Seqüência Cronológica de Ocupação na Área
do Salobo (Pará)
Maura Imazio da Silveira1;
Maria Christina Leal Rodrigues2;
Elisangela Oliveira3;
Louis-Martin Losier4
Resumo
Neste trabalho busca-se apresentar os resultados inéditos de datações obtidas por diferentes métodos
(TL e C14), bem como propor uma seqüência cronológica da ocupação humana na área do Salobo,
sudeste do Pará, Brasil. A cronologia obtida situa a presença humana nesta região entre 4000 AC e 1.800 anos AD, indicando 6000 anos de ocupação nos quais foram observados três períodos
distintos: antigo - relacionado a grupos caçadores
coletores; intermediário - relacionado a grupos caçadores coletores e grupos ceramistas; e tardio - relacionado a grupos ceramistas. Foram produzidos mapas nos quais se visualiza a inserção
destes sítios na paisagem e as ocupações nos diferentes períodos, como também as épocas em que foram contemporâneos. Na tentativa preliminar
de inserir os dados em um contexto mais amplo
pretende-se, através do panorama apresentado,
contribuir com o debate acerca dos processos pelos quais se deu a ocupação humana na região Amazônica.
Palavras-chaves: Cronologia, ocupação humana da Amazônia, Sudeste do Pará.
Abstract
This paper presents the results of unpublished radiocarbon dating obtained by different metho-ds (TL and C14), and propose a chronological sequence for the human occupation in the area of Salobo, Southeastern of Pará State, Brazil. The chronology obtained situates the human presence in the region between 4000 BC and 1800 AD, indicating
6000 years of occupation in which were observed three distinct periods: ancient - related to hunter-gatherer groups; intermediary - related to hunter-gatherer groups and pottery-making groups; and late - related to pottery-making groups. The maps produced show the insertion of these sites in the landscape, as well as occupations in different and same time periods. A preliminary attempt to situate the data into a broader context is intended, through the picture presented, contributing
to the debate about processes of human occupation in Amazonia.
Keywords: Chronology, Amazonia Human Occupation,
Southeastern Pará State.
Introdução
Os projetos “Prospecção Arqueológica na Área do Projeto Salobo/PA” e “Salvamento Arqueológico na Área do Projeto Salobo/PA” foram desenvolvidos em decorrência das obras de implantação para mineração da jazida polimetálica
do igarapé Salobo. Visando atender a condicionante do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), foram firmados convênios entre a Salobo
Metais S/A (SMSA), empresa responsável pelo empreendimento, o Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), responsável pelo desenvolvimento
da pesquisa arqueológica e pela guarda do patrimônio arqueológico identificado na área a ser impactada, e a Fundação Instituto para o Desenvolvimento
da Amazônia (FIDESA), incumbida
da gestão dos recursos financeiros.
Em linhas gerais tais projetos objetivaram:
1) realizar prospecção sistemática e/ou oportunística, principalmente na área de impacto
direto do empreendimento, conforme o seu Plano Diretor; 2) avaliar os impactos que serão causados ao patrimônio arqueológico devido à implantação da obra; 3) realizar pesquisa de salvamento;
4) sugerir medidas mitigadoras e/ou compensatórias; 5) fornecer subsídios e assessorar o projeto de “Educação Patrimonial”.
Os resultados do Projeto de Prospecção5 foram apresentados em seis relatórios de pesquisa (Silveira et al. 2003a, 2003b, 2004, 2005a, 2005b, 2006) e os do Projeto de Salvamento6 em outros seis (Silveira & Rodrigues, 2005, 2006a, 2006b, 2007a, 2007b; Silveira et al. 2008), encaminhados ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Foram identificados 22 sítios e 5 ocorrências
arqueológicas, todos a céu aberto, nas áreas investigadas, sendo que até o momento a análise dos dados obtidos permitiu a caracterização de uma tipologia de sítios arqueológicos, sua inserção na paisagem, assim como a elaboração de uma seqüência
cronológica de ocupação para a área do Salobo. Tal cronologia situa a presença humana na área entre 4000 aC e 1800 anos AD. A seqüência de datações inéditas aqui apresentadas permitiu a identificação de três períodos distintos ao longo destes 6000 anos de ocupação: 1) período antigo - relacionado a grupos caçadores coletores; 2) período
intermediário - relacionado a grupos caçadores coletores e grupos ceramistas; e 3) período tardio - relacionado a grupos ceramistas.
Este artigo tem por objetivo apresentar as datações obtidas para os sítios arqueológicos do Salobo e o estabelecimento de uma seqüência de ocupação para a área de estudo. Trata-se de um trabalho inicial onde se buscou correlacionar, de modo geral, as datações com os dados obtidos nas escavações e nas análises preliminares de laboratório. Pretende-se, pois, através do panorama da ocupação humana na área do Salobo, aqui apresentado, ampliar
o conhecimento local e regional contribuindo, desta forma, com o debate acerca dos processos pelos quais se deu o povoamento pretérito da Amazônia.
Contexto ambiental
Apresentados com a finalidade de caracterizar
a área de estudo, os dados abaixo serão futuramente utilizados para subsidiar a hipótese levantada, preliminarmente, acerca dos processos de ocupação da região, uma vez que as condições ambientais contribuíram para o estabelecimento dos assentamentos pretéritos.
A área da pesquisa situa-se entre as coordenadas
UTM 22M 0534000/9350000 e 22M 0564000/9370000. Está inserida na Floresta Nacional
Tapirapé-Aquiri (FLONATA), no município de Marabá, sudeste do Estado do Pará, aproximadamente
600 km ao sul de Belém (capital do Estado) e integra, por extensão, a chamada região de Carajás.
A região de Carajás apresenta um clima tipicamente tropical, quente e úmido, enquadrando-
se na classificação de Köppen como tipo AW. As variações termais vão de 24,3º C a 28,3º C. A amplitude térmica entre o mês mais quente e o mês mais frio não é superior a 3º C, arejado pelos alísios do Nordeste (Ab’Saber apud Silva, 1989:34). São marcantes duas estações distintas: uma chuvosa, de dezembro a março e outra seca de julho a setembro. A umidade relativa do ar é superior a 80% (Silva, 1991:81). Entre os meses de novembro e julho o nível das águas dos rios eleva-se, tornando nave-gável por pequenas embarcações em alguns trechos do principal curso d’água da área, o rio Itacaiúnas, afluente da margem esquerda do rio Tocantins, e seu principal tributário, o rio Parauapebas.
Fig. 1 - Localização do Projeto Salobo no sudeste do Estado do Pará.
