
fundamentação, Guimarães afirma que, se por um lado tivemos a implementação de políticas
públicas voltadas ao cuidado a idosos e crianças no Brasil, por outro se negou o
reconhecimento profissional e direitos às trabalhadoras, domésticas e cuidadoras, que se
constituíam as principais provedoras de tais cuidados, algo que urge ser conhecido e
reconhecido entre nós.
A série de artigos inéditos se encerra com As classes sociais na teoria de Erik Olin
Wright e o programa marxista de pesquisa científica, de Mateus Azevedo e Paula Marcelino.
O texto teórico avalia como Wright trabalha dois temas presentes no postulado teórico
marxista de que a luta de classes é o motor da história, quais sejam, o papel das classes na
reprodução e na transição entre modos de produção e o problema das classes médias.
Concluem que, ao se apropriar da questão da estratificação social, Wright teria se afastado do
postulado central do marxismo acerca da luta de classes como motor da história, deixando de
lado a tese da constituição relacional das classes sociais e as ideias de polarização e de
conflito político transformador.
Além da entrevista que compõe o dossiê temático da edição, temos ainda uma
entrevista com Agamenon Travassos Sarinho realizada por Rodrigo Freire de Carvalho e
Silva e Gregória Benário Lins e Silva. Fazendo arte, muita política, e sonhando com a
revolução: uma entrevista com Agamenon Travassos Sarinho, militante do PCdoB na
Paraíba foi registrada nas primeiras semanas da pandemia da covid-19, pouco antes da morte
de Agamenon. Constitui, portanto, um documento sobre a história da esquerda da Paraíba
entre os anos 1960 e 1980. Um dos principais militantes e dirigentes do Partido Comunista do
Brasil (PCdoB) no estado, ele é retratado como um dos responsáveis pela reorganização do
partido durante a ditadura militar e da “renovação da esperança trazida com a transição para a
democracia no Brasil”.
Na sequência, apresentamos uma tradução de artigo. Trata-se de Dilemas de
coprodução: como catadores de rua em São Paulo foram excluídos da reciclagem inclusiva,
de Manuel Rosaldo, traduzido por Leda Beck. A pesquisa etnográfica que baseia o estudo de
caso comparativo aborda duas tentativas de coproduzir serviços de reciclagem em São Paulo.
A primeira delas, nos anos 1980 e 1990, teria melhorado a renda e as condições de trabalho
dos catadores, inspirando organizações de catadores pelo país afora. Já a segunda, constituída
por uma revisão da gestão dos resíduos sólidos no início dos anos 2000, gerou empregos, mas
excluiu a população de catadores de rua que pretendia beneficiar. Como resultado, a pesquisa
indica que a coprodução tem maior probabilidade de levar a resultados inclusivos se forem