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Resumo

A EconomiaSolidária, denominação conhecida no Brasil, é um fenômeno histórico emundial. No contexto histórico das sociedades capitalistas, as experiênciassolidárias de organização produtiva, especialmente por meio da criação decooperativas, surgiram como estratégias de sobrevivência e ou de resistênciados trabalhadores frente ao modo capitalista de produção. Mais recentemente,com a crise global do emprego, o recurso a tais experiências ganhou novoímpeto, disseminando-se por várias regiões do mundo, ganhando formas e denominaçõesvárias.Em geral, caracteriza-se por umadinâmica sócio-produtiva que a diferencia e a põe sob certo grau de contraste etensão com os mercados capitalistas. Embora em muito a constituição deexperiências de empreendimentos solidários se alimente da reação prática aosprocessos de exclusão do mercado de trabalho, tais experiências trazem, emgraus diversos, elementos de crítica ao modo capitalista de produção.Considere-se, ainda, que tais experiências vêm se constituindo a partir decondições extremamente adversas, situando-se nas franjas do sistema produtivo,reunindo pouco peso econômico, embora sinalizem para uma relevante importânciasocial e política.Sob tais condições, tem ensejadocontrovérsias e instigantes reflexões políticas e acadêmicas sobre: suacapacidade de se afirmar como alternativa ao capitalismo; seu potencial de secolocar como alternativa viável de geração de trabalho e renda; sua capacidadede interagir e de se afirmar diante dos mercados capitalistas, dos poderespúblicos, das ONGs, dos sindicatos etc.; suas potencialidades e limites emgerar experiências produtivas, sociais e políticas transformadoras.O presente Dossiê está dedicado ao temada Economia Solidária. Reúnecontribuições que, com focos diversos, percorre vários dos temas que vêmdesafiando os estudos da área. O primeiro artigo, intitulado “O MapeamentoNacional e o Conhecimento da Economia Solidária”, de autoria de Luiz InácioGaiger, se detém na análise do Mapeamento Nacional da Economia Solidária,concluído em 2013, procurando sublinhar sua importância no sentido de suscitarreflexões oportunas de caráter epistemológico e metodológico, dadas as lacunasno estágio do conhecimento dos empreendimentoseconômicos solidários.Na sequência, Pilar Alzina e AnalíaOtero, com o artigo “Resignificaciones del trabajo según las experienciaspolíticas en los movimientos de desocupados - un estudio sobre emprendimientosautogestivos”, analisam a relação entre trabalho e militância no âmbito de dois“movimientos de desocupados” da Argentina: o “Movimiento Barrial Tupac Amaru” eo “Movimiento de Trabajadores Desocupados de Lanús”, abrangendo o período2008-2012. A análise procura contemplar tanto uma dimensão prática eorganizativa como conceitual dessa relação.O terceiro artigo, de autoria de RaquelDuaibs, com título “Algumas questões sobre as fábricas recuperadas no Brasil:da luta às dificuldades”, analisa os obstáculos enfrentados pelos trabalhadoresque se organizaram em cooperativas com vistas à recuperação de uma fábrica emestado falimentar. A abordagem inclui, ainda, o importante tema da relaçãoentre organização cooperativa e representação sindical.O Dossiê continua com “Cooperativa decrédito SICREDI Pioneira RS: princípios, diferenciais e posicionamentoregional”, artigo de Manuela Klein e Angélica Massuquetti. Discute em quemedida a cooperativa de crédito estudada incorpora os princípioscooperativistas em suas práticas, inclusive no sentido de favorecer odesenvolvimento local.Oúltimo artigo a compor este Dossiê é de autoria de Alessandra Bandeira de Azevedo e Sueline Silvae tem como título “Osdilemas da saúde e segurança do trabalho nas cooperativas”. Especialmente,procura discutir a importância que a temática da saúde e segurança no trabalho,tem para as cooperativas industriais, constituídas como empresas recuperadas. Aquestão é: como experiências anteriores nessas áreas, a exemplo das CIPAsrepercutem nas cooperativas industriais.Boaleitura!