A área do empreendimento inclui grande parte da bacia do igarapé Salobo, delimitada ao norte pelas micro-bacias dos igarapés Mirim e Mano, seus principais afluentes e, ao sul, pela região da barra do rio Cinzento com o rio Itacaiúnas
(BRANDT MEIO AMBIENTE, 1998).
O solo, segundo suas características, pode ser considerado como argilo-arenoso com tendência a arenoso, bem drenado. Nos trechos de aluvião apresentam-se um pouco mais úmido e argiloso, enquanto nas encostas surgem afloramentos
rochosos esparsos (quartzito) e o solo é nitidamente mais seco (BRANDT MEIO AMBIENTE,
1998, 2002a). A cobertura pela serra-pilheira ocorre em algumas áreas, com espessura variando de dois a cinco centímetros.
O zoneamento ambiental elaborado pela BRANDT MEIO AMBIENTE (1998, 2003) identificou grande diversidade na fauna local, que possui representantes dos principais grupos: ictiofauna, herpetofauna, avifauna, mastofauna e odonatofauna. De modo geral, a maioria das espécies inventariadas está localizada nas áreas de aluvião e de matas ao longo dos rios/igarapés
e no relevo colinoso. No topo dos morros e encostas apresenta menor freqüência, possivelmente,
por se tratar de uma área mais seca.
A comunidade de peixes do igarapé Salobo refere-se a espécies adaptadas ao ambiente
lêntico, predominando a Traira (Hoplias malabaricus), Piranha (Serrasalmus rhombeus) e Pacu (Myleus rubripinnis). As espécies de piracema
são o Curimatã (Prochilodus nigricans) e Dourado (Salminus hilarii). Na sub-bacia do rio Cinzento existem vários córregos temporários, que desaparecem durante a estação seca. Assim,
esta área é colonizada por peixes através dos córregos e rios permanentes durante a estação
chuvosa.
Neste contexto ambiental encontram-se muitas espécies da avifauna, visadas para caça e comércio, tais como o Mutum (Crax fasciolata),
Jacu (Penelope pileata), Gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus), Jacamim (Psophia viridis), Arara-azul-grande (Anordothinchus hyacinthinus), Bicudo (Orizoborus maximiliani), além de algumas espécies de papagaios.
Na mastofauna constam espécies inventariadas
de médio e grande porte, tais como o Veado (Mazana america), o Tamanduá-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla), a Anta (Tapirus terrestris),
a Capivara (Hydrochoerus hydrochoeris), o Cachorro-do-mato (Atelocynus microtis), a Lontra
(Lontra longicaudis), o Maracajá (Leoparduns wiedii), a Onça pintada (Panthera onca), a Onça parda (Puma concolor), o Rato-do-mato (Oecomys cf. concolor; Oryzomys sp.), o Cuxiu (Chiropotes satanas),
o Catitu (Pecari tajacu) e os primatas Guariba (Allouata beizebul), Zogue-zogue (Callicebus moloch) e Sauim (Saguinus midas).
O levantamento florestal (BRANDT MEIO AMBIENTE, 2002b) identificou na área do Salobo a predominância de árvores com altura de 10 m a 16 m, com destaque para a Castanheira (Bertholletia excelsa), o Breu Preto e o Tento. Atualmente o castanhal aí localizado (aproximadamente cinco indivíduos por hectare) é de grande importância econômica, sendo, pois, um marco na constituição da vegetação (BRANDT MEIO AMBIENTE, 1998). Outras espécies identificadas, como Andiroba (Carapa guienensis), Canela (Cinnamomun zeylanicum), Copaíba
(Copaifera multijuga), Mucura-caá (Petiveria alliacea), Murta (Eugenia punicifolia), Mutamba (Gazuma ulmifolia), Ucuuba (Virola sebifera) e Babaçu
(Orbignya speciosa), representam uma miríade da flora local, recurso este que, aliado à diversidade
da fauna, atestam o potencial de suporte da área que pode ter sido utilizado também em tempos pretéritos.
Na FLONATA a vegetação encontrada é uma variação da floresta ombrófila densa, classificada
como aberta por apresentar espécies vegetais que se adaptam mais às condições de luminosidade,
como arbustos e lianas (BRANDT MEIO AMBIENTE, 1998). Na área de influência do empreendimento, de acordo com o zoneamento ambiental elaborado pela BRANDT MEIO AMBIENTE
(1998), estão presentes quatro sub-tipos desta floresta equatorial ombrófila aberta:
- De transição sub-montanha/montanha nos platôs – localizada no topo das serras (platôs) entre 450 e 550 m de altitude, ambiente no qual não foi localizado nenhum sítio arqueo-lógico.
- Sub-montanha em encostas íngremes, com palmeiras e cipós - florestas de encostas (áreas muito escarpadas) que ocorre entre 300 e 500 m de altitude, ambiente no qual também não foi localizado nenhum sítio arqueológico.
- Sub-montanha em relevo colinoso, com palmeiras e cipós - florestas localizadas em altitude mediana (abaixo de 400 m), sobre relevo acidentado, ocorrendo entre 175 e 300 m de altitude. Grande parte dos sítios arqueológicos
estão localizados neste tipo de ambiente. Observa-se, porém, que na maior parte das áreas onde foram estabelecidos os assentamentos
o relevo é plano.
- Terras baixas e aluviões com cipós e palmeiras, localizadas ao longo dos rios e igarapés, com influência
de inundações, até 170 m de altitude. No vale do igarapé Salobo ocorrem em cotas inferiores
a 200 m, correspondendo ao limite de implantação dos sítios arqueológicos.
Observa-se, pois, que a maior parte dos sítios arqueológicos registrados está situada na área de transição entre os dois últimos sub-tipos
assinalados. Verificou-se ainda que os sítios arqueológicos estão localizados em pontos estratégicos
da paisagem, próximos a fontes de água (igarapés e nascentes), pedrais, em área plana e, geralmente, livre de inundação.
Em síntese, a área da pesquisa é banhada
por extensa malha hidrográfica, circundada por floresta aberta aluvial em contato com floresta equatorial ombrófila aberta mista, aspectos
que, aliados à heterogeneidade micro climática, colaboram para a riqueza da flora e da fauna. Esta área apresenta hoje fatores ambientais
favoráveis para o estabelecimento de contingentes populacionais, quadro que supomos
tenha ocorrido no passado e contribuído para o povoamento pretérito da mesma.
