O COSMOPOLITISMO KANTIANO HOJE, NA INTERPRETAÇÃO DE JÜRGEN HABERMAS E DANILO ZOLO
Resumo
O ensaio aborda a relação entre cosmopolitismo e realismo, duas maneiras distintas e até certo ponto opostas, de interpretar as relações internacionais na época da globalização. O ponto central da discussão é se deve ou não existir um poder superior de coação que obrigue os Estados a respeitarem o direito internacional, assim como faz o Estado no âmbito interno em relação aos cidadãos (domestic analogy). O texto começa com uma breve exposição do cosmopolitismo kantiano nos seus aspetos principais, e debate a sua atualidade. Entre os autores cosmopolitas neokantianos é abordado o pensamento de Habermas e as críticas feitas a ele por Danilo Zolo em uma perspectiva realista. É então feita uma ponderação entre as duas visões, procurando os pontos de dissenso e de contato. Em seguida é apresentada a União Europeia como um exemplo bem-sucedido de uma organização “inter” e “supra” nacional que garantiu mais de 70 anos de paz em uma região secularmente assolada por guerras. Finalmente, são retiradas algumas considerações sobre a necessidade de algum tipo de cosmopolitismo que supere a concepção absoluta da soberania dos Estados para enfrentar os enormes desafios da globalização, que ameaçam a própria sobrevivência humana.
Palavras-chave. Cosmopolitismo; Realismo; Habermas; Zolo.