ao todo, 108 disciplinas, das quais 33 compunham o currículo do Curso de Tradução da UFPB, 41 o Curso de Letras/Tradução da UFRGS e 34 o Curso de Tradução e Interpretação da UCM. Em relação à análise comparativa da carga horária e dos créditos dos cursos escolhidos, o curso de tradução da UFPB apresentou-se com menor carga-horária (2.400 horas e 160 créditos totais) em relação ao curso da UFRGS (3.150 horas e 200 créditos totais), mas aparece com a mesma carga-horária que o da UCM (2.400 horas e 160 créditos). Ao analisar os dados dos três cursos, concomitantemente, nossos dados mostraram que a subcompetência “Capacidade linguística/metalinguística nas línguas de trabalho” é a mais enfocada em todos os cursos. Aparentemente, todos os cursos dão uma maior ênfase ao desenvolvimento da competência linguística, tanto no que diz respeito à língua estrangeira quanto à língua materna. O enfoque nas demais subcompetências variou em cada curso. Acreditamos que uma análise mais detalhada ainda se faz necessária, e que um teste de análise de variância (ANOVA) poderia favorecer uma linha comparativa estatística para nosso trabalho. Esperamos, ainda, que nossos dados possam contribuir para os trabalhos que são realizados dentro desta linha de pesquisa nos Estudos da Tradução, como também para as reflexões sobre o ensino de tradução e a formação de tradutores.

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Publicado

2017-09-27

Edição

Seção

Comunicações Longas Eixo Formação de Tradutores e Tradutoras