Arqueologia
no Sudeste Paraense
Como já observado, recentemente, por Kipnis et al (2005), o sudeste paraense é arqueologicamente
pouco conhecido. Ainda são incipientes as pesquisas sistemáticas na região, grande parte delas relacionadas, em razão dos vários empreendimentos
mineradores aí implantados, a projetos de Arqueologia de Contrato (Caldarelli et al, 2005; De Almeida & Garcia, 2007; Garcia & De Almeida, 2007; Kipnis et al, 2005; Lopes et al, 1988; Pereira, 2003a, 2003b; Silveira & Rodrigues, 2006a, 2006b, 2007a, 2007b; Silveira et al 2005, 2006, 2008).
Os primeiros registros relacionados à presença
de sítios arqueológicos no sudeste paraense foram feitos por Coudreau (1988). Em 1963 o antropólogo Protásio Frikel, do Museu Paraense Emílio Goeldi, realizou pesquisas entre os índios Xikrin do alto rio Itacaiúnas/Caiteté e durante sua estada na área descobriu e coletou vestígios cerâmicos e líticos nas localidades Aldeia Velha do Caiteté, Aldeia Nova Xikrin, Alto Bonito, Carrasco
e Encontro (Frikel, 1963, 1968). Visto que os Kaiapó Xikrin não produziam objetos de cerâmica,
Frikel concluiu que tais vestígios resultaram do abandono da área por outras etnias antes da ocupação Xikrin, ou por força da mesma (Frikel, 1968). A coleção, depositada no Museu Goeldi, foi posteriormente analisada pelo antropólogo Napoleão Figueiredo, que levantou a hipótese do material ser relacionado à Tradição Arqueológica Tupiguarani, através da definição da Fase Itacaiúnas
(Figueiredo, 1965).
Entre as décadas de 1970 e 1980, Mário Simões inicia a fase de pesquisas sistemáticas de cunho arqueológico em áreas do sudeste paraense, coordenando trabalhos no contexto do PRONAPABA com o objetivo de cadastrar novos
sítios arqueológicos, definir Fases e Tradições para os contextos identificados, assim como estabelecer
seqüências seriadas a partir do material cerâmico (Simões, 1986; Simões et al, 1973).
São deste período dois trabalhos de grande relevância para o início da configuração mais detalhada do quadro da ocupação humana no sudeste do Pará: as pesquisas na área da construção da UHE Tucuruí (Araújo Costa, 1983; Simões & Araujo Costa, 1987) e na área de implantação do “Projeto Ferro Carajás” (Lopes et al, 1988).
No âmbito do projeto de pesquisa arqueológica
realizado na região de Carajás foram identificados 53 sítios arqueológicos, caracterizados
por dois contextos culturais distintos, um pré-cerâmico e outro cerâmico. Localizados a céu aberto às margens dos rios Itacaiúnas e Parauapebas, 51 destes sítios foram relacionados ao período cerâmico, com datações entre 280 e 1510 anos AD (Lopes et al, 1988; Silveira, 1994). O contexto pré-cerâmico, relacionado a grupos caçadores coletores,
relacionava-se a dois sítios (PA-AT-69: Gruta do Gavião e PA-AT-70: Gruta do N1) localizados em grutas na Serra Norte de Carajás, cujas datações
obtidas remontam a mais de 8000 anos AP (Lopes et al, 1988; Magalhães, 1995a).
Até os anos 1990 o Projeto Ferro Carajás
foi o único projeto arqueológico sistemático
realizado no sudeste do Pará, sendo que em seu âmbito também foram desenvolvidos projetos
acadêmicos (Magalhães, 1993; Silveira, 1994). A partir da década de 1990, trabalhos vinculados também a pesquisas de contrato registraram 15 sítios em diversas outras grutas
na região de Carajás (Magalhães, 1995a, 1995b). Na Serra das Andorinhas, sul do Pará, vestígios semelhantes aos identificados no período pré-cerâmico em Carajás foram identificados,
sugerindo a presença naquela área de uma possível ramificação do referido contexto
pré-cerâmico (Kern et al, 1992).
No início do século XXI tais projetos multiplicaram-se (Magalhães, 2001; Pereira, 2001, 2003a, 2003b; Silveira & Rodrigues, 2005, 2006a, 2006b, 2007a, 2007b; Silveira et al, 2003a, 2003b, 2004, 2005a, 2005b, 2006, 2008) e apenas muito recentemente foram publicados os primeiros resultados
e sínteses dos mesmos (Caldarelli et al, 2005; De Almeida & Garcia, 2007; Garcia & De Almeida, 2007; Kipnis et al, 2005; bem como o presente artigo).
Desta forma, faz apenas três anos que os primeiros exercícios de correlação espacial, cronológica e estilística entre contextos presentes em áreas adjacentes, da região Amazônica ou não, com as informações obtidas em sítios loca-lizados no sudeste paraense tem sido realizados. Contudo, tais trabalhos apontam a importância desta área para o melhor entendimento tanto do processo inicial da ocupação humana (Caldarelli et al, 2005; Kipnis et al, 2005), quanto do desenvolvimento
e dispersão da tradição Tupiguarani na Amazônia (De Almeida & Garcia, 2007; Garcia& De Almeida, 2007; Pereira et al, no prelo).
A ocupação humana
pretérita na área do salobo
Os sítios arqueológicos foram definidos
como locais nos quais vestígios em quantidade
suficiente para caracterizar ocupação humana prolongada foram verificados. Uma vez identificado o sítio, anotações a respeito de suas possíveis dimensões e tipo de material
encontrado foram feitas, bem como sua localização foi geo-referenciada e plotada em cartas topográficas. Para cada sítio registrado realizou-se avaliação do seu estado de conservação
e do impacto que o empreendimento causará, seguindo as normas estabelecidas no CNSA - IPHAN (Silveira et al, 2006).
Na área do Salobo as ocorrências arqueológicas
foram caracterizadas por locais com pequena concentração de vestígios (menos
de 15 fragmentos cerâmicos, um ou dois líticos) e/ou contexto de deposição secundária em que foram identificados alguns vestígios arqueológicos durante a prospecção, mas em quantidade insuficiente para serem conside-radas de imediato um sítio arqueológico. A investigação mais intensa posteriormente realizada,
com varredura de superfície, abertura de tradagens a pequenos intervalos regulares e abertura de sondagens para observação da estratigrafia,
permitiu averiguar a existência ou não de um sítio (Silveira et al, 2006).
