ENTRE DIÁLOGOS: TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO E APROPRIAÇÃO

Autores

  • Isamabéli Barbosa Candido

Resumo

A presente pesquisa tem como objetivo analisar a obra de Plínio Marcos a partir da ideia de uma tradução em etapas, conforme Julio Plaza (2003), tendo em vista que o corpus do nosso estudo consiste em elaborar leituras entre o romance Querô, uma reportagem maldita (1992), de Plínio Marcos; o texto dramatúrgico de mesmo título adaptado por Plínio Marcos (2003); e o espetáculo Querô, uma reportagem maldita do Grupo teatral de São Paulo, o Galpão Folias d’Arte (2009), dirigido por Marco Antônio Rodrigues. Para Ute Heidmann a tradução é definida como a criação de “efeitos de sentido em relação com o contexto discursivo no qual ela [obra literária] é deste modo novamente, ou de outra forma, realizada” (HEIDMANN, 2014, p. 15). Nesse sentido, Entre diálogos apresenta questões referentes às relações de cortes, ajustes, assimilações entre textos e obras nos levando aos conceitos como o de tradução, adaptação e apropriação. Com base nestes conceitos, observamos que todos os estudos desenvolvidos por Linda Hutcheon (2011) sobre a adaptação sustentavam a discussão já apresentada por Plínio Marcos ao dizer que o texto dramatúrgico (2003) é uma adaptação do romance (1992). Sobre a adaptação, Hutcheon (2011, p. 9) afirma que “tal como a tradução, a adaptação é uma forma de transcodificação de um sistema de comunicação para outro”. Para a teórica, adaptação pode ser entendida como processo “(reinterpretação criativa e intertextualidade palimpséstica)” e como produto “(transcodificação extensiva e particular)”. Desse modo, a partir do conceito de adaptação, conforme propõe Linda Hutcheon (2011), desenvolve-se também um estudo entre o romance Querô, uma reportagem maldita (1992) e o texto dramatúrgico de mesmo nome (2003). Embora as discussões sobre a adaptação respondessem nossas questões em relação ao romance e ao texto dramatúrgico, precisávamos ampliar nossa pesquisa e sentíamos a necessidade de estudar o espetáculo do grupo teatral Galpão Folias d’Arte, que nos tirava do nosso lugar confortável e nos levava a refletir que para mise en scène, nesse caso, não nos era suficiente falar sobre adaptação. Foi quando encontramos parceria nas discussões de Beigui (2006) e Sanders (2015) no que tange às questões em torno da apropriação. Sanders (2015) assegura que existem maneiras pelas quais a prática e os efeitos da adaptação e da apropriação se atravessam e estão inter-relacionadas, no entanto, é necessário manter distinções claras entre esses fenômenos enquanto atividades criativas. Para Beigui (2006, p. 14) “apropriar é reinventar a palavra como forma de interdiscursividade e de alteração do suporte lingüístico em suas possibilidades de uso e de manipulação”. Dessa forma, observa-se a dificuldade que é compreender ou conceituar a adaptação e apropriação, ainda mais quando tudo é pensado e apontado como adaptação. Diante dessa problemática, nosso interesse é contribuir para a construção de novos caminhos que auxiliem na distinção entre os fenômenos. Por isso, a escolha de determinadas produções de Querô, uma reportagem maldita, (1992; 2003; 2009) uma vez que nos dá suporte para avaliar e definir, de algum modo, cada um.

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Publicado

2017-09-27

Edição

Seção

Comunicações Breves Eixo Tradução Intersemiótica