FÁBRICAS RECUPERADAS NA AMÉRICA LATINA E ALÉM: uma questão para hoje e amanhã?
DOI:
https://doi.org/10.23179/2317-9082Palavras-chave:
fábricas ocupadas, fábricas recuperadas, crise econômicaResumo
Fora da América Latina a tomada de fábricas pelos trabalhadores é um fenômeno ainda raro hoje nos albores do século XXI. Ela ocorre em países desenvolvidos como o Canadá e a França como também em países periféricos como o Egito e a Servia como tática de pressionar o capital por vantagens, mas geralmente sem a intenção de promover uma apropriação duradoura. Este último intuito, porém, ocorre na América Latina desde os anos 1980, pelo menos. Trata-se de processos que acarretam inúmeras dificuldades, como a inadequação da legislação e a relativa hostilidade da justiça. E ocorrem geralmente devido à herança de dívidas patronais, de equipamentos semi-obsoletos e a dificuldades para a obtenção de crédito. Mas também se evidenciam vantagens como a melhoria das condições de trabalho, o fortalecimento da auto-estima dos trabalhadores e outras. Pode-se, atualmente, especular sobre o possível contágio do resto do mundo pelo fenômeno latino-americano das fábricas recuperadas, já que a recessão encetada em 2008 dificilmente deixará alternativas de sobrevivência aos trabalhadores que por ela serão vitimados. Abre-se, portanto, uma renovação para as lutas sociais dos trabalhadores no interior das unidades produtivas e, por isso, vetor potencialmente importante para o horizonte para além do capital.