Inserção dos sítios
arqueológicos na paisagem
Como anteriormente mencionado, a área está situada na bacia hidrográfica Araguaia-Tocantins e é drenada pela bacia do rio Itacaiúnas, tributário da margem esquerda do rio Tocantins. Em geral, os sítios arqueológicos localizam-se às margens de cursos
d’água de diversas ordens, desde o próprio rio Itacaiúnas até seus afluentes da margem esquerda, o rio Cinzento e o igarapé Salobo, até mesmo o pequeno igarapé Mirim, tributário do Salobo.
A partir da constatação desta configuração foi possível estabelecer a ocupação na área a partir da implantação dos sítios em 3 sub-bacias: igarapé Salobo, rio Cinzento e igarapé Mirim. Os sítios, na maioria dos casos, estão localizados próximos às margens
destes igarapés, circundados por meandros e/ou grotas, nascentes e morro. Portanto, as áreas ocupadas pelos assentamentos, patamares na baixa ou média vertente, encontram-se naturalmente delimitados.
Na figura 2 observa-se o mapa de distribuição
dos 22 sítios e cinco ocorrências arqueo-lógicas registrados, no qual o símbolo junto do nome de cada sítio identifica a sub-bacia corres-pondente, sendo as ocorrências assinaladas com um círculo preenchido. A quantificação dos sítios,
segundo esta distribuição é a seguinte:
Fig. 2 - Mapa de distribuição dos sítios e ocorrências arqueológicas registradas nas sub-bacias do igarapé Mirim (ao Norte), igarapé Salobo (no centro) e rio Cinzento (ao Sul).
- 12 sítios e 1 ocorrência na área do baixo e médio igarapé Salobo ();
- 5 sítios e 3 ocorrências na área do baixo rio Cinzento ( );
- 5 sítios na área do baixo igarapé Mirim ( ).
Através da análise dos mapas de loca-lização dos sítios arqueológicos registrados as margens do rio Itacaiúnas na década de 1980 (Lopes et al, 1988) é possível verificar, ainda, a existência de sítios arqueológicos implantados nas proximidades de corredeiras, situados a intervalos
regulares e freqüentemente em margens opostas do rio. Observando a cronologia nos diversos períodos de ocupação nas três sub-bacias,
em trabalhos futuros a pesquisa pretende investigar atentamente aspectos relacionados à estrutura da organização espacial intra e inter sítios em cada uma delas, investigando o grau de relação desta organização com a implantação do assentamento na paisagem e um provável padrão de assentamento para essa área.
Tipologia dos sítios no Salobo
e vestígios associados
As prospecções arqueológicas foram realizadas nos locais que sofrerão interferência imediata em função da implantação das obras de infra-estrutura, assinaladas segundo o plano diretor
fornecido pelo empreendedor. A metodologia empregada nos trabalhos de prospecção utilizou abordagens sistemáticas e oportunísticas, observando
indicadores ambientais tais como relevo, fontes de água e vegetação, entre outros.
A investigação sistemática orientada por critérios ambientais, aliada a uma estratégia oportunística
de levantamento de informações, pretendeu
otimizar o tempo em campo na identificação de sítios arqueológicos que possam ser afetados pela instalação do empreendimento. Diversos autores
têm-se dedicado a estudar a eficiência destas técnicas de investigação para localização de sítios arqueológicos (Krakker et al, 1983; Lightfoot, 1986; Kintigh, 1988), assim como a experiência em diversos projetos que utilizaram essas técnicas
atesta sua eficácia (por exemplo, Araújo Costa & Caldarelli, 1988; Guapindaia, 2000; Machado, 2004, 2005; Pereira, 2003a; entre outros).
A prospecção sistemática realizada consistiu
na investigação do terreno de forma pa-dronizada, através da abertura de picadas com intervalos regulares, onde foram observadas a superfície e sub-superfície a partir de tradagens7 realizadas a intervalos de 50 m e, posteriormente, 20 m, além de caminhamentos e sondagens8. Essa mesma metodologia foi aplicada em todas as áreas prospectadas, auxiliando na identificação de um provável padrão na distribuição espacial dos assentamentos na área, descartando, assim, a possibilidade de um viés amostral.
Aliada à prospecção sistemática foi também
adotada uma abordagem oportunística, efetuada na verificação de informações de vestígios
arqueológicos fornecidas por funcionários da empresa ou a ela relacionados. Cabe dizer que as metodologias empregadas tanto na prospecção quanto no salvamento arqueológico serão deta-lhadamente apresentadas em trabalhos futuros.
Em 14 sítios (65% do total) foram rea-lizadas pesquisas de salvamento arqueológico com escavações em superfícies amplas por níveis naturais9. Nos outros oito sítios foram realizadas delimitações através de tradagens, observação e coleta de material de superfície, além de escavações
de sondagens com objetivo de verificar estratigrafia
e coletar material in situ para análises e datações. Convém ressaltar que dentre estes oito sítios, seis estão fora da área de impacto direto das obras, ou seja, serão preservados.
A tipologia aqui apresentada para os sítios identificados foi estabelecida através da sistematização dos dados primários das escavações,
da implantação dos sítios na paisagem e seu contexto ambiental, assim como nas datações obtidas,
o que possibilitou uma caracterização funcional
dos sítios. O agrupamento se deu segundo critérios, basicamente, de dimensão, cor do solo, estratigrafia/profundidade e constituição do re-gistro arqueológico.
Convém ressaltar também que o material coletado está em processo de análise. Desta forma, novos resultados poderão ser acrescidos e auxiliarão
a remarcar as diferenças e similitudes entre os sítios, o que poderá reforçar a caracterização proposta abaixo e, conseqüentemente, distinguir melhor a variação entre os diferentes períodos.
- sítios habitação: caracterizam-se por extensasáreas habitadas (entre 600 x 400 m e 200 x 150m), concomitantemente ou não, com profundidades
variando entre 60 cm e 1m, nos quais registra-se a ocorrência de manchas de Terra Preta Arqueológica (TPA) ou solo mais escuro (Munsell: Very Dark Brown, Dark Reddish Brown e Dark Brown) (Figura 3). Em geral são sítios multi-componenciais, apresentando vestígios relacionados aos períodos cerâmico e, algumas vezes, pré-cerâmico. Apresentam grande quantidade e diversidade de vestígios arqueológicos, tais como buracos de esteio e estacas, estruturas de combustão, líticos lascados e polidos, adornos, além de grande quantidade de material cerâmico. Em alguns desses sítios foram observados, em afloramentos rochosos as margens de cursos d’água, a presença de polidores e afiadores.
Foram identificados quatro sítios habitação na sub-bacia do igarapé Salobo (Bitoca 1, Bitoca 2 - baixo Salobo -, Alex e Araras - médio Salobo), um na sub-bacia do igarapé Mirim (sítio Mirim) e três na sub-bacia do rio Cinzento (Cachorro Cego, Marcos e Abraham).
