Gênero e floresta

Autores

  • rubens elias da silva UFOPA

Palavras-chave:

Mulheres. Saberes práticos. Gênero. Cooperação. Floresta.

Resumo

Este artigo procura investigar o papel das mulheres coletoras de sementes na construção de saberes práticos a partir do contato cotidiano com a floresta, tendo como démarche as relações de gênero como ponto nodal para a elaboração desse saber. O locus da pesquisa é a comunidade do Maguari, localizada no interior da Floresta Nacional do Tapajós, no município de Belterra, oeste do Pará. As coletoras de sementes desempenham o papel de apreender, dominar e usufruir os recursos disponíveis na floresta. Esse papel efetiva-se num saber-fazer transmitido ao longo de gerações de mulheres coletoras, pois o contato estreito com a mesma cunha a identidade do grupo social e lhes confere sentido de ser e existir. A propriedade comunitária da floresta – segundo nossa observação em campo – passa a ser constituída através de relações sociais de cooperação entre mateiros e coletoras de sementes. Essa associação é fundamental para que o trabalho de coleta se efetive e possa oferecer a entrada de capital necessário para a reprodução social e, também, assegure a permanência de populações vivendo dentro da floresta. A partir do que foi visto em campo, as diferenciações existentes nas relações de gênero emergem no sentido prático de tornar exequível as tarefas de trabalho dentro da floresta, eclodindo em estratégias sociais eficientes de cooperação entre gêneros.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

rubens elias da silva, UFOPA

Centro de Formação Interdisciplinar - UFOPA

Referências

ALBERTI, V. (2004), Ouvir contar: textos em história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV.

BENCHIMOL, S (1999), Amazônia: formação social e cultural. Manaus: Valer.

BOURDIEU, P. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas/SP: Papirus, 1996.

CHAVES, Maria do Perpétuo Socorro R (1997), Representações da natureza: os avisos da mata e os significados do rio. In: LIMA, Jacob C et al (org.). Trabalho, sociedade e meio ambiente. João Pessoa: Edufpb, p. 213-223.

DANTAS, V. M. C. Salmeron (2012), Nas marés da vida: histórias e saberes das mulheres marisqueiras. p.159-169. In: LEITÃO, Maria do Rosário F. A. e CRUZ, Maria H. S. Genero e trabalho: diversidades de experiências em Educação e comunidades tradicionais. Florianópolis: Ed. Mulheres.

DEBERT, G. G. (2011), Apresentação. In: FERIANI et al. Etnografia, etnografias. São Paulo: Annablume.

DI CIOMMO, Regina C (2003), Relações de gênero, meio ambiente e teoria da complexidade.

_______, Regina C (1999), Ecofeminismo e educação ambiental. Uberaba: Ed. Universidade de Uberaba / São Paulo: Conesul.

ESPINHEIRA, G (2008), Metodologia e prática de trabalho em comunidade: ficção do real – observar, deduzir e explicar: esboço de metodologia de pesquisa. Salvador: Edufba.

GODELIER, M (1981), O visível e o invisível entre os Baruya da Nova Guiné. In: CARVALHO, Edgard de A. (org.). Godelier. São Paulo: Ática.

HEILBORN, Maria L; SORJ, B (1999), Estudos de gênero no Brasil. In: MICELI, S. (org.). O que ler na ciência social brasileira – sociologia. São Paulo: Editora Sumaré.

HORKHEIMER, M; ADORNO, T (1970), Dialéctica del Iluminismo. Buenos Aires: Editora Sur.

KING, Y (1989), The ecology of feminism and the feminism f ecology. In: PLANT, J. Healing the wounds: the promise of feminism. Londres: Green Print.

LENZI, L (2006), Sociologia ambiental: risco e sustentabilidade na modernidade. Bauru/SP: Edusc.

McKEAN, M. e OSTROM, E (2001), Regimes de propriedade comum em florestas: somente uma relíquia do passado. In: DIEGUES, Antonio C. e MOREIRA, A. C. (org.). Espaços e recursos naturais de uso comum. São Paulo: NUPAUB/USP.

MILHOMEM, Maria Santana F. S. (2012), Mulheres indígenas, sim. Professoras, por que não? Estudo sobre as representações de gênero e poder na comunidade Xerente. P.57-68. In: LEITÃO, Maria do Rosário F. A. e CRUZ, Maria H. S. Genero e trabalho: diversidades de experiências em Educação e comunidades tradicionais. Florianópolis: Ed. Mulheres.

MORIN, E (2010), Ciência com consciência.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

NADEL, S. F (2010), Compreendendo os povos primitivos. In: FELDMAN-BIANCO, B (org). Antropologia das sociedades contemporâneas. São Paulo: Edunesp.

SAHLINS, M (1976), Culture and practical reason. Chicago: Chicago Press.

SILVA, Rubens E (2011), Sob o olhar do Pai do Mangue: ensaio sociológico sobre a relação homem-natureza mediada por uma narrativa mítica. João Pessoa: Editora Ideia.

WOORTMANN, Ellen K (1991). Da complementaridade à dependência: a mulher e o ambiente em comunidades “pesqueiras” do nordeste. Brasilia.

____________, Ellen K (1998), Família, mulher e meio ambiente no seringal. In: NIEMAYER, Ana M; DE GODOI, Emilia Pietrafesa (org.): Além dos territórios: por uma troca entre etnologia indígena. São Paulo: Mercado das Letras. P. 1-50.

Publicado

2014-05-09

Como Citar

DA SILVA, rubens elias. Gênero e floresta. Gênero & Direito, [S. l.], v. 3, n. 1, 2014. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/article/view/17374. Acesso em: 22 nov. 2024.

Edição

Seção

Seção Livre