- sítios acampamento ou habitação temporária:
caracterizam-se pela ocorrência de poucos vestígios em áreas com pequena extensão (entre 60 x 40 m e 100 x 120 m) e pouca profundidade (até 30 cm). A ausência de TPA (Figura 4) registrada
na grande maioria desses sítios provavelmente está relacionada a uma ocupação menos intensa ou de curta duração. Foram identificados oito sítios
na sub-bacia do igarapé Salobo (Sequeiro, Pau Preto, P32, 4 Alfa, Captação - médio Salobo
-, Dique BF1, Dique BF2 e Barfi - baixo Salobo), quatro sítios na sub-bacia do igarapé Mirim (Perdido do Mirim, Cachoeira do Bor-ges, Marinaldo e Reginaldo) e dois na sub-bacia do rio Cinzento (Orlando e Edinaldo).
Analisando a inserção dos sítios na pai-sagem verificou-se em cada uma das três sub-bacias a ocorrência de um ou mais sítio habitação próximo a vários sítios acampamentos, indicando, pois, um provável padrão de assentamento. Todavia,
em um trabalho futuro pretende-se analisar detalhadamente
esta questão, correlacionando-a com a seqüência cronológica apresentada neste artigo. Em ambos os tipos de sítio foram registradas estruturas
relacionadas à moradia, tais como buracos de esteio, de estacas e fogueiras.
Fig.
3 – Perfil de sítio habitação com TPA
Algumas vezes, junto aos buracos observam-se fragmentos de rocha e seixos, possivelmente relacionados à fixação dos esteios.
Algumas das fogueiras estavam estruturadas com concreções lateríticas, fragmentos de rocha e líticos com marcas de queima; outras cavadas abaixo da camada de ocupação. No sítio Bitoca 2 foi registrada uma estrutura de combustão com grande quantidade de fragmentos de rocha, seixos e líticos com marcas de queima, que pode ter sido um tipo de forno, provavelmente utilizado para assar alimentos.
Nos sítios tipo habitação com manchas de TPA foram identificados artefatos líticos como contas e pingentes em diversas etapas do processo de confecção, bem como bolotas e roletes de argila, indicadores da presença de áreas de manufatura de artefatos nos sítios. Também grandes concentrações
de carvões, cinzas, terra queimada, ossos de animais e sementes carbonizadas foram registrados, indicando que as manchas de TPA ou solo mais escuro
correspondem neste contexto, provavelmente, às áreas de habitação e/ou cabanas.
Em geral, o material lítico lascado encontrado
em ambos os tipos de sítios é constituído por lascas e raspadores de quartzo, quartzito e silexito. O acervo conta ainda com uma ponta de projétil de quartzo, com aletas e pedúnculo, coletada no sítio Mirim em setor aberto para investigação de uma área entre manchas com pouco material cerâmico. Após a escavação de alguns centímetros com ausência de fragmentos cerâmicos, a ponta de projétil foi identificada em associação somente a carvões, estes enviados para datação junto ao laboratório Beta Analytic, com resultado de 5780 ± 60 AP.
Ainda em campo, hipóteses sobre este artefato estar relacionado à indústria lítica dos grupos ceramistas ou ser um indício da presença de grupos caçadores coletores, em conseqüência de sua localização no sítio e da posição estratigráfica,
foram aventadas. O resultado obtido pela datação da amostra de carvão associada à ponta de projétil reforçou a segunda hipótese.
Fig. 4 – Perfil de sítio acampamento sem TPA
Já o material lítico polido encontrado nos sítios é representado por lâminas de machado de tamanho, forma e função variada, cavadores e adornos inteiros (pingentes, canutilhos e contas) ou em fase de produção (Silveira & Araújo Costa, 2004). Convém ressaltar ainda, que a análise para caracterização da indústria lítica de todos os sítios
está em andamento, assim como a análise da indústria cerâmica, quantitativamente maior. No entanto, é possível apresentar alguns aspectos. O método de manufatura dos artefatos cerâmicos é basicamente o acordelado com utilização, predominantemente,
de rocha triturada como anti-plástico. A decoração, muito mais plástica do que pintada, apresenta tipos como: inciso, escovado, raspado, ungulado, ponteado, roletado, acanalado
e impresso. Foram encontrados, ainda, alças, rodelas de fuso e apliques que representam, geralmente,
motivos zoomorfos, porém também a presença
de um antropomorfo foi registrada (Silveira & Araújo Costa, 2004; Silveira & Oliveira, 2007).
De maneira geral, o material cerâmico possui
características tecnológicas e estilísticas que remetemà Tradição Tupiguarani (Brochado, 1991; Prous, 1992), cuja presença em sítios arqueológicos localizados
em áreas adjacentes ao rio Itacaiúnas vem sendo documentada desde a década de 1960 (Figueiredo, 1965; Araújo Costa, 1983; Simões & Araújo Costa, 1987). Trabalhos recentes têm demonstrado a recorrência
de sítios filiados a esta tradição em várias regiões do sudeste paraense (De Almeida & Garcia, 2007; Garcia & De Almeida, 2007; Silveira & Araújo Costa, 2004; Silveira & Oliveira, 2007; Pereira 2003a, 2003b; Pereira et al, no prelo) o que atesta ser esta área local propício a fornecer dados relevantes ao debate acerca do desenvolvimento e deslocamentos destes grupos (Brochado 1984, 1991; Heckenberger et al 1998; Noelli, 1996).
Todavia, a arqueologia ainda ressente de informações contextuais que permitam uma me-lhor compreensão acerca dos processos da ocupação
humana nesta região, bem como seu papel dentro do contexto arqueológico regional mais amplo a que se relacionam, tais como elementos para o reconhecimento de padrões de ocupação da paisagem; o estudo detalhado de alguns sítios com análises da estratigrafia, processo de formação,
implantação na paisagem e distribuição interna
dos diferentes vestígios arqueológicos regis-trados, visando entender o papel dos mesmos dentro do sistema de assentamento a que se relacionam;
e o grau de interação entre as populações pré-coloniais ai localizadas, aspectos estes que a pesquisa pretende analisar em trabalhos futuros.
Seqüência Cronológica
A seqüência cronológica de ocupação da área do Salobo teve por base a análise das datas obtidas (ver tabelas de datações 1 e 2 nas páginas 72-74), dos mapas de localização dos sítios elaborados
de acordo com os diferentes períodos de ocupação
e sua correlação com os dados obtidos em campo. Foi verificado um período mais antigo, relacionado a grupos caçadores coletores, seguido de um período sem datações, um período intermediário
(com ocupações de grupos caçadores coletores
e grupos ceramistas) e, por fim, um período tardio, relacionado a grupos ceramistas.
Convém ressaltar que as datações obtidas por métodos diferentes algumas vezes confirmaram
os períodos de ocupação de um sítio ou de uma área. Porém, algumas vezes, os resultados são diferentes e incompatíveis, pois indicam períodos distintos nas análises de amostras com a mesma proveniência. As inversões cronológicas geralmente são provenientes de contexto de bioturbações, contudo também podem ter ocorrido problemas nas datações. Não pretendemos efetuar aqui uma discussão metodológica sobre utilização de métodos
de datação por termoluminescência ou radiocarbono,
mas sim apresentar todos os resultados obtidos. Assim sendo, o estudo realizado baseia-se na cronologia gerada a partir das datações obtidas. Esta cronologia abrange três períodos amplos e, apesar de algumas datações controversas, estas não modificam a inserção do sito arqueológico em um determinado período.
A seguir serão apresentadas tabelas com as datações obtidas por Termoluminesciência (TL) no Laboratório de Vidros e Datações da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (LVD - FATEC) e com as datações obtidas por Carbono 14 (C14) no laboratório Beta Analytic, Miami, Flórida (USA). As datas TL são apresentadas em AP10 e as de C14 em BP11. Para facilitar a leitura incluiu-se uma coluna com indicação do século Anno Domini, isto é, com a data calculada.
Tabela 1 - Datações obtidas por Termoluminescência (TL)
Tabela 2 - Datações obtidas por Termoluminescência (TL)
Os períodos de ocupação, do mais antigo
ao mais recente, serão apresentados em cinco mapas (Figuras 5 a 9), elaborados com base nas tabelas de datações e que indicam, além da loca-lização, os períodos em que a área foi habitada, apontando ainda a contemporaneidade entre os sítios arqueológicos.
Período Antigo
Provavelmente relacionado aos grupos caçadores coletores encontrados na região de Carajás
(Serra Norte e Serra Sul). Os sítios arqueológicos
relacionados a este período, nas serras, estão localizados em grutas.
Convém ressaltar que a ocupação nos vales da região de Carajás foi apenas sugerida pela análise dos vestígios zooarqueológicos coletados na Gruta do Gavião, Serra Norte (Silveira, 1994). Neste material
foram identificados espécimes da fauna proveniente
tanto de ambiente de canga, que ocorre no topo dos platôs, como de floresta, que ocorre nos vales. Faltava ainda, localizar os sítios arqueológicos relacionados a este período nos vales. Com o desenvolvimento
das pesquisas no Salobo e o registro de sítios arqueológicos deste período é possível relacionar
a ocupação nos vales a esses grupos.
Apenas dois sítios arqueológicos obtiveram
datações relacionadas à ocupação neste período, Mirim (5780, 5020 e 3750 anos BP) e Marinaldo (4180 anos BP), ambos situados na sub-bacia do Igarapé Mirim, afluente do Igarapé Salobo. Pode-se observar no relevo que esta sub-bacia forma um corredor natural que, em tempos pretéritos, pode ter sido utilizado como via de acesso entre a Serra do Cinzento e a Serra Norte, passando pelo rio Itacaiúnas.
No sítio Mirim foram registradas as datas mais antigas deste período, inclusive foi coletada in situ uma ponta de projétil de quartzo, com aletas e pedúnculo. Esse vestígio associado às datas antigas é mais uma confirmação da ocupação desses grupos
nesta área. Foram identificadas, no sítio Mirim, manchas de solo mais escuro com concentração de vestígios. Essas áreas não foram ocupadas simultaneamente
conforme pode ser verificado nas datações obtidas para este sítio. Contrariamente, apresentam ocupações relacionadas a diferentes períodos. As datações mais antigas obtidas para o nível cinco são provenientes de áreas distintas (5050 anos BP, no setor E4S2, e 5780 anos BP, no setor E9S1). As datações obtidas, por exemplo, para o nível seis estão
situadas entre 730 anos AP, nos setores E2S42 e E2S47, e 1360 anos AP, no setor E2S113, sugerindo que esta área (identificada como área de escavação 2) foi ocupada em dois momentos. Todos os outros níveis apresentam datas entre 680 e 2100 anos AP. Desta forma, constatou-se que o sítio foi ocupado em diferentes períodos situados entre 5780 anos BP e 680 anos AP.
Período Sem Datações
Entre 3800 e 2500 anos AP não foram registradas datações nos sítios arqueológicos pesquisados.
Período Intermediário
Entre 2500 a 1500 anos AP registrou-se o aumento na quantidade de sítios arqueológicos, que se encontram dispersos nas três sub-bacias. As Figuras 6 e 7, apresentadas a seguir, foram divididas
em dois sub-períodos: um antes de Cristo (aC) e outro depois de Cristo (dC), apresentado como Anno Domini (AD).
Apenas seis sítios arqueológicos foram ocupados no sub-período antes de Cristo. São eles: Mirim (2100 anos AP), Alex (2460 e 2240 anos BP e 2100 anos AP), 4 Alfa (2450 anos AP), Abraham (2410 anos BP), Cachorro (2300 anos AP) e Marcos (2060 anos BP).
No período entre o ano 0 e o ano 500 de nossa Era foi registrada ocupação em 8 sítios, a saber: Mirim (1750, 1600 e 1560 anos AP), Reginaldo
(1840 anos AP), Dique BF1 (1670 anos AP), Dique BF2 (1540 e 1560 anos BP e 1640 anos AP), Bitoca 1 (1594 anos AP), P32 (1570 anos AP), Alex (1510 e 1650 anos BP e 1600 anos AP) e Abraham (1780 anos BP).
Período Tardio
Verificamos que também o período tardio
pode ser analisado em três sub-períodos (Fi-guras 8 e 9). Os dois primeiros estão relacionados
à época pré-colonial, que apresentou maior quantidade de sítios ocupados (18 no total). Entre 1500 e 1000 anos AP os 14 sítios ocupados são: Dique BF2 (1060 anos BP e 1380 anos AP), Bitoca 2 (1445, 1335, 1280 e 1125 anos AP), Bitoca 1 (1060 e 1210 anos BP e 1500, 1244 e 1150 anos AP), Barfi (1405 anos AP), Sequeiro (1350 anos AP), 4Alfa (1360 anos BP), Alex (1250 anos BP e 1200 anos AP), Mirim (1400, 1360, 1300, 1270 e 1250 AP e 1340, 1270, 1250, 1170 e 1000 anos BP), Reginaldo (1020 anos BP), Marinaldo (1460 e 1030 anos AP), Cachoeira do Borges (1060 anos BP e 1200 anos AP), Edinaldo (1360 anos AP), Orlando (1080 anos AP) e Marcos (1240 anos AP).
Fig. 5 - Mapa de distribuição dos sítios arqueológicos registrados na sub-bacia do Igarapé Mirim - período 6000 a 3800 anos AP.
Entre 1000 a 500 AP os 15 sítios que foram ocupados são: Dique BF2 (970 anos BP), Bitoca 2 (705 anos AP e 550 e 480 anos BP), Bitoca 1 (540 510 500 e 450 anos BP e 950 e 800 anos AP), Barfi (855 anos AP), Captação (830 anos AP), Sequeiro (950 BP), Pau Preto (950 anos BP), 4 Alfa (570 anos BP), Perdido do Mirim (740 anos BP), Mirim (950 anos BP e 1000, 800, 730 e 680 anos AP), Marinaldo (1030 anos AP), Reginaldo (1020 anos BP), Orlando (1080 anos AP e 720 e 630 anos BP), Edinaldo (840, 620 e 550 anos BP e 810 anos AP) e Cachorro Cego (640 anos BP e 850 e 600 anos AP).
O terceiro sub-período refere-se à época colonial,
na qual se observa diminuição significativa na quantidade de sítios ocupados (apenas cinco). À exceção do sítio Pau Preto, todos são sítios tipo habitação de grandes dimensões e profundidade, situados próximos ao rio Itacaiúnas.
Os sítios arqueológicos com ocupações mais recentes, entre os anos 1800 e 1500 de nossa
Era, são: Bitoca 2 (400 anos BP), Bitoca 1 (460 e 220 anos AP e 370 e 330 anos BP), Araras (320 e 350 anos AP), Pau Preto (440 anos AP) e Cachorro
Cego (400 anos BP).
Considerações Finais
Na área da pesquisa foi observado que os sítios arqueológicos encontram-se distribuídos
em três sub-bacias, do rio Cinzento e dos igarapés Salobo e Mirim.
Fig. 6 - Mapa de distribuição dos sítios arqueológicos registrados nas sub-bacias dos igarapés Mirim, Salobo e do rio Cinzento - sub-período 2500 AP ao ano 0.
Fig. 7 - Mapa de distribuição dos sítios arqueológicos registrados nas sub-bacias dos igarapés Mirim, Salobo e do rio Cinzento - sub-período ano 0 a 1500 AP.
A maior parte está situada na baixa vertente, em áreas de transição entre dois sub-tipos de floresta equatorial ombrófila aberta (sub-montanha, em relevo colinoso com palmeiras e cipós, e terras baixas e aluviões, com cipós e palmeiras), próximos a fontes de água (igarapés e nascentes) e afloramentos rochosos (pedrais), em pontos estratégicos de áreas planas e, geralmente, livre de inundação. O padrão de assentamento identificado indica que os sítios são delimitados naturalmente por meandros de igarapé, grotas e morro.
Em cada sub-bacia existe pelo menos um sítio habitação e vários sítios acampamentos Muitos dos sítios habitação apresentam re-ocupações,
indicando que o sítio é constituído por uma área habitada com diversas ocupações em diferen-tes períodos. Os sítios acampamentos, a julgar pelo tipo de evidências encontradas, em geral, estão relacionados à captação de recursos, apresentando também re-ocupação.
As datações indicam que essa área vem sendo habitada desde 4000 aC até 1800 AD, apontando um período de ocupação em torno de 6000 anos. Para melhor entendimento esta cronologia foi dividida em três grandes períodos, entre os quais se localiza um quarto no qual ne-nhum sítio foi ocupado, constituindo um vácuo temporal entre os anos de 500 aC e 1700 aC na seqüência estabelecida.
O período antigo, relacionado a grupos caçadores coletores, tem nos sítios Mirim e Marinaldo as datas mais antigas, sendo que no sítio Mirim obteve-se a data mais remota (3830 aC) associada a uma ponta de projétil.
Fig. 8 - Mapa de distribuição dos sítios arqueológicos registrados nas sub-bacias dos igarapés Mirim, Salobo e do rio Cinzento - sub-período 1500 AP a 500 AP.
Fig. 9 - Mapa de distribuição dos sítios arqueológicos registrados nas sub-bacias dos igarapés Mirim, Salobo e do rio Cinzento - sub-período 500 a 200 AP.
Neste mesmo sítio foi observada a seqüência cronológica mais extensa, com ocupação de aproximadamente 5200 anos.
O contexto antigo identificado no Salobo
vem somar o quadro de datações referentes ao Holoceno Inicial identificadas em sítios da região Amazônica (Roosevelt, 1992, 1995; Roosevelt et al, 1991, 1996), e tal qual observado por Kipnis et al (2005: 89) não é possível ignorar que esta crescente seqüência cronológica atesta com grande propriedade o início da ocupação humana na Amazônia Ocidental a pelo menos 10 mil anos antes do presente (Caldarelli et al, 2005; Kipnis et al, 2005).
Por outro lado, na área do Salobo, entre o período tardio e o intermediário, encontra-se um vazio temporal datado entre 3800 e 2500 anos AP no qual não foi obtida data para nenhum dos sítios
pesquisados. Em outras partes da Amazônia também este período não possui nenhum sítio arqueológico
registrado, segundo bem observou Michael
Heckenberger (comunicação pessoal 2007).
No entanto, no caso aqui explorado parece plausível levantar a hipótese de que este vazio seja o resultado do deslocamento destes grupos em direção a Serra, pois em sítios localizados
nos abrigos das Serras Norte e Sul de Carajás foram obtidas datações deste período, como na Gruta do Gavião (3605 ± 160 AP e 2900 ± 90 AP), segundo Lopes et al (1988), Silveira (1994) e Magalhães (1995a, 1995b), e também para os sítios S11D-101 (3160 ± 50 AP), NV-V (3650 ± 40 AP) e NV-IV (3180 ± 50 AP), segundo Kipnis et al (2005). Todavia deve-se investigar mais detalhadamente
este hiato de ocupação na região do Salobo entre 3800 e 2500 AP, se existiram e quais foram os motivos que impulsionaram um recuo para as serras, caracterizando um abandono nos vales e terraços.
No período seguinte, denominado intermediário
(entre 500 aC e 500 AD) tem início a ocupação nas três sub-bacias (Figuras 6 e 7).
Na figura 6 observa-se os seis sítios arqueológicos
ocupados no período entre 500 e 0 aC. Na figura 7 verifica-se os oito sítios arqueológicos ocupados, no período entre 0 e 500 AD. Dentro deste, no sub-período mais recente apresentado em anos AD, observa-se um acréscimo na quantidade
de sítios registrados nas sub-bacias do Salobo e do Mirim em relação ao sub-período aC. Este quadro pode estar relacionado a um movimento de interiorização, no qual as populações
optaram por se manterem distantes do rio Itacaiúnas, condicionadas por motivos aos quais somos alheios.
No período tardio relacionado à época pré-colonial, entre 500 a 1500 AD (figura 8), verificou-se a maior quantidade de sítios arqueo-lógicos (18) egistrados a área. Observou-se a seguinte dinâmica na ocupação da área. Quinze sítios foram ocupados entre 500 e 1000 AD: oito na sub-bacia do igarapé Salobo (Dique BF2, Bitoca 2, Bitoca 1, Barfi, Captação, Pau preto, Sequeiro, 4alfa); quatro na sub-bacia do igarapé Mirim (Perdido do Mirim, Marinaldo, Reginaldo,
Mirim) e três na sub-bacia do rio Cinzento (Orlando, Edinaldo, Cachorro Cego). Por sua vez, quatorze sítios foram ocupados entre 1000 AD e 1500 AD: sete na sub-bacia do igarapé Salobo
(Dique BF2, Bitoca 2, Bitoca 1, Barfi, Sequeiro,
4 Alfa, Alex); quatro na sub-bacia do iga-rapé Mirim (Cachoeira do Borges, Marinaldo, Reginaldo, Mirim) e três na sub-bacia do rio Cinzento (Edinaldo, Orlando, Marcos).
Por fim, no período tardio da época colonial,
entre 1500 e 1800 AD (Figura 9), verifica-se uma diminuição significativa na ocorrência dos assentamentos, registrados por cinco sítios arqueológicos. Todos são sítios habitação, exceção
para o sítio acampamento Pau Preto (1566 AD), sendo a datação mais recente proveniente do sítio Bitoca 1 e relacionada ao século XVIII (1730 AD). Entre os séculos XVII e XIX, por pressão do colonizador europeu, várias etnias do tronco lingüístico Jê rumaram para o interior do país em busca de segurança. Neste processo entraram em conflito com as populações anteriormente estabelecidas e acabaram por impor o êxodo que eles mesmos sofriam a outros grupos. Na região estudada os Xikrin entraram em conflito com vários grupos do tronco lingüístico Tupi (Frikel 1968). Esta pode ser uma das razões pelas quais se observa o declínio na ocupação da área perto do contato com o Nacional.
Com base no exposto, constatou-se que nos últimos 6000 anos esta área foi ocupada em uma seqüência cronológica com pequenas e grandes interrupções e processos de expansão e retração, indicando que alguns dos sítios arqueológicos,
principalmente os tipo habitação, foram abandonados e re-ocupados diversas vezes ao longo deste período.
A ocupação teve início na sub-bacia do Mirim, via de acesso entre a Serra do Cinzento, a Serra Norte de Carajás e os vales que testemunhou
tanto a chegada dos primeiros grupos humanos
no início do Holoceno, quanto sua provável retração no Holoceno tardio. A este processo de ocupação/abandono seguiram-se a expansão da ocupação pelas três sub-bacias aqui categorizadas, pequenos episódios de expansão e retração, culminando
com o gradual e definitivo abandono por volta do século XVIII da nossa Era.
O aprofundamento da análise crítica dos dados aqui apresentados auxiliará no esclarecimento
de alguns aspectos relacionados à ocupação
nesta área e na região Amazônica como um todo. A contribuição alcançada com os resultados preliminares destes projetos oferece uma primeira visão sobre a seqüência cronológica de ocupação desta área, ampliando o conhecimento sobre o povoamento pretérito local e regional.
Diversas questões relacionadas ao processo
de ocupação da região Amazônica surgiram à medida que os dados obtidos começaram a ser sistematizados. Temas como a antiga ocupação humana
da região, a origem e expansão dos grupos relacionados à Tradição Tupiguarani e mesmo a identificação e caracterização da implantação dos sitos na paisagem, de padrões de assentamento e tipologia de sítios serão abordados detalhadamente
em trabalhos seguintes.
Diante do exposto, este artigo não deve ser encarado como ponto de chegada, mas sim de partida. Futuramente pretende-se, também, elaborar seqüências cronológicas bem definidas de ocupação para cada sítio, assim como comparar
a cultura material entre os diferentes sítios e horizontes cronológicos, verificando contemporaneidade
das manchas e correlacionando ainda esses dados com os resultados das análises de laboratório dos vestígios cerâmicos, líticos, das amostras de solo, pólen, entre outros.
Agradecimentos
Ao Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) – MCT, à Salobo Metais S.A. (SMSA), à Fundação Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia (FIDESA) e ao Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) – MCT.
Artigo submetido à Revista da SAB em abril de 2008. Aprovado em junho de 2008.
1 Museu Paraense Emílio Goeldi / Coordenação de Ciências Humanas. Av. Tancredo Neves, 1901. Terra Firme, Belém, PA. CEP 66077-530. Brasil. E-mail: maura@marajoara.com
2 E-mail: chrislealfr@hotmail.com
3 Museu Paraense Emílio Goeldi / Coordenação de Ciências Humanas. Av. Tancredo Neves, 1901. Terra Firme, Belém, PA. CEP 66077-530. Brasil. E-mail: elisoliveira@yahoo.com.br
4 E-mail: lmartinl@hotmail.com.
5 Entre 2003 e 2006 sob coordenação de Maura Imazio da Silveira e Christiane Lopes Machado (RHEA).
6 A partir de 2004 sob a coordenação de Maura Imazio da Silveira, Maria Christina Leal F. Rodrigues e Elisangela Regina de Oliveira.
7 As “tradagens” foram realizadas com cavadeira articulada, atingindo diâmetro de até 20 cm e profundidade de até 60 cm.
8 Denominou-se sondagens, pequenas escavações com 50 cm x 50 cm ou 1m x 1m realizadas, em alguns casos, aproveitando buracos já existentes de animais e de árvores.
9 Entende-se por níveis naturais a divisão em profundidade utilizada na escavação de um sítio arqueológico. O nível natural é composto por sedimentos e evidências culturais, onde qualquer mudança percebida indica a troca do nível.
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